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9 de Janeiro, 2013 Luís Grave Rodrigues

Religião

3 de Janeiro, 2013 Luís Grave Rodrigues

Universo

1 de Janeiro, 2013 José Moreira

A coerência papal

Hoje ouvi uma notícia que me agradou, vinda dos lados do Vaticano. B16 apelou para que seja menor o fosso entre ricos e pobres, estou a citar de memória, que já não é grande coisa.

Gostei. A sério. Porque desde que me lembre, o papa falou acerca de um assunto de que tem pleno conhecimento. De facto, e tanto quanto sei, se há mendigos no Vaticano eles não nasceram lá. No Vaticano não nascem pobres. Nem ricos, acho eu, mas isso é outra conversa. Os mendigos que, eventualmente, existam no Vaticano, são estrangeiros. Nesse aspecto, o Vaticano deve ser dos países exemplares, no mundo: não há actividade produtiva, e não há desemprego. Quanto ao fosso entre ricos e pobres, logicamente não existe. Pois se nem há pobres…

1 de Janeiro, 2013 José Moreira

Deus e deuses (II)

Confesso que não li Sebastien Faure. Por várias razões, algumas das quais não me coíbo de apontar: alguma falta de tempo, muita preguiça, essa coisa deliciosa de que os crentes não podem usufruir, e, finalmente, porque me parece impossível provar a inexistência… do que não existe. Não existe, ponto final. Se eu afirmar que tenho um papagaio azul invisível pousado no meu ombro direito (ou será no esquerdo?), sou eu que tenho de provar a sua existência, nunca me passaria pela cabeça desafiar fosse quem fosse a provar que tal animal não existe.

No entanto, o primeiro artigo serviu para várias coisas: para provar que se pode discutir com elevação, e que há crentes exímios em argumentação balofa, mas que tentam, desesperadamente, justificar o injustificável. Mesmo o inverosímil. Defendem a asneira com unhas e dentes, virtude que admiro.

Deus não existe, mas é pena; porque mesmo não existindo, tem mais maleabilidade do que a mais requintada plasticina. Qualquer crente consegue moldar o seu deus da forma que mais lhe convier. Nem Tertuliano, com o seu “credo quia absurdum”! Há dias, uma Testemunha de Jeová garantia-me que Deus era de carne e osso, como o Homem, já que este foi criado à imagem e semelhança daquele. Imagem e semelhança, pois claro. Só podia!

Um dos argumentos apresentados nos comentários ao artigo anterior concerne à liberdade dada ao homem pelo criador. A liberdade, diz o comentador que eu cito de memória, consiste em, livremente, o homem escolher entre o Mal e o Bem. Julgo poder inferir que o Homem, fruto da criação, nasce perfeito, mas que vai adquirindo maldade (ou não) ao longo da vida. Não sei se estou a seguir o raciocínio do comentador mas, caso afirmativo, se assim fosse a educação não seria precisa para nada. Nem a educação nem a aquisição de valores. Faça o comentador uma experiência: coloque quatro ou cinco crianças, de idade em que ainda não adquiriram o Mal, suponhamos, dois ou três a nos de idade. Depois, coloque junto a elas um brinquedo atraente. A seguir, verifique com que altruísmo essas crianças passam o brinquedo para o colega, prescindindo dele. Ou como se esgadanham para apanhar o brinquedo.

Selvagem, meu caro. O Homem, como diz a canção, nasce selvagem. Por isso é que é preciso educá-lo.

Argumenta-se que Adão, perante a tentação da serpente, escolheu desobedecer a Deus. E que, por isso, se tornou imperfeito. Balelas! Se fosse perfeito podia, com a liberdade que Deus lhe tinha dado, escolher a obediência, sem que isso implicasse “escravidão”.

Aliás, a bondade divina está patente nessa armadilha, que nem a Maquiavel lembraria: plantar uma árvore, e proibir de comer o respectivo fruto. Sabendo, como tinha obrigação de saber, que Adão iria lá direitinho, acho que foi a Eva, não interessa, Deus sabia o que iria acontecer. Plantou a árvore, para quê? Liberdade? Poupem-me.

Mas há uma afirmação que me deixou desqueixelado: “Pode não acreditar na doutrina, mas segundo a mesma Jesus é tão eterno quanto o Pai.” Importa-se de repetir? Um filho tem a mesma idade do pai? Bom, aqui não se tratará de idade, mas de eternidade. Então são dois??? Gémeos, sócios, ou o quê? Por definição, um filho é um descendente, é fruto de, é criação, concepção, geração, o que quiserem. O comentador está a afirmar que há duas entidades. Há quanto tempo não vai à missa? Tem ouvido o credo católico, principalmente nesta parte “Creio em um só Senhor, Jesus Cristo, Filho Único de Deus, nascido do Pai antes de todos os séculos:” Nascido do pai. Se nasceu, não existia. Se não existia, não é eterno. Se não é eterno, não é deus.

Aliás, só o passou a ser depois do Concílio de Niceia.

 

 

 

31 de Dezembro, 2012 Luís Grave Rodrigues

Um Bom Ano de 2013

«Um carabineiro com um martelo de madeira dá-me um forte golpe nos dedos mindinhos de ambas as mãos.
«A seguir, com um alicate, começa a arrancar-me as unhas.
«Nesse momento entra o sargento, que lhe tira o alicate para o utilizar a arrancar-me o bigode. Em dada altura, como resultado da grande dor e do desespero, consigo morder-lhe a mão, o que faz com que um carabineiro me dê uma coronhada na cara.
«Perco a consciência e, ao despertar, dou-me conta que sangro muito da cabeça, do nariz, da boca, e que me faltam oito dentes. Tinham-mos arrancado com o alicate ou com golpes. Não sei».

*

«Estava grávida de cinco meses.
«Obrigaram-me a ficar nua e a ter relações sexuais com a promessa de uma pronta libertação.
«Apalparam-me os seios, deram-me choques eléctricos nas costas, na vagina, no ânus.«Arrancaram-me as unhas dos pés e das mãos. Agrediram-me com bastões de plástico e com a coronha de espingardas. Drogaram-me. Simularam fuzilar-me.
«Deitada no chão, com as pernas abertas, introduziram-me ratos e aranhas na vagina e no ânus. Sentia que era mordida e acordava banhada no meu próprio sangue.
«Conduzida a lugares onde era violada vezes sem conta, chegaram a obrigar-me a engolir o sémen dos violadores.
«Enquanto me agrediam na cabeça, no pescoço, na cintura, obrigavam-me a comer excrementos».

*

Entre 35.686 testemunhas, estes são apenas dois depoimentos de vítimas de tortura da Junta Militar do Chile durante o regime de Pinochet que voluntariamente se dirigiram à “Comissão Nacional sobre Prisão Política e Tortura”.
Esta comissão foi criada no Chile em 2003 para dar a conhecer em toda a sua extensão, aos chilenos e ao mundo, os horrores praticados pela ditadura militar e pela adopção da tortura e do horror como uma política de Estado no período compreendido entre 1973 e 1990.

*

Um terror absolutamente indescritível foi o rasto deixado ao longo da História pelos Tribunais da Inquisição.

Nem sequer é fácil imaginar as masmorras imundas onde em nome de Deus reinaram durante séculos o ódio e a insensibilidade perante o sofrimento alheio e que mais pareciam «fábricas» com os mais tenebrosos instrumentos que a imaginação humana é capaz de inventar: cadeiras com pregos afiados, ferros incandescentes, pinças, roldanas, pesados blocos de pedra, correntes, garfos enormes, chicotes com pontas de ferro, cordas, machados afiadíssimos, guilhotinas, troncos, máscaras de ferro, forquilhas, garrotes, serrotes, esmagadores de joelhos, de cabeça, de polegares e de seios; cavaletes, e outros utensílios de “trabalho”.

Com a «Roda de Despedaçar» colocava-se o herege de costas sobre uma roda de ferro, sob a qual se colocavam brasas. De seguida, a roda era girada lentamente. A vítima morria depois de longas horas de dor indescritível, com queimaduras do mais alto grau. Não havia pressa para a morte do supliciado. Pelo contrário, havia o cuidado de prolongar ao máximo a sua agonia.

A «Mesa de Evisceração» destinava-se a extrair aos poucos, mecanicamente, as vísceras dos condenados. Após a abertura da região abdominal, as vísceras eram puxadas, uma por uma, por pequenos ganchos presos a uma roldana, girada por um carrasco.

Tentemos por um momento imaginar os rostos pálidos dos torturados.
Muitos imploram para morrer; muitos dizem “peçam-me qualquer coisa e eu farei”.
Outros, que passaram para a galeria dos «heróis da fé», enfrentam a dor com resignação. Não passam de cadáveres ambulantes.

Muitos estão na terceira, quarta ou quinta sessão de tortura. Se não resistem, os seus corpos são queimados e as cinzas lançadas algures.

E as suas memórias esquecidas.

Os Inquisidores conhecem bem o limite humano à dor. Quando algum desgraçado, acusado de heresia ou simplesmente de professar a religião errada, chega ao limite do sofrimento, é entregue aos cuidados do médico cirurgião que cuidará de suas feridas e dos ossos quebrados ou deslocados. A alegação é que a tortura não foi concluída, mas suspensa.
Após algumas semanas, são trazidos para novos interrogatórios.
Os que forem condenados à morte na fogueira terão as suas línguas arrancadas para que ninguém ouça as suas últimas “blasfémias”, e por elas não fiquem contaminados.

*

Como pode isto acontecer?
Como podem tantos seres humanos, seja em nome de um Deus seja em nome de um líder qualquer, praticar actos desta indescritível barbárie?

*

Stanley Milgram, professor de psicologia social na Universidade de Yale, levou a cabo em 1974 uma experiência com o objectivo de estudar a «Obediência à Autoridade»:

Entre pessoas comuns (operários, estudantes, secretárias, empresários, lojistas, etc.) foram recrutados voluntários a quem foi atribuído o papel de “professores”.

Esses “professores” foram instruídos a aplicar choques eléctricos de intensidade crescente (de 15 a 450 Volts) num outro indivíduo (que estava amarrado a uma cadeira com eléctrodos numa sala adjacente), e que era designado “estudante”.

Os choques seriam administrados todas as vezes que o “estudante” errava uma resposta a um questionário previamente determinado.

Milgram tinha explicado aos “professores” recrutados que o objecto daquele estudo residia precisamente nos efeitos da punição sobre a memória e sobre aprendizagem.

Como é óbvio, o “professor” não sabia que o “estudante” da pesquisa era afinal um actor, que convincentemente interpretava e manifestava desconforto e dor a cada aumento da potência dos “choques eléctricos” que lhe eram pretensamente infligidos.

O resultado da experiência foi absolutamente perturbador e mais “chocante” que qualquer voltagem aplicada:

– Nada menos do que 65% das pessoas envolvidas – os “professores” – chegaram mesmo, e sem qualquer hesitação, a administrar ao “estudante”, sob ordens do cientista (que na experiência representava a “autoridade”) os choques mais potentes, dolorosos (de 450 volts) e claramente identificados como perigosos e… potencialmente mortais!

E todos os “professores” – mas todos eles – administraram pelo menos 300 Volts!
Em muitos casos houve “professores” que a determinada altura da aplicação dos choques eléctricos se preocuparam com o bem-estar do “estudante” e até perguntaram ao cientista quem se responsabilizaria caso algum dano viesse a ocorrer.

Mas quando o cientista os descansou, afiançando-lhes que assumiria toda e qualquer responsabilidade do que acontecesse e os encorajou a continuar, todos os “professores” persistiram na aplicação dos choques com as voltagens mais elevadas, mesmo enquanto ouviam gritos de dor e súplicas dos “estudantes” para que os parassem.

*

Entretanto, foi feita uma experiência laboratorial semelhante, desta vez com macacos-rhesus.

Nessa experiência (sem dúvida absolutamente tenebrosa, diga-se de passagem), os macacos eram colocados em jaulas próprias onde só recebiam alimento se puxassem uma determinada corrente.

Contudo, sempre que puxavam essa corrente era-lhes proporcionada comida, mas simultaneamente era infligido um violento choque eléctrico a outro macaco-rhesus, cujo sofrimento poderiam então observar através de um vidro espelhado.

Passado muito pouco tempo todos os macacos se aperceberam de como tudo funcionava e de que era precisamente o seu gesto de puxar a corrente que, enquanto lhes garantia a comida que pretendiam, era também ao mesmo tempo a causa do sofrimento do outro macaco.

Acontece que logo que faziam essa associação praticamente todos os macacos deixaram de puxar a corrente e preferiam passar fome a fazer sofrer um outro macaco, com quem nem sequer estavam familiarizados e que pertencia até a uma tribo diferente.

Numa ocasião e mesmo ao fim de um longo tempo de fome, os cientistas observaram que, no máximo, somente 13% dos macacos acabavam por puxar a corrente.

Alguns chegaram ao ponto de quase morrer de fome; mas nunca mais puxaram a corrente!

*

É, de facto, perturbadora a comparação entre as duas experiências.

Porque, para já, ela demonstra que as mais básicas noções de ética são conaturais aos indivíduos, mesmo aos animais, ainda que sejam nossos «primos».

Demonstra ainda que essa ética é racional, porquanto decorre de princípios de civilização e de necessidades práticas de convívio social e também de interacção individual.

Demonstra, finalmente, que essa ética, que é racional, prática e civilizacional só cede perante princípios de irracionalidade, sejam de ordem religiosa ou de ordem política e que, quantas vezes mascarados de princípios de ordem “moral”, acabam por ser acatados e aceites por tantas pessoas, que acriticamente lhes passam a obedecer cegamente, pugnando até pela sua imposição aos demais cidadãos.

É esta “obediência”, firmada em primeiro lugar na ausência de uma consciência individual, e que é irracional e cega a qualquer noção de ética e até à mais básica dignidade humana, que leva às barbaridades praticadas pelos Homens.
Seja nas ditaduras latino americanas, na União Soviética, na Alemanha de Hitler, ou noutro país qualquer, até mesmo em Portugal.

Seja em nome de uma ideologia, de uma política ou de uma religião;
Seja em nome de abstrusas concepções de autêntico «relativismo moral» ou da cretinice de considera-ções como a que afirma que não se deve ser «demasiado racionalista».

E que, todas, acabam por conduzir ao Holocausto ou aos Gulags e ao extermínio de milhões de pessoas.
Que conduzem a uma Inquisição tenebrosa ou a um terrorismo frio e sem rosto que torturam e matam em nome de Deus.

As ditaduras podem ser instituídas por uma “Junta Militar”, por uma religião, ou por um qualquer punhado de indivíduos que assumiram num país uma tal concentração de poderes que lhes permite a prática impune de tudo o que lhes vem à ideia.

Mas isso só é possível – sejamos claros – com a inexplicável complacência e com a injustificável tolerância para com os mais imbecis critérios de irracionalidade, que mais não significam do que uma autêntica cumplicidade de toda a estrutura da sociedade.

De todos nós!

De facto, Stanley Milgram repetiu a sua famosa experiência em mais de uma dezena de outros países, de todos os continentes, sempre com resultados absolutamente idênticos.

Do Chile de Pinochet ao Cambodja de Pol Pot, passando pelo Portugal da Pide e dos Tribunais Plenários, será talvez a “obediência”, a “falta de sentido crítico” e a irracionalidade com que acatam determinações políticas ou religiosas, que explicam por que motivo pessoas comuns, colocadas em determinadas circunstâncias e sob a influência de uma autoridade – política, ideológica ou religiosa – que nem sequer se lembram de questionar (e que antes procuram até impor aos outros), sejam capazes de cometer os crimes mais hediondos.

No entanto, ouve-se dizer de alguém que se quer elogiar que é «uma pessoa de muita fé» ou que ao longo da sua vida sempre foi «coerente com os seus princípios», embora nem sequer cuidemos de saber quais foram tais… «princípios».

Mas a partir de que altura da História da Humanidade é que o prestígio e até o bom senso de uma pessoa passou a ser sinónimo ou a ser proporcional à irracionalidade que lhe é atribuída?

É até irónico que virtudes humanas como a lealdade, a solidariedade, o sacrifício próprio, a disciplina ou o amor ao próximo, e que tanto valorizamos, sejam as mesmas propriedades que também criam pessoas homofóbicas, misóginas, racistas ou xenófobas ou que as transformam em autênticas máquinas destrutivas de ódio, de guerra, de corrupção e morte, e ligam homens e mulheres a princípios, ideologias ou religiões repulsivos e perversos.

Ideologias e princípios, quer políticos quer também religiosos que são, ainda hoje, cega, acrítica e incondicionalmente apoiados e irracionalmente seguidos por tantas e tantas pessoas que da forma mais indigna e abjecta nem a si próprias se respeitam.

É pois a este planeta, habitado pelos humanos, que desejo:

– Um bom ano de 2013!

                            

27 de Dezembro, 2012 José Moreira

Deus e deuses

Li, algures e, por favor, não me perguntem onde, que um deus, qualquer deus digno desse nome, deveria ter três características: ser eterno, necessário e actuante. Confesso que, a princípio, não liguei grande importância; mas a verdade é que resolvi dar uns tempos de folga à minha preguiça mental e decidi pensar acerca do assunto.

  1. Eterno – Naturalmente. Deus que é deus, é eterno. É inconcebível um deus que seja criado por outro, porque isso nos leva à pergunta e quem criou o outro?, ora bem, foi outro, certo, mas quem criou estoutro? valha-me deus, foi outro, e assim por diante, e nunca mais chegaríamos a lado nenhum. Depois, teríamos outra situação não menos delicada, se não é eterno morre, e depois? Haveríamos de criar outro deus e passaríamos a vida nisto? Já não nos basta Jesus Cristo, que nasce, morre e ressuscita todos os anos, que trabalheira do caraças, até parece Dionísio? Deus tem de ser eterno, ponto final e que não haja dúvidas! Conclusão: todos os deuses são eternos, desde Jeová a Zeus. Deuses eternos resolvem o problema genealógico. Por isso, Jesus não era deus.
  2.    Necessário – Não queria entrar por aí, mas se um deus não é necessário, para que o queremos? Ora, para ornamentar! diria a minha tia Ifigénia. Mas não é assim, tia! Os deuses não são ornamentos, não são objectos que se colocam em cima dos móveis, assim como uma jarrinha de flores um uma porcelana de Sèvres. Um deus tem de servir para alguma coisa, nem que seja para ajudar a limpar a loiça, ou aspirar a casa. Eu até conheço a história do “elefante branco” e ainda hoje pergunto: para que raio serve uma coisa daquelas, refiro-me ao elefante? Não vou perguntar “para que raio” serve um deus, mas pergunto: para que serve um deus? A tia tem uma predilecção especial por aquela ventoinha que não funciona. Para que serve uma ventoinha parada? É necessária? O que nos leva ao ponto 3.
  3. Actuantes – Pois, aqui é que começam os problemas. Os deuses que conhecemos, nunca fizeram a ponta de um corno. Bom, admito estar a ser injusto: havia o deus dos ventos, a deusa das cearas, a deusa da caça, e até havia Manitu, enfim, havia deuses para todos os gostos. Perdão: deuses para todos os gostos (ver 1.). Mas nada fazem, actualmente. A tecnologia tratou de os pôr a demolhar. Nem o Jeová já serve seja para o que for, embora eu reconheça que a idade também não dê grande ajuda.

A minha tia Ifigénia garante que Deus, o Jeová, criou os céus e a Terra. E que depois dessa obra, também merece descansar. Eu já estou cheio de sono e não me apetece aturar a minha tia, mas ainda lhe perguntei:

  1. Quando não havia Céus e Terra, onde estava Deus?
  2. E o que andava a fazer?
  3. Se o Universo apareceu há milhões de anos, que são um piscar de olhos, se os compararmos com a eternidade, o que andou Deus a fazer durante esse tempo todo?
  4. Eterno? Se calhar… Necessário? Para quê? Actuante? Como?

A minha tia Ifigénia disse que se ia deitar. Pelos vistos, tem mais sono do que eu…

 

26 de Dezembro, 2012 José Moreira

Reflexões (pouco) profundas

  1. Afinal, o mundo não acabou. Não houve Apocalipse, excepção feita a “Apoclypse Now”, não houve Armagedão, não apareceu o “Anticristo”, mais conhecido por 666, nada! Tudo sereninho, tudo tranquilinho. Os Maias enganaram-se. Mas não haveriam de ser os únicos. Um tal de Jesus Cristo, que até tinha obrigação de saber tudo, já que era só perguntar ao pai, e não me refiro ao carpinteiro mas sim ao outro, porque Jesus também chamava pai a outro, dizia eu que esse Jesus também se enganou. Então não é que, segundo inúmeras e idóneas testemunhas, Cristo anunciou urbi et orbi que não passaria aquela geração sem que o mundo terminasse? Depois dele vieram outros, e outros hão-se vir. Mas em verdade vos digo que nenhum de vós assistirá ao espectáculo, nem que pague bilhete.
  2. Por falar em 666: isso vem descrito no versículo 18. Ou seja: 6+6+6. Pronto, acabou-se o mistério.
  3. Bento 16 descobriu que o burro e a vaca não “estavam lá” quando o menino nasceu. Alguns ateus desataram a tratar o homem de senil, mas, afinal, ele revelou estar com uma estrutura intelectual capaz de fazer inveja a qualquer doente de Alzheimer. Porque a descoberta reveste-se da maior importância. Não sei para quê, mas é importante, de contrário o homem não teria perdido tempo com esses estudos. Agora, só lhe falta descobrir o que é que andavam os pastores a fazer àquela hora da noite, com os rebanhos, mas isso ficará, certamente, para outra ocasião.
  4. Também descobriu que, afinal, os reis magos não eram do Oriente e que, provavelmente, seriam oriundos de Al Andaluz, aka Andaluzia. Logo alguns ateus mal-intencionados desataram a berrar que Andaluzia não era no oriente, mas sim no ocidente.  E eu pergunto: onde é que foram buscar tal certeza? Vou dar-vos uma ajuda, homens de pouca fé: coloquem-se em Belém, virados para norte. à vossa direita ficará o quê?O oriente, claro. Muito bem, vê-se que aprenderam geografia. Agora, tracem uma linha imaginária nessa direcção. Sempre, sempre, sem parar. Sempre em direcção a oriente. Passem o Meridiano e sigam sempre. Verifiquem bem que, daí a pouco já estão a sobrevoar Andaluzia. Então, vieram do oriente, ou não?
  5. O que é o absoluto? Assim, de uma forma primária, o absoluto é o que não é relativo, e o senhor de La Palice deve andar às voltas no caixão. Se Deus existisse, seria absoluto. Ou seja, seria aquele, e mais nenhum. Vamos fazer de conta que existe, de contrário não valeria a pena estar a gastar kilobytes, que não são tão baratos como isso. Uma hipótese faz sempre jeito, embora a gente saiba que uma hipótese é uma coisa que a gente sabe perfeitamente que não é, mas que faz de conta que é, para ver como seria se fosse. Assim, por hipótese, Deus existe. Qual Deus? Ora, só há um: o oficial, o que nos é descrito na Bíblia. O que matou e mandou matar, o que sacaneou Adão e Eva, o que criou o mal, o que não explicou como foi que Caim encontrou uma cidade, quando não havia mais ninguém na Terra.  Existindo, esse deus é absoluto.  “Ah! Mas esse não é o meu conceito de deus” – alguém há-de berrar. Ai não? O absoluto é passível de conceitos?

Boas Festas.