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Dia: 26 de Abril, 2004

26 de Abril, 2004 Carlos Esperança

Beata Alexandrina de Balazar, rogai por Portugal

Em 25 de Abril a Pátria fez-se representar pela ministra dos Negócios Estrangeiros, Teresa Gouveia, o embaixador de Portugal no Vaticano, Ribeiro de Menezes, e o chefe de gabinete da ministra, que se deslocaram ao Vaticano onde o papa certificou os milagres de que é acusada a falecida Alexandrina Costa, de Balasar. Com as autenticações milagreiras do dia, JP2 elevou para 477 o número de santos e 1377 o de beatos que lhe devem a distinção.

A Pátria ficou eufórica com a beatificação da venerável Alexandrina cuja intercessão foi decisiva na cura de uma portuguesa. Obrou um milagre magnífico, que não teme confronto com os que se fazem lá fora, realizado na área da neurologia, para benefício de uma emigrante residente em França.

A beata Alexandrina há muito que merecia a distinção. Dedicou-se à oração, com excelentes êxtases às sextas-feiras, defendeu a virgindade e passou os últimos treze anos e sete meses finais da vida em jejum total e anúria (apenas tomava a comunhão), facto igualmente confirmado por JP2. Deve-se-lhe o pedido ao papa para a consagração do mundo contra o comunismo, vontade satisfeita com resultados arrasadores.

Dos ataques violentos que a apoquentaram, devidos certamente a possessão demoníaca, foi convenientemente exorcizada várias vezes, até que o Maligno desistiu da peleja.

Foi, pois, com júbilo que a Pátria assistiu à elevação aos altares da primeira dos 32 candidatos nacionais que esperam os bons ofícios do cardeal D. José Saraiva Martins, ilustre filho dos Gagos, concelho da Guarda, Prefeito da Congregação para a Causa dos Santos.

À dívida para com a Senhora de Fátima que, após o naufrágio de um petroleiro, preservou as costas portuguesas da maré negra, facto muito apreciado pelo ministro da Defesa, soma-se a alta distinção com que João Paulo II quis agraciar a santinha de Balazar.

Agora espera-se a rápida canonização de Nuno Álvares Pereira que não carece da adjudicação de qualquer milagre pois, segundo D. José Policarpo, Urbano VIII fez uma excepção para quem há mais de 200 anos era prestado culto e reconhecida, pelo povo, a santidade.

O país, com 200 mil portugueses com fome, 500 mil sem trabalho e mais de um milhão de pobres, merece estas auspiciosas notícias. É a retoma que aí vem.

26 de Abril, 2004 jvasco

Ateísmo e Educação

Quando fiz um comentário a um artigo qualquer, referi umas estatísticas acerca da relação entre o Ateísmo e uma melhor educação/formação e um superior comportamento moral.

I – As pessoas em geral não duvidam que, de facto, existe uma correlação positiva entre a educação e o Ateísmo. Lembramo-nos que nos períodos da história com maiores taxas de analfabetismo foi quando o Ateísmo era completamente desprezável e temos a consciência que o crescimento do Ateísmo acompanhou o crescimento das taxas de alfabetização. As pessoas também têm, em geral, a noção de que nos meios Académicos a percentagem de Ateus é superior à percentagem de Ateus na sociedade. Esta correlação não é, em geral, posta em questão nem por Crentes nem por Ateus, embora se possa questionar qual de dois motivos leva à existência de tal correlação:

a) Será que é uma “maior tendência para o Ateísmo” (consubstanciada numa personalidade com espírito crítico, gosto pela reflexão, curiosidade, etc…) que leva a que o indivíduo em questão adquira uma formação mais avançada?

b) Será que é a educação, treinando o espírito crítico, fazendo as pessoas encararem ideias diferentes, encorajando um debate livre e sério, fazendo entender o funcionamento do método científico, que encoraja o Ateísmo?

c) A correlação não prova nada, nem mostra que o Ateísmo é desejável. Também existe uma correlação entre a educação e a probabilidade de fumar canabis nas sociedades ocidentais, além da correlação existente entre educação e probabilidade de se suicidar.

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Em geral o debate parte de I e centra-se na discussão entre a), b) e c). Os Crentes costumam alertar para c) e os Ateus podem acreditar mais em a) ou b) consoante o indivíduo em questão. Eu acho que a) ou b) são igualmente verdadeiros.

Mas o “Atento” duvidou de I. E pediu-me estatísticas.

Como acredito no valor do espírito crítico, só podia respeitar o pedido dele, e prometi que só voltaria a escrever neste blog quando tivesse encontrado tais estatísticas. Nem sabia aquilo em que me estava a meter…

O que se passa é que eu já tinha visto as estatísticas. Mas não na Internet… em papel, e já nem sabia onde estava a maioria das minhas referências.

Eu queria encontrar várias coisas:

1-Uma distribuição actual das taxas de analfabetismo por país. Encontrei um relatório da UNESCO aqui.

2-Uma distribuição da percentagem de Ateus por país. Encontrei estes dados.

Com estes dados já poderíamos tirar algumas ilações e sustentar parte das conclusões que afirmei. Mas eu queria mais.

3- Estatísticas sobre a evolução das taxas de analfabetismo. Procurei muito, muito muito. Não encontrei dados acerca das taxas de analfabetismo ou qualquer outro indicador da educação inferior a 1970…

4- Estatísticas sobre a evolução do ateísmo ao longo da história. Eu poderia recomendar as fontes onde tinha visto a evolução do Ateísmo mundial ao longo do último século, mas sem as hiperligações respectivas (o livro “A Guerra das Civilizações” vai buscar esses dados a uns artigos de jornais de referência que poderei referenciar se alguém estiver interessado). Mas na Internet, por mais que procurasse, não encontrei nada.

Os dados 3 e 4 não eram necessários para sustentar qualquer afirmação que já não pudesse ser sustentada pelos 1 e 2. Mas seriam um complemento muito útil. Lamento muito não ter encontrado. Se alguém encontrar, agradeço que coloque nos comentários deste artigo.

5- Estatísticas que mostrasem a relação entre a formação Académica de um indivíduo e a probabilidade de ser Ateu. Estava à espera que fosse impossível encontrar isso na internet, principalmente depois dos meus insucessos à procura de 3 e 4 (que esperaria serem muito fáceis de encontrar). No entanto, encontrei isso e muito mais. Ora vejam ISTO.

São estatísticas sobre “Inteligência e crenças Religiosas”. Todos referenciados, tem dezenas de estudos científicos sobre esta temática. E quais são as conclusões gerais? Vou citar (e traduzir) parte:

“Porque é que esta correlação [entre educação e ateísmo] existe? A primeira resposta que nos vem à cabeça é que as crenças religiosas tendem a ser menos lógicas ou incoerentes do que crenças laicas […]. Mas tal explicação será seguramente rejeitada por pessoas religiosas, que procurarão outras explicações e racionalizações.”

Confirmem. Vão lá à página e vejam por vocês.

Como bónus ficamos a saber que, enquanto entre a população em geral (cerca de) 10% das pessoas não acredita em Deus, entre os Cientistas essa percentagem é de 60%. Entre os Físicos essa percentagem é de 80% (estou espantado, diria que era maior!).