«No outro post (aqui) escrevi que a informação numa sequência de elementos, por exemplo uma molécula de ADN, é determinada pelo número de tipos diferentes de elementos e pelo número de elementos na sequência. Isto é verdade para especificar sequências em geral.
Mas se queremos transmitir uma sequência em particular podemos reduzir a quantidade de informação. Por exemplo, o número e, base dos logaritmos naturais, é uma dízima infinita não periódica: 2.718281828459… Mas pode ser especificado como (imagem tirada da wikipedia)
No outro extremo podemos imaginar uma sequência infinita aleatória. Esta só pode ser codificada com uma quantidade infinita de informação, porque não se pode codificar aquela sequência aleatória de forma mais concisa.
Isto revela o antagonismo entre especificidade e informação. Algo que possa ser especificado de forma concisa pode ser codificado com pouca informação, e algo que tem mais informação não pode ser especificado de forma tão concisa. Daí o contra-senso na exigência criacionista. Citando Jónatas Machado:
«O melhor que os evolucionistas conseguem é dizer que a complexidade especificada contida no DNA surge por mutações aleatórias e selecção natural.[…]
As mutações benéficas são raras, não são seleccionáveis e não acrescentam informação complexa e especificada ao genoma.»
Quanto mais especificado menos informação. Por isso é claro que as mutações não podem ao mesmo tempo aumentar a especificidade e a informação. As mutações acrescentam informação precisamente por serem aleatórias e não específicas. O que aumenta a especificidade é a selecção natural, que o faz à custa de reduzir informação eliminando preferencialmente as variantes com menor desempenho na luta pela reprodução.
O problema não está na teoria da evolução, mas na contradição que é o conceito criacionista de informação especificada.
Para saber mais sobre a constante e»
——————————–[Ludwig Krippahl]
Não são os ateus que destroem a Igreja Católica, como o Papa e os bispos nos acusam, atribuindo-nos uma importância que não temos e intenções que nos são alheias.
O ateísmo não faz proselitismo, limita-se a denunciar as mentiras em que as Igrejas se fundamentam, os crimes com que escreveram algumas das páginas mais negras da sua história e a obstinada resistência à democracia e à modernidade.
A ICAR foi a voz do feudalismo quando as transformações económicas e sociais se encarregaram de o liquidar; defendeu o absolutismo monárquico contra o liberalismo, a monarquia contra a república, o nazismo contra a democracia. As posições reaccionárias foram sempre bandeiras dos padres, bispos e Papas, assumidas com particular zelo nos dois últimos pontificados.
Numa sociedade de classes a ICAR quis ser a porta-voz de interesses antagónicos; num mundo que evolui e se transforma quis manter os dogmas e o imobilismo moral e social. Ficou só, num combate em que os jovens fugiram dos seminários e a sociedade entrou em choque com a última teocracia europeia – o Vaticano.
A contracepção, o aborto, o divórcio, a eutanásia, a homossexualidade, a clonagem e, sobretudo, a emancipação da mulher, reduziram a moral católica a um anacronismo que nem os crentes tradicionais estão dispostos a suportar.
E, se o apoio a todas as ditaduras, com excepção das comunistas, não contribuiu para o prestígio do último Estado totalitário da Europa, também o comportamento do seu clero não ajudou o prestígio do seu Deus.
Assim, a ICAR vai morrendo enquanto outras Igrejas, quiçá mais fanáticas, surgem com a violência das suas mentiras apoiadas no poder dos Estados que controlam, numa orgia mística e num desvario de violência e crueldade, como sucede com o fascismo islâmico.
Há-de ser a laicidade a ganhar a inteligência dos homens e a impor o Estado de direito ou serão as religiões a ditar as regras de conduta da Humanidade e a fazer regredir a civilização.
As religiões são incompatíveis com a democracia. A vocação totalitária só lhes permite fingir que se acomodam enquanto as não podem minar. As religiões fogem da liberdade como a ICAR diz do diabo em relação à cruz e os islamitas de Maomé face ao toucinho.
inquérito realizado pela revista USA Today/Gallup:
Se o seu partido nomear um candidato, devidamente qualificado, para as eleições, e que seja ____, votaria nessa pessoa?
Católico: 95% Sim | 4% Não
Negro: 94% Sim | 5% Não
Judeu: 92% Sim | 7% Não
Mulher: 88% Sim | 11% Não
Hispânico: 87% Sim | 12% Não
Mormon: 72% Sim | 24% Não
Casado pela terceira vez: 67% Sim | 30% Não
Com 72 anos de idade: 57% Sim | 42% Não
Homossexual: 55% Sim | 43% Não
Ateu: 45% Sim | 53% Não
e se fosse “uma mulher negra, de 72 anos, homossexual e ateia”? “divorciada”? 🙂
[também no esquerda republicana]
Quando os fregueses não vão à igreja, os pastores vão à procura das almas nos labirintos da pornografia.
O Novo Testamento é omisso quanto à passagem de Jesus por casas pornográficas mas o Diário Ateísta não duvida de que «Jesus Loves Porn Stars», como se lê nas inscrição das bíblias distribuídas nos pavilhões de Las Vegas onde se exibem os filmes hardcore.
Depois de uma noite de sono já estou capaz de abordar isto de uma forma mais séria. E merece, porque ilustra um erro comum de raciocínio, ao qual todos devemos estar atentos.
Imaginem: A Carolina tem 30 anos, é inteligente, extrovertida, e independente. Formou-se em filosofia, sempre se preocupou com questões de justiça social e discriminação e, enquanto estudante, participou em manifestações contra a guerra. Qual destas duas afirmações vos parece mais plausível:
A- A Carolina trabalha ao balcão de um banco.
B- A Carolina trabalha ao balcão de um banco e assume-se como feminista.
A maioria das pessoas escolhe B, mas é fácil ver que está errado. Se B é verdade então A é verdade também, pois B é a conjunção de A com o feminismo assumido. É mais provável que A seja verdade, e por isso A é mais plausível. Esta é a falácia da conjunção: atribuir maior probabilidade à conjunção de proposições que a uma delas (1).
O raciocínio que Jónatas Machado apresentou é outro exemplo:
A- Deus criou Adão e Eva por milagre.
B- Deus criou Adão e Eva por milagre e usou uma costela de Adão para criar Eva.
A conjunção não pode ser mais plausível que uma das proposições isoladamente. É polémico se isto é sempre um raciocínio falacioso ou simplesmente uma interpretação diferente da noção de probabilidade, mas é fácil ver que não se justifica aceitar uma afirmação extraordinária apenas por se apresentar em conjunto com uma mais plausível. Quem não acredita que eu faço milagres não deve mudar de opinião apenas porque acrescento «e gosto de chocolate».
——————————–[Ludwig Krippahl]
Não devia escrever a esta hora. Devia fazê-lo só com calma para poder rever bem o texto antes de publicar. Mas temo que não vá conseguir dormir se não mandar já isto. Aqui está o comentário do Jónatas Machado:
«E, para informação do Ludwig Krippahl, deve dizer-se que Adão recuperou a sua costela. É verdade. O Ludwig devia saber que em caso de acidentes os cirurgiões recorrem todos os dias às costelas para retirar osso (v.g. para reconstrução facial) porque sabem que, mantendo intacto o periosteum, o osso da costela volta a crescer. Essa técnica foi descoverta há poucas décadas. No entanto, Deus utilizou-a para criar Eva, garantindo desse modo que em toda a família humana corre o mesmo sangue. O facto de Deus ter utilizado uma técnica que os modernos cirurgiões utilizam diariamente desde há algumas décadas só atesta a plausibilidade do relato do Génesis.»
Ora bem. Deus pega num pedaço de barro, faz um milagre, e aparece Adão. Manda-lhe um sono profundo, tira-lhe uma costela, e enche o buraco de carne. Duma costelita faz Eva que, presume-se, teria mais que meio palmo de estatura. Outro milagre. Mas perfeitamente plausível porque a costela regenera.
Coitado do Adão. Se Deus escolheu a costela porque a costela regenera sozinha, então fez estes milagres todos mas deixou o desgraçado com dores até recuperar. E se o curou por milagre lá se vai a plausibilidade toda, visto não ser essa uma «técnica que os modernos cirurgiões utilizam diariamente».
E se lá estivesse escrito úmero ou clavícula em vez de costela, será que os evangélicos já iam pensar que era fantasia?
E como é que sabem se Deus removeu o periosteum ou não, e se a costela regenerou? Essa parte não vem na Bíblia.
Há coisas que é o melhor é mesmo acreditar. Se tentamos compreender só dá dor de cabeça. Vou-me é deitar. Boa noite.
——————————–[Ludwig Krippahl]
O Diário de uns ateus é o blogue de uma comunidade de ateus e ateias portugueses fundadores da Associação Ateísta Portuguesa. O primeiro domínio foi o ateismo.net, que deu origem ao Diário Ateísta, um dos primeiros blogues portugueses. Hoje, este é um espaço de divulgação de opinião e comentário pessoal daqueles que aqui colaboram. Todos os textos publicados neste espaço são da exclusiva responsabilidade dos autores e não representam necessariamente as posições da Associação Ateísta Portuguesa.