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Entrevista com Douglas Adams

Vagueando pela internet, dei de cara com uma entrevista ao Douglas Adams feita pela “American Atheists” (já bem antiga, até…). As respostas que deu pareceram-me particularmente sensatas, e decidi traduzir alguns excertos que acho melhores:

«Na Inglaterra parece que se tem visto uma deriva de um vago Anglicanismo não muito convicto para um Agnosticismo não muito convicto – ambos dos quais creio que mostram o desejo de não pensar muito nas coisas»

«[Em relação a ser Ateu e não Agnóstico,] outras pessoas perguntam como é que eu posso alegar que sei? Não é a crença de que deus não existe tão irracional e arrogante como a crença de que existe? Para estas respondo negativamente por várias razões. […] Eu acredito ou não acredito na minha filha de 4 anos quando ela me diz que não fez aquela sujeira no chão. Eu acredito na justiça e no desportivismo […] Eu também acredito que a Inglaterra devia entrar na União Monetária Europeia […] Poderia facilmente estar errado e sei disso. Estes parecem-me usos legítimos da palavra “acreditar”. […] Eu estou, no entanto, convencido de que não existe deus […]»

«Eu não aceito a teoria da moda de que cada ponto de vista merece tanto respeito como o oposto. A minha perspectiva é que a Lua é feita de rocha. Se alguém me disser “bem, tu nunca lá estiveste, pois não? Se não viste por ti, a minha perspectiva de que é feita de queijo de castor norueguês é igualmente válida” – eu nem me vou dar ao trabalho de discutir […]. Deus era a melhor explicação que nós tínhamos, e agora temos ums série de explicações melhores. Deus deixou de ser a explicação de alguma coisa, mas passou em vez disso a ser algo que exige uma quantidade incontável de explicação. Então, não me parece que estar convencido que deus não existe seja tão irracional ou arrogante como acreditar que existe. Nem me parece que sejam comparáveis»

«O que me espantou, no entanto, foi a percepção de que os argumentos a favor de ideias religiosas são tão débeis e patetas comparados mesmo com os de assuntos tão interpretativos e subjectivos como a história. De facto, eram vergonhosamente infantis»

Também achei muito curioso ficar a saber que Douglas Adams passou do agnosticismo para o ateísmo com a leitura dos excelentes livros de Dawkins. No meu caso a obra de Carl Sagan teve alguma inflência pois levou-me às reflexões que acabaram por resultar nessa mudança (do agnosticismo para o ateísmo).