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Dia: 2 de Janeiro, 2008

2 de Janeiro, 2008 Carlos Esperança

Totalitarismo da ICAR

As escolas Básicas e Secundárias vão deixar de ter santos ou santas na denominação oficial. A indicação partiu do Ministério da Educação, no âmbito da aplicação do Decreto de Lei n.º 299/2007, da Lei de Bases do Sistema Educativo.

Agitam-se as sotainas, bramem os bispos, ululam os beatos. Anda no ar um cheiro a incenso, que mais parece enxofre, vindo das profundezas dos paços episcopais e do bafio das sacristias.

Com a criação de beatos e santos há-de arranjar-se emprego aos taumaturgos, perpetuar-lhes o nome no granito ou no bronze, fazê-los patronos de escolas, ruas, avenidas e becos mal frequentados. A ICAR gosta de ver os santos, que passou a fabricar em série, a dar o nome a tudo o que é sítio e a designar hospitais, creches, escolas e lares.

A ICAR só isenta da beata devoção os bares de alterne e os cabarés. Talvez com medo do ridículo de aparecerem catedrais do prazer com nomes bizarros como, por exemplo: A Cova da Virgem, Cabaré do Divino Espírito Santo, Prazeres Celestes, Cave dos Três Pastorinhos ou Casa da Santíssima Trindade.

Já não se compreende a obsessão de dar nomes de santos a escolas, mas é a indicação de que devem ser evitados que leva os bispos, padres e assalariados do divino a insurgirem-se contra as determinações legais.

Nunca o Estado pretendeu intrometer-se na designação dos locais de culto. Não há igrejas que homenageiem o Marquês de Pombal, Antero de Quental ou Afonso Costa. E muito bem. Podem dar-lhes o nome de cadáveres pouco recomendáveis, mas isso é com os padres e só lá entra quem quer.

2 de Janeiro, 2008 Hacked By ./Localc0de-07

Deus e empregados usam colarinhos brancos

O ano de 2007 chegou ao fim, e assim nascem as necessidades de retrospecção em várias temáticas, umas mais honestas que outras, outras mais desonestas que a maioria, erros de cálculo na ICAR não existem, nem sequer é definido que é só fazer as contas na óptica de Guterres, enquadramento essencial quando as coisas obscurecem, fio da meada nem de lupa.

Estatísticas e contas católicas são de brancura extrema, D. (de Duarte?) Jorge Ortiga fala do ano de 2007 da ICAR, “não nos podemos situar no âmbito das estatísticas, dos números. Porque a Igreja é sempre um mistério.“, mistério das contas e clarividência de que o catolicismo não gosta de máquinas de calcular.

Para não entrar em alarmismos desnecessários, fica a alusão de que a ICAR sempre presta contas, embora sem as fazer. Aos Homens? Aos cidadãos? Ao Estado? Ao Mi(ni)stério da Economia? Ao Pai Natal? Nada disso, “Àquele que nos conduz e nos motiva.“, elucida o Presidente da Conferência Episcopal Portuguesa. Pessoalmente não sei quem é o personagem, talvez seja proveniente da Imaculada Concepção dos colarinhos imaculados, os das conduções motivadas, claro está.

Agência Ecclesia: Ano 2007 para a Igreja Católica em Portugal

2 de Janeiro, 2008 Carlos Esperança

Ateísmo contra o proselitismo

Recentemente personalidades distintas do jornalismo, das ciências e da cultura sentiram necessidade de dar púbico testemunho das suas convicções ateias. Foram afectadas na sua tranquilidade e ganharam inimigos de estimação. Nada somaram ao seu bem-estar e ao prestígio, apenas correram riscos e despertaram críticas, ódios e vilipêndios.

Pode perguntar-se o que levou Christopher Hitchens, Sam Harris ou Richard Dawkins, por exemplo, a entrarem em polémicas com adversários poderosos e pouco leais, a enfrentarem o poder das sotainas e a legião de oportunistas que se promoveu à custa da piedade pública e da indiferença privada.

Creio que foi um sobressalto cívico que os impeliu para uma batalha que, não sendo fácil, pode evitar as guerras que o fanatismo promove, que as religiões preparam com a demência prosélita que católicos, protestantes evangélicos, cristãos ortodoxos, judeus sionistas e muçulmanos xiitas ou sunitas se esforçam por travar em nome de um Deus cuja existência é eliminada pela probabilidade estatística e pela razão.

A reflexão científica e filosófica arrasa os mitos da religião. As descobertas científicas cobrem de ridículo os livros sagrados, as novas gerações desprezam os mitos e os rituais que duraram séculos e, finalmente, a perda do poder temporal das Igrejas conduziu à progressiva secularização da sociedade, à indiferença religiosa e ao ateísmo.

A perda de poder, aliada à forte competição religiosa pelo mercado da fé, assanhou o clero e enraiveceu fanáticos, ansiosos por fazerem regressar a humanidade à Idade Média.

Foi a consciência desse perigo que levou vários intelectuais a manifestarem-se contra a superstição e a agressividade dos vários credos em confronto. «Deus não é Grande», «O Fim da Fé» e a «Desilusão de Deus» são alguns dos mais recentes livros com as mais consistentes denúncias do perigo que as religiões representam para a paz e o progresso.

Desmascarar as mentiras pias é mais do que um dever, é um serviço público prestado à humanidade.