17 de Setembro, 2004 jvasco
Concurso de Oxímoros I
Não me ocorre nenhuma expressão que encerre uma contradição mais descarada do que «Criacionismo Científico».
Alguém conhece alguma expressão mais contraditória do que esta?
Não me ocorre nenhuma expressão que encerre uma contradição mais descarada do que «Criacionismo Científico».
Alguém conhece alguma expressão mais contraditória do que esta?
Continua a saga do confronto entre a ICAR e o Governo espanhol. Despoletado pelas declarações de Zapatero de que «chegou a hora do respeito radical das opções sexuais de cada indivíduo, a hora de uma visão laica em que ninguém impõe as suas crenças, nem na escola nem na investigação, nem em nenhum âmbito da sociedade» e por o Primeiro Ministro espanhol ter considerado as teses da Igreja Católica em Espanha «irritantes, fora de tom e reaccionárias».
As primeiras reacções fizeram-se ouvir pela voz do arcebispo Primaz da Espanha, Antonio Cañizares que advertiu os espanhóis do perigo de um «laicismo ideológico» que, segundo o ilustre prelado, viola a liberdade religiosa e procura impedir que a Igreja torne públicas as suas crenças.
No seguimento do pedido da presidente do Congresso espanhol, Carme Chacón, para a Igreja não interferir nas instituições democráticas, o bispo Gea Escolano lamentou que o governo opine sobre a instituição eclesial e queira «amordaçá-la». Nomeadamente considerando que «a Igreja Católica não pode calar-se diante da degradação que o governo espanhol propõe para a legislação em questões como a legalização das uniões homossexuais ou as possibilidades de aborto legal».
Como foi referido no post da Mariana «Legislação deve conter referências a Deus e à lei divina» há pouco mais de uma semana o arcebispo de Pamplona e Bispo de Tudela, Fernando Sebastián, criticou a intenção do governo espanhol de governar com leis laicas uma vez que leis que não incluam referências a Deus, à lei divina, à fé de cidadãos ou que não considerem as exigências da moral natural ou dos valores absolutos (os católicos, claro, não há moral nem valores fora do catolicismo) são discriminatórias dos católicos.
No passado domingo, o presidente da Conferência Episcopal Espanhol, Cañizares, voltou à carga para denunciar «diversos ataques» por parte dos meios de comunicação social em Espanha que estão «dispostos a massacrá-la». Nomeadamente em relação à Carta da Congregação para a Doutrina da Fé (ex- Santo Ofício da Inquisição) sobre a colaboração entre o homem e a mulher na Igreja e no mundo. Em que é recordado que a mulher é um ser humano de segunda, sujeita ao domínio masculino, por vontade divina como consequência da dentadinha na maçã da pérfida Eva
Na sua homília, o Arcebispo identifica como proeminentes entre as causas do que considera a perseguição à ICAR a laicidade reinante e a secularização generalizada do mundo.
Como se vê, o Syllabus errorum o dicionário dos erros da época moderna enunciados por Pio IX que descrevia a democracia como um «princípio absurdo», a liberdade de opinião como «loucura e erro» e condenando especialmente o laicismo continua actual para a ICAR do século XXI. Claro que Pio IX foi o Papa que criou o dogma da infalibilidade papal…
Mas o que me choca mais é a intolerância, irracionalidade e autismo de uma Igreja que se acha no direito de impor a sua moral anacrónica como absoluta e se considera alvo de perseguição por a tal não a permitirem!
Nada impede os católicos de seguirem a sua moral, bem pelo contrário, a laicidade assegura que todos podem seguir as respectivas morais individuais desde que em obediência ao Direito laico que rege o Estado. Por que razão se arrogam os católicos ao direito de determinar as condutas privadas alheias exigindo transpor para o Direito os seus dogmas?
O relatório anual do Departamento de Estado americano sobre a liberdade religiosa no mundo foi hoje publicado.
Resumindo: a mesma treta de sempre – os direitos dos crentes aqui e acolá, blah, blah, blah… Dos descrentes: nada.
Mais um documento para consumo dos crentes americanos, (uma nação sob Deus), para saberem para onde enviarem missionários e alimentarem o complexo «Eu sou melhor cristão, porque sofro por Cristo». No relatório sobre Portugal o Departamento de Estado americano aparentemente engana-se nos números, inflacionando o número de crentes protestantes. Provavelmente alguém na embaixada americana fala mais com os líderes da Aliança Evangélica e com os membros da comunidade Judaica do que lê o valor dos últimos censos…
Porrada em termos de direitos religiosos leva a Arábia Saudita (Considerando as amizades desta administração, até se tem alguma surpresa), mas sendo uma monarquia teocrática o que é que se podia esperar?
Podem ler tudo aqui [Inglês].
Hoje liguei a televisão para ver notícias e eis que no segundo canal encontro o padre Malícias em directo. O homem não se consegue calar, sempre a interromper a jornalista. Deve ser a energia das jantaradas.
Bem.. Haviam de ver a quantidade de patranhas sobre o mutualismo que ele nos enfiou pelo ouvido.
Imagino que o irrequieto franciscano nunca tenha ouvido falar de Proudhon, dos mutualistas anarquistas e republicanas da 1ªRépublica, nem das instituições mutualistas que foram «roubadas» aos republicanos pelo fascismo. Hoje repousam na mão segura da igreja.
Conhecendo uma pessoa, que o conhece pessoalmente não me admira. Estar com o homem é aguentar um chorrilho de anedotas porcas. Mas nem isso seria um problema. O problema é que tem de ser sempre ele a contá-las… De onde virá esta mania do protagonismo?
Já considerei pôr o meu dinheiro no Montepio. Julguei que ainda mantinha algum espírito mutualista anarquista e republicano. Depois descobri que era controlado pelo Sr.Melícias.
Vade Retro Satanás!!
O ensino da teoria da evolução esteve em perigo na Sérvia-Montenegro. A Ministra da Educação, de seu nome Ljiljana Colic, tentou que a teoria da evolução não fosse ensinada no ano escolar que agora se inicia. Simultaneamente, recomendou que futuramente o darwinismo fosse ensinado a par do criacionismo. Segundo o biólogo Nikola Tucic, a decisão terá resultado de pressões da Igreja Ortodoxa Sérvia.
Felizmente, após uma reunião entre a ministra e o Primeiro Ministro Vojislav Kostunica, e num momento em que a imprensa balcânica cobria de ridículo a Ministra da Educação, o vice-ministro da Educação surgiu perante os jornalistas e anunciou que «Charles Darwin ainda está vivo», estando a Ministra «ausente em viagem de negócios».
A escola pública deve servir para transmitir conhecimentos e não para difundir crenças. Deve desenvolver o espírito crítico e o raciocínio lógico; não deve propagandear dogmas nem submeter os jovens a uma religião.
Notícia na BBC (português); Notícia na Laic.info (francês); Notícia na National Secular Society (inglês).
Desde 1961 que a Sagrada Congregação da Fé (ex-Santo Ofício da Inquisição), deixou de elaborar o Índex (lista de livros cuja leitura era proibida). Não foi por benevolência do cardeal Joseph Ratzinger, anacrónico guardião da moral e dos bons costumes, que a lista deixou de ser elaborada, mas por se ter tornado uma fonte de divulgação das obras censuradas.
Engana-se quem pensa que a ICAR se tornou tolerante de motu proprio. Só a falta do braço secular lhe moderou os ímpetos. «O Código da Vinci» acaba de ser proibido no Líbano pelos serviços de segurança, «na sequência de uma queixa apresentada pelas autoridades religiosas cristãs do país, escandalizadas com as referências privadas à vida de Jesus Cristo».
Com a mesma desculpa que é hábito dar para os crimes da Inquisição, o padre Abdo Abou Kasm, presidente do Centro de Informação Católica, diz que foi a Segurança que proibiu a obra, «depois de ter recebido a nossa resposta». «Chegámos à conclusão de que o livro ataca as crenças cristãs, afirmando que Cristo se casou com Maria Madalena e dela teve uma progenitura. Nós denunciamos estas tentativas de atacar as crenças cristãs e as de qualquer outra religião, sob a capa da cultura» – esclareceu o tolerante padre católico, para quem a censura e as perseguições, na defesa das crenças cristãs, deixam de ser crimes e tornam-se boas acções.
Sob o título «Leis religiosas geram polémica» (título errado na edição online), escreve o Diário de Notícias: «Causaram profunda efervescência, na época, três leis emanadas do Governo Provisório da República: a da Separação entre o Estado e as Igrejas; a que permitiu o divórcio; e a que estabeleceu o Registo Civil».
A ICAR moveu-lhes uma luta obstinada. Fomentou o ódio, instigou arruaças e conjuras militares, denegriu, caluniou e combateu ferozmente o que hoje aceita. Negou os sacramentos e funerais religiosos a quem apoiasse a República, armas que à época aterrorizavam as pessoas, receosas do castigo de Deus, da chantagem dos padres e da reprovação social.
Convém referir que algum clero foi perseguido, algumas vezes de forma violenta, por condenável retaliação. Mas é interessante ver como leis tão justas foram combatidas com tanta brutalidade, só possível porque o catolicismo é um cristianismo rural que vingou nas aldeias, por entre regos de couves e leiras de feijão de estaca, adubado pelo espírito retrógrado de padres fiéis ao concílio de Trento. Como religião a ICAR é tão falsa como as outras, como ideologia é mais reaccionária que várias seitas protestantes, como veículo para a salvação é igualmente o caminho para lado nenhum.
O Portugal beato, rural e analfabeto é hoje um pesadelo do passado, graças à progressiva secularização, mas, há três quartos de século, foi o caldo de cultura onde germinou Salazar, esse génio da mediocridade que, para castigo do Povo, abandonou o seminário e transformou o País em sacristia.
A ICAR tem ainda um enorme poder que se exerce à sombra das sacristias, nos meandros da conferência episcopal, disfarçado em obras de assistência ou infiltrado no aparelho de Estado mas as leis da Separação entre o Estado e as Igrejas, a que permitiu o divórcio e a que estabeleceu o Registo Civil aí estão, desde 1911, como símbolo da modernidade de que a República Portuguesa foi pioneira.
Viva a República.
(… e no cucuruto.)

Eis o Abominável César das Neves.
Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons.
…alguém afirmar que mesmo que não acreditássemos em deus, o melhor era comportarmo-nos como se nele crêssemos. Imagino que seja o que um padre pedófilo faz diariamente.
Espanha – O arcebispo de Madrid e Presidente da Conferência Episcopal Espanhola oferece ajuda ao povo espanhol para exigir ao Governo que, «ao menos nas escolas públicas, se mantenha a opção académica do ensino da religião para os alunos cujos pais assim o peçam».
Comentário: O «Episcopado espanhol exige direito de escolha da disciplina de religião». Não é um direito que reclama, é uma obrigação que quer impor – o ensino da religião católica na escola pública. Este é o conceito de liberdade religiosa da ICAR.
A mulher na ICAR – Defendendo que o «Reconhecimento do papel da mulher na sociedade é indispensável», JP2 exalta, na mensagem dirigida às Religiosas do Amor Divino «o seu apostolado através da animação litúrgica, da catequese, da formação nos oratórios juvenis, nas escolas profissionais e nos laboratórios, da assistência nas casas-família para mulheres sozinhas com filhos e nos centros de acolhida e escuta para pessoas deficientes e marginalizadas».
Comentário: Estas são as tarefas que JP2 considera destinadas a elevar o papel da mulher na sociedade.
João Paulo II – JP2 assegura que «Deus guia a história humana, apesar da presença de satanás e do mal».
Comentário: Provavelmente desiludido com o comportamento do patrão, atribui as culpas do estado do Mundo à concorrência – Satanás e o Mal. A única boa notícia é que Deus não é o único responsável por tanta desgraça. O próprio papa tem algum mérito.
O Diário de uns ateus é o blogue de uma comunidade de ateus e ateias portugueses fundadores da Associação Ateísta Portuguesa. O primeiro domínio foi o ateismo.net, que deu origem ao Diário Ateísta, um dos primeiros blogues portugueses. Hoje, este é um espaço de divulgação de opinião e comentário pessoal daqueles que aqui colaboram. Todos os textos publicados neste espaço são da exclusiva responsabilidade dos autores e não representam necessariamente as posições da Associação Ateísta Portuguesa.