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15 de Fevereiro, 2012 José Moreira

Estamos tramados…

Governo prepara encurtamento da Páscoa:

Jesus  Cristo morre crucificado e ressuscita no mesmo dia

Depois de ter acabado com o Corpo de Deus, 15 de Agosto, 5 de Outubro, 1 de Dezembro e de não ter dado tolerância de ponto aos funcionários públicos no Carnaval, Passos Coelho prepara uma pequena alteração ao ano litúrgico, nomeadamente a Semana Santa, de forma a obter uma versão da Páscoa mais adaptada a um país que quer ser mais competitivo.

“A Última Ceia a uma quinta-feira é coisa de garoto mimado e irresponsável que chula os pais e o Estado. Acabou-se a Sexta-Feira Santa e a Última Ceia passa a lanche ajantarado no sábado até às 23 horas, no máximo. Domingo de Páscoa passa a ser o dia do julgamento, paixão, crucificação, morte, sepultura e ressurreição. Também Jesus Cristo tem de deixar de ser piegas!”, revelou Passos Coelho.

15 de Fevereiro, 2012 Carlos Esperança

A teocracia é vitalícia mas há antídotos…

O porta-voz do Vaticano, padre Federico Lombardi, evitou comentar a hipótese de uma demissão do papa Bento XVI, lançada ontem pelo bispo emérito de Ivrea, monsenhor Luigi Bettazzi.

“Não há nada sério e nada a dizer”, afirmou o porta-voz nesta terça-feira, durante uma coletiva de imprensa.

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15 de Fevereiro, 2012 Carlos Esperança

Escândalos no Vaticano são fogo que nunca apaga

O Vaticano está vivendo sua própria versão de escândalo WikiLeaks, que atingiu em cheio a diplomacia dos Estados Unidos, afirmou o porta-voz Federico Lombardi, frente a recentes vazamentos na imprensa italiana.

Vários jornais publicaram cartas de um delator denunciando casos de corrupção no Vaticano, assim como acusando o banco do Vaticano de falhar na implantação de leis contra lavagem de dinheiro.

12 de Fevereiro, 2012 Ludwig Krippahl

Treta da semana: a burocracia do sobrenatural.

Há duas semanas, o Patriarcado de Lisboa publicou a norma pastoral para os Sacramentais e as Exéquias cristãs. Isto porque a «unidade fecunda entre a lex agendi e a lex credendi» por vezes «fica comprometida pelos que, a pretexto da eficácia pastoral, desprezam as normas que regulamentam as celebrações da Igreja»(1). Por muito que seja o ganho na “eficácia pastoral”, defende o documento, não se deve desprezar os regulamentos por se pôr em causa a “eficácia sacramental”. Esta norma interessou-me não só por regular exorcismos e orações de cura, temas importantes no diálogo com quem alega que catolicismo não é superstição, mas também por isto da eficácia. Fiquei com curiosidade de saber como mediram a eficácia pastoral e sacramental para determinar que o aumento de uma diminui a outra. Infelizmente, da eficácia apenas dizem provir do «mistério pascal da paixão, morte e ressurreição de Cristo» e não esclarecem como apuraram a sua magnitude e origem. No entanto, as partes sobre as orações e os exorcismos compensaram o tempo investido na leitura do documento.

Na página 4, aprendi que «a realização das celebrações litúrgicas com o fim de obter de Deus a cura [exige] a licença explicita do Bispo diocesano e requer, para a realização de orações não litúrgicas com o mesmo fim, a vigilância do mesmo Bispo». O catolicismo é muito atreito a mistérios, e é sem dúvida misterioso como um deus todo poderoso, criador do universo e que nos ama a todos, só aceita liturgias a pedir a cura se vierem com o carimbo do senhor Bispo. Um mistério tão misterioso como este, a par de outros como o Mistério da Fé, o Mistério da Salvação e o Mistério da Ressurreição, merece com certeza um nome. Eu proponho Mistério do Tacho.

Mas a parte melhor é a que regulamenta a prática de expulsar o demo, mafarrico ou, como é referido no texto, o “Maligno”, que, salientam, «Não se trata de uma ficção da inteligência para racionalizar o Mal […]. O Maligno é criatura que por desobediência e inveja, não só perdeu a sua bondade como fez entrar no mundo o mal e a morte.» Não explicam o que teria levado Deus a criar um ser tão pérfido e, pior ainda, a dar-lhe tanto poder. É outro Mistério. O Mistério do oops, desculpem lá, nem sei onde tinha a cabeça nesse dia.

Adverte a norma que «A pessoa que se diz atormentada pelo demónio pode estar a sofrer apenas de alguma doença, especialmente psíquica, ou a ser iludida pela própria imaginação. […] Mas também há que estar atento, para se não deixar iludir pelas artes e fraudes que o diabo utiliza para enganar o homem, de modo a persuadir o possesso a não se submeter ao exorcismo, sugerindo-lhe que a sua enfermidade é apenas natural ou do foro médico». Para ajudar o exorcista na difícil tarefa de distinguir entre maluqueira, parvoíce, disparate ou Possessão Demoníaca®, a norma enumera uma série de critérios. Isto parece-me um erro grave. Deve o sacerdote certificar-se de que os males não são atribuídos pela vítima a má sorte ou maldição, que não se agravaram na sequência de consultas a «feiticeiros ou pretensos exorcistas», que os afectados não sofreram traumas e que não se sintam tentados a abandonar a prática religiosa. Caso se verifique alguma destas condições, o ministro da Igreja deve prestar auxílio espiritual «mas de modo algum [recorrer] ao exorcismo». Ora, sendo Satanás exímio nestas coisas, facilmente aproveitará este buraco procedimental acossando pessoas supersticiosas ou traumatizadas, ou tentando as vítimas com mais umas horas de sono nas manhãs de Domingo. Assim, facilmente se safa de ter de abanar a cama, projectar vómito, torcer o pescoço ou o que raio faz quando confrontado por um exorcista. Eu propunha que o sacerdote simplesmente perguntasse a Deus se o aflito sofre um ataque do Maligno, se tem pancada ou se porventura é afligido por outra entidade sobrenatural. O gato das botas ou o Saci-pererê, por exemplo. Se é para inventar, ao menos não compliquem.

E também o combate contra o Maligno está sujeito à burocracia eclesiástica. Em cada freguesia onde exorcise, o exorcista precisa do papelinho próprio. «Segundo o cân. 1172- §1 ninguém pode legitimamente exorcizar os possessos, a não ser com licença especial e expressa do Ordinário do lugar [… e sempre] sob a orientação do Bispo diocesano uma vez que é a ele que pertence, no âmbito da sua Diocese, o ordenamento da sagrada Liturgia». Ou, como diria Eric Cartman, “Respect my authoritah!”

Por coincidência (ou providência divina, quem sabe), depois de ter começado a escrever isto descobri no Companhia dos Filósofos um post do Pedro Ferreira da Silva onde se lê «Jesus quis curar o leproso. Tal como ele, procuremos pedir a Jesus que nos cure.»(2) Sim, mas só com o papelinho do Bispo. Sem papelinho, não há cura. E se quiserem mandar demónios para os porcos tem de ser em triplicado e com o selo branco da paróquia. Senão ninguém se entende.

1- Documento disponível em Normas Pastorais para a celebração dos Sacramentais e Exéquias Cristãs, via o Patriarcado de Lisboa, a agência Ecclesia e o Ricardo Alves no Facebook.

2- Pedro Ferreira da Silva «Se quiseres, podes curar-me»

Em simultâneo no Que Treta!.

11 de Fevereiro, 2012 Luís Grave Rodrigues

Cuidado!

4 de Fevereiro, 2012 José Moreira

Ele ‘grama’ a gente…

Ontem, um canal de televisão transmitia uma reportagem sobre o voluntariado em pediatria oncológica. Porque o assunto me toca pessoalmente, não deixei de assistir. Não deixei de assistir ao sofrimento das crianças, demasiado novas e inocentes para usufruírem do maravilhoso “livre-arbítrio” que, misericordiosamente, Deus nos concedeu.

Na verdade nós, adultos, podemos, perfeita e livremente, contribuir para a existência de cancro; seja fumando, seja bebendo, seja fazendo ambas as coisas e outras mais. Mas as crianças, Senhor?

Não pude evitar de me perguntar: que raio de Deus é este, cheio de amor e bondade, que permite que crianças sofram daquela maneira, ao ponto de, muitas delas, chegarem a adultos – as que chegam – sem terem tido tempo de viver a infância na sua maravilhosa plenitude?

Já sei, já conheço a cassete: Deus não intervém nas coisas terrenas.  Não sei se algum crente me vai responder dessa forma;    e é bom que não o faça, para não me obrigar a perguntar: “Então, temos de concluir que os milagres apregoados pela ICAR são fraudes?”  Nada que não se saiba, naturalmente, mas convém, sempre, lembrar. Porque Deus deu-nos o livre arbítrio, seja lá isso o que for. Ai sim? E o que é que as crianças têm a ver com o livre-arbítrio? Porque as crianças pagam pelos erros dos pais. Pois… até aí já eu tinha percebido, já vem desde o Génesis. Mas para um deus de amor e bondade, não está nada mal, não senhores. Aliás, apetece perguntar: para que serve um deus que não intervém, que não olha pelos seus filhos, que não os protege? Em qualquer país civilizado, pouco civilizado que seja, um pai ou uma mãe que não proteja os seus filhos é punido social e/ou criminalmente.  Um dia, na Dinamarca que, na minha óptica, pertence ao grupo dos países civilizados, vi que uma criança fazia um berreiro desalmado e atirava-se para o chão, porque não lhe apetecia acompanhar o pai. Uma birra das antigas e que eu pensava terem caído em desuso. Um companheiro de viagem comentou, com um o guia, que em Portugal aquela cena já teria sido resolvida com dois açoites bem assentes no rabo do puto malcriado. “Nem pensar!” respondeu-lhe o guia; “O pai não está disposto a ter chatices com polícia e tribunal”.

Pois… Perante a reportagem de ontem, apetece-me perguntar: Se Jeová existisse, não seria uma boa altura para uma queixa formal ao Ministério Público?

O que vale, é que o gajo não existe…

 

Em simultâneo no “À Moda do Porto“.

3 de Fevereiro, 2012 Carlos Esperança

A ICAR e as excomunhões

Durante séculos os frades falsificaram os evangelhos, obras literárias usadas no negócio da fé, sempre com a atribuição a um autor imaginário que designaram por Deus.

Os crentes, por mais respeito que mereçam – e merecem –, não podem ser abandonados às crenças ridículas e às fraudes com que os funcionários de Deus procuram embrutecê-los.

Se é verdade que nunca a justiça, ou seja, o seu simulacro foi levado tão longe na abjeta crueldade, como na Inquisição, também é verdade que as sentenças pias se destacaram pelo ridículo.

Retiro de «Leituras Escolares, pág. 100», de José Nunes da Graça, alguns divertidos exemplos de excomunhões e crueldades que tiveram por vítimas réus cuja inteligência era inferior à dos juízes e, talvez por isso, incapazes de semelhantes crueldades:

– Em 1120, o bispo de Leon excomungou as toupeiras e os lagartos;

– Em 1394 foi enforcado numa paróquia italiana, um porco, por ter matado uma criança;

– Em 1488, alguns vigários do Este da França ordenam aos curas das freguesias circunvizinhas que notifiquem aos gorgulhos que deixem de fazer estragos durante os ofícios e procissões, sob pena de excomunhão;

– Em 1499, foi um touro condenado à forca, na abadia de Beaupré, por ter matado um mancebo;

– Em princípios do século XVI, também em Milière, foi proferida uma sentença contra os gorgulhos e os gafanhotos;

Em 1654, o bispo de Lausanne, excomungou as sanguessugas, por destruírem os peixes.

Os pios juízes não eram santas bestas porque não está provada a santidade.