Loading

Dia: 8 de Abril, 2006

8 de Abril, 2006 Palmira Silva

Islamização crescente da Indonésia


Em breve as paradisíacas águas de Bali poderão refrescar apenas veraneantes modestamente vestidos como exemplificado por este modelo.

De facto, as autoridades indonésias preparam uma lei, a ser aprovada em Junho, que prevê pena de prisão de 10 anos e multa de 45 000 euros para quem exiba «indecentemente» em público umbigos, coxas ou ancas – alguns fundamentalistas querem incluir ainda os ombros nas partes anatómicas indecentes.

O projecto de lei, que se aplica igualmente a qualquer exibição da tentadora carne em papel ou em filme, pretende criminalizar qualquer comportamento considerado lascivo pelos piedosos fundamentalistas. Assim tudo o que possa ser considerado como ofensa à «decência» ou incitador de «luxúria», como um simples beijo em público, a popular dança erótica balinesa, o dingdut, ou mesmo roupa justa ou sugestiva será proibido. Casais não casados vivendo juntos ou a homossexualidade serão igualmente anátemas.

O projecto de lei, mais um na senda da islamização crescente do país, na prática servirá para impôr o código de conduta e vestuário islâmicos em todo o território da Indonésia incluindo locais como a Papua, onde é normal as mulheres exibirem os seios e os homens usarem apenas uma tanga ou o Bali, em que a maioria da população é hindu, e em que o estilo de vida tradicional está nos antípodas do que desejam os virtuosos religiosos.

Vários grupos religiosos e culturais por toda a Indonésia têm protestado veementemente esta proposta de lei que na prática tornará violações da lei, puníveis com pena de prisão e multas pesadas, numerosas tradições culturais.

No Bali os protestos foram especialmente audíveis especialmente por parte da comunidade artística porque, como afirmou um dos promotores de uma das manifestações, «As artes e crenças religiosas balinesas nunca consideraram a sensualidade e a sexualidade como uma coisa impura, moralmente repreensível. Pelo contrário, a sensualidade e a sexualidade são tratadas como componentes naturais, integrantes das nossas vidas como seres humanos».

O desrespeito pelas tradições locais e a imposição a todos da lei islâmica é ainda manifestado em muitos outros acontecimentos, como por exemplo o que aconteceu na bienal internacional de Jacarta ou na prisão em Java de Yusman Roy. O crime deste último, considerado «espalhar o ódio», foi a blasfema leitura de orações na língua local, Bahasa, em vez de árabe…

8 de Abril, 2006 Palmira Silva

Fundamentalismo em alta no sistema educativo britânico

O sindicato que representa o maior número de professores na Grã-Bretanha, o National Union of Teachers, avisou na quinta-feira que os fundamentalistas religiosos estão a ganhar controle das escolas nomeadamente através dos curricula aprovados pelo governo.

Uma moção a ser debatida na conferência anual do National Union of Teachers pede o fim do financiamento público de escolas confessionais e pede legislação «para prevenir a influência crescente das organizações religiosas na educação e ensino e o ensino de criacionismo ou desenho inteligente como uma alternativa válida à evolução».

De facto, como já tinha referido, a introdução, a verificar-se no próximo ano lectivo, do criacionismo nos curricula de ciências britânicos é extremamante preocupante.

Igualmente preocupante, especialmente quando consideramos que o Reino Unido, a par dos Estados Unidos, é um dos dois países ocidentais líderes no desastroso campeonato da gravidez adolescente e doenças sexualmente transmissíveis nesta faixa etária, são as notícias que as escolas católicas vão substituir os programas de educação sexual por programas de abstinência.

O programa, igualmente a ser introduzido no próximo ano lectivo, pretende seguir à letra as posições dos celibatários do Vaticano em matéria de sexo e relações pessoais. Embora sejam omissos em relação às recomendações de Ratzinger de que «é um dever cortar qualquer comunicação com pessoas que tenham se afastado da doutrina católica», o que certamente contribuirá para uma integração social muito católica dos jovens, os dignitários católicos informaram que se restringirão estritamente aos ditames do Vaticano no restante. Para isso, estão a preparar a formação dos professores encarregues de tal aberração, uma suposta educação sexual nas escolas católicas que consistirá em lavagens cerebrais destinadas a incutir nos jovens a sacralidade de óvulos e espermatozóides e que sexo só no casamento.

Como diz Michael McGrath, director do Scottish Catholic Education Service, «Nós daremos informação sobre o que é a contracepção … mas não iremos promover qualquer forma de contracepção artificial. O aborto não faz parte da educação sexual, mas claramente todas as escolas católicas irão promover a santidade da vida humana e não irão promover o aborto».

Como indica um artigo publicado no British Medical Journal os programas de abstinência «associam-se a um aumento do número de gravidez entre os casais dos jovens que os seguiram». De igual forma, a UNICEF é bastante inequívoca nas suas recomendações. Usando como exemplo a Suécia, que mudou a sua política de educação sexual de forma radical em 1975, explica a diminuição drástica de doenças sexualmente transmitidas e gravidez na adolescência neste país: «Abandonaram-se as recomendações de abstinência e de praticar o sexo exclusivamente no casamento, a educação contraceptiva tornou-se explícita e criou-se uma rede nacional de clínicas para jovens, concretamente para fornecer de forma confidencial orientação aos jovens sobre métodos e tratamentos contraceptivos… Durante as duas décadas seguintes, o índice de nascimentos em adolescentes baixou em 80%». As doenças sexualmente transmitidas, em contraste com os crescentes índices do RU e EU, baixaram neste país cerca de 40% nos anos 90.

Esperemos, a bem dos jovens que tenham a infelicidade de frequentarem estas escolas e da paz e integração sociais, que a moção do National Union of Teachers seja aprovada e seguida pelo governo britânico, ou seja, que tenha finalmente fim o financiamento público de escolas confessionais.

8 de Abril, 2006 Carlos Esperança

Centenário de S. Francisco Xavier (2)

(Foto do enviado do Diário Ateísta a Goa)

O 5.º centenário do nascimento de Francisco Xavier foi assinalado ontem, em Espanha, pelo cardeal mais reaccionário da Península Ibérica, Antonio María Rouco Varela, representante de B16 (déspota vitalício da ICAR), com a presença do rei.

Hoje, na Cordoaria Nacional, em cerimónia presidida por Freitas do Amaral, celebra-se em Portugal, com um dia de atraso, o nascimento do jesuíta.

Do programa, consta uma conferência sobre «A vida e a obra de S. Francisco Xavier» e um espectáculo de música e danças tradicionais de Goa, pelo grupo Ekvât, que encerra a sessão cultural e musical.

O cadáver de Francisco Xavier (na foto) é a metáfora de uma igreja que jaz morta e apodrece.