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  • 16 de Março, 2009
  • Por Carlos Esperança
  • Religiões

O clero e os crimes sexuais

Não conheço qualquer prova de que o clero tenha mais propensão para os crimes de natureza sexual do que outros indivíduos do mesmo sexo, idade ou condição social.

Admito que a imposição do celibato e a repressão sexual, através da obsessiva cultura da castidade, produzam desvios de comportamento e perturbações mentais acrescidas, mas não se pode atribuir propensão criminosa à natureza das funções eclesiais.

Um indivíduo sob o efeito do medo, da ansiedade e da vergonha pode ter uma conduta desajustada mas não é necessariamente impelido para o crime.

Vêm estas considerações a propósito de alguns leitores do Diário Ateísta que atribuem ao clero, e por esse facto, a propensão desviante de que a comunicação social se faz eco.

Acontece que o clero é vítima da moral que prega, das crenças em que diz acreditar, das transgressões à vontade do deus a cujo serviço se encontra, mas o que está em causa não é a maldade dos padres, igual à de outros homens e mulheres, é a crueldade das crenças e os desejos de um deus que, se existisse, estaria a contas com o Código Penal.

Compreendo a intolerância para com os clérigos, pois eles próprios a pregam, mas não é justo fazer deles algozes quando são quase sempre vítimas.

O mal não reside nos crentes, é fruto das crenças criadas em sociedades patriarcais, em épocas violentas, com valores anacrónicos.

O que a civilização nos ensina é a desmascarar as crenças e a libertar os homens, todos os homens e mulheres, da crueldade dos deuses e das mentiras dos seus padres.