No rescaldo da guerra do Cáucaso
Terminaram os combates entre os “irmãos” cristãos do Cáucaso. A paz ainda terá de ser consolidada. São dias muito difíceis para a população da Geórgia, Ossétia do Sul, Abcásia e para os familiares dos soldados russos que caíram em combate. Há cidades e aldeias destruídas, muitos mortos, populações deslocadas, famílias destroçadas. Falta água, comida, habitações e electricidade.
Do meu ponto de vista ateu o resultado desta “guerra dos cinco dias” diz-nos que a religião cristã-ortodoxa sofreu um grande desaire, pois estavam em conflito os “irmãos ortodoxos” do Cáucaso. Tanto a Igreja Ortodoxa Russa, como a Igreja Ortodoxa da Geórgia foram impotentes para travar esta guerra, conduzida pelos seus dirigentes políticos cristãos. Devo dizer, em abono da verdade, que as grandes hostilidades foram iniciadas pelo cristão Saakachvili, Presidente da Geórgia, uma pessoa “muito crente” que ordenou bombardear, durante a noite de 7 para 8 de Agosto, a capital da Ossétia do Sul, Tskhinvali, fazendo mais de 1600 mortos. A partir daí a guerra já só parou com a derrota do agressor.
O resultado começa a ser conhecido: os habitantes da Ossétia e da Abcásia sentem um profundo ódio à Geórgia. Contra todos eles. É o resultado dos bombardeamentos da sua região pelas tropas georgianas. Por outro lado, os georgianos, pessoas muito orgulhosas e combativas, continuam a dizer que as terras da Ossétia do Sul e da Abcásia fazem parte do seu território, mesmo sabendo que os habitantes não aceitarão esse vínculo à Geórgia.
O Patriarca da Geórgia, Iliá II, que surgia frequentemente ao lado de Saakachvili publicamente, pede aos crentes georgianos para rezarem a “Deus” pela reunificação do território. Diz que o “inimigo” não quebrará o espírito do povo georgiano. Diz aquilo que os georgianos desejam ouvir, mas os adversários repelem.
Os muçulmanos do Cáucaso espreitam a oportunidade e podem tornar-se bem mais influentes na Abcásia e Ossétia do Sul. Apoiaram a intervenção da Rússia em defesa das regiões agredidas.
Pode-se concluir que a “irmandade cristã” poderá existir com alguns bons resultados em tempos de paz. Mas começando a guerra “estala o verniz” da “irmandade” e as Igrejas ficam incapacitadas de travar a violência e o caos entre os cristãos. E a “Santíssima Trindade” onde estava? Esta, tal como a Igreja, nada fez. Porque não existe!
a) kavkaz (leitor habitual do DA)
Perfil de Autor
- Ex-Presidente da Direcção da Associação Ateísta Portuguesa
- Sócio fundador da Associação República e laicidade;
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- Vice-Presidente da Direcção da Delegação Centro da A25A;
- Sócio dos Bombeiros Voluntários de Almeida
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- Colaborador do Jornal do Fundão;
- Colunista do mensário de Almeida «Praça Alta»
- Colunista do semanário «O Despertar» - Coimbra:
- Autor do livro «Pedras Soltas» e de diversos textos em jornais, revistas, brochuras e catálogos;
- Sócio N.º 1177 da Associação Portuguesa de Escritores
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