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14 de Dezembro, 2007 Carlos Esperança

Diálogo de civilizações

O diálogo de civilizações não tem passado de um eufemismo com que se apela à trégua entre religiões enquanto todas traçam estratégias para o proselitismo e procuram ganhar poder e influência no processo de globalização em curso.
Não há diálogo de civilizações. A civilização é já a síntese de culturas cujo apanágio é a tolerância e o direito à diferença. A democracia não debate com o totalitarismo nem este aceita aquela.

Há hoje uma luta ruidosa entre a civilização e a barbárie, entre os que fazem da fé uma opção particular ou não a têm e os que não desistem de a impor aos outros, entre os que cumprem os preceitos de uma qualquer doutrina de forma discreta e os que se esforçam para que todos adiram à sua.

É urgente parar os actos terroristas que dilaceram o mundo. As pessoas estão receosas e a civilização em risco. O fundamentalismo protestante dos EUA incentiva os líderes de outras religiões que o secularismo e a laicidade tinham contido. Os pastores que atacam as clínicas que praticam abortos nos EUA, à frente de fanáticos desvairados, são iguais aos terroristas islâmicos que destroem um autocarro com crianças cujos pais têm uma religião diferente.

Há hoje uma desgraçada tendência nos países árabes para impor o totalitarismo religioso e um ódio aos cristãos que se assemelha ao que estes tinham aos judeus antes da última Grande Guerra. Os árabes cristãos estão a desaparecer do Médio Oriente, obrigados ao exílio ou à conversão, e, neste caso, objecto das suspeitas que o cristão-novo inspirava à Inquisição, na Idade Média.

Deixar que os cristãos e judeus sejam extintos entre os árabes é condenar uma etnia à pureza religiosa e todos sabemos os riscos da «pureza», das raças às ideologias, das religiões às convicções políticas.

É difícil que os europeus continuem a facilitar a prática do Islão quando nos países em que ele é maioritário se impedem práticas cristãs, judaicas ou budistas e não se tolera o ateísmo, quando a heresia e a apostasia podem custar a decapitação, quando o Corão é o instrumento de fanatização de crianças e a fé o detonador do ódio.

Todas as religiões se consideram detentoras do alvará da empresa de transportes para o Paraíso e do único deus verdadeiro, donde se conclui que todas as religiões são falsas menos uma. Na melhor das hipóteses.

Os herdeiros do Iluminismo e da Revolução Francesa não podem deixar-se imolar pelos que não se contentam com o Paraíso para si próprios mas se obstinam em impô-lo aos outros.

14 de Dezembro, 2007 Ricardo Silvestre

Estupidez cósmica

Mais um vídeo sobre criacionismo, e mais uma sucessão de disparates para a história das sucessões de disparates desta gente.

Quando se trata de astronomia então, as incorrecções e mentiras são, bem, são cósmicas (desculpem a piadinha fácil)

Vejam este vídeo e já voltamos à conversa

Algumas das idiotices ditas neste «documentário»:

«Se os planetas fossem produto de um desenvolvimento natural da evolução do cosmos tinham de ser todos iguais»: hummm, não. Muitas coisas mudaram em 4.55 biliões de anos, e como os planetas tem massas diferentes, e por causa disso, elementos atmosféricos diferentes, tem diferentes elementos.

«Planetas deviam rodar todos para o mesmo lado»: hummm, não. Colisões ou tracções gravíticas com outros corpos celestes podem mudar a direcção da rotação de um planeta.

«Não existe uma explicação para a origem da Lua»: hummm, não. Existe a teoria de ter havido uma colisão maciça que deu origem à lua.

«Todas as luas que estão associadas a planetas deviam ter as suas órbitas todas para o mesmo lado»: hummm, não. Algumas dessas luas foram asteróides no passado, presas pelos campos gravitacionais de grandes planetas, e estes podem ter as suas órbitas ao contrário.

«Se o Universo não foi criado numa explosão, é porque teve ser criado por Deus»: hummm, não. Há pelos menos duas outras explicações para além da teoria do Big Bang que ajudam a explicar o início do Cosmos.

«Não se sabe como é que os anéis dos grandes planetas foram formados«: hummm, não. Sabe-se com detalhe, tem a ver com gases, gelo, matéria estrelar, etc.

Mas, eu volto sempre é ao ponto fulcral do pensamento destes mentecaptos: como não se sabe como foi criado, então foi deus que criou. Aleluia!

Obrigado a Phil Plait

13 de Dezembro, 2007 Carlos Esperança

A verdade católica

«Eu conheço dois países na Europa que fabricam preservativos contendo o vírus da sida. Eles querem acabar com os Africanos, é o programa. Se nós não nos prevenirmos, seremos exterminados dentro de um século.

Francisco Chimoio, arcebispo católico de Maputo, prevenindo as suas ovelhas contra o preservativo. Quase 18% dos 19 milhões de Moçambicanos são seropositivos.

Fonte: Le Monde des Religions – novembre-décembre 2007 – pg. 18

13 de Dezembro, 2007 Ricardo Silvestre

Incompreensível

A Organização Mundial de Saúde (OMS) tem conseguido fazer um trabalho extraordinário em África, conseguindo através do método de vacinação quase erradicar algumas das doenças mais virulentas do globo. Vacinação é talvez um dos melhores feitos da humanidade: através da ciência conseguiu-se erradicar a Varíola, uma doença que causou centenas de milhões de pessoas morrerem em agonia.

Assim, cada vez que alguém acusar a ciência de ser «fria» ou «sem alma», ou que precisa de um «sentido», principalmente por aqueles que pensam que as doenças são causadas por demónios, digam a essa pessoa para estar calada!

No entanto, não chega a estas pessoas a incrível falta de inteligência e de atenção. Ainda hoje há quem continue a combater este avanço civilizacional com dogmas religiosos.

No inicio do Sec. 21, o programa de vacinações da OMS estava muito perto de erradicar igualmente Polio. Esta doença paralisa permanentemente várias partes do corpo das pessoas que a contraem. No entanto, na Nigéria, os Mullahs islâmicos anunciaram que deus lhes tinha revelado que a vacina era «contra o Islão», e parte de um plano hediondo do Oeste para esterilizar crianças islâmicas. A população local, sem qualquer outra fonte de informação, e com décadas e décadas de submissão às «vontades de deus» deixaram de levar os filhos aos centros de vacinação. Resultado: Polio está de volta e pode ser que nunca se consiga erradicar de vez. No confronto entre razão e fanatismo, fanatismo ganhou, e como resultado, outros milhões irão ficar paralisadas e morrer.

Também na Europa sofremos destas imbecilidades. O Daily Mail na Inglaterra, pela mão da criacionista Melanie Philips, que, sem qualquer qualificação científica, resolveu montar uma «campanha jornalística» onde afirmava que a vacina para a Rubéola, Papeira e Sarampo causava autismo em crianças. Esta indicação não tinha qualquer base científica, e tinha sido baseada num estudo com 12 crianças que eram autistas e que tinham levado a injecção onde se apresentava a ideia que devia haver uma relação, enquanto num estudo na Finlândia com 1.8 milhões de crianças [!!!] mostrava que autismo é independente da vacinação.

Quando o Director do Medical Research Council Britanico, o Professor Colin Blakemore explicou que as vacinas são processos evolutivos, e que vacinas de 1918 não são iguais as de 2007, porque os vírus também evoluem e se adaptam, a Sra. Philips acusou-o de estar a «promover o Darwinismo» e que o ponto principal do Professor era de «desprezar o conceito de desenho inteligente, apresentando a ideia que a única coisa em jogo são as forças sem sentido da selecção natural».

Isto quer dizer que, pelas palavras desta atrasada mental, deus altera pessoalmente o vírus da gripe (por exemplo) para se assegurar que a humanidade tem de andar sempre a «correr atrás do estrago»?. Que tipo de deus sadista é este que estas pessoas tanto adoram?!

Texto inspirado neste artigo de opinião.

12 de Dezembro, 2007 Carlos Esperança

Laicidade e democracia

Acabo de tomar conhecimento de uma notícia horrenda e da confirmação da autoria de um acto terrorista, ambos a repetirem-se com trágica regularidade.

Canadá – Pai suspeito de estrangular a filha que não queria usar véu.

Al Qaeda assume autoria de atentados que causaram 62 mortos na Argélia.

Se os Estados aprofundassem a distância em relação às religiões muitos sofrimentos se evitariam. Os partidos, na ânsia das vitórias eleitorais, capitulam com frequência face aos clérigos, na ânsia dos votos que julgam captar e das bênçãos que pensam arrecadar.

Os cidadãos andam alheados e não se dão conta de que só há liberdade religiosa quando a laicidade é uma exigência ética e política do Estado, quando este se obriga a garantir o direito à religião de cada um, bem como à sua ausência e às manifestações pacíficas de anti-religiosidade.

O Canadá, país de grande tolerância e respeito pelo multiculturalismo, pensou autorizar tribunais religiosos cujas sentenças tivessem como limite as do seu código penal. Creio que a sensatez prevaleceu. Não se pode igualar a civilização à barbárie, equiparar o Código Penal de um País culto com o direito de qualquer livro sagrado, a jurisprudência com a discricionariedade eclesiástica.

Se os Estados abdicarem da laicidade em que se alicerçam as democracias modernas, a pena de morte regressará aplicada a crimes tão exóticos como a blasfémia, o divórcio, a heresia, o adultério, a apostasia ou o sacrilégio, alguns deles direitos inalienáveis.

A igualdade entre os sexos, essa conquista das mulheres que as religiões não aceitam de bom grado ou liminarmente a repudiam, perder-se-á. E tudo isso porque os Estados não tratam as religiões com os critérios que usam para com os partidos políticos a quem proíbem – e bem – o racismo, a xenofobia, o incitamento à violência, a discriminação sexual e a homofobia.

Sob o pretexto do respeito pelas religiões, quase sempre para favorecer a maioritária, fica o Estado sem autoridade para reprimir os crimes religiosos com a severidade que aplica a outros de origem diferente.

11 de Dezembro, 2007 Carlos Esperança

Fátima – Deus precisa de reforços

O Santuário de Fátima vai avançar com um sistema de videovigilância para combater os furtos naquele espaço religioso, tendo já sido solicitada autorização à Comissão Nacional de Protecção de Dados (CNPD) para utilização do equipamento.