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Dia: 22 de Setembro, 2007

22 de Setembro, 2007 Carlos Esperança

Maus, porcos e santos

Se um presidente condecora um patife é insensato, se um papa canoniza um facínora é piedoso.

João Paulo II levou longe de mais a glorificação aos corsários da fé. Desde a beatificação do cardeal fascista Stepinac e do papa anti-semita Pio IX, até ao tenebroso S. Josemaria Escrivá de Balaguer, são incontáveis os biltres que escaparam à justiça dos homens e foram arremessados aos altares pelo fanatismo de JP2.

Pelo carácter perigoso e prosélito da seita Opus Dei, cujos gerentes estão a ser sucessivamente canonizados, convém não deixar esquecer o fundador. A respeito desse cúmplice de uma das mais sinistras ditaduras da Europa Ocidental, do século que passou, deixo aqui a carta piedosa que escreveu ao ditador Franco, um dos mais pusilânimes e frios assassinos dos tempos modernos, admirador e cúmplice de Hitler.

A carta do santo da ICAR ao santo do fascismo fui buscá-la ao «Oeste Bravio» :

Carta de São Escrivá de Balaguer ao Generalíssimo Franco em 23 de Maio de 1958. (Publicada en la revista Razón Española – N° enero-febrero 2001)

Al Excmo. Sr. D. Francisco Franco Bahamonde, Jefe del Estado Español.

Excelencia,

No quiero dejar de unir a las muchas felicitaciones que habría recibido, con motivo de la promulgación de los Principios Fundamentales, la mía personal más sincera. La obligada ausencia de la Patria en servicio de Dios y de las almas, lejos de debilitar mi amor a España, ha venido, si cabe, a acrecentarlo. Con la perspectiva que se adquiere en esta Roma Eterna he podido ver mejor que nunca la hermosura de esa hija predilecta de la Iglesia que es mi Patria, de la que el Señor se ha servido en tantas ocasiones como instrumento para la defensa y propagación de la Santa Fe Católica en el mundo.

Aunque apartado de toda actividad política, no he podido por menos de alegrarme, como sacerdote y como español, de que la voz autorizada del Jefe del Estado proclame que “la Nación española considera como timbre de honor el acatamiento a la Ley de Dios, según la doctrina de la Santa Iglesia Católica, Apostólica y Romana, única y verdadera y Fe inseparable de la conciencia nacional que inspirará su legislación”.

En la fidelidad a la tradición católica de nuestro pueblo se encontrará siempre, junto con la bendición divina para las personas constituídas en autoridad, la mejor garantía de acierto en los actos de gobierno, y en la seguridad de una justa y duradera paz en el seno de la comunidad nacional.Pido a Dios Nuestro Señor que colme a Vuestra Excelencia de toda suerte de venturas y le depare gracia abundante en el desempeño de la alta misión que tiene confiada.Reciba, Excelencia, el testimonio de mi consideración personal más distinguida con la seguridad de mis oraciones para toda su familia.De Vuestra Excelencia affmo. in DominoJosemaría Escrivá de BalaguerRoma, 23 de mayo de 1958.

Nota de la revista: El original de esta carta lo posee la hija del Generalísimo, Duquesa de Franco.

Comentários:
1 – Mais estulto do que acreditar em milagres é confiar em quem os aprova.

2 – Cerca de 1 milhão de espanhóis tiveram de se exilar ou foram assassinados pelo Governo do piedoso e católico Franco

22 de Setembro, 2007 Ricardo Alves

Paquistão

O mais escutado líder religioso do mundo falou ontem ao planeta para anunciar uma «guerra santa» contra o presidente paquistanês, o autocrata militar Pervez Musharraf. Bin Laden mencionou o ataque à Mesquita Vermelha, no passado mês de Julho (onde os islamistas conseguiram uma centena de mártires), como justificação para declarar Musharraf um «infiel» e um «apóstata» (é a opinião de Ossama). Simultaneamente, foi também disponibilizado nos saites islamistas do costume um vídeo de Al-Zawahiri pedindo que se «limpasse» o «norte de África» dos «filhos da França e da Espanha» (não se sabe muito bem o que isto significa: Ceuta e Melilha, atentados no sul da Europa, ou as sementes de laicismo na Argélia e na Tunísia?); o nº2 da Al-Qaeda exorta também ao combate contra a força das Nações Unidas prevista para o Darfur (Sudão).
Os dois Estados fundamentais no islamismo sunita são a Arábia Saudita e o Paquistão. O primeiro, uma monarquia absoluta wahabita, começou a financiar através da sua classe dirigente grande parte das redes terroristas islamistas há um quarto de século atrás, quando a URSS invadiu o Afeganistão. O segundo forneceu o refúgio territorial e as casas de apoio que permitiram organizar os mujahedin que passavam, através de uma fronteira que só existe nos mapas, para o Afeganistão onde os homens que fundaram a Al-Qaeda se conheceram, combateram lado a lado, e finalmente acompanharam na sua subida ao poder os talibã (um movimento pastune e, ele próprio, transfronteiriço). O diligente apoio dos serviços secretos paquistaneses (ISI), interessados quer no domínio do país vizinho quer em treinar grupos que pudessem infiltrar na Caxemira indiana, nunca faltou nos tempos anteriores ao 11 de Setembro. Também nunca faltaram as fornadas intermináveis de jovens fanatizados produzidas pelas madraças paquistanesas, ou voluntários do Médio Oriente para combater primeiro a URSS e agora os EUA (ou Musharraf). Destruídos os campos de treino do Afeganistão no Outono de 2001, derrubado o regime talibã, o ninho do islamo-terrorismo está quase no mesmo sítio: nas montanhas do Waziristão e noutras zonas tribais da fronteira do Paquistão com o Afeganistão, onde as tribos nunca foram submetidas pelos britânicos e onde o exército paquistanês entrou pela primeira vez em Abril de 2002.
Musharraf e a sua clique, como aqueles que os antecederam no poder em Islamabade, jogaram sempre com o apoio de grupos islamistas, com o seu poder de fogo e capacidade de mobilização. Mas desde que Mohamed Atta acertou com o seu avião na torre norte do World Trade Center, a instabilidade no Paquistão agravou-se, e Musharraf reviu as suas alianças internas para salvar a ligação externa (EUA). Ao conciliar-se com Bhenazir Butto, Musharraf tenta garantir que a sua eleição não dependa dos islamistas. A eleição presidencial (por colégio eleitoral) será no dia 6 de Outubro, as eleições gerais em Janeiro. Veremos se a Al-Qaeda ainda tem capacidade para as influenciar.
[Diário Ateísta/Esquerda Republicana]