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Categoria: Não categorizado

12 de Agosto, 2010 Fernandes

Pagando com a mesma moeda

Uma casa de strip-tease no Ohio é perseguida por uma comunidade cristã que faz piquetes, exibe placas, filma quem entra no estabelecimento e coloca online, e até usa megafones, tudo para fechar o estabelecimento.

A casa de diversões, para exercer a atividade em paz, tentou processar a igreja  mas acabou por perder. Não ficaram de braços cruzados.

As strippers resolveram pagar com a mesma moeda. Protestar em frente da igreja. Elas vestem as melhores roupas de “trabalho” e acampam na frente da igreja batista, com pistolas d’água, cadeiras de praia e uma churrasqueira. Elas trazem placas alertando os fiéis sobre os falsos profetas.

 Aqui:  http://www.dispatch.com/live/content/local_news/stories/2010/08/09/of-ire-and-brimstone.html´

11 de Agosto, 2010 Carlos Esperança

Silly Season

Hutton Gibson, pai do actor Mel Gibson, está dando o que falar. Em entrevista para uma rádio nesta segunda-feira, 09, ele atacou a Igreja Católica dizendo que o Papa é gay. O senhor de idade disse ainda que a instituição religiosa está lutando contra o casamento entre pessoas do mesmo sexo porque os religiosos do Vaticano são gays

8 de Agosto, 2010 Carlos Esperança

Carta ao DN sobre as afirmações de um bispo…

… que atira a pedra e esconde a mão.

Exmo. Senhor
– DN Gente –
Avenida Liberdade, 266
1250-149 LISBOA

Exmo. Senhor:

Na sequência da entrevista concedida pelo bispo Carlos Azevedo à jornalista Patrícia Jesus, [DN – Gente, de 31 de Julho de 2010], a Associação Ateísta Portuguesa (AAP) ficou perplexa com as referências feitas a esta associação.

Transcreve-se o último parágrafo: Outro dos seu traços marcantes é a frontalidade. Que às vezes lhe vale a colagem a uma ala mais fundamentalista da Igreja. Recusa o rótulo. “Da primeira vez que a Associação Ateísta se meteu comigo, escrevi-lhes uma carta. Acho que ficaram surpreendidos. Sou frontal mas com uma abertura enorme. Gosto do diálogo, fruto de ter crescido com nove irmãos. E admiro todas as pessoas que são verdadeiras na sua busca.”
Além da referência à Associação Ateísta Portuguesa aparecer como Pilatos no Credo, sem qualquer nexo, a AAP nega que se tenha «metido» alguma vez com o Sr. Bispo e lamenta nunca ter recebido qualquer carta sua. A AAP não pode assim confirmar essa frontalidade e abertura que o Sr. Bispo alega. Também nos foi até agora impossível aproveitar a admiração do Sr. Bispo pelas pessoas que são verdadeiras na busca do diálogo pois, após várias críticas à AAP e ao seu presidente num matutino onde é colunista, jamais aceitou o direito ao contraditório.

Na esperança de termos sido privados da tal carta, apenas por um percalço postal, e de não terem sido publicadas as nossas respostas somente por falta de espaço no matutino onde o Sr. Bispo escreve, pedimos-lhe que revele a data e o conteúdo da carta mencionada e que encete finalmente connosco o diálogo que diz admirar.

Por exemplo, sobre a peregrinação a Fátima organizada a 13 de Maio de 2008 «contra o ateísmo na Europa», comandada pelo cardeal Saraiva Martins, então chefe da Repartição do Vaticano onde se rubricam milagres e criam beatos e santos. Uma peregrinação a favor da fé pareceria mais de acordo com a abertura que o Sr. Bispo apregoa, se bem que, admitimos, uma cruzada contra o ateísmo possa ter toda a frontalidade de uma carga de cavalaria.

Ou sobre as palavras do Sr. Patriarca Policarpo que, no mesmo ano, considerou o ateísmo como o «maior drama da humanidade», maior ainda que a fome, as doenças, as guerras, as catástrofes naturais, a pedofilia e o terrorismo religioso. Seria outro tema digno de diálogo entre pessoas como aquelas que o Sr. Bispo diz admirar, as que são verdadeiras na sua busca.

A AAP reconhece, e defende, o direito do Sr. Bispo de não gostar de ateus e de manifestar o azedume que a associação lhe tem causado, em pouco mais de dois anos de existência, com esta direcção que iniciou o seu segundo mandato em 27 de Março último. Sabemos como reagiu mal, no matutino onde escreve, ao comunicado da AAP sobre a canonização de Nuno Álvares Pereira, que não merecia tal desrespeito, e à denúncia de a ICAR ter transformado em colírio um herói nacional a quem a sua Igreja atribuiu a cura do olho esquerdo da D. Guilhermina de Jesus, queimado com salpicos ferventes de óleo de fritar peixe.
Aceitamos também a frontalidade com que o Sr. Bispo Carlos Azevedo e os seus colegas João Alves e António Marcelino se exprimiram em artigos de opinião, respectivamente no Correio da Manhã, no Diário de Coimbra e no Soberania do Povo, de Águeda, criticando a AAP e o seu presidente. Sabemos que não são imunes à pressão mediática a que a Igreja católica tem sido submetida, pelas piores razões, desde o encobrimento de crimes de pedofilia ao branqueamento de capitais no I.O.R., como documenta o livro «Vaticano, S. A.».

O que a AAP não aceita, por amor à verdade, é a referência a um diálogo que não existiu e a cartas que a AAP não recebeu. Por isso, a AAP gostaria que o Sr. Bispo Carlos Azevedo esclarecesse este mal-entendido, indicando a data e o teor da carta que alega, na entrevista ao DN, ter escrito à AAP, e que demonstre de uma forma mais visível que o diálogo frontal que defende não é apenas um monólogo sem direito de resposta.

Cumprimentos.

Associação Ateísta Portuguesa – Odivelas, 1 de Agosto de 2010

Nota: Esta carta, cuja não publicação compreendemos, por questões de espaço, só hoje é revelada.

4 de Agosto, 2010 Eduardo Costa Dias

Quem quer “papar” missas paga!

Como notícia a AFP, durante a visita em Setembro ao Reino Unido as missas celebradas pelo papa serão pagas e, tendo em linha de conta a sua duração e os gadegts extras, o seu preço variará entre os 12 e os 30 euros. De todas as missas, a mais cara será a de Birmingham, durante a qual será beatificado o cardeal John Henry Newman ; foram postos à venda 70.00 bilhetes de 25 Libras (30 euros).

4 de Agosto, 2010 Carlos Esperança

Uns vão ao Zoo, outros ao Vaticano

Milhares de acólitos europeus com o Papa

Bento XVI sublinha ambiente de festa no Vaticano com a presença de 60 mil participantes em peregrinação internacional

Bento XVI manifestou esta Quarta-feira a sua “alegria” com a presença no Vaticano dos cerca de 60 mil participantes na peregrinação internacional de acólitos promovida pela associação Coetus Internationalis Ministrantium (CIM).

31 de Julho, 2010 Ludwig Krippahl

Treta da semana: a assistente da Dra.

No preçário do Centro Maria Helena podemos ver o preço para as consultas «Presenciais com a Dra. Maria Helena», 110€, e as consultas «Presenciais com a Assistente da Dra.», só 55 € (1). A Maria Helena é “Dra” porque tem uma licenciatura em sociologia e, na mesma página, está escrito que «Todos os serviços são prestados por técnicos licenciados em Universidades Portuguesas». Por isso a “Assistente da Dra” deve ser tão “Dra” como a própria “Dra”. Faz-me lembrar a Susaninha, a amiga da Mafalda, que queria ter um filho médico para ser a dona Susaninha mãe do senhor doutor filho da dona Susaninha.

A Maria Helena dá também informação acerca dos anjos (2). Infelizmente, faltou descrever o processo de investigação que permitiu apurar quais são os Serafins, Querubins e afins, ou o que fazem. A lista não menciona Izual, o que até se compreende, mas – falha grave – também omite Tyrael, que ajudou os Horadrim num momento tão terrível da História. E é curioso que Mumaiah esteja tanto na categoria dos Anjos como na dos Arcanjos. Não sei se terá sido uma promoção rápida durante a elaboração do documento ou mera falta de imaginação.

O triste é haver quem paga para ouvir a “Dra” e a “Assistente da Dra” dissertar sobre estes disparates. E pagam porque estão convencidos que isto é verdade, que esta gente vê o futuro nas cartas ou nas posições das estrelas, que sabe o nome do anjo da guarda em função do signo e assim por diante. É um abuso indecente da confiança e credulidade destas vítimas.

O que me traz à distinção entre “crentes sofisticados” e “não sofisticados”, feita por crentes que se consideram entre os primeiros e que assim evitam ter de fundamentar pela religião as práticas religiosas da maioria. São pouco sofisticados, está-se a ver, não importa. E, pelos vistos nem sequer importa esclarecê-los. O Diogo Ramalho explica porque é que os crentes “sofisticados” não tentam educar os restantes:

«Por exemplo: eu não acho que o ir de joelhos até Fátima vá levar a que algum milagre médico ocorra. Mas quando vejo pessoas a praticarem estas formas de espiritualidade o que me parece é que elas têm sentimentos profundos de relação com Deus e que aquela é a melhor forma de que dispõe para manifestarem esses sentimentos.»(3)

Não é só ir de joelhos. É pagar ao padre para dizer o nome do falecido marido durante a missa julgando encurtar a sua estadia no purgatório. É pagar pernas e braços de cera cuja queima se crê tornar mais eficazes os milagres da virgem. É dar ouro, jóias e dinheiro à Igreja para purificar a alma ou obter favores sobrenaturais. É muita coisa que, sob o rótulo de “espiritualidade”, acaba por ser o mesmo que a Maria Helena faz aos seus clientes.

Dizem que a Igreja é diferente porque não exige dinheiro, que as pessoas dão porque querem. Mas quem paga consultas de astrologia também dá dinheiro porque quer, esse truque do pagamento voluntário é também usado por Mamadus de toda a espécie e o próprio santuário de Fátima tem um preçário (4). Por exemplo, no baptizado cobra-se 35€ de Taxa do Santuário mais 17,5€ de Taxa da Câmara Eclesiástica de Leiria. Para um serviço que, na prática, equivale a uma carta astrológica ou à invocação do anjo da guarda.

O Diogo Ramalho admite que não explicar aos crentes menos sofisticados que Deus não quer jóias, dinheiro ou que se arrastem de joelhos «Pode parecer grotesco, antiquado ou mesmo errado aos sofisticados mas estes remetem-se a um respeito pela solução que o não-sofisticado encontra de viver a força do seu sentimento religioso.» Antiquado não me parece que seja. Pelo que vejo, está sempre na moda levar o dinheiro das pessoas aproveitando o “respeito” pelo seu “sentimento religioso”. E não diria que é grotesco porque é mais trágico do que ridículo. Mas errado, é. E indecente, e imoral.

Deixam que aquela gente se arraste e dê as suas poupanças na esperança de comprar milagres, metem o dinheiro ao bolso e capitalizam a publicidade que lhes traz esses sacrifícios. Até encorajam estas coisas ensinando que é uma virtude peregrinar e dar dinheiro à Igreja. Mas dizem que estas são expressões “menos sofisticadas” de quem julga, enganado, que pode comprar favores divinos.

A Maria Helena ainda pode ser que esteja tão iludida quanto os seus clientes e os engane apenas por negligência, por não ter tido o cuidado de verificar se lhes vende algo eficaz em vez de placebo. A ela posso dar o benefício da dúvida, mesmo que o benefício tenha de ser grande por a dúvida ser tão pequena. Mas a Igreja Católica, e a sua hierarquia de crentes sofisticados, admite perpetrar o pior tipo de embuste por beneficiar da credulidade dos que considera menos sofisticados, sabendo que estes acreditam em falsidades e não fazendo nada para os esclarecer. E ainda têm a lata de dizer que é por respeito que recebem o dinheiro dos pobres e o sacrifício dos enfermos.

1- Centro Maria Helena, Tabela de Preços
2- Centro Maria Helena, Hierarquias Angelicais
3- Comentários em Agora é por ser blasfémia….
4- Santuário de Fátima, SEPALI – Serviço Pastoral Litúrgica

Em simultâneo no Que Treta!

30 de Julho, 2010 Fernandes

Monita Secreta

Os Jesuítas andam à solta! Era o que gritavam delirantemente absolutistas e liberais desde o Marquês de Pombal até à primeira República sempre que queriam identificar as causas do atraso nacional e as razões da dificuldade do país acertar o passo com o progresso.

Monita Secreta – Instruções Secretas, foi dos libelos mais significativos e mais publicitados no âmbito do larguíssimo conjunto de peças de polémica antijesuítica. Este catecismo secreto reforçou muito a aparelhagem argumentativa para o combate ao jesuitismo e a tudo o que ele representava. Quem poderia pensar , efectivamente, que um libelo redigido no início do século XVII por um obscuro pároco polaco, que se queria vingar da Companhia de Jesus, conheceria uma tal difusão até ao nosso século, e que seria traduzido em múltiplas línguas? Esse sucesso só pode ser comparado ao dos Protocolos de Sião, escritos no final do século XIX por um departamento da polícia czarista.

A “Allgemeine Deutsche Bibliothek”, revista principal da Aufklarung na Alemanha, costumava publicar recensões de obras contemporâneas relacionadas com toda a área do saber, para elucidar os seus leitores esclarecidos. Em 1738, esta revista dedica um pequeno artigo a um livro intitulado, Monita Secreta patrum Societatis Lesu nunc primum typis expressa ( Instruções secretas dos Padres de Jesus, impressas agora pela primeira vez) e a sua tradução alemã que tinha sido publicada em 1782. Este livro era extremamente raro, segundo dizia o jornalista, já que os Jesuítas compravam todos os exemplares disponíveis desta obra. Apesar da condenação episcopal e da proibição de Roma, os Monita Secreta espalham-se logo por toda a Europa. Com efeito, estas “Instruções Secretas” foram abundantemente divulgadas no período do liberalismo português.

Que diziam as instruções? 

– Para se tornarem agradáveis aos vizinhos do lugar, muito importa explicar-lhes o objectivo da Companhia prescrito na Regra, onde se diz que a companhia se dedica com empenho e dedicação à salvação do próximo.

– Ao princípio, devemos evitar a compra de propriedades; mas se comprarem algumas, bem situadas, façam-no por empréstimo em nome de amigos fiéis e secretos. E para que a nossa pobreza se veja melhor, o Provincial atribua a colégios afastados os bens que são vizinhos[…] para que os príncipes e magistrados nunca tenham conhecimento exacto dos rendimentos da Companhia.

– Devemos fazer os maiores esforços para captar a atenção e o ânimo dos príncipes e das pessoas importantes[…] a fim de que ninguém se levante contra nós.

– Para ganhar o espírito dos príncipes, será útil que os nossos, habilmente, e por terceiras pessoas, se insinuem para os representarem em embaixadas honoríficas e favoráveis nas cortes de outros príncipes ou reis […] pelo que não devem ser destinadas a essas funções senão pessoas muito zelosas e experientes do nosso Instituto.

– A experiência tem-nos mostrado quanta vantagem a Companhia tem tirado em negociar casamentos entre príncipes […] por isso sejam propostos […] amigos ou familiares dos parentes e dos amigos dos nossos.

– Devem-se tornar participantes de todos os méritos da Companhia […] todos aqueles que podem favorecer extraordinariamente a companhia, mostrando-lhes a importância desse privilégio.

– Visitem as viúvas e assim que elas mostrem alguma afeição à companhia […] que elas se ocupem em ornamentar alguma capela ou oratório […] deve-se-lhe apresentar as vantagens do estado de viuvez e os incómodos do casamento repetido […] Deverá encaminhar-se a viúva para a prática de obras meritórias.

– Para obter a disposição dos rendimentos, que uma viúva possui, em benefício da Companhia, ser-lhe-á encarecida a perfeição do estado dos santos homens, que tendo renunciado ao mundo,[…] se puseram ao serviço de Deus com grande resignação e alegria de espírito. […] mostre-se repetidas vezes àquelas que são ligadas às esmolas e a ornamentação das igrejas, que a soberana perfeição consiste em despojarem-se do amor das coisas terrenas, fazendo seus possuidores o próprio Cristo […] deve-se-lhe aconselhar e louvar o uso dos sacramentos, em especial o da Penitência […] logo que se tenha a certeza de que está decidida a ficar viúva, deve-se recomendar-lhe a vida espiritual, como foi a de Paula e Eustáquio.

– As mães, quando as filhas já forem mulherzinhas […] devem mostrar-lhes insistentemente as dificuldades que são comuns a todas no casamento […] convém que procedam sempre de modo que sobretudo as filhas […] pensem ser religiosas.

– Os nossos devem conversar amavelmente com os filhos e, se estes se mostrarem aptos para a Companhia, devem-nos introduzir oportunamente no colégio

– Não será pequena a vantagem, alimentarem-se, secretamente e com prudência, divisões entre os grandes e os príncipes.

– Deve-se, por todos os modos, persuadir o povo e os grandes, que a Companhia foi estabelecida por uma particular providência divina, de acordo com as professias do Abade Joaquim para exaltar a igreja humilhada pelos hereges.

    *Eduardo Franco, José. Vogel, Christine. – Monita Secreta. Instruções Secretas dos Jesuítas – História de um Manual Conspiracionista. – Roma Editora.
29 de Julho, 2010 Eduardo Costa Dias

“Erro técnico” não, costume bárbaro sim!

Segundo o Expresso online, “após ser submerso três vezes na pia baptismal, um bebé de acabou por morrer com problemas respiratórios. O padre responsável pelo ritual de baptismo, que teve lugar na Moldávia, está a ser investigado pela polícia (…) Relatos de quem estava na igreja, em Chisinau, contam que minutos depois do ritual o bebé começou a espumar da boca e a deitar sangue do nariz, acabando por falecer a caminho do hospital (…) A equipa médica que assistiu a criança encontrou água nos pulmões, diagnosticando morte por afogamento (…) O religioso nega as acusações e alega ter obedecido aos cânones religiosos das cerimónias de baptismo(…)”

29 de Julho, 2010 Fernandes

Jesus Lava Mais Branco

– A Igreja teve lições de marketing?

– “Estamos a brincar? Quanto a lições, a Igreja só pode dá-las. As empresas mortificam os homens medindo a sua produção, enquanto nós sabemos valorizá-los. O marketing? Foi Jesus que o começou há dois mil anos”.

Monsenhor Ernesto Vecchi, – 2 de Outubro de 1997.

É extraordinário como a humanidade consegue não aprender nada com a história. Não me refiro, claro está, aos fariseus em cujo comportamento aplicam velhas regras e, mesmo que sejam inventadas outras novas, adoptam-nas fingindo hipocritamente uma fé que não possuem, mas às pessoas de boa fé, vítimas destes. Quando uma religião assenta o seu discurso no irresistível fascínio da promessa de vida para além da morte: o marketing aparece, e até o templo dos vendedores acaba por ser vendido pelos mercadores do templo.

O primeiro passo é criar uma mercadoria que esteja à disposição de todos, aliada a uma aquisição epontânea na base das próprias necessidades que se fazem emergir artificialmente. Basta fazer crer ao público alvo que tem necessidade do produto para que o ciclo de consumo, inicie o seu caminho. Se isto não é um milagre da fé, é certamente um milagre económico.

O marketing, segundo os seus autores, é uma guerra, e para alcançar sucesso é preciso criar a perturbação psicológica no público alvo. Para isso, nada melhor que o “sentido de obrigação” e o “sentido de culpa” a ele associado. A Igreja não poderia descuidar um instrumento de persuasão de tal amplitude.

De facto ainda hoje no agressivo mercado dos detergentes, tanto se usa a informação sobre as características do produto como simultaneamente se instala naqueles que ainda não o escolheram, doses maciças de “social embarrassement”, ou o sentido de culpa pela possibilidade de parecerem os mais sujos e mal cheirosos na vida social. Não se limitam a transmitir a “boa nova”, mas também difundir um sentimento de culpa para conseguir recrutar os inseguros e ignorantes.

Jesus estendeu a graça, quer a quem pecou, quer a quem ainda não pecou (nunca se sabe). Deste modo os “consumidores” dirigir-se-ão à “Marca”, seguros de poderem utilizar o crédito e de o poderem renovar através da confissão. Quem se pode queixar de um serviço assim? A “consumer satisfaction” está garantida. Milhões de pecadores só esperam ser perdoados para poderem continuar a pecar.

Para atrair clientes e fundamentar a sua “fidelização”, exigem as mais elementares regras do marketing que se adopte um símbolo.

A cruz foi o escolhido. Na época da adopção deste sinal, o mesmo “product manager” que inventou a marca estava perfeitamente consciente que aquele símbolo “era escândalo para os Judeus e loucura para os pagãos” (1 Cor 1, 23). Mas o instrumento de morte é agora reproduzido como “tradmark” transformado em jóia unissexo que se aloja entre os seios das senhoras ou pendura nos muros dos asilos e escolas. A pergunta fica: que “gadget” traríamos hoje connosco, se Jesus tivesse sido enforcado ou decapitado?

O processo de criação de uma marca, permite atribuir ao produto qualidades que não lhe pertencem. Para que estas qualidades se possam “instalar”, devem ser constante e regularmente repetidas. Garantidas por testemunhas que darão reputação e funcionam como “crédito de confiança”. Habituar a clientela a frequentar regularmente o ponto de venda, criando uma ligação emocional entre os lugar e os próprios utentes, é o sonho de qualquer estratega de marketing que a Igreja conseguiu realizar.

Com a “sagrada escritura” nascia um poderoso instrumento monodireccional e absolutista, como para nós é hoje a televisão. Adquiriram um carácter sagrado todas as palavras derivadas dela, as suas interpretações e até os seus intérpretes. “Benditos sejam aqueles que crêem mesmo não tendo visto” (Gv 20, 29). Uma estratégia infalível.

Podemos engarrafar água desta nascente escrevendo no rótulo que é natural, mas não devemos esquecer que era natural mesmo antes de ser engarrafada e distribuída segundo as estratégias de marketing. Podemos confundir os nossos semelhantes escrevendo que esta água é a água por antonomásia, ou que “sacia mais do que a água”, mas continuará a ser sempre pura e simplesmente água, duas partes de hidrogénio e uma de oxigénio, vulgarmente conhecida na natureza. Antes que a humanidade compreenda este facto tão simples, muita água deverá passar por baixo das pontes.

Fonte: Ballardini, Bruno. – Jesus Lava Mais Branco.

25 de Julho, 2010 Ludwig Krippahl

Treta da semana: vinte porcento.

Tenho lido algumas críticas à sugestão do Carlos Azevedo, o bispo auxiliar de Lisboa, para que os políticos cristãos contribuam 20% do seu ordenado para um fundo social. Há quem o acuse de demagogia, populismo ou até de hipocrisia. Não digam isso, coitado do homem. A ideia dele é boa. Contribuir uma parte do ordenado para um fundo comum de onde se financia aquilo de que todos precisam é uma excelente prática.

É verdade que não é novidade nenhuma para a maioria de nós, e quem ganhar mais que 600€ por mês já paga 23,5% só de IRS, sem contar com o resto. Os 20% do Carlos Azevedo são uma estimativa modesta. Mas penso que não se deve criticar tanto o bispo auxiliar porque ele é um dos poucos adultos portugueses que é inocente em matéria de impostos. Falta-lhe a nossa prática nisto. Há duas coisas que quase todos reconhecemos como inevitáveis; o fisco e a morte. De uma dessas os padres só dão promessas vagas de salvação, mas da outra estão bem protegidos.

Carlos Azevedo pede este dinheiro aos políticos católicos «para um fundo que vai ser criado junto da Caritas para atender às situações mais criticas e que serão veiculadas através das paróquias»(1). Ou seja, para os católicos darem dinheiro à Igreja Católica para ajudar outros católicos. Mais uma vez, é uma boa ideia. Mas, talvez pela falta de prática com isto dos impostos e por ter passado uma vida a julgar que justiça social é dar esmola aos pobrezinhos, falta ao bispo auxiliar uma visão mais abrangente do problema.

A crise não é por os políticos católicos não darem dinheiro à igreja do bispo (auxiliar). A crise é, em boa parte, por não conseguirmos pagar a educação, infraestrutura, saúde, segurança, administração e outros serviços dos quais o país precisa. Não cada um de nós, individualmente, mas todos em conjunto. E com isso vamos afundando o país em dívidas. A sopa dos pobres, no meio disto, é uma fatia mais pequena do que as tolerâncias de ponto há uns meses atrás.

Por isso aqui vai a minha contra-proposta para o bispo auxiliar. A ver o que ele acha. Em vez desse tal «testemunho de modo voluntário» que pede aos políticos católicos, de mais uma esmola para a Igreja distribuir pelos pobres que julgue merecer, proponho que todos façamos a nossa parte. Todos. E não é só 20%. Eu, contando com IRS, CGA e o resto, já vou nos 35%. Não peço mais ao senhor bispo auxiliar nem à sua Igreja, mesmo que não tenham filhos para criar. 35% dos vossos ordenados e do negócio da fé já era uma ajuda para o país.

E mesmo os padres que já dêem parte do seu salário à Igreja Católica deviam pensar neste problema de forma mais abrangente. Não é para os fundos desta ou daquela organização que devemos contribuir, que os fundos sociais não devem ser de uma religião, clube ou empresa. Devemos contribuir, por justiça e não por pena ou caridade, para o fundo que é de todos.

Já agora, um conselho. A Igreja Católica tem tido algumas dificuldades em preservar a sua imagem, metendo o pé na boca em quase todas as oportunidades. Para contrariar essa tendência sugiro que, em tempo de crise, foquem mais em tentar contribuir e menos em pedir dinheiro.

1- RTP, Igreja pede parte dos vencimentos aos políticos católicos, via este post do Carlos Esperança.

Em simultâneo no Que Treta!