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12 de Julho, 2015 Carlos Esperança

Mártires da ICAR

As Igrejas pelam-se por mártires. Os santos têm baixa cotação e poucas se dedicam à sua criação e exploração. A ICAR entrou na era industrial com JP2, um caso de superstição obsessiva e doentia fixação em cadáveres, a quem atribuía virtudes passadas e poderes perenes. Para fabricar um santo basta inventar dois milagres e cobrar os emolumentos do processo canónico. Para produzir mártires urge encontrar algozes adequados à transformação das vítimas em mito.

Os mártires podem ser dementes que procuram o Paraíso ou infelizes que estão à hora certa no lugar errado com parasitas de Deus à espera de explorarem a desgraça. Os suicidas islâmicos estão no primeiro caso, os missionários que caíram entre canibais fazem parte do segundo. Estes, em vez de serem amados pela Eucaristia que levavam eram apreciados por si próprios, como manjar divino, em ávida antropofagia.

O nacionalismo e a fé andam de mãos dadas. A vontade divina coincide muitas vezes com a do príncipe e este é habitualmente um agente predestinado. A glória terrena facilita-lhe a bem-aventurança eterna. A rainha Santa Isabel fez aquele milagre das rosas, um milagre de que uma tia avó, húngara, certamente lhe enviara a receita para Aragão. Além do nome, herdou-lhe, com o truque, a santidade.

Nuno Álvares Pereira andou aí, depois de muitas humilhações nas provas para santo, a ser ultrapassado pelas bentinha de Balasar, os pastorinhos de Fátima e outros pios cadáveres com milagres comprovados e devoções firmadas. Faltou-lhe o martírio que infligiu aos castelhanos e a coragem da Cúria Romana para enfrentar Espanha. Depois, quando já poucos acreditavam em milagres, encomendaram-lhe um para dinamizarem a estatuária e colocarem nas igrejas uma peanha mais.

Fadados para a santidade, o Vaticano, bairro que também usa a alcunha de Santa Sé, publicou em 2004 uma lista dos empregados mártires: 12 sacerdotes, 1 missionário, 1 religiosa e 3 leigos. As mortes são de lamentar mas o seu aproveitamento para fins de propaganda é uma macabra operação de marketing de que a ICAR se aproveita. O Cardeal Crescenzio Sepe, então o prefeito da Congregação para a Evangelização dos Povos, recordou esse “generoso tributo de sangue de muitos irmãos e irmãs para o crescimento da Igreja no mundo”.

Morrer ao serviço de Deus é garantir o Paraíso – prometem os padres com a mesma convicção com que na praça nos garantem a excelência da hortaliça e no talho a saúde do animal de que nos corta os bifes.

12 de Julho, 2015 Carlos Esperança

Interregno nas práticas do Vaticano

Processo é o primeiro relacionado a acusações de pedofilia em um tribunal de Estado do Vaticano
 A partir deste sábado, o ex-núncio apostólico do Vaticano na República Dominicana Jozef Wesolowski, 66 anos, enfrentará um processo judicial sem precedentes. Vai começar a audiência inicial de seu caso, o primeiro processo relacionado a acusações de pedofilia em um tribunal de Estado da Cidade do Vaticano.
11 de Julho, 2015 Carlos Esperança

A ICAR e os seus demónios

A prática medieval e obscurantista dos exorcismos continua a ser uma indústria da Igreja católica cujos crentes são atacados por forças demoníacas, quiçá, da própria Igreja que os embrutece.

Quando julgávamos que, ao contrário do obscurantismo islâmico, a Igreja do Papa já não pescava nas alfurjas da superstição, mantém ainda um exército de exorcistas para afugentar demónios de crucifixo em riste.

São espetáculos degradantes, umas vezes do foro psiquiátrico, outras do mais jurássico medievalismo.

 

É esta prática que envergonha a civilização que se pratica no Vaticano e nas sucursais espalhadas pelas dioceses.

Veja aqui a vergonha e a miséria humana

10 de Julho, 2015 José Moreira

A Promessa

Nota prévia: este episódio foi-me relatado na primeira pessoa, e não vislumbro motivos para dele duvidar.

Gervásio, rapaz do norte, tinha regressado de Moçambique. Para trás, tinham ficado vinte e seis meses de guerra. Cumpridas as formalidades da passagem à “peluda”, ei-lo de regresso à cidade natal, onde o aguardavam a família mai-la noiva.

Colocados que foram em dia os assuntos pendentes durante tal período de tempo, e o termo “assuntos” pode ser tudo o que os limites da nossa imaginação permitirem, assente a poeira, acertados os fusos horários, repousado o guerreiro, eis que a doce noiva decide:

– Sabes, temos de ir à Santa Maria Adelaide.

Para quem não sabe, e resumidamente: o corpo de Maria Adelaide de Sam José e Sousa foi encontrado incorrupto, e ainda se mantém, cerca de trinta anos após a inumação. Daí até a o povo a venerar como santa, foi um passo de pardal, embora a ICAR nunca a tenha canonizado, o que, no entanto, não impediu que a venera se faça numa capela, onde está exposto o corpo da “santa” ornamentado com quilos de ouro proveniente de oferendas.

voltemos ao diálogo:

– Desculpa, disseste que…?

– Querido, disse que tínhamos de ir a pé à Santa Maria Adelaide.

– E por alma de quem, posso saber?

– É que eu prometi que lá iríamos, se regressasses são e salvo.

– Duas questões: primeiro, TU prometeste, TU cumprirás a promessa. Segundo, quem te garante que regressei são e salvo graças à “santa”?

– Não me contaste que passaste duas vezes por cima de uma mina e ela não rebentou?

– É verdade.

– E não achas que houve intervenção de alguém “lá em cima”?

– Não. Porque levantei a mina, e verifiquei que  não tinham tirado a cavilha de segurança. Se houve intervenção, foi de alguém “cá de baixo”, que não sabia o que estava a fazer. Se é que se pode chamar a isso “intervenção”.

Mas a jovem não se deixou convencer:

– Seja como for, há uma promessa, e tem de ser cumprida, que eu não gosto de brincar com estas coisas.

– Faz como quiseres, mas vamos ficar assentes neste ponto: eu não prometi nada, portanto, nada tenho a cumprir. Podemos gostar muito um do outro, mas nenhum de nós tem o direito de fazer promessas em nome do outro. Se tu prometeste, cumpre. O mais que posso fazer, como a promessa foi de “ir a pé”, é ir buscar-te de carro a Arcozelo. Mas eu nada tenho de cumprir, já que nada prometi.  E para cumprir o que não prometi, já me bastou o tempo de tropa.

 

 

10 de Julho, 2015 Carlos Esperança

Madre Teresa de Calcutá e a indústria dos milagres

Deixo a biografia de Madre Teresa para os ódios de estimação e os devotos do costume. Refiro apenas a ajuda que prestou a João Paulo II na defesa da teologia do látex quando em África morriam centenas de milhares de vítimas da Sida e um cardeal afirmava que o preservativo era perigoso.

João Paulo II (JP2), amigo do peito e da hóstia de Pinochet a quem denodadamente quis defender, sem êxito, da prisão em Londres, foi mais político do que santo. Madre Teresa escapou à canonização em vida por não ser canónica antes da defunção. Recém defunta, obrou o primeiro milagre.

JP2 atribuiu a cura de uma indiana, com um tumor gástrico, à intervenção sobrenatural de Madre Teresa, um ano após a sua morte, e logo assinou um decreto confirmando a veracidade do milagre, com vista à beatificação da freira. A jovem indiana Monica Besra explicou em 1998 que foi curada de um tumor de tamanho grande no estômago mediante orações à Madre, apesar de os médicos que a trataram terem assegurado que ela não tinha cancro, mas um quisto. O Vaticano aceitou a cura como milagre em 2002.

Foi o que deu encomendar o milagre em país pouco devoto ao Deus de Madre Teresa!

O papa Francisco, com alvará para criar santos, é mais prudente, por vergonha ou receio de que o segundo milagre seja de novo posto em causa, mas os negócios da fé não se compadecem com pausas na máquina da santidade.

Assim, o milagre de que a bem-aventurada precisa, para ser elevada de beata a santa, foi adjudicado no Brasil, com menor hipótese de escândalo, também na especialidade de oncologia. Foi obrado em Santos e está a ser ‘investigado’ pelo Vaticano para canonizar Madre Teresa de Calcutá. Um homem internado em estado terminal, num dos hospitais da cidade, teve cura inexplicavelmente alcançada, segundo a Cúria Diocesana de Santos.

Não espanta a vocação dos defuntos para o exercício ilegal da medicina, o que admira é o faro do Vaticano para descobrir o/a taumaturgo/a.

Como é hábito, depois de apresentarem currículo para a canonização, os santos, depois de o serem, nunca mais se dão ao trabalho de obrar novos milagres. E a falta que fazem!

9 de Julho, 2015 Carlos Esperança

Fascismo islâmico

ESPANHA
10:41 – 07-07-2015
Uma mulher foi detida em Arrecife, em Lanzarote, Espanha, por alegadamente recrutar meninas e adolescentes, e facilitar a sua deslocação para zonas controladas pelo grupo Estado Islâmico.

A mulher, de nacionalidade espanhola, e convertida ao islamismo, mantinha contacto direto com células ativas do grupo jihadista na Síria, segundo informa o Ministério do Interior espanhol.

Com esta detenção já foram presas mais de 40 pessoas este ano, em Espanha, por alegada colaboração com o Estado Islâmico.

9 de Julho, 2015 Carlos Esperança

Poesia e filosofia

Divina Comédia

Erguendo os braços para o céu distante
E apostrofando os deuses invisíveis,
Os homens clamam: — «Deuses impassíveis,
A quem serve o destino triunfante,

Porque é que nos criastes?! Incessante
Corre o tempo e só gera, inestinguíveis,
Dor, pecado, ilusão, lutas horríveis,
N’um turbilhão cruel e delirante…

Pois não era melhor na paz clemente
Do nada e do que ainda não existe,
Ter ficado a dormir eternamente?

Porque é que para a dor nos evocastes?»
Mas os deuses, com voz inda mais triste,
Dizem: — «Homens! por que é que nos criastes?»

Antero de Quental, in “Sonetos”

8 de Julho, 2015 Carlos Esperança

OS PROBLEMAS TEOLÓGICOS DA TAUMATURGIA

Por

João Pedro Moura

Os problemas religiosos da taumaturgia, como eu já disse noutros artigos e comentários, assentam em duas objeções fundamentais, que a Igreja contorna habilidosamente, mas que lhe vai granjeando algum êxito, entre os crédulos e néscios:

  • Qual o tratado teológico, ou outras obras fundamentais de teologia, que demonstre que alguém ligado à Igreja, no estado de defunto, está apto para curar um mal?!

É que não chega dizer que fulano ou beltrano impetrou a benesse curativa a um(a) morto(a) qualquer, supostamente integrante do jardim da celeste corte.

É absolutamente necessário demonstrar que tal ou tal outra figura, do aprisco eclesiástico, ao morrer, ingressou numa espécie de bloco operatório, de tal jardim celestial, ficando apta a operar prodígios taumatúrgicos, post mortem, em vez de prodígios cirúrgicos, ao vivo…

Dentro deste problema, ainda se fazem as seguintes objeções:

  1. Por que é que tais “milagres” só são operados numa ou noutra pessoa, preterindo milhões doutras, que, certamente, também rezam, impetrando cura divinal para os seus males???!!!

 

  1. Por que é que tais supostos milagres só são relatados uma ou duas vezes, com notória projeção mediática, para justificarem a beatificação ou canonização, mas depois parece que tal taumaturgia cessa definitivamente, não mais se falando de terceiro milagre, quarto… décimo…quinquagésimo… alheando-se o Vaticano de quaisquer outras “investigações”???!!!…

E o(a) santo(a )morto(a), depois de um ou dois milagres, fica , então, num estado ocioso, alheio às impetrações dos seus crédulos???!!!

Isto é, faz um ou dois milagres e depois fica parado toda a vida, digo toda a morte…

  1. E o miraculado, depois, viverá para sempre?! Não voltará a ter a mesma doença ou outra, de que morrerá?!… E o taumaturgo não poderá aplicar um segundo resgate, digo um segundo milagre ao mesmo doente?!

Que atitude tão desprezível, por parte desta divinofauna defunteira, essencialmente tida como bondosa e misericordiosa!…

  • Se a Medicina não consegue explicar tudo o que acontece no nosso corpo, incluindo aparecimentos e desaparecimentos de doenças, por que é que se atribuem os desaparecimentos inexplicáveis de doenças a não menos inexplicáveis forças divinais???!!!

Será que o que não é explicado pela ciência, é explicável pela Igreja católica?! E apenas por esta?! E as outras religiões e igrejas?!

Para quando milagres de alto impacto ambiental, como a regeneração de mãos e pés, braços e pernas… amputados???!!!…

…Capazes de convencerem os próprios ateus…