27 de Janeiro, 2014 Carlos Esperança
Deus não conhece o Papa
Pombas lançadas pela paz na Ucrânia atacadas por gaivota e corvo no Vaticano
Dezenas de milhares de pessoas viram a cena na Praça de São Pedro.
PÚBLICO
Dezenas de milhares de pessoas viram a cena na Praça de São Pedro.
A nova Constituição tunisina, salpicada com referências à religião, escrita em «nome de Deus clemente e misericordioso», assusta quem conhece o deus autóctone e a identidade árabe-muçulmana de que se reclama. No entanto, é das mais avançadas e inovadoras do mundo árabe no que se refere aos direitos da mulher e à liberdade religiosa.
A aprovação, prevista para finais de 2012, só agora irá ter lugar, depois do compromisso difícil e das enormes tensões na discussão de 146 artigos da Lei Fundamental. Para já, é a única que assegura a igualdade entre homens e mulheres e a liberdade de consciência e de culto, em todo o mundo árabe. Esperemos que a consensualização entre islamitas, com maioria relativa, e laicos, abra uma janela de esperança aos direitos humanos e seja a flor que desabroche nos jardins da sonhada primavera árabe.
Em Espanha, o Opus Dei e o franquismo, unidos desde a guerra civil, tomaram o poder, ao colo do PP, e preparam a desforra com o rancor de décadas. Pretendem o regresso ao espírito de cruzada e aos paradigmas da aliança clerical-franquista.
A nova lei sobre a IVG só admite o aborto em casos de violação, até às 12 semanas, e, em risco de vida para a mulher, até às 22. Reunindo a mais refinada hipocrisia e a mais despudorada insensibilidade, até as más formações fetais exclui.
A interrupção voluntária da gravidez (IVG) é um problema de saúde pública. Em nome de valores, respeitáveis, há quem os queira impor a todos os outros. Há, no fundo, uma conceção totalitária e vocação inquisitória que revela a tradição misógina de contornos confessionais.
No futuro, em Espanha, nem um anencéfalo, incompatível com a vida, justificará a IVG. É preciso aniquilar a mãe até que a natureza expulse o feto. Os espanhóis, muitos do PP, pedem a Ruiz-Gallardón, ministro da Justiça, que retire a lei iníqua, beata e malévola.
Apostila – Nos EUA, o juiz do Texas, R.H. Wallace, ordenou ontem que fosse suspensa a vida artificial a uma texana em morte cerebral, com um feto inviável, atendendo o pedido da família que era recusado pelo hospital desde novembro, quando estava na 14.ª semana de gestação.
Cinco igrejas cristãs assinam documento de reconhecimento mútuo de baptismo
Católicos, anglicanos, metodistas, presbiterianos e ortodoxos passam a aceitar, de forma oficial e a partir deste sábado, pessoas baptizadas por qualquer uma destas igrejas.
Por
Leopoldo Pereira
Diz-se que eles existiram e o evangelho de Mateus refere-os. Porém as dúvidas são mais que muitas, admitindo vários reputados estudiosos do assunto tratar-se apenas de uma lenda, a juntar a tantas outras, identicamente bizarras. Verdade ou mentira, o certo é que as relíquias deles estiveram depositadas em Constantinopla até ao séc. VI, tendo então seguido para Milão. Por volta do ano 1164, já venerados como santos, as relíquias foram para Colónia, na Alemanha, onde penso que permanecem. Os Reis Magos, como passaram à História, souberam que ia nascer um Menino Deus, simultaneamente rei dos judeus, e quiseram ir até Ele, para O adorarem. Também consta que seriam oriundos do Leste.
O local exato onde o Menino nasceu, bem como a data, mantêm-se duvidosos, mas admitamos que os colegas (reis) chegaram ao destino, visitaram o Messias e deram-lhe presentes.
Agora a versão que considero mais provável:
Todo mundo já ouviu falar dos três indivíduos que se intitulavam reis (sem reino), e usavam os nomes Baltazar, Gaspar e Belchior. Reparem que os nomes nos são familiares; provavelmente oriundos de Portus Cale, uma pequena povoação situada na foz do Douro. A única peça que não encaixa no puzzle é a origem enganosa que os textos referem, ao dizerem “oriundos do Leste” em vez de “oriundos do Ocidente”, confusão admissível, dada a reduzida formação académica dos escribas da altura. No entanto o “erro” pode ter sido propositado, para segurança dos falsos reis. E porquê?
Na época, o Império Romano estendia-se por toda a bacia mediterrânica e não só; a Península Ibérica estava igualmente ocupada pela Legião Romana, ocupação que não foi difícil, dada a disciplina e consequente eficácia dos legionários. Convém no entanto sublinhar que, à semelhança da pertinaz oposição ao invasor na célebre “Aldeia Gaulesa”, também nos Montes Hermínios surgiu uma bolsa de resistência, facilmente debelada com a infiltração de falsos guerrilheiros pela Polícia Secreta Romana (PSR).
Cerca do ano V A.C., andava a PSR a perseguir um gang que assaltava ourivesarias, perfumarias e pousadas, na costa atlântica. Os proprietários dos estabelecimentos só se queixavam de danos materiais, mas havia que por cobro a tais desmandos e a polícia estava apertando o cerco. Provavelmente três elementos do gang terão decidido dar o fora, rumando a Algeciras, a cavalo e dali, de barco, para o Continente vizinho.
Chegados a terra firme, ter-se-ão disfarçado de Reis (bastava a coroa) e trocaram os cavalos por camelos, muito mais fiáveis nas zonas desérticas. Para além do disfarce, havia que tecer uma história credível, que fizesse sentido e não levantasse suspeitas indesejadas. Aproveitaram-se das profecias mais em voga no momento e logo se propuseram caminhar até ao local anunciado, com o pretexto que sabemos. Mas atinar com o percurso não se adivinhava tarefa fácil.
Os romanos construíam autoroutes, só que as portagens eram caras e os camelos nem sequer podiam circular nelas. A título de curiosidade, os romanos tinham carros de corrida de um cavalo, de dois (este havia de ficar célebre) de três e de quatro, viaturas que obviamente requeriam pistas condignas. Os Reis Magos não possuíam bólides desses, tinham apenas as suas montadas. Encontraram um pastor e perguntaram-lhe se sabia indicar o caminho para a zona de Nazaré. O rapaz sorriu e com ares de entendido disse: Já sei, vocês são sarfistas. Não somos salafistas, esses gajos são perigosos. Eu falei em sarfistas! Ah, dessa Nazaré da Onda sabemos nós, queremos é ir para os lados de Belém.
Pronto, fica um pouco mais abaixo. F-se (lembrem a aldeia de onde vinham), não é esse Belém. Olha, e Telavive? Pronto, assim têm de ir pelo mar fora até acabar; Telavive fica lá. Mas não vamos de barco, vamos de camelo! Então têm de esperar que anoiteça, para lhes indicar uma estrela que paira sobre essas bandas. E como nos orientamos de dia? Tentam manter o rumo, ou viajam de noite. Por este andar, quando chegarmos já o rapaz é homem!
Após uma longuíssima e atribulada viagem, eis que ficam na vertical com a estrela; não tiveram dúvidas e irromperam por um barraco dentro, assustando todos quantos se encontravam assistindo a recém-nascida criança Brian. Desfeito o equívoco, passaram ao barraco seguinte, onde realmente nascera a criança que procuravam. Ofereceram os presentes que levavam e ainda hoje se dão prendas pelo Natal, hábito que pegou.
Consta que o Rei Herodes, tal como a maioria dos políticos, não queria perder o tacho e mandou matar todos os recém-nascidos, para apanhar o “Rei dos Judeus”, não viesse mais tarde roubar-lhe o lugar! Teve azar, pois tanto Jesus como Brian escaparam e acredito que não foram os únicos…
1984 – O Governo português aprova a proposta de lei para a despenalização do aborto.
Foi há 30 anos, quase dez depois do 25 de Abril, que pela primeira vez foi legalmente permitida a I.V.G. nos casos de violação, malformação do feto e perigo de vida da mãe, perante as homilias raivosas da ICAR.
Ainda andam por aí os que votaram contra e as pessoas que exibiam autocolantes, com frases terroristas, contra o avanço civilizacional que a lei consagrava. Um ato de saúde materna era encarado como crime por partidos onde se distinguiram honrosas exceções que a memória guarda.
Antes, houve tentativas falhadas, graças aos que invocavam a vontade de um deus que não lhes passou procuração. Há uma estranha maldição que nos remete para o preconceito atávico e a hipocrisia pia.
Em 2002, João Paulo II, emigrante polaco residente no Vaticano, solteiro, de 82 anos de idade, papa de profissão e estado civil, cumpria a tarefa de criar bispos e cardeais e tinha a obsessão de fabricar beatos e santos. Pelava-se por milagres e honrava os autores com a elevação à santidade, sem prejuízo da fixação em Maria e a adoração por virgens que a idade e o múnus avivaram.
Mas os santos da igreja católica sugerem empregados acomodados. Fazem um milagre para chegarem a beatos, outro para serem promovidos ao posto seguinte e abandonam o ramo.
Quando são candidatos, praticam a intercessão que lhes rogam mas desistem da vocação milagreira logo que alcançam a santidade. Quando se julgavam esgotadas as vagas, João Paulo II rubricou alvarás de santo a largas centenas, criados em nítida concorrência com os anteriores. Alguns destes fecharam a porta, que é como quem diz, foram apeados das peanhas onde enegreciam com o fumo das velas, se enchiam de fungos com a humidade ou se deixavam corroer pelo caruncho.
Com séculos de pequenos e honestos milagres, habituados à pedinchice autóctone e às lamúrias, quase sempre ao serviço de modestas comunidades que atendiam nos limites do razoável, perderam a aura e a devoção, submersos no tropel de novos e afidalgados ícones com vocação mediática. Migraram para as sacristias, acumulando pó a um canto, a delir a pintura e o préstimo, a desgastar as vestes e o respeito, em santa resignação.
Na religião há uma tendência para o sector terciário. Arrotear a fé e pescar almas, são tarefas pouco gratificantes. Transacionar bulas para engolir carne à sexta-feira, vender indulgências, trocar santinhos, comercializar bênçãos, era negócio do passado. Então o que passou a dar foi o lucrativo setor milagreiro em franca ascensão. João Paulo II promoveu também jubileus, um sucesso garantido para escoar imagens do promotor e providenciar a divulgação dos promovidos.
Quanto custará hoje um dente de S. Josemaria, com certificado de origem? Há de valer uma fortuna, a avaliar pelo êxtase que o primeiro a ser exibido provocou aos peregrinos durante as exéquias de canonização. O mercado já devia estar sortido de relíquias, nada restando do novel taumaturgo para exumar.
Pudessem os piedosos colecionadores ter adivinhado o destino promissor post mortem desse servo de Deus e ter-lhe-iam recolhido em vida duas dezenas de unhas e trinta e dois dentes. E a perda irreparável da primeira dentição?! Quem sabe se a premonição materna não terá acautelado o primeiro incisivo transformando um desvelo num tesouro, através deste estranho processo alquímico – a canonização –, segredo transmitido aos sucessores de Pedro e usado em doses industriais pelos últimos pontífices?!.
Pudesse Teodorico Raposo ter deposto no regaço de D. Patrocínio uma relíquia de S. Josemaria, que nem sobrinho, nem tia, nem Eça sabiam que viria a existir, e a devota senhora ter-lhe-ia perdoado as relaxações a que o sangue inflamado do tartufo o induzia, embevecida pelos eflúvios celestes que dimanam da raiz do canino de um santo assim!
Tivesse a premonição dos membros do Opus Dei adivinhado a santidade do fundador, que grossos cabedais e a longevidade papal lograram, e teriam armazenado farto recheio de numerosos têxteis tingidos por flagelações ou impregnados de outros fluidos.
A onda de devassidão do clero amargurou o papa – que fez do celibato dogma e da castidade virtude obrigatória – sem que a providência o tenha poupado à divulgação de pedófilos que exornam as dioceses da Igreja romana, apesar do cuidado em escondê-los.
E um padre que não respeita uma criança não pouparia um anjo.
É, pois, necessário que floresçam santos como S. Josemaria cujas relíquias hão de servir de benzina para desencardir a alma dos que sucumbem às tentações da carne.
Glória a S. Josemaria Escrivá de Balaguer nas Alturas e o poder na Terra ao Opus Dei.
Apostila – Depois de canonizado, em 6 de outubro de 2002, S. Josemaria abandonou o ramo dos milagres e até hoje, mais de onze anos decorridos, não obrou novo prodígio.
Santuário da Penha acelera chegada ao céu
Indulgência plenária perpétua atribuída pelo Papa ao santuário de Guimarães ajuda a “diminuir o tempo de purgatório” dos católicos após a morte.
Idealizado em 1930, o Santuário da Penha ficou construído 17 anos depois e é hoje uma obra emblemática de Guimarães
O Papa Francisco concedeu a indulgência plenária perpétua ao Santuário da Penha, em Guimarães, o que, na prática, significa que os crentes que ali forem com devoção verão reduzido o “tempo de espera” para entrar no céu, anunciou hoje o reitor.
Justiça prende sacerdote por fraude no Banco do Vaticano
ROMA – Logo depois da prisão, a Justiça vaticana congelou fundos e contas correntes em nome acusado…
Papa Francisco tenta limpar a imagem da instituição financeira, investigando escândalos de fraude
ROMA – A Guarda de Finanças da Itália anunciou nesta terça-feira (21) possuir um novo mandado de prisão contra o sacerdote Nunzio Scarano, ex-contador na Administração do Patrimônio da Sé Apostólica (Apsa), ligada ao Vaticano.
O Diário de uns ateus é o blogue de uma comunidade de ateus e ateias portugueses fundadores da Associação Ateísta Portuguesa. O primeiro domínio foi o ateismo.net, que deu origem ao Diário Ateísta, um dos primeiros blogues portugueses. Hoje, este é um espaço de divulgação de opinião e comentário pessoal daqueles que aqui colaboram. Todos os textos publicados neste espaço são da exclusiva responsabilidade dos autores e não representam necessariamente as posições da Associação Ateísta Portuguesa.