Loading

Totalitarismo da ICAR

As escolas Básicas e Secundárias vão deixar de ter santos ou santas na denominação oficial. A indicação partiu do Ministério da Educação, no âmbito da aplicação do Decreto de Lei n.º 299/2007, da Lei de Bases do Sistema Educativo.

Agitam-se as sotainas, bramem os bispos, ululam os beatos. Anda no ar um cheiro a incenso, que mais parece enxofre, vindo das profundezas dos paços episcopais e do bafio das sacristias.

Com a criação de beatos e santos há-de arranjar-se emprego aos taumaturgos, perpetuar-lhes o nome no granito ou no bronze, fazê-los patronos de escolas, ruas, avenidas e becos mal frequentados. A ICAR gosta de ver os santos, que passou a fabricar em série, a dar o nome a tudo o que é sítio e a designar hospitais, creches, escolas e lares.

A ICAR só isenta da beata devoção os bares de alterne e os cabarés. Talvez com medo do ridículo de aparecerem catedrais do prazer com nomes bizarros como, por exemplo: A Cova da Virgem, Cabaré do Divino Espírito Santo, Prazeres Celestes, Cave dos Três Pastorinhos ou Casa da Santíssima Trindade.

Já não se compreende a obsessão de dar nomes de santos a escolas, mas é a indicação de que devem ser evitados que leva os bispos, padres e assalariados do divino a insurgirem-se contra as determinações legais.

Nunca o Estado pretendeu intrometer-se na designação dos locais de culto. Não há igrejas que homenageiem o Marquês de Pombal, Antero de Quental ou Afonso Costa. E muito bem. Podem dar-lhes o nome de cadáveres pouco recomendáveis, mas isso é com os padres e só lá entra quem quer.