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10 de Julho, 2017 Carlos Esperança

Maria de Magdala (Crónica)

Naquele tempo, em Magdala, na antiga Palestina, uma multidão preparava-se para apedrejar Maria sobre quem recaía a acusação de pecadora. Fora um boato posto a correr, talvez por um corcunda da tribo de Manassé, ressentido por se ter visto recusado, que a sujeitara ao veredicto de que não cabia recurso.

O princípio do contraditório ainda não tinha sido criado, nem era hábito ouvir o acusado, jamais sendo mulher, nem a absolvição era previsível nos hábitos locais. A lapidação de Maria tinha transitado em julgado.

A lapidação era, aliás, um divertimento em voga, que deixava excitados os autóctones das margens do rio Jordão que atravessava o Lago Tiberíade a caminho do mar Morto. Diga-se, de passagem, que esse desporto ainda hoje é muito popular nos países islâmicos, para imenso gáudio das multidões, e satisfação de Maomé.

Aconteceu que andando o Senhor Jesus a predicar por aquelas bandas, depois de indagar o que se passava, aproveitou a multidão para se lhe dirigir, e disse:

  • Aquele de vós que nunca errou que atire a primeira pedra.

Todos pareceram hesitar. Muitos deixaram cair as pedras com que chegaram municiados. Havia crispação nos que vieram de longe, com sacrifício, e um certo desapontamento de todos os que esperavam divertir-se. Só o Senhor Jesus continuava sereno, a medir o alcance das suas palavras. Mas, eis que da multidão se ergueu um braço e Maria de Magdala caiu derrubada por uma pedra certeira.

Enquanto algumas pessoas a reanimavam, na esperança de repor o espectáculo que tão breve se esgotara, o Senhor Jesus foi junto do atirador e disse-lhe:

  • Então tu, meu filho, nunca erraste? *
  • Senhor, a esta distância, nunca.

* Segundo um evangelho apócrifo o Mestre terá exclamado:

Mãe!!! **

** De acordo com os exegetas esta possibilidade deve-se ao facto de a mãe de Jesus estar convencida de que era virgem mais de 18 séculos antes de Pio IX lhe ter atribuído essa qualidade com efeitos retroactivos.

 

 

9 de Julho, 2017 Carlos Esperança

Vão invadir a Arábia Saudita, os EAU e o Catar?

«Os integrantes do G20 (grupo das 20 maiores economias do mundo) decidiram nessa sexta-feira (7) redobrar o combate e adotar medidas para cortar o acesso de grupos fundamentalistas islâmicos ao sistema financeiro internacional, especialmente o Estado Islâmico e a Al Qaeda.»

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9 de Julho, 2017 Carlos Esperança

A virgem Maria – Crónica

A Virgem Maria, farta das companhias e do Céu, onde subiu em corpo e alma, aborrecida do silêncio e da disciplina, cansada de quase vinte séculos de ociosidade e de virtude, esgueira-se às vezes pela porta das traseiras, e desce à Terra.

Vem com a ladainha do costume, a promoção do terço, de que é mensageira, e ameaças aos inocentes. Poisa em árvores de pequeno porte, sobe aos montes de altitude moderada e atreve-se em grutas, pouco recomendáveis para a virgindade e o reumatismo, sempre com o objetivo de promover a fé e os bons costumes, de abominar o comunismo e anatematizar os pecados do mundo.

A receita é sempre a mesma: rezar, rezar muito, rezar sempre, que, enquanto se reza não se peca. Não ajuda a humanidade, mas beneficia o destino da alma e faz a profilaxia das penas perpétuas reservadas aos infiéis, com domicílio no Inferno.

Surpreende que, sendo tão vasto o mundo, a Virgem Maria só conheça os caminhos dos seus devotos e abandone os que adoram um deus errado e desprezam o seu divino filho, que veio ao mundo para salvar toda a gente.

Fica-se pela Europa, em zonas não contaminadas pela Reforma, aventura-se na América Latina, visita eventualmente a África e nunca mais voltou a Nazaré e àqueles sítios onde suportou os maus humores do seu divino filho e as desconfianças do marido. Ficando-lhe as viagens de graça, por não precisar de reabastecer o combustível, não se percebe que não volte aos sítios da infância, não vá em peregrinação ao Gólgota, não deambule pelo Médio Oriente e advirta aqueles chalados das perigosas tolices que o bruto e ignorante Maomé espalhou aí, e que a única e clara verdade é o mistério da Santíssima Trindade.

Por ter hora marcada ou para não se deixar seduzir pelas tentações do mundo, a Virgem Maria regressa ao Céu, depois de exibir uns truques e arengar uns conselhos, sem dar tempo que alguém de são juízo a interrogue, lhe pergunte pela saúde do marido e do menino e lhe mande beijos para os anjos e abraços aos bem-aventurados.

Um dia a Virgem Maria, com mais tempo e autonomia de voo, vai encontrar um ateu e ficar à conversa. Há de arrepender-se dos sustos que prega, das mentiras que divulga e chegar à conclusão de que o terço faz mal às pessoas, estimula o ódio às outras religiões e agrava as tendinites aos fregueses.

7 de Julho, 2017 Carlos Esperança

Crimes em nome de Deus

As religiões, ao longo da História, destruíram impérios, desenharam fronteiras e aniquilaram povos. A fé arruinou nações, impediu a liberdade e esmagou a felicidade dos povos. Deus foi sempre pretexto para destruir os inimigos e cometer os mais hediondos crimes, com o alibi de satisfazer a sua vontade.

Deus está, de facto, para azar dos homens, em toda a parte. O deus mais verdadeiro é aquele que está em maioria, tem por si as armas e tem o fanatismo a seu favor. Sempre que deus está em alta, a liberdade entra em perda; quando os homens adoram o seu deus, odeiam o deus dos outros. Os crentes imploram os seus favores com o mesmo fervor com que acalentam o ódio ao deus alheio.

É por isso que a democracia fenece onde a religião floresce, a liberdade mingua onde a fé prolifera e o progresso estiola onde a piedade medra.

Não há democracia onde a religião domina o aparelho de Estado. Os direitos do homem não são respeitados onde o poder temporal e o religioso se confundem. Foi na base da separação de poderes e, sobretudo, na separação da Igreja e do Estado, que os modernos Estados de direito se construíram. Foi o laicismo que permitiu o pluralismo ideológico, opondo uma barreira de proteção à vocação totalitária das religiões.

E, quando parecia que o Estado laico se transformava em paradigma das nações civilizadas, quando a sociedade multicultural se convertia num modelo de convivência cívica, quando os preconceitos étnicos e culturais pareciam derrotados pela instrução, inteligência e sensibilidade dos povos civilizados, eis que os demónios totalitários acordam ao som das orações e se revigoram com jejuns, pregações e liturgias.

A Holanda, a doce Holanda, era o exemplo de convivência cívica entre etnias diversas e diferentes culturas, um oásis de tolerância entre distintas opções políticas e religiões divergentes. Há um ano ficou em choque, quando Pim Fortuyn, um político da direita populista foi assassinado. Agora, o assassínio do cineasta Theo Van Gogh, após a denúncia que fez da forma como o Islão trata as mulheres, associado aos requintes de crueldade com que o fanático religioso o tratou, tornaram periclitante a manutenção da sociedade multicultural holandesa.

Incendeiam-se os templos e a opinião pública. O racismo e a xenofobia crescem. A extrema direita, que vive da aversão e da intolerância, vê a possibilidade de manipular paixões, instilar o medo e acicatar o ódio. A hostilidade aos estrangeiros começou. A fé das pessoas cultas e civilizadas nas sociedades multiculturais vacila. O fascismo islâmico rejubila com a intolerância de que é alvo. As religiões precisam de mártires. Os deuses querem sacrifícios. Os templos convertem-se em quartéis onde se faz a recruta para a guerra santa. Os homens entram em desvario ao serviço da esquizofrenia divina. A religião tem de ser contida. Os Direitos do Homem têm de ser defendidos. A igualdade entre os sexos tem de ser salvaguardada. A democracia tem de ser salva. Há que erguer um dique à fé que corrompe, intimida e mata.

Apostila – A ICAR, em Espanha, abriu as hostilidades ao Governo. O ensino laico, o aborto, o divórcio, a eutanásia, os financiamentos e a investigação em células estaminais, puseram a santa corja em luta aberta contra o Governo democrático. São os mesmos que apoiaram Franco e fizeram campanha por Aznar. São os mesmos que querem canonizar os «reis católicos». São a eterna lepra que corrói a democracia ao serviço de Deus.

Coimbra, 2004

6 de Julho, 2017 Carlos Esperança

Arábia Saudita faz parte do Eixo do Bem!

«Um relatório elaborado por um centro de pesquisa britânico, o Henry Jackson Society, publicado nesta terça-feira (4) indica como os grupos extremistas islâmicos do Reino Unido foram financiados por monarquias árabes do Golfo Pérsico, em particular pela Arábia Saudita. Na base desse documento, amplamente divulgado pela mídia local, a instituição pediu formalmente ao governo britânico uma investigação sobre esses recursos, que teriam sido utilizados por financiar o terrorismo islâmico no país europeu.»

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5 de Julho, 2017 Carlos Esperança

Espanha – abusos da Igreja católica

A hierarquia católica aproveitou a passividade de todas as instituições para prosseguir os registos em massa, incluindo templos de culto contra a proibição legal.

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4 de Julho, 2017 Luís Grave Rodrigues

Heresia

3 de Julho, 2017 Carlos Esperança

A Igreja católica, a gula e a jurisprudência europeia

Em Portugal, é de tal modo nebulosa a contabilidade dos benefícios fiscais e apoios de que goza a Igreja católica que se tornou impossível, à Associação Ateísta Portuguesa, quantificar a parcela dos impostos de que se apropria e o quantitativo de que está isenta.

A jurisprudência do Tribunal de Justiça da União Europeia (TJUE), com a qual Portugal tem de harmonizar a sua, é a única esperança de um módico de clareza e refreamento da gula eclesiástica, à semelhança da atualização exigida à relação do Estado espanhol.

Em Espanha, o privilégio que reclama a ICAR, ao abrigo dos acordos entre o Estado espanhol e a Santa Sé, recebeu um severo corretivo do TJUE. Uma sentença recente estabelece que «as bonificações e isenções fiscais são contrárias ao direito comunitário se estão relacionadas ou servem para financiar uma atividade económica». Sempre que isso aconteça, «a avaliar em cada caso por um juiz espanhol, devem ser consideradas ajudas estatais proibidas».

O litígio que suscitou um severo corretivo da sentença foi a solicitação da devolução de quase 24 mil euros por um colégio religioso de Getafe, importância paga à Autarquia pela licença de obras. O colégio, embora realize atividade docente em parceria, também tem atividade privada e as obras destinaram-se a melhorar a sua oferta. É a situação de grande número de entidades vinculadas à ICAR no campo escolar, social e da saúde, situação para a qual a jurisprudência europeia não aceita financiamentos estatais.

A Igreja reclama privilégios negociados antes da aprovação da Constituição, ao abrigo de uma lei franquista de 1944 e de uma reforma legal sob os auspícios de um governo de José María Aznar, próximo do Opus Dei, em 1998, que lhe permitiu registar em seu nome milhares de templos, casas, palácios, propriedades, apartamentos e outros bens, sem necessidade de apresentar qualquer título que os legitimasse.

O caso da apropriação da mesquita de Córdova, avaliada em dezenas de euros, foi o que provocou alguma celeuma e indignação na sociedade.

Os acordos deviam ter sido revistos há muito e ninguém compreende, em Espanha ou em Portugal, que os andares e residências estejam isentas de impostos e, lá como cá, estejam ao abrigo do escrutínio dos Tribunais de Contas.
A relação opaca e injustificável da ICAr com os Estados ibéricos é uma situação que deve ser revista e que a jurisprudência da UE exige.

Nota: Este artigo é na sua quase totalidade a reprodução do «Revisar los Acuerdos», publicado no El País de 1/07/2017, pág. 14.