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Autor: ricardo s carvalho

17 de Dezembro, 2006 ricardo s carvalho

emoções: divinas ou humanas?

tenho observado, em muitas das discussões nas caixas de comentários, que muitos dos defensores da religião usam como argumento a “divindade” das emoções (sejam elas quais forem, mas sendo um exemplo típico o “amor”). para todos esses, gostaria de chamar a atenção para o mais recente livro de marvin minsky, entitulado “The Emotion Machine: Commonsense Thinking, Artificial Intelligence, and the Future of the Human Mind”.

marvin minsky é um cientista cognitivo norte-americano, no campo da inteligência artificial, co-fundador do laboratório de inteligência artificial do MIT. marvin é professor no MIT desde 1958, recebeu o Turing Award em 1969, o Japan Prize em 1990, o IJCAI Award for Research Excellence em 1991, e a Benjamin Franklin Medal do Instituto Franklin em 2001.

no site da amazon, podemos encontrar a seguinte nota, referente ao seu último livro:


«[…] Vinte anos depois de “The Society of Mind”, onde introduziu o conceito que “as mentes são aquilo que os cérebros fazem”, Minsky mergulha mais fundo na questão da inteligência artificial. […] De facto, por forma a compreender realmente a mente humana, Minsky sugere que provavelmente teremos que construir um máquina capaz de replicar precisamente as funções que que queremos estudar. Assim, ele rejeita a ideia de consciência como um “Eu” unitário, em favor de uma “nuvem descentralizada” de mais de 20 processos mentais distintos. Nesta prespectiva, estados emocionais como o amor ou a vergonha não são o oposto de pensamento racional; ambos são formas de pensar, diz-nos Minsky. […] »

17 de Dezembro, 2006 ricardo s carvalho

porque é que deus não cura os amputados?

um site interessante, que pode ser encontrado aqui, coloca-nos a seguinte pergunta: “porque é que deus não cura os amputados?”. da introdução desse site, retiro o seguinte texto:


«[…] Se deus é real e se deus inspirou a bíblia, então deveríamos adorar deus e a bíblia, tal como lá nos é pedido. […] Deveríamos focar a nossa sociedade em deus e na sua palavra infalível, pois as nossas almas eternas dependeriam desse equilíbrio.

Por outro lado, se deus é imaginário, então a religião é uma ilusão completa […] sem sentido. Neste caso, deveríamos eliminar deus da nossa sociedade pois deus não tem qualquer sentido. Acreditar em deus não seria mais do que uma superstição tonta […]

Mas como podemos decidir, de forma conclusiva, se deus é real ou imaginário?

[…] deveríamos dedicar algum tempo a analisar alguns dados. É isso que fazemos quando nos perguntamos, “Porque é que deus não cura os amputados? […] »

encontra-se de seguida uma exploração muito interessante desta questão, baseada na pergunta que nos é colocada à partida. mas para além disso, este site pergunta-nos ainda:


«[…] Isto coloca a questão: O que aconteceria se seres humanos inteligentes e racionais se começassem a unir por forma a curar esta ilusão e assim transformar o nosso mundo num mundo melhor? […]

Mas como? Como podemos iniciar um processo de melhoramento da nossa sociedade, por forma a que esta se torne mais racional e menos religiosa? Como podemos fazer essa transição de uma forma que seja positiva e não destrutiva? Como podemos mudar algo que tem sido o status quo durante milhares de anos? […]

Chegou uma altura em que um grupo de pessoas na minoria disse, “isto é errado, e temos que fazer alguma coisa para o corrigir”. Estas pessoas começaram a falar abertamente do problema. Depois, outras pessoas na minoria começaram a juntar-se e a minoria cresceu. Depois, a minoria começou a influenciar algumas das pontas exteriores da maioria. E uma vez que esse processo se iniciou e ganhou momento suficiente, as pessoas cairam nos seus sentidos. […] »

para todos aqueles que lutam por um mundo melhor!

17 de Dezembro, 2006 ricardo s carvalho

quem quer ser milionário?

david sklansky é jogador de póquer profissional, e é considerado uma das maiores autoridades mundiais em jogo (com destaque para o póquer). recentemente, david decidiu fazer uma aposta, no valor de 50 mil dólares, que pode ser de interesse a alguma parte dos nossos leitores(as) (infelizmente, a aposta restringe-se a pessoas de cidadania norte-americana). david aposta 50 mil dólares com qualquer americano(a), que passe num detector de mentiras em como acredita que (a) jesus voltou dos mortos, e (b) adultos que não acreditem em (a) quando morrerem não irão para o “céu” (ambas as afirmações com confiança de 95%), david aposta que consegue sair-se melhor num teste de QI do que o(a) apostador(a). todos os detalhes da aposta podem ser encontrados aqui. para aqueles dos nossos leitores(as) que acham que se qualificam fica a pergunta: quem quer ser milionário? ou será que ninguém se sente à altura do desafio?

24 de Setembro, 2006 ricardo s carvalho

dawkins ou a não existência de deus

richard dawkins é um zoologista com especialização em teoria evolucionária e um escritor de divulgação científica, professor na universidade de oxford. recebeu a medalha de prata da sociedade zoológica de londres em 1989, o prémio faraday em 1990, o prémio kistler em 2001 e a medalha kelvin em 2002. sai este mês o seu novo livro “the god delusion”, já disponível para encomenda na amazon. é lá que encontramos a sínopse,

«Richard Dawkins for recentemente votado um dos três maiores intelectuais do mundo (junto com Umberto Eco e Noam Chomsky) pela revista “Prospect”. Como autor de muito livros clássicos de Ciência e Filosofia, muitos dos quais agora famosos, Dawkins sempre acentuou a irracionalidade da crença em deus, bem como os grandes males que esta tem causado na sociedade. No presente livro, Dawkins foca o seu intelecto feroz exclusivamente neste assunto, denunciando a sua lógica falhada e o sofrimento que causa. Enquanto a Europa se vem tornando cada vez mais secularizada, o crescente fundamentalismo religioso, seja no Médio Oriente ou no meio da América, divide dramática e perigosamente a opinião pública pelo mundo fora. Na América, bem como em muitos outros lugares pelo mundo fora, uma disputa vigorosa entre o “desenho inteligente” e a teoria de Darwin está a sabotar sériamente e a restringir o ensino da Ciência aos jovens. Em muitos países, dogmas religiosos que vêm de tempos medievais, ainda são usados como pretexto para abusar de direitos humanos fundamentais, tais como direitos de mulheres ou de homosexuais. E tudo isto vindo de uma crença num deus cuja existência não tem qualquer tipo de suporte. Dawkins ataca deus em todas as suas formas, desde o tirano cruel, obcecado pelo sexo, do velho testamento, até ao mais benevolente, mais ainda assim ilógico, “relojeiro celestial” preferido de alguns pensadores da era do iluminismo. Dawkins destrói os principais argumentos para a existência da religião e demonstra a suprema improbabilidade da existência de um ser superior. Ele mostra como a religião serve de combustível para muitas guerras, como esta fomenta a carolice, e como promove o abuso de crianças e de menores. Em “The God Delusion” Dawkins apresenta o seu caso sólido e fervoroso contra a existência de qualquer forma de religião, e fá-lo utilizando a linguagem lúcida, graciosa e forte, pela qual é famoso. É uma polémica fascinante, e argumentada de forma brilhante, que é leitura obrigatória para quem se interesse por este assunto tão importante e que gera tantas reacções emocionais.»

podemos ainda encontrar algumas críticas ao livro,

«Um livro fabuloso – uma defesa vital e apaixonada que é, ao mesmo tempo, alegre, elegante, justa, motivadora, e muitas vezes divertida, e ainda sempre precisa e rigorosa através de um espectro incrívelmente largo de referências e de claridade de raciocínio.»
Michael Frayn

«Oh, é tão refrescante, depois de nos dizerem durante toda a vida que é virtuoso ser-se cheio de fé, de espírito e de superstição, poder finalmente ler uma tão sonora onda de choque a derrubar tudo isso e a defender precisamente a verdade. É uma autêntica lufada de ar fresco.»
Matt Ridley

«Eu vejo este livro como um livro para um novo milénio, um milénio em que finalmente nos possamos libertar de vidas dominadas pelo sobrenatural.»
Brian Eno

«A irracionalidade religiosa tem muitas vezes colocado sérios obstáculos para o melhoramento da humanidade. Para que nos possamos efectivamente opor a ela, o mundo necessita igualmente de racionalistas ardentes que não tenham medo de enfrentar e desafiar crenças aceites há muito tempo. Richard Dawkins destaca-se assim através da inteligência incisiva de “The God Delusion”.»
James Watson, vencedor do Prémio Nobel, partilha a descoberta do DNA

boas leituras!

10 de Setembro, 2006 ricardo s carvalho

recortes de steven weinberg, prémio nobel da física de 1979

steven weinberg é um físico norte-americano, nascido em 1933, e vencedor do prémio nobel da física de 1979 (pela combinação das forças electromagnética e fraca na chamada força electrofraca, base do modelo standard da física de partículas moderna). é autor do artigo mais citado de todos os tempos em física teórica de altas energias. ao longo da sua vida, steven weinberg fez muitos comentários sobre religião. fazemos aqui uma colectânea (de fontes diversas) de algumas das suas melhores intervenções:


«[…] O esforço para compreender o universo é uma das poucas coisas que eleva a vida humana um pouco acima do nível da farsa, e lhe dá alguma da elegância da tragédia. […]»

«[…] Nada nos últimos quinhentos anos teve um impacto tão grande para o espírito humano como as descobertas da ciência moderna. […]»

«[…] Nada foi mais importante na história da ciência do que o trabalho de Darwin e de Wallace salientando que, não apenas os planetas, mas a própria vida, pode ser compreendida de uma forma naturalista. […] Eu sinto, pessoalmente, que o ensino da ciência moderna é corrosivo para a crença religiosa, e apoio-o completamente! Uma das coisas que de facto me tem guiado na vida, é o sentimento que esta é uma das grandes funções sociais da ciência–libertar as pessoas da superstição. […]»

«[…] Pela palavra Deus ou nos referimos a algo em concreto ou não nos referimos a nada em concreto. Se pela palavra Deus nos referimos a uma personalidade que se preocupa com os seres humanos, que fez tudo isto por amor para com os seres humanos, que nos vigia e que intervém, então eu tenho que dizer que, em primeiro lugar, como é que o sabemos, o que leva as pessoas a pensar isso? E em segundo lugar, isso é realmente uma explicação? Se isso é verdade, então o que o explica? Porque existe um tal Deus? Não é o final de uma cadeia de porquês, é apenas um passo, e as pessoas têm necessáriamente que dar o próximo passo. […]»

«[…] Eu penso que foi verdade no passado que existia uma esperança algo alargada que, ao estudarmos a natureza, descobrissemos enfim o sinal de um grande plano, um plano em que os seres humanos tivessem um destacado papel principal. E isso não aconteceu. Penso que cada vez mais e mais a descrição da natureza, do mundo exterior, tem sido a de um mundo impessoal governado por leis matemáticas que não têm qualquer preocupa&ccedilão especial com os seres humanos, um mundo em que os seres humanos aparecem apenas como um fenómeno do acaso e não o objectivo para o qual o universo está dirigido. […] Acredito que não existe qualquer propósito para o universo que possa ser descoberto pelos métodos da ciência. Acredito que o que encontrámos até agora, um universo impessoal que não está particularmente dirigido aos seres humanos, é o que continuaremos a encontrar. E que quando descobrirmos as leis últimas da natureza, elas terão uma impessoalidade fria e distante. […]»

«[…] Penso que foi gasta muita energia intelectual, ao longo dos séculos, no que diz respeito a assuntos religiosos. Pensem em todos os monges que se dedicaram aos detalhes da doutrina teológica — monges e rabinos e monges budistas e imãs, ao longo dos anos a dedicarem tanto talento e tanta energia às questões da teologia. De certa forma a ciência dá-nos uma forma alternativa de usar a nossa mente. Isto é mais alguma coisa em que podemos usar a inteligência humana. E tem várias vantagens. Tem a vantagem de termos formas de descobrir se estamos errados sobre as coisas. Eu já tive essa experiência na minha vida — a maior parte dos cientistas já teve — de ter uma teoria que eu pensava ter que estar certa ser provada errada através de experiências — é uma experiência muito libertadora. […]»

«[…] Penso que parte da missão histórica da ciência tem sido de nos ensinar que nós não somos fantoches da intervenção sobrenatural, que nós podemos construir o nosso próprio caminho no universo, e que temos de encontrar por nós próprios o nosso sentido de moralidade. […]»

«[…] A religião é um insulto à dignidade humana. Com ou sem religião, encontramos pessoas boas a fazerem coisas boas e pessoas más a fazerem coisas más. Mas para encontrarmos pessoas boas a fazerem coisas más, para isso é necessário estar presente a religião. […]»

«[…] Esta tem sido o mais frequente motivo para nos matarmos uns aos outros – não apenas para pessoas de uma dada religião matarem as de uma outra religião, mas mesmo dentro de uma mesma religião. Afinal de contas, foi um muçulmano que matou Sadat. Foi um judeu devoto que matou Rabin. Foi um hindu devoto que matou Gandhi. E isto tem acontecido assim ao longo de séculos e séculos. Parece-me que em muitos aspectos a religião é como um sonho – por vezes um sonho bonito. Outras vezes um pesadelo. Mas é um sonho do qual me parece ser mais do que altura de acordarmos. Da mesma forma que uma criança aprende sobre a “fada dos dentes de leite” e é incentivada a deixar os dentes que caem debaixo da almofada – e nós gostamos que a criança acredite na “fada dos dentes de leite”. Mas eventualmente nós queremos que a criança cresça. Penso que é altura para a espécie humana crescer e amadurecer neste aspecto. […]»

«[…] Carl Popper lembrou que, apesar de terem sido feitas coisas terríveis fazendo uso dos frutos da ciência, nunca ninguém iniciou uma guerra por causa de um princípio científico, ou exterminou populações inteiras por estas não concordarem com um dado aspecto da ciência. […]»

«[…] A maior parte das grandes religiões do mundo co-existiram muito confortavelmente com a escravatura. […] Parte da evolu&ccedilão geral do conceito de moral, por parte da raça humana, pode ser creditada ao crescimento da ciência–um sentido de racionalidade, uma visão científica que nos diz que não somos assim tão diferentes uns dos outros, que não existe qualquer direito divino para os reis, e por aí fora, não existe nenhuma diferença racial intrínseca que nos possa permitir escravizar uma raça em proveito de uma outra raça. […] As pessoas simplesmente têm se tornado menos religiosas e mais morais. […]»

«[…] [Não sei] se estamos a caminhar para uma nova Idade das Trevas, onde os povos voltem a iniciar cruzadas e guerras santas e genocídios, ou se o curso natural do racionalismo e do humanitarianismo irá continuar, e a religião irá gradualmente desvanecer para algo de muito menor importância. […] Do meu próprio ponto de vista, apenas posso esperar que esta longa e triste história finalmente acabe algures no futuro próximo, e que esta progressão de padres e curas e monges e rabis e imãs e mullah‘s e bodisatvas finalmente acabe, e que nunca mais voltem. Espero que isto seja algo para o qual a ciência possa contribuir, e se for, então eu penso que essa pode ser a contribuição mais importante para a sociedade que nós podemos fazer. […]»


[também no esquerda republicana]