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3 de Dezembro, 2014 Carlos Esperança

Diário de uns Ateus – 11.º Aniversário

Por lapso, deixei passar o dia 30 de novembro, data do 11.º aniversário do Diário de uns Ateus, o nome com que foi criado.

Este Diário foi o projeto de uns ateus fartos do poder do clero romano, de Governos que se ajoelham e de gente habituada a viver de rastos. Não se dirá que privilegiámos umas religiões em relação a outras. Todas são más, todas trazem o veneno da superstição e da mentira e o vírus do proselitismo.

Nestes últimos onze anos morreram milhões de pessoas vítimas de ódios religiosos e do sectarismo dos clérigos que acicatam os instintos primários de crentes que fanatizam. Ninguém foi chacinado por ateus ou agnósticos, pelo menos nessa qualidade, mas foram muitos os que morreram às mãos daqueles a quem disseram que matar infiéis agradava ao seu deus e que espalhar a fé era uma obrigação.

Os protestantes evangélicos descobriram em Bush o homem que falava diretamente com Deus e que se deixou enganar pelo pantomineiro. Os judeus ortodoxos continuam a enrolar as trancinhas e a sonhar com o expansionismo sionista. Os muçulmanos matam a troco de 72 virgens que julgam de burka despida à sua espera no Paraíso. Os padres romanos, dirigidos pelo capataz do Vaticano, continuam em cruzadas contra o divórcio, a IVG, o uso do preservativo e a pretenderem conquistar poder político.

Nos países onde o clero foi remetido para as sacristias não há guerras religiosas. Não se é perseguido por rezar o terço, ir à missa, orar virado para Meca ou tentar derrubar à cabeçada o Muro das Lamentações.

Nos países onde a vontade de Deus se sobrepõe à dos homens decapitam-se pessoas, lapidam-se mulheres, amputam-se membros e o medo e a violência são as armas que mantêm os regimes de terror teocrático na coutada de tal Deus.

É contra o obscurantismo religioso, o fanatismo, o embuste dos milagres e a criação de santos que o DuA, diariamente, escarnece, acusa e blasfema. É na defesa da Declaração Universal dos Direitos do Homem que se esforça por manter um espaço que é trincheira contra o fundamentalismo que ressurge pela mão dos clérigos e se espalha por contágio dos beatos que nascem como cogumelos nas noites frias e húmidas de Novembro.

Vamos continuar, para gáudio de brasileiros e portugueses que nos visitam diariamente, em peregrinação laica a este espaço não infetado por Deus.

2 de Dezembro, 2014 Carlos Esperança

Indústria do obscurantismo

Milagre ocorrido há 20 anos no RS serviu para beatificar freira

Vaticano reconheceu milagre de Madre Assunta em Porto Alegre.
Após sofrer infarto e ser considerado morto, homem foi reanimado.

Uma religiosa italiana que viveu no Brasil foi beatificada numa cerimônia na Catedral da Sé, em São Paulo. Madre Assunta Marchetti se tornou beata após supostamente ressuscitar um homem que havia sofrido uma parada cardíaca. O caso ocorrido em Porto Alegre há 20 anos foi reconhecido como “milagre” pelo Vaticano, como mostra a reportagem do Teledomingo da RBS TV (veja o vídeo).

Heraclides Teixeira Filho era engenheiro civíl, casado e tinha três filhos. Em meio a um exame no coração, o homem de 45 anos teve uma extensa parada cardíaca e foi considerado morto pela equipe médica do Hospital Mãe de Deus.

1 de Dezembro, 2014 Carlos Esperança

Imprensa – JN

Judiciária faz buscas na diocese do Porto para investigar denúncias anónimas

por DN.ptHoje

As cartas terão começado depois de D. António dos Santos decidir mudar alguns padres de paróquia
As cartas terão começado depois de D. António dos Santos decidir mudar alguns padres de paróquiaFotografia © Pedro Correia / Global Imagens

As cartas anónimas assinadas “M. Saleixo” levantam acusações graves contra membros do clero.

A Polícia Judiciária (PJ) procura o autor de cartas anónimas, enviadas a dezenas de padres, que levantam acusações contra vários membros do clero. Segundo o Jornal de Notícias, os inspetores da PJ fizeram buscas nos serviços centrais da diocese e analisaram computadores em várias paróquias.

As cartas, assinadas “M. Saleixo”, começaram a surgir depois do bispo do Porto, D. António dos Santos, ter anunciado que tencionava trocar alguns padres de paróquia.

Segundo o Jornal de Notícias, alguns sacerdotes sublinham que pode existir ligação com a mudança de padre na paróquia de Canelas, quando Roberto Sousa foi afastado. A paróquia de Canelas foi uma das visadas pelas buscas a computadores.

Além disto, a PJ investiga também uma conta de e-mail que foi criada no nome dos serviços centrais da diocese, usada para enviar uma denúncia feita pelo Padre Roberto Sousa. A carta, enviada a um jornal a partir desse endereço de e-mail, acusava outro padre de ter abusado sexualmente de alunos de seminários.

 

1 de Dezembro, 2014 Carlos Esperança

Pudera!!!….

Papa condena ‘violência bárbara’ do Estado Islâmico

«O papa Francisco condenou nesta sexta-feira a “violência bárbara” do grupo terrorista Estado Islâmico e pediu que líderes muçulmanos façam o mesmo. “Como líderes religiosos, somos obrigados a denunciar todas as violações contra a dignidade humana e os direitos humanos”, disse em reunião com políticos e autoridades religiosas em Ancara, na Turquia. “Qualquer tipo de violência que procura justificativa religiosa merece a condenação mais forte porque o onipotente é o Deus da vida e da paz”, acrescentou.

Sem nomear diretamente a organização que espalha o terror em um território entre Síria e Iraque que os jihadistas declararam um califado, Francisco mencionou “um grupo extremista e fundamentalista” que tem massacrado minorias no Iraque e na Síria. “Uma preocupação particular decorre do fato de que, devido principalmente a um grupo extremista e fundamentalista, comunidades inteiras, especialmente – mas não exclusivamente – cristãos e yazidis sofreram e continuam a sofrer uma violência bárbara, simplesmente por causa de sua identidade étnica e religiosa”.»

30 de Novembro, 2014 Carlos Esperança

O desejo não confessado do Apocalipse

Este texto foi retirado do livro de Christopher Hitchens “Deus não é grande”.

Paulo Franco.

«A religião organizada devia ter muito a pesar-lhe na consciência. Aqui vai mais uma queixa a acrescentar  à lista de acusação. Com uma parte necessária da sua mente coletiva, a religião aguarda com expectativa a destruição do mundo.

Não quero com isto dizer que “aguarda ansiosamente” no sentido puramente escatológico de antecipar o  fim. Quero antes dizer que, abertamente ou em segredo, deseja que esse fim  aconteça.

Talvez semiconscientes de que os seus argumentos sem provas não são totalmente persuasivos  e talvez inquieta em relação à acumulação gananciosa de poder e riqueza temporais, a religião nunca cessou  de proclamar o Apocalipse e o dia do juízo final. Uma das muitas ligações entre a crença religiosa e a infância sinistra, mimada e egoísta da nossa espécie é o desejo reprimido de ver tudo destruído, arruinado e derrotado.

Desde que os primeiros curandeiros e xamãs aprenderam a prever eclipses e a usar o seu conhecimento  celestial mal alinhavado para aterrorizar os ignorantes, tem sido um tropo constante.

Como acontece em todos os casos, as descobertas da ciência inspiram muito mais temor do que o palavreado  oco dos devotos. A história do cosmos começa à 13/14/15 mil milhões de anos; a idade do Sol e dos planetas  que giram na sua órbita – um deles destinado a albergar vida e todos os outros condenados à esterilidade – será talvez de 4,5 mil milhões de anos; a expectativa de vida do nosso Sol é de uns bons 5 mil milhões de anos mais;  porém, marquem no vosso calendário, por volta dessa altura, incendiará milhões de outros  Sóis e transformar-se-á explosivamente num «gigante vermelho» inchado, levando os oceanos da Terra a ferver  e extinguindo todas as possibilidades de vida, seja de que forma for. Nenhuma descrição feita por profetas ou visionários se aproximou palidamente da horrível intensidade e irrevocabilidade desse momento. As pessoas têm um lamentável motivo egocêntrico para não temer essa perspetiva: segundo as projeções atuais, a  biosfera terá, entretanto, muito provavelmente, sido destruída por formas diferentes e mais lentas de aquecimento. De acordo com os peritos, como espécie na Terra não temos uma grande eternidade à nossa frente.

Com que desprezo e desconfiança temos, então, de encarar aqueles que não estão dispostos a esperar e que se iludem e aterrorizam outros – especialmente crianças, como sempre – com terríveis visões do apocalipse, seguidas de um julgamento severo efetuado por Quem, supostamente, nos colocou neste dilema incontornável.

O desejo de morte, ou algo não muito diferente, pode estar secretamente em todos nós. Mas a religião legitima esses impulsos e reivindica o direito a oficiar no fim da vida, tal como espera monopolizar as crianças à nascença.

Não podem restar dúvidas de que o culto da morte e a insistência em portentos do fim advêm de um  desejo sub-reptício de que isso aconteça, para colocar um ponto final à ansiedade e dúvida que ameaçam permanentemente a força da fé.

Quando um sismo abala a terra, um tsunami a inunda ou as torres gémeas se incendeiam, podemos ver e ouvir a satisfação secreta dos fiéis. Eis que afirmam alegremente: «Isto é o que acontece quando não nos dão ouvidos!» Com um sorriso melífluo, oferecem uma redenção que não têm o direito de conceder e, quando questionados, ostentam uma expressão ameaçadora que diz: «Oh, então rejeitam a nossa oferta de paraíso?

Bem, nesse caso temos outro destino preparado para vós: o inferno!!!»

Que amor! Que atenção!

29 de Novembro, 2014 Carlos Esperança

Dores de cabeça para Francisco

26 DE NOVEMBRO DE 2014
Suposta rede de padres pedófilos abala igreja espanhola e imobiliza papa Francisco
RFI

Uma investigação sobre supostos casos de pedofilia cometidos por sacerdotes e padres na cidade de Granada, no sul da Espanha, vem sacudindo o Vaticano. Pela primeira vez em sua gestão, o Papa Francisco pediu perdão pessoalmente a uma suposta vítima de abusos sexuais cometida por religiosos, como parte de uma política de tolerância zero que ele vem adotando contra a pedofilia dentro da igreja católica.

Luisa Belchior, correspondente da RFI em Madri

Nesta quarta-feira, a Justiça recebeu outra denúncia de abuso sexual cometida por um padre da catedral de Granada. Três sacerdotes e um professor de religião já estão presos, e nesta quarta-feira prestaram depoimento ao juiz responsável pelo caso. A imprensa local denunciou ainda o roubo de computadores da Diocese de Granada na semana passada.

O caso veio à tona após um professor de 24 anos escrever uma carta ao Vaticano no início deste ano denunciando abusos sexuais. Em cinco páginas, ele contou ter sido abusado por um padre da catedral de Granada dos 13 aos 18 anos.

Em agosto, para sua surpresa, o professor recebeu uma ligação em seu celular do próprio Papa Francisco. O pontífice disse ter lido a carta e, por isso, queria pedir desculpas pessoais por todo o sofrimento que o episódio possa ter lhe causado em todos esses anos.

28 de Novembro, 2014 Carlos Esperança

Resposta de Frei Bento à minha crónica pia

Por

Frei Bento

Caríssimo irmão em Cristo e estimado Carlos Esperança: noto, no seu artigo, extraordinários dotes de excelente plumitivo. Tal é inquestionável. Deploro, porém, a imensa ironia, a roçar o sarcasmo, imprópria de um ateu decente, tal é o conceito que faço do Carlos Esperança. Uma ironia própria de quem descrê, o que lamento, pois noto, em si, caro irmão em Cristo, uma cultura geral que era suposto levá-lo a acreditar em factos. Mas eu dou uma ajuda, já que estou, momentaneamente, sem grandes tarefas, visto o meu superior me ter, sem cacófato, proibido de exercer pastoral no hospital da Ordem. Algum filho da puta lhe disse que não havia doentes, e o meu superior perguntou-me “O que é que o irmão vai lá fazer?” A abadessa é que deve estar pior que estragada… Adiante.

Todo o seu maldosamente deturpado escrito assenta em dois vectores: o facto de Jesus não ter curado Lázaro, e o facto de ter sido necessário deslocar-se a Betânia para obrar. Obrar a ressurreição, naturalmente. Vamos por partes, irmão, que precisa de ver a Luz. Estávamos logo nos primórdios do calendário. Aliás, o actual calendário nem sequer existia, e as mulheres sabiam da aproximação do período menstrual pelas fases da lua. A tele-medicina, e é isto que importa, a tele-medicina ainda não tinha sido inventada. Claro que o irmão sabe disso, mas a má-fé tem destas coisas. Como queria que Jesus curasse um doente à distância? Àquela distância, ainda para mais, quando hoje, mesmo com os avanços da ciência, um médico não passa um récipe sem ver o doente? Pensa, o irmão Carlos, que Jesus era um embusteiro? Naturalmente, como a doença era galopante, só podia, Lázaro entrou na defunção antes de Jesus ter chegado. Claro que se fosse hoje, as coisas seriam diferentes, e o médico seria alvo de um inquérito, nem que fosse um mísero inquérito parlamentar, para não conduzir a lado nenhum. Mas note, caríssimo irmão: Jesus não era médico. Nem enfermeiro, sequer, como se prova pelo facto de nunca ter emigrado.

Acresce um outro pormenor: vamos supor, por hipótese meramente académica, que Jesus curava Lázaro à distância. Em teoria, podia fazê-lo, já que a Deus nada é impossível, embora Jesus ainda não fosse deus, pois só passou a sê-lo após o Concílio de Nicéia. Nessa hipótese, como é que se garantiria que a cura tinha sido feita por Jesus, e não por outro trapaceiro qualquer.

E pronto, parece estar claro que aquela frase, ali no meio «Então, este que deu a vista ao cego não podia também ter feito com que Lázaro não morresse»? não tem a mínima razão de existir, graças à minha explicação. E só não lhe chamo “erudita explicação”, porque a minha imensa humildade o impede.

Saúde e merda, que Deus não pode dar tudo