Sam Harris e as razões para acreditar
Neste espaço tanto eu como a Palmira colocámos alguns vídeos de Sam Harris disponíveis no you tube.
No entanto, à medida que acompanho as conversas entre os comentadores, sou levado a crer que muitos passaram ao lado de tais videos, talvez por serem longos. Assim sendo, tomei a iniciativa de traduzir alguns trechos, neste caso a respeito do respeito que se deve ter, ou não, pelas crenças alheias:
«Nós não respeitamos as crenças das pessoas: nós avaliamos as suas razões. Se as minhas razões forem boas, um indivíduo racional tenderá a concordar com elas.
Se eu vos dissesse que acredito que existe um diamante gigante, do tamanho de um frigorífico, enterrado no meu quintal, pode ocorrer-vos perguntar ‘porquê?’. Se em resposta eu dissesse ‘esta crença dá muito significado à minha vida’ ou ‘não gostaria de viver num universo em que não existisse um diamante gigante enterrado no meu quintal’, seria bastante claro que respostas deste tipo seriam profundamente desadequadas. Pior: seriam as respostas de um lunático ou de um idiota. Respondendo dessa forma, desqualificar-me-ia para qualquer posição de responsabilidade na nossa sociedade.
Mudamos de assunto para a religião, para as exigências morais de uma alegada super-inteligência invisível, para o que acontece depois da morte, e subitamente já tudo é possível.»
«Nós não respeitamos as crenças de outros. Em todos os assuntos nós avaliamos as suas razões. Se eu chegasse aqui e dissesse ‘o holocausto nunca existiu’, vocês não teriam qualquer obrigação de respeitar a minha crença a respeito da história da Europa.
Nós não respeitamos os negacionistas do holocausto, os negacionistas não se tornam reitores de universidades; as pessoas que acreditam que o Elvis está vivo não se tornam senadores. Nós não aprovamos leis contra a adoração do Elvis ou a negação do holocausto, mas marginalizamos com sucesso tais pontos de vista.
Em qualquer aspecto da nossa vida, estar muito certo de algo com um número reduzido de provas ou indícios, ou em contradição com um enorme número de provas ou indícios é sinal que algo está errado com essa mente, é sinal de que não se pode confiar nessa pessoa.
E no entanto, no que respeita à Fé, nós adulteramos as regras completamente. […]
Quando acreditamos que algo é verdadeiro, estamos a esforçarmo-nos por representar a realidade nos nossos pensamentos. É a diferença entre crença e desejo […] E ou temos boas razões para as nossas crenças, ou não temos.
Em todas as áreas da nossa vida, nós exigimos boas razões e desconfiamos de quem não tem boas razões para as suas crenças fundamentais.
Realmente existe um conflito entre religião e ciência.
Tem havido muita produção académica a respeito de tal conflito. Realmente existe um conflito aqui. Porque em última análise o que está em jogo é ter boas razões ou más razões. Todas as religiões fazem alegações a respeito de como o mundo funciona, todas elas descrevem como é que a realidade funciona.
Ou Jesus vai voltar, ou não. Se ele voltar, vindo das nuvens, o critianismo perdurará revelado enquanto ciência. Será a ciência do cristianismo. E qualquer cristão que quiser poderá dizer ‘bem te avisei – aqui está ele, olha para os seus poderes mágicos’, e qualquer cientista mentalmente são será convencido por uma demonstração suficiente de poderes mágicos. Estas alegações parecem ser factuais.»