6 de Agosto, 2016 Carlos Esperança
O fascismo islâmico
Uma das primeiras vitórias e a mais demolidora é o medo que inibe o uso das liberdades que a democracia consagra.
O fascismo islâmico consegue amedrontar primeiro e dominar depois.
Uma das primeiras vitórias e a mais demolidora é o medo que inibe o uso das liberdades que a democracia consagra.
O fascismo islâmico consegue amedrontar primeiro e dominar depois.
Se os dementes confiassem mais na razão do que na fé, escutassem as hormonas em vez dos apelos das madraças, e louvassem a vida em vez de recitarem o Corão, trocariam as 72 virgens por uma só mulher, e um dia de apoteose do amor pela eternidade do estado lastimável em que se apresentam.
Pensar que os muçulmanos são irrecuperáveis é ignorar o percurso dos católicos desde as Cruzadas, a Evangelização e a Inquisição até hoje.
O que mais desejam os terroristas é a repressão indiscriminada contra os muçulmanos para os mobilizar para a ‘guerra contra os infiéis’.
Não podemos fazer-lhes a vontade.
Terrorismo islâmico – A luz ao fundo do túnel
«Cabe-nos, muçulmanos, cumprir as nossas responsabilidades. É necessário fazermos a limpeza porque o que se passa faz-se em nome do islão e dos muçulmanos.»
(Kamel Kabten, reitor da mesquita de Paris, ontem)
É impossível viver em permanente sobressalto, fugir dos espaços públicos e condicionar a autonomia, numa espiral de medo, que deixa vazias as cidades e restringe a liberdade.
A monótona, e cada vez menos espaçada repetição de atos terroristas, provoca o pânico coletivo e amolece a exigência de respeito pelos direitos individuais.
Progressivamente vamos pactuando com a vigilância generalizada no que devia ser a reserva de intimidade, a troco de precária segurança. O ambiente propício à xenofobia e ao racismo está criado, e a democracia não resiste a estados de sítio ou de exceção, que se tornam regra, nem à vigilância musculada de toda uma sociedade.
Sendo notória a origem do terrorismo urge responsabilizar as comunidades onde nasce e obrigá-las a aceitar os costumes e a cultura que as acolhe.
Não podemos ceder a iniciativa à extrema-direita, religiosa ou laica, e à demagogia do populismo. As democracias têm legitimidade para exercer particular vigilância sobre as comunidades de risco e responsabilizá-las pelas suas cumplicidades. É preciso impedir o perigo de quem é fanatizado desde a infância e constrangido nos guetos que habita.
O nacionalismo e a religião não podem justificar os crimes e atenuar as penas. Tal como sucedeu com o álcool e outras drogas, devem deixar de ser atenuantes e passarem a ser motivo de agravamento das penas, por incitamento à violência e aos crimes sectários.
Não gosto de ver degolar padres católicos, a dizer missa, e abomino os repetidos ataques a quem ouve música, passeia ou vai para o trabalho, na demente espiral de violência por um Deus tão estúpido como os seus crentes.
«Estado Islâmico reivindica atentado que feriu 15 pessoas na Alemanha
As autoridades recolheram provas no albergue onde vivia o refugiado | EPA/DANIEL KARMANN
Ataque foi perpetrado por um refugiado sírio, que se fez explodir. Homem gravara no telemóvel um vídeo a jurar lealdade ao ISIS.»
Erdogan já provou que a democracia era, para ele, um mero caminho para conquistar o poder. O fascismo islâmico irrompeu na máxima apoteose após o golpe de Estado cuja preparação, desencadeamento e contenção acompanhou, através da rede islâmica que organizou.
Perante o aplauso dos adeptos e o terror coletivo dos adversários e simples apoiantes da democracia, exerce o poder discricionário. Humilha o poder judicial, reprime os curdos, demite professores, fecha jornais, prende jornalistas, persegue juízes e desmantela todos os poderes que lhe podem cercear a ambição.
Da União Europeia chegam tímidos apelos para respeitar o Estado de Direito, como se fosse sua intenção mantê-lo quando a Nato e as UE o apresentavam como muçulmano moderado. Erdogan é um produto do atual momento histórico que o Islão atravessa, na sequência do fracasso da civilização árabe e do ressentimento por invasões ‘cristãs’, em busca do domínio do petróleo.
Os métodos do Estado Islâmico são a prática interna do ditador que sonha agora com o califado, e não hesita em desafiar os aliados. Ele nunca esteve na Europa das liberdades, esteve sempre com um olho em Meca e outro nas suas ambições.
A Europa tem mais um trágico problema à sua porta.
Não imagino o que pretendiam os militares amotinados, nem faço juízos de valor sobre o golpe de Estado num país cuja democracia serviu a Erdogan para tomar o poder e não mais o largar.
Ele tem o hábito de prender jornalistas e calar os órgãos de comunicação social que lhe fazem oposição. Militares e juízes eram guardiões da laicidade, os primeiros de forma democraticamente inaceitável, mas os segundos legitimados pela separação de poderes e pela Constituição.
Agora passará a ter um exército dócil. O afastamento de 2745 juízes, que dificilmente pode implicar no golpe, revela a determinação de remover todos os obstáculos ao poder absoluto.
O golpe não terá sido inspirado por Erdogan, mas parece. Foi a «dádiva de Deus», que referiu, e dificilmente teria sido organizado sem conhecimento da rede islâmica que o apoia. A cínica frieza com que o aguardou nunca será provada, mas os objetivos dos revoltosos passarão a ser os que ele entender. Os motivos dos amotinados serão os que o sultão quiser. A Turquia estava condenada a um regime autoritário, laico ou confessional.
As liberdades vinham a ser sucessivamente limitadas, com a perseguição de jornalistas e juízes, com a restrição das liberdades individuais e a progressiva reislamização.
A forma rápida e segura como o Sultão chegou ao aeroporto de Istambul revela que os mecanismos do poder estavam controlados.
A UE tem mais um problema. A Turquia é a jangada que se afasta dos valores europeus a caminho das mesquitas, com o poderoso exército da Nato atrás.
Erdogan, permitiu uma rota jihadista de voluntários e armas para a Síria e a organização de células do Estado Islâmico no País. Agora, quando o EI estava a virar-se contra ele, em vez de ser um alvo, pode disputar à Arábia Saudita a sua inspiração e controlo.
O Sultão neo-otomano, liquidado o legado de Atatürk, reforçou condições para reprimir os curdos e os arménios, abolir as liberdades individuais e tentar reinventar o Califado, mas o mais provável é fazer deslizar o País para o caos que devasta o Médio-Oriente.
O islamismo é inimigo da liberdade e da vida.
Para defender os islamitas e os outros há um combate a travar.
A luta contra o islamismo é uma urgência.
O Diário de uns ateus é o blogue de uma comunidade de ateus e ateias portugueses fundadores da Associação Ateísta Portuguesa. O primeiro domínio foi o ateismo.net, que deu origem ao Diário Ateísta, um dos primeiros blogues portugueses. Hoje, este é um espaço de divulgação de opinião e comentário pessoal daqueles que aqui colaboram. Todos os textos publicados neste espaço são da exclusiva responsabilidade dos autores e não representam necessariamente as posições da Associação Ateísta Portuguesa.