Loading

Categoria: Não categorizado

11 de Janeiro, 2008 Carlos Esperança

Malefícios da fé

O homem, à força de lhe dizerem que Deus existe, acredita e, à força de repeti-lo a si próprio, ensandece. Quando o proselitismo se dirige a crianças é fácil instilar o ódio e o desejo de vingança. Com a exaltação dos mártires, a celebração dos crimes religiosos e a promessa de recompensas perpétuas, para si e família, é fácil transformar uma criança em robô e um cidadão em bomba.

A crença inabalável na vida eterna é um obstáculo intransponível para a liberdade na única vida que nos é dado viver. Se não fosse a repressão política à Igreja, no Ocidente, ainda hoje seríamos regidos pelo direito canónico em vez de termos uma Constituição; e o divórcio, o adultério, a apostasia, a homossexualidade e a igualdade entre os sexos ainda seriam proibições absolutas e crimes duramente punidos.

Não há crentes moderados, há apenas fundamentalistas com pouca fé. Não há religiões humanistas, há credos submetidos às leis democráticas e padres com medo do Código Penal.

O respeito pelas religiões, isto é, o dever de não criticar, é uma exigência tão hipócrita como o respeito pelo canibalismo, a poligamia (sem poliandria), ou a pedofilia, esta ainda praticada pelo Islão e consentida pela Igreja católica desde que abençoada pelo santo matrimónio. Hoje a idade canónica para o casamento é, segundo julgo, de 14 anos para as raparigas, com homens de qualquer idade, mas lembremo-nos dos nossos reis que desposavam crianças muito antes da puberdade. As leis civis são mais exigentes.

Como dizia Sam Herris: «Temos de encontrar o caminho para um tempo em que a fé, sem verificação dos factos, desacredite as pessoas que dela se reclamam».

Há cinquenta anos que procuro esse caminho e desde o primeiro dia do Diário Ateísta que encontrei um novo espaço para o percorrer.

11 de Janeiro, 2008 Carlos Esperança

Religiões…

Enquanto o judaísmo e o cristianismo se vão desabituando de torturar e matar hereges e recorrem cada vez menos à censura, não por falta de vontade e de bons conselhos dos seus livros sagrados, mas porque o clero foi metido nos eixos, o Islão continua fiel à palavra de Deus na louca felicidade com que lapida mulheres, degola homens e treina mártires.

Até na imitação pedófila do profeta, que «casou» com uma menina de nove anos, graças à riqueza da viúva que desposou primeiro, até nisso os crentes tribais o imitam com desvelo.

Claro que as três religiões são farinha do mesmo saco e o Corão é o plágio grosseiro dos mitos judeus e cristãos, mas falar de humanidade ou de moral a respeito das religiões urge esquecer os livros sagrados e ouvir os pregadores que, por ignorância e bondade, podem eventualmente reflectir os princípios humanistas do Iluminismo.

Quando uma alimária como Moisés ordena aos pais que apedrejem os filhos até à morte para punir a indisciplina (Deuteronómio); quando se descende de Abraão, um selvagem que estava disposto a sacrificar o filho porque o Deus da sua cabeça estúpida lho tinha pedido; quando se acredita num Deus que fez o Mundo em seis dias, não é na religião que crê, é num rol de mentiras e num manual de terrorismo.

Foi neste clima de demência que os santos padres da Inquisição descobriram que havia mulheres que fornicavam com o diabo, que Pio IX descobriu a virgindade de Maria e os trogloditas do Islão fanatizam crianças que se imolam castos com sonhos eróticos das 70 virgens que os aguardam, sem saberem que são um erro de tradução que queria dizer «passas de uvas brancas doces» e que acabam por morrer e matar a troco de uma cesta de fruta que não existe. 

7 de Janeiro, 2008 Carlos Esperança

As religiões e a liberdade

Quando, no Diário Ateísta, combato os mais altos dignitários das três sinistras religiões do livro, não o faço por julgar que todos são facínoras, que apenas os move a maldade e o ódio, que todos são membros de máfias que querem destruir a liberdade.

Alguns serão mesmo santas bestas cegas pela fé, recalcados sexuais à espera de virgens celestiais, homens de negócios que têm uma empresa que urge preservar para salvar os postos de trabalho dos promotores da religião.

O que incomoda é a trincheira que escolhem quando se trata da defesa da liberdade ou do progresso. Ainda há pouco, quando a rua muçulmana uivava por causa de umas caricaturas de Maomé, o Papa colocou-se ao lado dos fanáticos que ululavam. Nem o passado sinistro da sua Igreja o acautelou da boçal oposição à liberdade de expressão.

Os direitos individuais que a democracia consagra e os Estados laicos defendem estão sempre, para os parasitas de Deus e intérpretes da sua vontade, em plano secundário.

O exemplo mais aterrador do que pensam os sequazes de Deus aconteceu com Rushdie, na sequência da publicação de «Os Versículos Satânicos». Vários esquadrões da morte foram mobilizados para matar o escritor apóstata, apoiados por embaixadas do Irão, enquanto os seus editores eram agredidos e mortos e as livrarias vandalizadas.

Para desonra das religiões, nojo dos dignitários e desprezo dos infames, é bom lembrar que o Vaticano, o arcebispo de Cantuária e o rabino supremo de Israel tomaram uma posição favorável ao aiatola. Todos se puseram ao lado do carrasco, contra a vítima.

E venham os prosélitos falar da bondade do seu Deus e a da humanidade do seu clero! 

5 de Janeiro, 2008 Carlos Esperança

As virgens da fé e a fé nas virgens

Cristo nasceu de uma virgem a quem as colas da carpintaria certamente alteraram o juízo, para precisar que o arcanjo Gabriel, alcoviteiro profissional, lhe anunciasse a gravidez e a convencesse de que o pai era uma pomba.

Gabriel era um anjo da baixa hierarquia, incumbido de tarefas menores, que, mais tarde, havia de ditar os desejos de Deus a Maomé, em árabe, sem perceber que era analfabeto o bruto e que demoraria vinte anos a decorar o Corão, livro pouco recomendável que a deficiente tradução do anjo e o carácter tribal do Profeta tornou mais vil.

Claro que há muitos filhos de pai incógnito a quem a fé e a mansidão de outros poupam o opróbrio, mas na mitologia das religiões exige-se a ausência de orgasmo à virtuosa mãe do fundador da seita.

Júpiter, o pai dos deuses, engravidou a virgem Dánae com uma chuva de ouro de que nasceu Perseu. Hoje, a chuva de ouro está reservada aos deuses e aos milionários mas não é para as engravidarem, é para as convencerem.

Genghis Khan nasceu de uma filha virgem de um deus mongol que acordou uma noite banhada numa luz muito forte.

Krishna nasceu da virgem Devaka, Hórus da virgem Ísis, Mercúrio da virgem Maia e Rómulo da virgem Rhea Sylvia.

Como se vê pela amostra, citada por Christopher Hitchens em «deus não é Grande», o truque é tão antigo como a fé. E o embuste tão grosseiro como a crença.

3 de Janeiro, 2008 Carlos Esperança

Do Patriarcado ao Diário Ateísta

O patriarca Policarpo, num ataque de clericalismo, atribuiu ao ateísmo a paternidade dos piores males que grassam no mundo. Talvez o excesso de hóstias ou o esquecimento dos neurónios numa barrela de água benta o tenham levado a tal delírio e feito proferir tamanha aleivosia.

Comparar o ateísmo com o passado tenebroso da sua Igreja, a fúria assassina do Islão ou a intolerância dos judeus das trancinhas, é comparar o livre-pensamento com a alegada virgindade de Maria ou a infalibilidade papal de que Pio IX fez dogmas, num momento de desvario e raiva, por ter perdido o poder temporal.

Salvo no estalinismo, uma religião de outro tipo e igual fanatismo, as religiões do livro estão ligadas ao obscurantismo, aos interditos e à conivência com todas as ditaduras. É verdade que as religiões monoteístas se baseiam no Antigo Testamento um alfarrábio de embustes com um Deus que é doido e homens que eram primários.

Quem pode levar a sério um tal Abraão capaz de sacrificar um filho por vozes que, na sua demência, julgou serem divinas? Quem pode construir doutrinas sobre livros cuja historicidade é falsa, a moral xenófoba e os comparsas misóginos e racistas?

Quem leva a sério o Papa que cria santos como pintos em aviário e oferece indulgências aos clientes como os vendedores da banha da cobra garantem curas aos mirones? 

O ateísmo, ao contrário do que pensa o Sr. Patriarca de Lisboa, é a vacina contra a fé, a defesa da razão contra a superstição, a supremacia da dignidade sobre a genuflexão.

Nota: Este texto é dedicado a uma nonagenária ateísta, hoje falecida, exemplo impoluto de dignidade, coragem e coerência, com pêsames aos filhos que lhe honram a memória na coerência das ideias e na dignidade da postura cívica.

26 de Dezembro, 2007 Carlos Esperança

O maior drama (2)

Tal como o pasteleiro se queixa da falta de clientes que lhe deixam os bolos a azedar na montra e a saber a mofo, também o Sr. José Policarpo, patriarca de Lisboa, investe contra os ateus que deixam as hóstias a apanhar bolor no cálice e a encher-se de verdete a patena nos sacrários onde a chave se tornou inútil.

Diz o Sr. José, por dever de ofício e hábito profissional, que Deus existe e nos ama, sem provar a primeira afirmação e sendo irrelevante a segunda que, aliás, nunca passaria de um vulgar amor não correspondido.

Julga o prelado que é obrigação dos homens livres (homens e mulheres, naturalmente) viajar de joelhos e viver de rastos para que se alegre o Deus com que ganha a vida e ele, cardeal, possa rir-se das orelhas até à mitra.

Refere-se ao Natal como a data do nascimento do seu deus, aquele a que inventaram os pecados dos homens para darem uma finalidade ao martírio. O dia 25 de Dezembro era já a festa do nascimento de Mitra, data que o cristianismo falsificou para o nascimento do seu deus, cujas comemorações parasitou. O dia 25 era o da festa das Saturnais que a nova seita tornou mais aborrecida e sorumbática.

Nós sabemos que a descrença sobre a mentira milenar leva ao desespero os parasitas de Deus como, em tempos, o fim dos teares mecânicos levou o pânico aos operários têxteis. É o progresso.

Há hoje mais encanto na descoberta do ADN do que houve em qualquer altura na transformação do pão ázimo em corpo e sangue do fundador da seita por obra e graça dos gestos cabalísticos do oficiante diplomado.

Pode o Sr. José, patriarca de mitra, báculo e anelão, resmungar o azedume que o devora. O ateísmo é a expressão da liberdade de quem quer viver de pé e prefere a debilidade da razão à força da superstição que ateia fogos, cria suicidas e se torna alfobre de guerras e violência.

O cardeal diz que «o maior drama é a negação de Deus». Talvez seja para o tal Deus e para quem vive à sua custa, mas para o Homem o maior drama é acreditar em qualquer Deus, o que o leva à violência, à guerra e ao assassínio, numa sanha demencial de quem quer impor a impostura da fé à liberdade dos homens.

26 de Dezembro, 2007 Ricardo Alves

O maior drama

  • «Todas as expressões de ateísmo, todas as formas existenciais de negação ou esquecimento de Deus, continuam a ser o maior drama da humanidade» (José Policarpo)

Habituara-me a situar José Policarpo entre os mais moderados dos bispos portugueses. Afinal, enganei-me. É um fanático que acha que existirem pessoas com ideias diferentes das dele é mais grave do que existir fome, guerras ou miséria. Enfim. Estamos a falar de uma religião que acha que há pensamentos que podem condenar uma pessoa a viver a «eternidade» em sofrimento. E portanto.

24 de Dezembro, 2007 Carlos Esperança

Quem sabe, faz…

… Quem não sabe, abençoa.

Cerca de 60 grávidas foram ontem abençoadas pelo cardeal patriarca de Lisboa, Sr. José Policarpo, em Lisboa, numa cerimónia em que a tónica foi a importância da maternidade «como abertura à criação de uma obra de Deus», noticia a Lusa.

Comentário: E eu a julgar que a gravidez ainda acontecia pelo método tradicional, com a abertura a precisar de um homem.