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16 de Julho, 2006 Palmira Silva

O poder da sátira

Um dos meus filósofos favoritos contemporâneos é Sam Harris não só pelas razões óbvias, isto é, o facto de compartilharmos a certeza que a atitude complacente em relação às religiões é uma ameaça latente para o modelo de sociedade que queremos construir – uma sociedade justa, de paz e tolerante – mas também porque a uma licenciatura em Filosofia soma o seu trabalho de doutoramento numa das áreas que considero mais fascinantes, as neurociências, e num tema ainda mais fascinante, a neuroteologia que basicamente estuda as bases biológicas da crença.

Sam Harris é o autor de um Manifesto Ateísta, já referido pela Mariana, um texto absolutamente indispensável em que «Harris, filósofo graduado em Stanford, que estudou religiões ocidentais e orientais, ganhou o prémio PEN de 2004 [e o de 2005] com o livro ‘The End of Faith‘, que examina e explora de forma explosiva os absurdos da religião organizada. ‘Truthdig’ pediu a Harris que escrevesse uma resenha da sua tese que defende que a crença em Deus e o apaziguamento dos extremistas religiosos pelos moderados de todas as crenças foi e continua a ser a maior ameaça para a paz mundial e um assalto continuado à razão».

Numa entrevista mais recente Harris afirma algo que é também a minha convicção profunda «Mas os moderados religiosos dão cobertura aos fundamentalistas devido ao respeito em relação a qualquer debate baseado na fé que os moderados exigem. Como consequência, isso sustenta o fundamentalismo e os fundamentalistas fazem um uso muito cínico e artístico do politicamente correcto nos nossos discursos».

Este politicamente correcto, imposto pelos moderados de todas as religiões, que impede o apontar das irracionalidades e da obscenidade imoral de inúmeras passagens dos seus textos «sagrados», é o principal obstáculo a ser vencido na construção de uma sociedade que se coadune com o século XXI e com o respeito pelos direitos humanos.

O combate ao fundamentalismo religioso passa por combater este politicamente correcto complacente e expor como absurdas, anacrónicas e irracionais as «verdades absolutas» dos Livros que os seus devotos querem impor a todos. Mas os argumentos lógicos e racionais, embora necessários, não são suficientes.

Como Sam Harris indica, esta é uma guerra de ideias, a ser travada em várias frentes, na qual não se deve subestimar o poder do ridículo. O filósofo/neurocientista aponta como exemplo a forma como o Ku Klux Klan perdeu a força e prestígio e passou em 60 anos de dezenas de milhões de aderentes para uns meros cerca de 5 000 actualmente. Simplesmente porque um homem, Stetson Kennedy, aderiu ao KKK nos anos 40 e passou o mambo jambo cretino desta organização às pessoas que escreviam os episódios radiofónicos de «As Aventuras do Superhomem». Ouvir semana após semana as palermices do Klan expostas na rádio contribuiu mais para a queda do Klan que argumentos racionais e éticos.

Ou seja, o embaraço público de subscrever opiniões cada vez mais ridicularizadas devido à sua denúncia satírica ditou o fim do Klan.

Aliás, não é por acaso serem as sátiras, por exemplo, os cartoons de Maomé, o cartoon do António, a peça «Me cago en Dios», que levam os crentes aos arrobos mais paradoxais de indignação.

Também por isso o alvo dos ataques mais virulentos dos crentes que comentam nestas páginas é o Carlos Esperança. Quantas mais pessoas como o Carlos afrontarem o tabu de criticar as religiões e o fizerem da forma satírica magistral que é a imagem de marca do Carlos, mais fácil será acabar com a praga anacrónica das guerras «santas» e da subordinação das sociedades, nomeadamente do Direito, aos muitos disparates absurdos das religiões .

Neste dia em que o Diário Ateísta está prestes a completar meio milhão de visitantes aproveito o ensejo para parabenizar o Carlos que consegue mostrar… divinalmente… o rídiculo da fé e incomodar os mais fanáticos com as suas caricaturas dos fundamentos das crenças.

Todos têm o direito em acreditar no que quiserem, em astrologia, em quiromancia, em psicografia, em Xenu, que o Elvis está vivo mas foi raptado por extraterrestres, em Thor, Baco, Deus e restantes mitologias sortidas; ninguém tem o direito a exigir que esses disparates sejam «respeitados» pelos restantes. É tão impossível «provar» a inexistência de Deus como «provar» que o Elvis não está a ser objecto de estudo de uns quaisquer homenzinhos verdes. Para um ateu tão rídicula é essa tese como a que sustem que a Bíblia é a «palavra revelada» de um Deus da Idade do Ferro, sublimação da ignorância dessa era.

15 de Julho, 2006 Carlos Esperança

Aventuras e desventuras do arcebispo Emmanuel Milingo

Em 27 de Maio de 2001 decorreu sob os auspícios da Igreja da Unificação, mais um casamento colectivo – variante dos casamentos de Santo António à escala planetária – com a bizarria habitual de ser o líder religioso, reverendo Sun Myung Moon, a escolher os casais.

Os esponsais de um curandeiro zambiano e experiente exorcista, com uma médica de acupunctura sul-coreana, deram à cerimónia um picante suplementar por ser o noivo bispo da igreja católica – o arcebispo Emmanuel Milingo.

Após uma audiência com o Papa, menos de três meses decorridos sobre a boda, com a mulher na incerteza de uma gravidez, o arcebispo desapareceu para parte incerta, em retiro espiritual, a reflectir sobre a indissolubilidade do celibato dos clérigos católicos.

Maria Sung, inconformada com a abstinência matrimonial, ameaçou com o jejum e acusou o Vaticano de lhe ter sequestrado o marido. O Vaticano, por sua vez, declarou que foi de livre vontade que o prelado deixou o seio da senhora e voltou ao seio da Igreja.

Sabe-se agora que o prelado viveu enclausurado num mosteiro donde se evadiu para contestar a obrigatoriedade do celibato e – diz-se -, para se encontrar com a cara-metade.

Há muito que o arcebispo Emmanuel Milingo perdeu a autoridade, se acaso a teve, sobre os bispos sufragâneos da sua província eclesiástica, mas não perdeu a dignidade que o título e o múnus lhe conferem.

Devia o prelado ter presente que o celibato é mais importante do que a castidade (no caso do clero) e que as tentações da carne são próprias de gente vulgar que se enreda na volúpia e em paixões mundanas.

Aconteceu ao bispo pedir a Deus, nas longas noites da arquidiocese, que lhe enviasse um anjo para lhe coçar as costas ou o divino Espírito Santo para abanar as asas e lhe refrescar os calores enquanto recordava as confissões do dia.

No abandono do seu Deus, foi descurando a bênção da água e a pureza dos óleos santos. Eram outros fluidos que o apoquentavam e, por isso, trocou a mitra pelo preservativo, o anelão de ametista pela aliança matrimonial, o báculo pela médica e o hissope pela luxúria.

Deus dorme enquanto o Vaticano vela.

Assim, após quatro anos de clausura, perante a distracção dos carcereiros de Deus, evadiu-se para desespero do Sapatinhos Vermelhos e das criaturas da Cúria que não entendem que um prelado troque a luz do Espírito Santo por um sorriso e a companhia do Anjo da Guarda, surdo-mudo, pelas carícias de uma mulher.

15 de Julho, 2006 Palmira Silva

South Park strikes back

Em Março deste ano, quando o episódio «Trapped in the Closet» foi banido após Tom Cruise ter ameaçado processar a Paramount se o episódio fosse emitido outra vez, os criadores de South Park Trey Parker e Matt Stone afirmaram à Variety «Então, Cientologia, podem ter ganho ESTA batalha, mas a guerra de 1 milhão de anos pela Terra apenas começou».

E de facto a guerra do «Trapped in the Closet» foi perdida aos pontos pela Cientologia! Não só o episódio é um dos nomeados para o prémio Emmy para a melhor animação como voltará ao ar já na próxima quarta-feira no Comedy Central.

South Park versus Cientologia, uma nota da MSNBC.
15 de Julho, 2006 Palmira Silva

Milingo volta a chocar o Vaticano

Ainda há uns dias, a propósito da ligeireza com que a Igreja Católica encara a dissolução de alguns casamentos, dizia o Carlos que «Quando o arcebispo Emmanuel Milingo se casou, sob os auspícios do reverendo Moon, o Vaticano envidou esforços para que o prelado zambiano rompesse o matrimónio com a esposa, María Sung, e regressasse ao múnus e à obediência a Roma. E conseguiu»

Na realidade, parece que o Vaticano não conseguiu! Depois de ter desaparecido do convento onde vivia em reclusão (forçada?) nos últimos anos, facto que preocupou o Vaticano, o arcebispo da Zâmbia de 76 anos reapareceu em Washington e voltou a chocar os dignitários de Roma com as suas declarações públicas.

Numa conferência de imprensa em Washington, o idoso arcebispo, que aparentemente se reuniu com a sua esposa, de quem se tinha separado pelos bons ofícios do cardeal Tarcisio Bertone, agora o número 2 do Vaticano – e pela ameaça rápida de excomunhão – disse que o seu objectivo agora era acabar com o celibato obrigatório na Igreja Católica.

«Penso que é tempo de a Igreja se reconciliar com padres casados» disse Millingo. O arcebispo disse ainda que os padres que se apaixonam «têm sido levados [pela Igreja] a serem quase casos mentais» e apelou para que os padres punidos pelo seu casamento «saiam das prisões católicas e sejam reconduzidos».

O Vaticano já se declarou chocado pelas revelações do arcebispo rebelde e informou estar a considerar medidas punitivas contra o prelado.

15 de Julho, 2006 Carlos Esperança

Remodelação no Vaticano

O primeiro-ministro espanhol, Rodriguez Zapatero, pode ter sido o responsável indirecto pela rápida substituição de Joaquín Navarro-Valls pelo jesuíta Federico Lombardi.

A aleivosia, falsa, de que Zapatero era o único chefe de Governo que tinha faltado à missa do Papa pode ter apressado a saída do eterno porta-voz do Vaticano formatado nas pias leituras do «Camino» com que Santo Escrivá transformou pessoas normais em prosélitos dementes.

Pode concluir-se que a Companhia de Jesus foi reabilitada e o Opus Dei perde um lugar de grande prestígio e enorme influência no Politburo da fé católica. A substituição, que acabaria por acontecer, foi antecipada.

Haverá menos cilícios para mortificar a carne no piedoso bairro onde B16 é o regedor vitalício e todo-poderoso. Não faltarão jesuítas de todos os quadrantes políticos para assessores do Sapatinhos Vermelhos.

Para uma visão retrógrada e intolerante da sociedade basta B16. A sombra tutelar do Opus Dei no antro do Vaticano era redundante.

14 de Julho, 2006 Ricardo Alves

Blair entrega o sistema de ensino a fanáticos religiosos

O sistema de ensino do Reino Unido sempre segregou os alunos segundo a religião. As consequências são conhecidas: na Irlanda do Norte, por exemplo, a existência de escolas separadas para filhos de pais protestantes e filhos de pais católicos tem ajudado a perpetuar uma hostilidade comunitária que poderia ser atenuada se as crianças frequentassem escolas laicas, independentemente da confissão religiosa dos pais. Não contente com a situação que encontrou, o Governo clericalista de Tony Blair, que gosta de lidar com os britânicos de origem muçulmana através de líderes religiosos não eleitos (de preferência a desvalorizar as suas pertenças religiosas no trato político), tem incentivado a abertura ou integração estatal de escolas anglicanas, católicas, muçulmanas, judaicas e sikhs, generosamente financiadas pelo Estado. Não admira portanto que, segundo uma sondagem recente, 81% dos britânicos muçulmanos se considerem mais muçulmanos do que britânicos, enquanto apenas 7% se consideram mais britânicos do que muçulmanos. (Entre os britânicos cristãos, as percentagens correspondentes são de 24% e 59%, respectivamente.)

O sistema de ensino britânico permite aliás que algumas escolas, embora subsidiadas pelo Estado, seleccionem os alunos à entrada em função da religião. Alguns pais, para garantirem a admissão dos filhos nessas escolas (que até podem ser as únicas na localidade em que vivem) vêem-se constrangidos a frequentarem a igreja local, mesmo sendo ateus. Muitas desta escolas religiosas aproveitam para negar a inscrição aos alunos mais pobres, o que lhes permite garantir melhores resultados nos exames finais, e manter a segregação de classe tão típica da Inglaterra.

O governo de Blair não hesita sequer em financiar escolas muçulmanas que separam os alunos segundo o sexo, ou escolas católicas que obrigam à participação em cerimónias religiosas. No último caso, há relatos de alunos obrigados a participar em procissões com a «Virgem Maria», sessões obrigatórias de doutrinação anti-aborto com imagens terroristas de fetos, e expulsões da escola para quem faltar à missa. O secretário de Estado da Educação garantiu, numa resposta à National Secular Society, que o governo clericalista a que pertence tenciona continuar a apoiar as escolas com «oração colectiva obrigatória», porque tal actividade recreativa «desenvolve o espírito de comunidade».

Como se não fosse suficiente, existem também escolas financiadas pelo Estado em que o criacionismo evangélico é quase matéria obrigatória, e em que cada criança recebeu uma Bíblia, para desespero dos encarregados de educação que acham (veja-se lá o descaramento…) que há matéria mais importante para aprender.

Só uma escola pública laica, aberta a todos os alunos independentemente das suas opções em matéria religiosa, e que faça uma distinção clara entre conhecimentos universais e crenças particulares, poderá superar as divisões culturais de origem e preparar os alunos para a vida moderna.
14 de Julho, 2006 jvasco

Sacrificar um inocente para ilibar um culpado, é errado

Esta afirmação não choca ninguém.
Pelo contrário, dificilmente encontrarei quem dela discorde.

Os valores vão evoluindo com os tempos. Muitas vezes para melhor. Hoje parecer-nos-ia absurdo que os tribunais aceitassem, por exemplo, prender a Srª Constança porque o seu filho Pedro matou alguém, mesmo que fosse esta a vontade expressa da Srª Constança (ser presa em lugar dele).

Claro que nem sempre foi assim. Diferentes culturas consideravam aceitável que as culpas passassem de geração em geração, por exemplo (que as acções de alguém fossem tão graves, que, além do criminoso, os seus descendentes fossem também punidos ao longo de várias gerações). Chegou mesmo a existir, em certas sociedades, o costume de sacrificar animais inocentes a Deus, esperando que o sacrifício de animais inocentes fizesse Deus perdoar os camponeses pelas suas falhas.

Curioso é pensar que esta moral absurda é a base do Cristianismo. A crença fundamental do Cristianismo é que Jesus deu a vida pelos nossos pecados (deu mesmo?) e ressuscitou três dias depois. O ponto fundamental do Cristianismo parte do princípio que é legítimo e justo que um inocente se sacrifique pelos culpados, e que um ser supostamente infinitamente justo (Deus Pai) teria aceite esse ímpio sacrifício.

13 de Julho, 2006 Carlos Esperança

A alma, essa desconhecida

A alma é um furúnculo etéreo que afecta o corpo dos crentes. É um vírus que resiste à morte e tem direito a transporte gratuito para o domicílio que os padres lhe destinam.

A alma é um bem mobiliário que paga imposto canónico e, à semelhança das acções de empresas, hoje igualmente desmaterializadas, paga avença pela «guarda de títulos».

No mercado mobiliário as acções são transmissíveis e negociáveis. Apesar das fraudes sabe-se que correspondem a avos do capital social de uma empresa. A sua duplicação é burla e conduz à cadeia, salvo quando o Vaticano está implicado e impede a extradição do criminoso, como sucedeu com o arcebispo Marcinkus que JP2 protegeu, após a falência fraudulenta do Banco Ambrosiano.

Quanto à alma, há suspeitas de haver um número ilimitado em armazém, o que exaspera os clérigos, encarregados do negócio, com o planeamento familiar. Não se sabe bem se a alma vai no sémen, se está no óvulo ou se surge através da cópula, um método pouco digno para tão precioso e imaculado bem.

Os almófilos andam de joelhos e põem-se de rastos sem saber se a alma se esconde nas mitocôndrias, nas membranas celulares, no retículo endoplasmático ou no núcleo e nos cromossomas, sem nunca aceitarem que seja o produto de reacções enzimáticas.

Não sabem se é alguma coisa de jeito no ovo, no embrião em fase de mórula ou no blastocito. Juram que aparece no princípio, sem saberem bem quando e onde está o alfa, ou quando aparece Deus a espreitar pelo buraco da fechadura e a arremessar aos fluidos a alma que escusa o entusiasmo de quem ama.

Após o aparecimento dos rudimentos da crista neural, só às 12 semanas o processo de gestação dá origem ao feto e falta provar que a alma, embora de qualidade sofrível, se encontra num anencéfalo ou que é de boa qualidade a que Deus distribui ao fruto de uma violação ou do incesto.

12 de Julho, 2006 Palmira Silva

Ataque terrorista na Índia

Mais de 180 pessoas foram mortas e cerca de 700 ficaram feridas na sequência de um ataque terrorista coordenado a comboios suburbanos que transportavam trabalhadores para a cidade de Bombaim.

A polícia indiana investiga o bárbaro atentado, que ainda não foi reinvidicado. As primeiras suspeitas cairam sobre grupos separatistas (da Caxemira indiana) ligados ao Paquistão Lashkar-e Toiba (LeT) e Jaish-e-Mohammad (JeM), cujos líderes negam qualquer envolvimento com o caso.

O grau de sofisticação do atentado e as semelhança com os que se verificaram em Madrid e Londres proporcionam algumas especulações sobre o envolvimento da Al-Qaeda nos mesmos.

12 de Julho, 2006 Palmira Silva

O verdadeiro ecumenismo: actualização

A tolerância ecuménica atingiu o seu zénite com a distribuição de panfletos nos bairros ortodoxos de Israel em que são prometidos 20 mil shekels novos (3.700 euros) a quem matar homossexuais e lésbicas que participem na Parada Internacional do Orgulho Gay.

Os métodos recomendados são os preconizados no livro «sagrado», o apedrejamento, ou em alternativa, uma concessão aos tempos modernos, cocktails molotov que o panfleto ensina a fazer em casa.

Os protestos inconvincentes à polícia dos líderes ortodoxos sobre a sua inocência na autoria do panfleto, que atribuem … à comunidade gay (?!), são negados pelo aviso dos rabis ultra-ortodoxos de Jerusalém sobre o banho de sangue que a realização do evento significaria. Uma declaração oficial contra o evento, assinado por estes dignitários exorta «Todos os com capacidade para tal, têm o dever de fazer tudo ao seu alcance para esmagar as mandíbulas do mal de qualquer forma que consigam».

De igual forma, o sheik Ibrahim Sarsur, deputado do Knesset, avisou o mundo que «se os gays se atreverem a aproximar o monte do Templo durante a parada fá-lo-ão por cima dos nossos cadáveres».

Já o arcebispo Antonio Franco, o embaixador do Vaticano em Israel, foi mais moderado nos termos em que condenou o evento, que para o dignitário católico, que não faz a mínima ideia do que significa pluralismo, democracia e tolerância -palavras ausente do léxico das religiões do livro- corresponde à «imposição da vontade de alguns sobre a maioria».

Considerando o que se passou na Polónia em que os homofóbicos (e anti-semitas) membros do partido ultra-nacionalista – muito apoiados pela Igreja católica – ameaçaram esperar os gays participantes na parada local com clavas, e o que se passou recentemente em Moscovo na mesma iniciativa, não é extemporâneo pensar que alguns fundamentalistas cristãos se juntariam aos seus análogos das outras religiões do livro para punir «adequadamente» os «pecadores».