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Dia: 12 de Janeiro, 2006

12 de Janeiro, 2006 lrodrigues

Mais vale Prevenir…

Segundo o «Detroit Free Press», o bispo auxiliar de Detroit, Thomas Gumbleton, de 75 anos, pôs a sua congregação em alvoroço quando admitiu ter ele próprio em criança sido vítima de abusos sexuais por parte de um padre.

Como se não bastasse já para a confusão criada, o bispo ainda propôs a revogação da lei que impede que as vítimas possam processar a Igreja Católica nos casos mais antigos de violações praticadas por membros do clero católico.
O bispo Gumbleton considera que muitos desses abusadores não prestaram ainda contas dos seus actos, e que os mesmos deviam ser denunciados publicamente.
Mas desde logo as autoridades eclesiásticas americanas e a «Conferência dos Bispos Católicos», reunida em Washington, D.C., rejeitaram peremptoriamente tal ideia, preferindo manter a actual lei.

Não fosse o diabo tecê-las!…

(Publicado simultaneamente no «Random Precision»)

12 de Janeiro, 2006 jvasco

A ICAR e a economia da homofobia

Vamos supor.

Vamos supor que a “contratação de Padres” pela Igreja Católica Apostólica Romana (ICAR) funciona de acordo com os pressupostos de Adam Smith, do mercado livre, de acordo com as leis da oferta e da procura. Que impacto teria a exigência de uma vida de celibato, nos ordenados e na quantidade de Padres?

A linha a vermelho representa a procura de Padres pela ICAR: o preço que pagaria, por Padre, para obter um determinado número de Padres. Obviamente que não se trata de uma decisão centralizada, mas sim no englobar das procuras das várias paróquias do país.

A linha a azul, de baixo, representa a oferta de Padres: relaciona o preço que a ICAR pagaria por um Padre com a quantidade de induvíduos dispostos a sê-lo. Isto assumindo que a ICAR não exigiria o celibato.

A linha azul, de cima, representa a oferta de Padres, desta vez tendo em conta o incómodo que representa o celibato para a maioria dos indivíduos.

Se este modelo estivesse razoavelmente adequado à realidade, poderíamos concluir que a exigência de celibato pela ICAR faria com que a quantidade de Padres no mercado fosse inferior (face à não exigência: de Q1 para Q2), e com que o valor pago a cada Padre fosse superior (de S1 para S2).

Vamos agora supor que existe um grupo da população masculina que, devido a preconceitos sociais, não poderia viver numa situação que preferissem francamente face ao celibato (chamemos ao grupo “homossexuais”, e ao preconceito “homofobia”).
Para esta camada da população, o celibato não seria uma grande desvantagem. Assim sendo, se esta população representasse uma percentagem razoável da população total (imaginemos que o palpite do Expresso dos 10% estava correcto), isso iria alterar a curva da oferta. De que maneira?

A linha vermelha e a linha azul continuam a representar a mesma coisa.
A novidade deste gráfico é a linha verde, que representa a oferta de Padres numa população mista e sujeita aos referidos preconceitos. Até à linha cinzenta horizontal, apenas membros deste grupo (homossexuais) aceitam o emprego que requer o celibato. A partir daí, pessoas de ambos os grupos decidem ser Padres.

Note-se que, nesta população mista, se não existisse qualquer preconceito quanto à orientação sexual, o celibato seria considerado desvantajoso para todos, independentemente da dita orientação. Assim sendo, a oferta global seria traduzida pela linha azul de cima.

Se este modelo fosse uma representação razoável da realidade poderíamos concluir que:

a) A homofobia seria um preconceito útil à ICAR, na medida em que a quantidade de Padres no mercado (Q3) seria superior aquela que existiria sem preconceito (Q2). Por outro lado, o dinheiro pago aos Padres aumentaria (de S1 para S2).

b) Assim sendo, à medida que as sociedade se fossem tornando mais tolerantes e menos homofóbicas, a quantidade de Padres diminuiria rapidamente, causando uma crise de vocações: a ICAR iria sentir falta de Padres.

c) Devido à existência de tal preconceito nas gerações anteriores, a ICAR contaria entre os seus elementos uma percentagem de homosexuais superior à da sociedade. Isto advém da proporção de homosexuais entre Q1 e Q3 ser a da sociedade, mas até Q1 todos os Padres serem homosexuais. Assim sendo, a proporção de homossexuais na ICAR (PHI) seria, em função da percentagem de homosexuais na sociedade (PH):

PHI = PH + (1-PH)Q1/Q3 > PH

Notas adicionais:

1- obviamente os gráficos são apenas ilustrativos. Este raciocínio apenas mostra as variações qualitativas nos rendimentos e nas quantidades de Padres no mercado. Para conhecer as proporções (e o significado) destes factores teríamos de conhecer os parâmetros das funções de oferta e de procura (em particular, as respectivas elasticidades)

2- sabe-se que para alguns Padres a exigência de celibato não terá representado grande incómodo. Mas, como é óbvio, para a maioria dos Padres representa.

3- este artigo também foi publicado no Banqueiro Anarquista.

12 de Janeiro, 2006 Palmira Silva

Tiro no pé do Senhor dos dislates

O governo de Israel fez saber que não assinará o contrato que permitiria a construção do Galilee World Heritage Park, um parque temático cristão que os teocratas evangélicos americanos liderados por Pat Robertson pretendiam construir nas margens do mar da Galileia (na realidade um lago), em terrenos oferecidos pelo governo de Israel.

Tradicionalmente os teocratas evangélicos norte-americanos são os maiores apoiantes e defensores de Israel nos Estados Unidos. A razão para tal, como não poderia deixar de ser, encontra-se na Bíblia, mais concretamente no Antigo Testamento, que indica que Israel foi dado aos judeus por Deus e, segundo estes fundamentalistas cristãos, para se efectivar o regresso de Jesus é necessário que os judeus controlem Israel e que estes se convertam ao cristianismo.

O projecto deste parque temático tinha merecido algumas críticas exactamente pela segunda condição que os fanáticos cristãos consideram necessária para o regresso do mito, nomeadamente Yossi Sarid, um antigo ministro e membro do Knesset (o Parlamento israelita), afirmou ter algumas reservas em relação aos «religious right» americanos e em relação a este projecto já que «Não estou entusiasmado com esta colaboração porque não tenho desejo de ser carne para canhão para os evangelistas. Como judeu, eles acreditam que eu tenho de desaparecer antes de Jesus fazer a sua segunda aparição. Como não tenho planos de me converter, como um israelita e um judeu, considero que isto é uma provocação».

O ministro do Turismo israelita, que afirmou anteriormente não ser um teólogo e como tal não estar interessado na agenda dos turistas mas sim na sua presença (e nos dólares que certamente deixariam no país), declarou através do seu porta voz, Ido Hartuv, que o governo de Israel considera inaceitáveis as declarações recentes de Pat Robertson sobre o castigo divino de Ariel Sharon por este ter devolvido territórios aos palestinos e como tal não assinaria o contrato, prestes a ser fechado, com Pat Robertson.

12 de Janeiro, 2006 Carlos Esperança

Escondam as crianças

A ICAR não pára na sua ânsia de proselitismo. Depois da pastoral do embrião e da teologia da pílula do dia seguinte, a associação de sotainas, representada pelo reverendo padre João Eleutério, procura «mostrar que é possível o despertar religioso nas crianças desde os recém-nascidos até aos cinco anos».

Uma Igreja que condena experiências em embriões propõe-se, ela própria, usar recém-nascidos. Não é inovadora, apenas se limita a ultrapassar os limites simbólicos dos borrifos baptismais e entrar na manipulação ideológica dos lactentes. O desvario do islão, cujas crianças fanatizadas aprendem a apedrejar judeus antes dos cinco anos, contaminou definitivamente a ICAR.

«De pequenino se torce o pepino», que é como quem diz: apropria-te da vontade de uma criança e faz dela um beato. Não deixar crescer sem inocular o veneno da fé é o objectivo da Faculdade de Teologia da Universidade Católica do Porto em parceria com a Fundação Maria Ulrich e a Escola Superior de Educadores de Infância.

Perante a incúria da sociedade e a conivência dos meios mais obscurantistas, educadores, catequistas, pais e avós propõem-se participar numa torpe acção de proselitismo contra crianças até aos cinco anos de idade, os primeiros por maldade e os últimos por ignorância.

Não há lei que defenda as crianças indefesas?

Escondam as crianças, há padres à espera.