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21 de Abril, 2007 Helder Sanches

A Circuncisão de Misha

O caso de Misha relembrou-me um assunto que há muito tempo queria abordar aqui no blog.

Misha é um adolescente de doze anos em plena puberdade. O seu pai decidiu converter-se ao Judaísmo e arrastar a sua família com ele. Os líderes religiosos da comunidade judaica onde a família se inserirá recomendaram ao pai de Misha que o adolescente fosse circuncidado para facilitar o processo de inserção da família na comunidade. O pai de Misha aquiesceu ao pedido e agora pretende proceder à circuncisão do filho contra a vontade deste e da própria mãe!

Com a chegada do caso aos tribunais os veredictos nas diversas instâncias têm sido surpreendentes: os juízes têm afirmado que a capacidade de decidir sobre uma circuncisão, mesmo por outras razões que não as clínicas, estão ‘dentro dos direitos de custódia parental’! O caso vai agora seguir para o Supremo Tribunal do estado do Oregon.

A circuncisão é um ritual bárbaro, com origens tenebrosas, de mutilação do pénis por razões meramente religiosas. O acto da circuncisão, quando imposta a menores, não passa de abuso infantil. Quisesse o pai cortar a ponta de um dedo ou uma orelha a Misha e os tribunais já questionavam a sua capacidade de exercer a custódia parental. Mas, ao abrigo das mais macabras tradições religiosas, o tribunal dá cobertura à decisão do pai e permite que Misha venha a ser mutilado contra a sua própria vontade.

Sobre circuncisão:

(Diário Ateísta / Penso, logo, sou ateu)

21 de Abril, 2007 Hacked By ./Localc0de-07

Nevoeiros do Sobrenaturalismo

Desde sempre, que esse sempre é parte do conhecimento Humano, que existem curandeiros, videntes, adivinhos e outros exploradores da fragilidade e da boa vontade Humana, por vezes inseridos na forma mais desprezível, o parasitismo de pessoas debilitadas por um ou vários factores. Se alguns destes “mágicos” mais não são que marionetas influenciadas por contextos sociais sobrenaturais, a maioria é esse mesmo contexto social, lideres de uma causa inexistente e detentores das consequências benéficas, deixando as maléficas para terceiros.

Algumas destas ilusões situam-se numa “medicina” religiosa sobrenatural. Uma situação composta de facilidades e de extremas simplicidades. Primeiramente existe a necessidade de inventar ou reinventar uma qualquer doença transcendental que se situe fora de contextos físicos e psicológicos. Após a criatividade e aperfeiçoamento dessa ideia ideal de doença sobrenatural, ideia à qual não é necessária perspicácia acentuada nem tão pouco grandes doses de intelecto, surge a necessidade de disseminação psicológica da mesma pelas massas populacionais mais desinformadas e mais debilitadas. Após consolidação da mesma eis que surgem os grandes heróis, como numa qualquer história de banda desenhada, apregoando o conhecimento transcendental da cura.

Tais esquemas intelectualmente desonestos e desumanos conquistam facilmente a fama e a ambição maior, a riqueza, tendo como efeitos secundários situações hediondas que nunca pesaram nem irão pesar na consciência desses “médicos” sobrenaturais. Durante séculos a bruxaria era uma das “doenças” transcendentais e os churrascos Humanos a cura, raízes que ainda se manifestam excessivamente na actualidade. Esses factos demonstram o poder das manipulações de massas desinformadas e debilitadas através de induções psicológicas desconexas mas propositadas. Debilidade e desinformação ainda fazem prevalecer crenças em mulheres vestidas de preto e de chapéu cónico a viajarem em vassouras a jacto, e dão dinheiro a exorcistas e outros exploradores cuja transcendência é a ridicularidade.

Antevisões do futuro também correspondem a uma excelente forma de fama fácil e correspondentes lucros e louros. Qualquer pessoa é capaz de adivinhar o futuro. Apenas uma breve análise de probabilidades e de proselitismo abstracto proporcionam uma clara simplicidade de antevisões, adivinhações e profecias. Quanto maior o nevoeiro e a obscuridade das palavras mais as hipóteses de acontecimento certo ou quase certo. Aplicar pequenas induções psicológicas também ajuda na certeza de clarividência futurista. Se nos ocorrer uma visão do futuro certa, ela terá como contornos algo como “dentro de alguns dias vai chover.”. Pegando no “dentro de alguns dias” podemos estipular um acontecimento certo, sabendo que dois dias ou cem dias podem ambos ser relativizados à afirmação feita. Relativismo sem comparação provoca uma flecha certeira.

Um erro comum dos adivinhos, videntes e outros detentores de “poderes” sobrenaturais, reside na competição pela fama. Uma adivinhação com conceitos não relativos e não abstractos poderá trazer a fama se a flecha acertar, ou trazer uma hilariante comédia se esta falhar.

Outra característica interessante, que necessita ainda de maior desonestidade intelectual, de ginásticas de raciocínio e de misturas com demagogias encaixadas à força de marreta é a dos prosélitos começados por “mas,…” quando a profecia falha. Se esse “mas,…” também falhar eis que surge mais outro “mas,…”. Uma moldagem e remoldagem da adivinhação.

A indução psicológica de aceitar como verdade algo sem qualquer evidência provoca as aceitações de contextos abstractos perante situações objectivas. Qualquer minimalização de raciocínio nos poderá dizer que se lermos num horóscopo que poderemos ter problemas gastrointestinais, não poderemos aceitar a adivinhação como válida se nesse dia tivermos uma flatulência. Um conceito objectivo, mal ou bem, acerta sempre num contexto abstracto. Era interessante ler ou ouvir algo como “hoje, todas as pessoas de signo Virgem irão ter um furo no pneu da frente do lado esquerdo do seu carro.” ou “hoje, todas as pessoas de signo Peixes ao saírem de casa e fecharem a porta notarão que se esqueceram das chaves dentro de casa.” ou “hoje, todas as pessoas de signo Aquário irão calcar um excremento de cão”.

Separemos correctamente a ficção da não-ficção e sejamos intelectualmente honestos. Entrar em campos de misturas pode originar problemáticas sérias, para além de humilhar a intelectualidade Humana. Mesmo que a Astrologia, por exemplo, não apregoe situações nocivas para a Humanidade, não deixa de ser intelectualmente desonesta, para além de se exibir publicamente nos meios de comunicação como algo alicerçado por evidências.

Situações divergentes das analisadas costumam ser rotuladas de sobrenaturais erradamente. Os conceitos de palavras e análises encontram-se seriamente enublados pela desonestidade intelectual do sobrenaturalismo, para além de palavras terem significados diferentes de indivíduo para indivíduo. Situações de consciência alterada tal como a meditação necessitam ser colocados fora das situações de convicções erróneas. Desde que o Homem obteve a consciência de ter consciência, que procura induzir estados diferentes da mesma, seja por factores intrínsecos ou extrínsecos. Esta situação de alteração de consciência reflecte uma Humanização própria de cada um, e diferente de indivíduo para indivíduo. Essa mesma reflexão interna e exploração de estados pessoais de consciências diferentes atribuem a cada um a sua própria individualidade. Que cada indivíduo escolha livremente em que acreditar, sem interferir com as escolhas livres de outros indivíduos, e sem se deixar influenciar por nevoeiros de sobrenaturalismos.

Também publicado em Ateismos.net e LiVerdades

20 de Abril, 2007 jvasco

Ateísmo na Blogosfera

  1. «Mas da filosofia à ciência o processo é contínuo, e já foi repetido em muitos domínios. «De que é feita a matéria?» era uma pergunta filosófica até se compreender o suficiente para formular hipóteses testáveis e, eventualmente, um modelo científico bem fundamentado. Há séculos que andamos nisto, avançando mais nuns domínios que noutros. E cada avanço levanta mais perguntas que é preciso compreender, e, uma vez compreendidas, tentar responder. Perguntas filosóficas que se transformam em perguntas científicas que dão respostas científicas e levantam novas perguntas filosóficas.

    Nem a filosofia pode vencer a ciência nem a ciência vencer a filosofia. São ambas parte do mesmo processo de compreensão. Mas o [leitor] tem razão em se preocupar com a religião, que sempre foi a roda quadrada desta carroça. A religião assume que já sabe as respostas e nem sequer gosta de perguntas. Enquanto as outras se ajudavam e avançavam a religião ficou na mesma, cada vez mais isolada da realidade.»Ciência, Filosofia e Religião.», no Que Treta!)

  2. «Na realidade, Tyson aponta que não há nada em comum entre religião e ciência e que a inspecção da História revela uma guerra entre ambas como explicado no livro que já referi, «A History of the Warfare of Science with Theology in Christendom», do historiador e ex-presidente da Universidade de Cornell (uma das mais prestigiadas universidades do mundo, que incluiu Carl Sagan no seu corpo docente) Andrew D. White.

    Para além disso, a ciência assenta em verificação experimental e a religião assenta na fé, que por definição dispensa qualquer tipo de comprovação, pelo que as duas abordagens ao conhecimento são completamente irreconciliáveis. E considerando que ao longo de boa parte da História da humanidade se tentou arduamente aproximar ambas parece pouco provável que a conciliação alguma vez aconteça» («O perímetro da ignorância», no De Rerum Natura)

  3. «John Edward é, sem dúvida, o mais famoso «psíquico» da actualidade.
    Até a TV Cabo (se bem me lembro no «People & Arts»), já se rendeu aos «encantos» deste burlão, que se tornou multi-milionário a fazer crer às pessoas que comunica com o «mundo dos mortos» e que lhes transmite mensagens de familiares e amigos que estão «do outro lado».
    E que não hesita em explorar despudoradamente os sentimentos das pessoas para lograr os seus únicos intentos: enriquecer como um nababo.»
    O Sucesso dos Aldrabões», no Random Precision)
20 de Abril, 2007 Ricardo Alves

Peña-Ruiz: «Cinco questões a Sarkozy»

Tenho destacado abundantemente, nos dois blogues em que escrevo, textos de Henri Peña-Ruiz, o filósofo francês que melhor tem explanado o conceito moderno de laicidade. Recentemente, destaquei um texto de questões a Nicolas Sarkozy, no contexto da eleição presidencial francesa. A Associação República e Laicidade apresenta agora uma tradução desse texto, que merece leitura atenta.
  1. «Primeira pergunta. Os humanistas ateus devem usufruir dos mesmos direitos que os crentes? No seu livro sobre a República e as religiões, reconhece um privilégio à opção religiosa. De acordo consigo, fora desta, não seria possível conferir à conduta da existência as referências de sentido de que ela necessita. Sartre, o ateu, e Camus, o agnóstico, deviam, portanto, ter-se perdido perante as dificuldades da vida… E Bertrand Russel, que escreveu “porque não sou cristão”, devia encontrar-se desarmado face às questões éticas. Não percebe que quem não acredita no céu se pode sentir ofendido pela sua preferência? Honoré d’Estienne d’Orves, católico resistente, mereceria mais consideração do que Gabriel Perecer, ateu resistente? Ambos tombaram vítimas das balas nazis. Conhece a frase do poeta: “aquele que acreditava no céu, aquele que não [acreditava], que importa ao nome dado à clareza dos seus passos se um ia à igreja e o outro lá roubasse” (Louis Aragon, «La Rose et le Réséda»)
  2. Segunda pergunta. Que tipo de igualdade se pretende promover? Diz [Nicolas Sarkozy] pretender a igualdade entre as religiões e, para tal, encara a possibilidade de construir, com fundos públicos, lugares de culto, nomeadamente para permitir aos cidadãos de confissão muçulmana compensar o défice que teriam nessa matéria relativamente aos católicos que usufruem gratuitamente das igrejas construídas antes de 1905, ainda que esse direito de uso resulte de «afectação especial» e esteja limitado aos momentos da prática religiosa. Não pede, contudo, idêntico financiamento para edifícios destinados ao livre pensamento ou para templos maçónicos. Será que se assume partidário da discriminação entre os cidadãos de acordo com as opções espirituais em que eles se reconhecem? Para si, a igualdade republicana deveria reduzir-se à igualdade entre os diversos crentes, com exclusão dos humanistas ateus ou agnósticos? (…) Desde 1 de Janeiro de 1906 que a construção de novos locais de culto está unicamente a cargo dos fiéis, qualquer que seja a religião. É essa a regra, e os frequentes desvios que a ridicularizam não podem fazer jurisprudência, tal como o desrespeito pelos sinais dos semáforos não pode constituir motivo para a sua abolição.
  3. Terceira pergunta. Que prioridade para os poderes públicos? O relatório Machelon, que colhe a sua simpatia [de Nicolas Sarkozy], recorre ao conceito de liberdade religiosa, para permitir resvalar da garantia do «livre exercício dos cultos», garantido pelo primeiro artigo da lei, para o financiamento supostamente necessário dos cultos. Belo jogo de palavras e verdadeiro golpe de mão que pode bem enganar. Em República, só o interesse geral, comum a todos, visando bens e necessidades de alcance universal, merece financiamento público. Ora a religião não constitui um serviço público, tal como o são a instrução, a cultura ou a saúde. Na verdade, ela respeita unicamente aos seus crentes, isto é, a uma parte dos cidadãos. Os poderes públicos, cujos fundos resultam de impostos pagos tanto por ateus como por crentes, não devem, pois, financiar os cultos, tal como não devem financiar a divulgação do ateísmo. Está de acordo? (…)
  4. Quarta questão. Que concepção de luta contra o fanatismo? Afirma [Nicolas Sarkozy] querer evitar as intervenções estrangeiras, nomeadamente os financiamentos [ao culto religioso] vindos de países que pouco respeitam os valores republicanos e democráticos. E sustenta que pagando se poderá ter tudo sob melhor controlo. Falsa evidência. Pois que relação jurídica [pode existir] entre o financiamento e o direito de observar os objectivos dos responsáveis religiosos nos locais de culto? Ela só pode existir através do restabelecimento de um processo concordatário, ou seja anti-laico. Napoleão fez a Concordata de 1801 no compromisso de um financiamento público dos cultos cujas autoridades religiosas demonstrassem fidelidade ao seu poder. O catecismo imperial de 1807 radicalizou este sistema bastante humilhante para os crentes já que, afinal, os compra. Numa república laica, não pode existir fidelidade resultante de privilégio. Quer-se impor uma ortodoxia às religiões? (…)
  5. Quinta pergunta. O que sobra do laicismo e da República se se restabelecer um financiamento discriminatório? A República não é uma justaposição de comunidades particulares. Em França, não existem cinco milhões de «muçulmanos» mas cinco milhões de pessoas oriundas da imigração magrebina ou turca, muito diferentes nas suas opções espirituais. Um inquérito recentemente publicado pelo Le Monde, precisou que só uma pequena minoria desta população frequenta a mesquita, a maior parte faz da religião um assunto privado, só se referem ao Islão por uma espécie de solidariedade imaginária. Assim sendo, deve a República renunciar ao laicismo para satisfazer esta minoria ou concentrar os fundos públicos e redistribui-los pelos serviços públicos, pela gratuitidade dos cuidados de saúde, pela habitação social, ou pela luta contra o insucesso escolar, que abrangem, incontestavelmente, todos os homens, sem distinção de nacionalidade ou de opções espirituais? Não constitui dever dos homens políticos explicar que é pelo assegurar de iniciativas de serviço público de qualidade, igualmente proveitosas para crentes e ateus, e pela luta contra todo o tipo de discriminação que o Estado facilita, a uns e a outros, o financiamento voluntário das suas opções de convicção? (…)»

(Ler na íntegra.)

[Esquerda Republicana/Diário Ateísta]

20 de Abril, 2007 Hacked By ./Localc0de-07

O prepúcio de Cristo e os Anéis de Saturno

Durante quase dois mil anos o cristianismo se debateu com a demência das ideias do prepúcio sagrado de Jesus Cristo. Imensas mentes desgastaram e fizeram desgastar tempo e intelecto com uma loucura apenas equiparável a outras demências religiosas dentro dos mesmos campos. Fiéis seguidores rastejavam para pagar indulgências, e obtinham a esquizofrenia total da adoração do prepúcio. Peregrinações eram feitas (com os bolsos a tilintar os sons de moedas que poderiam antes matar a fome) para prestar louvores à relíquia cristã.

Uma mulher com distúrbios mentais brutais conseguiu o prodígio de se ver santificada após uma vida de loucuras extremas, das quais se destacaram as actividades sexuais com o falecido Jesus Cristo, e o ainda mais ridículo casamento com o defunto comprovado pela oferta do profeta. O seu prepúcio. A Santa Catarina de Siena batia recordes de ridicularidade, e a Igreja Católica desejou que a sua demência continuasse a ser emanada nos seus patamares mais elevados. A cabeça da santa pode ser vista, assim como um dedo e outros pedaços de corpo espalhados por várias igrejas. Nada melhor que um passeio familiar até à igreja e contemplar um crânio. O necro-catolicismo vai ainda mais longe, e promove procissões com a cabeça da pobre coitada, eternamente ligada à demência religiosa.

Mais situações poderiam vir a ser cómicas caso não fossem interpretadas pelos religiosos como reais. Várias poderiam ser enumeradas, mas atribuirei particular relevância aos desvarios lunáticos do teólogo Leo Allatius, que dedicou uma extensa obra a este assunto de importância tão exacerbada denominada de “De Praeputio Domini Nostri Jesu Christi Diatriba”, “Discussão Sobre o Prepúcio de Nosso Senhor Jesus Cristo”. Segundo o teólogo o prepúcio teria ascendido aos céus na mesma altura em que Jesus teria ascendido, também ele em rumo aos céus. Até aqui nota-se lunatismo, mas nada de saliente em relação ao que já foi exposto. O interessante do pensamento deste teólogo consiste no facto de o prepúcio do profeta ter ascendido aos céus, viajado até Saturno, transformando-se nos anéis de Saturno, que haviam sido recentemente descobertos.

Como normal nos meandros católicos de defecação ininterrupta, esta demência e outras foram aclamadas euforicamente pelos cristãos, sedentos de respostas para o tão importante prepúcio. Obviamente que não era de esperar que o teólogo considerasse os anéis de Saturno uma mistura de gelo, poeiras e material rochoso com centenas de milhares de quilómetros de diâmetro, não ultrapassando 1,5 km de espessura. Mas a atribuição de repostas onde elas não podem ser encontradas por falta de meios é um apanágio de qualquer religião.

Para melhor situar o lunatismo católico nada melhor que uma breve comparação de pontos antagónicos. A demência católica comparada com a genialidade de Giordano Bruno. Genialidade e catolicismo sempre foram factores mutuamente exclusivos. Bruno defendia o heliocentrismo, defendia a ideia de um universo infinito povoado por milhares de sistemas solares. Desenvolveu um livre pensamento incomum para os tempos de ouro do catolicismo e consequentemente de trevas para a Humanidade. Obviamente que a resposta católica foi de condenação da genialidade, atirando com o pensador para a prisão e torturando-o das normais formas escabrosas inquisitoriais. Não contentes acabaram por queimar vivo o génio, em 1600, altura em que Leo Allatius, o demente clerical que ainda não tinha a ideia de lançar um livro sobre um prepúcio tinha apenas catorze anos. Bastantes anos mais tarde veio a teorização dos anéis de Saturno compostos do prepúcio de um profeta e consequente esquizofrenia religiosa.

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19 de Abril, 2007 Hacked By ./Localc0de-07

O Catolicismo e o Bordel do Papa João XII

O catolicismo sempre albergou nos seus meandros pérfidos mentes excessivamente escabrosas, pervertidas e sanguinárias, pelo que a análise desses fenómenos naturais encontra nesse género de personagens exemplos como o de João XII. Este Papa detinha laços familiares extremamente estreitos com ilustres abutres clericais, sendo neto de Marozia, mulher de grande história luxuriosa com o Papa Sérgio III. Esta mulher era também mãe de João XI, fruto de outra relação, a com Alberico I de Spoleto. Um negócio familiar lucrativo e luxurioso pairava sob Roma, tendo como divisa principal a Pornocracia, e como sede o bordel de nome Vaticano.

João XII foi o 131º Papa, eleito aos 18 anos de idade no ano de 955. Dedicou-se de corpo e alma a levar a Pornocracia ao apogeu, investindo a maior parte do seu tempo às violações e ao proxenetismo. As suas funções de pontífice eram claramente explícitas, violações e mais violações de mulheres, tendo sempre mostrado uma completa ausência de selectividade de critérios. Desenvolvia, com todas as suas energias, crimes sexuais contra solteiras, casadas e viúvas.

Luitprand, bispo católico de Cremona aludiu certa vez a estes comportamentos sexuais do representante de deus na Terra, afirmando que nenhuma mulher honesta ousava aparecer em público, pois o Papa João XII não tinha qualquer respeito, fosse raparigas solteiras, mulheres casadas ou viúvas, elas estavam certas que seriam desonradas por ele.

O que é demais é exagero, e este monopólio de proxenetismo intransigente foi constado num sínodo na Basílica de São Pedro, com a presença ilustre de 50 encapuçados italianos e alemães antimonopólio de proxenetismo. Incriminaram o lascivo pontífice de sacrilégio, simonia, perjúrio, assassinato, adultério, incesto e talvez mais uma ou outra coisa que já não irão denegrir mais a ideia base do Papa João XII.

O problema não seriam as acusações em si, pois eram sobejamente praticadas pelo clericalismo católico tendo como base a concepção de ideais fomentadas pelo representante de deus, seriam antes os exageros e as excessivas exposições públicas de tais actos. Um pecado de excessos, onde os súbditos encapuçados apenas conseguiam apanhar uma ou outra migalha deixada cair pelo chefe dos encapuçados. Os clericais simplesmente não se conseguiam inserir num ecossistema desprovido de pães inteiros.

Tais acusações não agradaram ao ilustre Papa, pelo que alguns correctivos foram aplicados aos revolucionários. O cardeal-diácono João viu a sua mão direita ser arrancada, o bispo Otgar de Speyer foi brutalmente chicoteado e a um alto paladino foi-lhe arrancado o nariz e as orelhas. Talvez estes pedaços estejam num qualquer poço de bocados Humanos no Arquivo Secreto do Vaticano.

A saga do demente continuou, e pode-se resumir o seu pontificado de 8 anos à violação de mulheres. Claro que este resumo é relativo, visto existirem sempre excepções esporádicas, um ou outro arrancamento de carne de um revolucionário, um ou outro assassinato de indivíduos que reivindicassem problemas com as tão afectuosas migalhas que João XII deixava cair.

Como muitos outros Papas, João XII foi assassinado, embora não por veneno como era tradição na Santa Sé. Ao violar uma mulher, (a história deste Papa torna-se deveras monótona, não por culpa do escrivã mas sim pela da personagem principal) eis que surge o marido da mesma. O homem não gostou minimamente de ver a sua esposa a ser violada, e consequentemente espancou o Papa furiosamente. João XII ficou paralisado durante 8 dias, ao fim dos quais veio a falecer. Pelos meandros Católicos também existem histórias com finais felizes.

Também publicado em Ateismos.net e LiVerdades

19 de Abril, 2007 jvasco

Muito antes do holocausto…

«A 19 de Abril surge outro acontecimento mais grave. Dois dias antes, alguém teria visto, na capela do convento de São Domingos, estrelas douradas que saíam a brilhar de um crucifixo embutido em cristal. Logo que a novidade é conhecida, centenas de pessoas, muitas delas mulheres, juntam-se na capela. Entre os que vêem contemplar o prodígio há cristãos-novos [judeus recentemente convertidos ao cristianismo]. Um deles manifesta a sua opinião: a cruz, um simples pedaço de madeira, não poderia ter realizado o prodígio. O homem é imediatamente espancado e arrastado para o exterior, acabando por ser morto no adro da igreja. E o seu corpo despedaçado – assim como o de um seu irmão que tentara defendê-lo – é imediatamente queimado pela populaça.

O massacre que se segue não é espontâneo. É organizado e dirigido pelos frades dominicanos. Do alto do púlpito, um deles lança violentas diatribes contra os judeus. Aos gritos de «Heresia! Heresia! Destruí esse povo abominável!», outros frades apelam à morte, e precipitam-se para a rua empunhando crucifixos. Os resultados não se fazem esperar. Centenas de pessoas espalham-se pelas ruas de Lisboa e matam todos os cristãos-novos – homens, mulheres e crianças – que têm a desdita de lhes aparecer à frente. Alguns deles são decapitados, morrendo outros a golpes de punhal. Os bebés de colo são agrarrados pelos pés e esmagam-lhes a cabeça contra a parede.

A esta primeira onda de violência sucede-se uma acção mais organizada. Grupos de sessenta a cem pessoas, sempre encorajados pelos frades dominicanos, entregam-se a uma verdadeira caça ao homem. Casa após casa, sótão após sótão, a cidade é passada a pente fino e entregue ao zelo da populaça. Arrancados das enxovias, os presos das cadeias são atirados vivos para a fogueira que arde diante da capela de São Domingos, sendo também degolados todos aqueles que, aterrados pelos gritos da multidão, procuraram refúgio nas igrejas. […]

O massacre dura cerca de uma semana. Embora os cristãos-novos estejam já praticamente exterminados, o número de mortes continua a crescer, uma vez que outros grupos de pessoas passam a ser vítimas da histeria colectiva. Simples rivalidades pessoais entre vizinhos levam-nos a acusar-se mutuamente de judaísmo. O simples facto de alguém ter «ar de judeu», ter negociado com cristãos-novos ou ter sido visto na sua companhia é suficiente para ser entregue à vindicta popular.

Este espisódio sangrento da história de Lisboa transforma-se, pouco a pouco, em insurreição. A 21 de Abril, o governador que também abandonara a cidade, estabelece conversações com os chefes do movimento. […] Quanto aos Dominicanos, são intimados a restabelecer a paz nos espíritos.

Porém, a ameaça de represálias não impressiona a hierarquia religiosa, […]. A cidade está à beira da guerra civil. Os massacres alastram-se e estendem-se às aldeias e lugarejos dos arredores.»

«História de Lisboa», Dejanirah Couto, Gotica 2000 Sociedade Editora e Livreira Lda, Braga, 2003

18 de Abril, 2007 Ricardo Alves

O rei vai nu (mas muito bem vestido?)

O João Vasco abordou o célebre conto d´«o rei que vai nu», para concluir que «mesmo que alguns ateus digam “estão a ver coisas que não existem e a enriquecer o clero inutilmente” – muitas pessoas encaram isso apenas como uma limitação dos ateus, que não conseguem ter acesso à “dimensão espiritual”». Justamente. Uma das dificuldades fundamentais do diálogo com os crentes é justamente essa: embora o rei vá nu, eles insistem que vai muito bem vestido.

Geralmente, a situação é a seguinte: nós apresentamos provas de que a «ressurreição» é impossível, que a criação do universo por uma entidade consciente é disparate, e que «vida depois da morte» é um oxímoro. Em suma, explicamos que o rei vai nu. Eles respondem que não estamos abertos «à dimensão espiritual» em que eles vêem as roupas do rei que está nu, que milhões de pessoas ao longo dos séculos disseram que o rei estava vestido embora estivesse nu, que existem escolas (e até universidades) em que se estuda o tecido da roupa que o rei usa quando vai nu, o casaco, as calças e a camisa usadas pelo rei quando vai nu, as cuecas e os peúgos do rei quando vai nu, e até os formatos e as cores dos botões da camisa que o rei leva quando vai nu. Dizem-nos ainda, com deleite, que dezenas de teólogos discutiram apaixonadamente durante séculos se os botões da camisa que o rei usa quando está nu têm dois ou quatro buracos, e que esse debate é a maior prova da beleza e da própria realidade indiscutível das roupas que o rei usa mesmo quando está nu.

A verdade é que as crenças religiosas mais populares não são «sofisticadas», «filosóficas» ou particularmente complexas. São ideias bastante simples, até enternecedoras na sua ingenuidade. Por muito protegidas que as roupas pareçam estar pelas «universidades» de teologia e pelas toneladas de papel não reciclado que se gastaram a discuti-las, a verdade é que o rei vai mesmo nu.

[Diário Ateísta/Esquerda Republicana]
17 de Abril, 2007 Hacked By ./Localc0de-07

Clerical é o maior progenitor português

É sobejamente normal os encapuçados traçarem as acções das suas vivências invertendo aquilo que professam. A hipocrisia religiosa atinge excessivas vezes as proporções inimagináveis da mais fértil criatividade Humana. O celibato é apregoado na Igreja Católica como uma verdade incontornável das vivências das sotainas, tendo como bases uma suposta virgindade de Jesus Cristo. Quanto a essas bases, desconhecem-se, mas poderá presumir-se que algures nos arquivos secretos do Vaticano estejam milhares de cd´s contendo um qualquer reality show de baixo orçamento baseado nas gravações de 24 horas por dia da vida do messias. Também se poderá encontrar, quem sabe, as gravações do mesmo reality show envolvendo a sua mãe virgem e comprovando essa mesma virgindade acompanhada de uma gravidez que tem como paternidade o pombo-correio de nome Espírito Santo.

No século IV teve lugar um tal de Concílio de Elvira, que começou a impor na Igreja Católica, pela mesma, o celibato entre as sotainas, mediante as leis abstractas que tão bem caracterizam as irracionalidades religiosas, “continência sob pena de degradação”. Alguém mais desinformado destas lides religiosas poderia estranhar um clerical passar uma vida inteira sem urinar, e quem sabe algumas mentes mais abertas às fantasias religiosas poderiam considerar uma plausível miraculosa acção divina de esvaziamento de bexigas sem pingas no tampo da sanita.

Entre 1545 e 1563 realizou-se o concílio de Trento, que voltou a definir o celibato como uma lei inerente ao exercício da profissão clerical. Muito se poderia extrair e divagar sobre este conceito antinatural que atormenta as libidos de tantas sotainas, e que posteriormente se poderá declarar como desarranjo mental grave, que associado à religiosidade poderá obter contornos bastante explosivos, como violações e pedofilia. Mas tal não é necessário dissecar, pois o escrito se foca essencialmente no incumprimento de tais regras.

Deduzindo que ninguém terá obrigado debaixo de armas o padre Francisco Costa a enveredar pela lucrativa e socialmente vantajosa carreira clerical, extraímos uma das mais puras e excelsas hipocrisias católicas. O clerical referido anteriormente foi o maior progenitor português. Para quem queria seguir os caminhos da religião católica, é interessante descobrir como os trilhos da religiosidade são percorridos inversamente pelos seus mentores. Enquanto inocentes eram queimados vivos e sujeitos às piores torturas imaginadas exclusivamente pelas mesmas sotainas, o encapuçado Francisco Costa deleitava-se com os prazeres terrenos. Quem sabe não iria assistir aos espectáculos católicos flamejantes enquanto descansava de tão extenuantes actividades.

O prior da cidade medieval de Trancoso, conseguiu conceber 275 filhos em 54 incubadoras no século XV. Entre as incubadoras encontravam-se a sua própria mãe, que também não escapou às libertinagens do demente sexual. Para além da sua própria progenitora, na qual gerou 2 filhos, o encapuçado manteve relações sexuais com 29 afilhadas, 9 comadres, 7 amas, 2 escravas, 5 irmãs e uma tia.

O cenário é interessante para conjecturas imensas e numerosas. Perante este cenário, a palavra poligamia torna-se transcendental, assim como as palavras violação e incesto. Não querendo levantar falsas acusações, conjecturava uma situação de paternidade complexa, com a necessidade de memorização de 329 nomes, 329 datas de aniversário e outras explorações da complexidade cerebral em termos improváveis.

Adjectivar estes actos torna-se desnecessário, tão evidentes eles se adjectivam a si mesmos. A justiça medieval foi efectuada em contornos de real repressão à libertinagem do clerical. A justiça impôs-se em grande perseverança e dignificando Portugal e a Igreja Católica em completa condenação da libertinagem da sotaina!

Mas muitas vezes a esmola é grande e o pobre desconfia, tal qual se antecipa uma premonição de que uma condenação de tais actos em tal contexto espácio-temporal seria extremamente improvável. Pois então se confirma a desconfiança, sabendo que tais condenações existiram… No papel…

Do Arquivo Nacional da Torre do Tombo extraímos essa condenação. “Padre Francisco da Costa, prior de Trancoso, de idade de sessenta e dois anos, será degredado de suas ordens e arrastado pelas ruas públicas nos rabos dos cavalos, esquartejado, o seu corpo exposto aos quartos, cabeça e mãos em diferentes distritos, pelo crime que foi arguido e que ele mesmo não contrariou, sendo acusado de ter dormido: com vinte e nove afilhadas e tendo delas noventa e sete filhas e trinta e sete filhos; de cinco irmãs teve dezoito filhas; de nove comadres trinta e oito filhos e dezoito filhas; de sete amas teve vinte e nove filhos e cinco filhas; de duas escravas teve vinte e um filhos e sete filhas; dormiu com uma tia, chamada Ana da Cunha, de quem teve três filhas, da própria mãe teve dois filhos. Total: duzentos e setenta e cinco, sendo cento e quarenta e oito do sexo feminino e cento e vinte e sete do sexo masculino, tendo concebido em cinquenta e quatro mulheres”.

Tal condenação foi perdoada no mesmo ano pelo rei D. João II que ordenou a absolvição do demente. Tal perdão foi associado a uma ainda mais escabrosa conduta, o aplauso e gratificações perante tais actos, com a simples frase: “O padre Francisco Costa contribui para o povoamento da Beira Alta”. Escusado discursar e dissertar sobre imoralidades de tal situação, tais as evidências hediondas que emanam das pérfidas demências religiosas.

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