Quando tudo parecia estar de acordo, eis que um cientista vem dizer que essa coisa de ter havido várias espécies de “Homo” talvez não seja bem assim. Para confirmar a sua teoria, apresenta-nos o “crânio 5”, que diz ter a linda idade de cerca de 1,8 milhões de anos.
Ora bem, nós sabemos como é a Ciência: hoje dizem uma coisa, amanhã dizem outra, nunca têm a certeza de nada, estes cientistas. Por isso é que nunca mais saímos do sítio. Ainda andam à procura da data do aparecimento do Homem.
Deixem-me, pois, dar uma ajuda: o Homem apareceu há cerca de 6013 anos, mais centímetro menos quilómetro, umas gerações antes da Idade do Ferro. E não é preciso consultar a Wikipédia, basta ler a Bíblia, mais exactamente Génesis 4.22: E Zilá também deu à luz Tubalcaim, mestre de toda a obra de de cobre e ferro. É só fazer as contas.
O problema é que os cientistas não lêem a Bíblia, e ficam-se ali a estudar, a estudar, quando está tudo explicado.
A religião é uma coisa boa, não é?
Qualquer papa que se preze, logo que passa para as mãos do defunteiro só tem uma preocupação: tratar de obrar o maior número possível de milagres, para ser promovido a santo ou, será preferível dizer, a ressanto, uma vez que santo já ele é enquanto respira. Trata-se, pois, de uma redundância.
Compreende-se. Por via de regra, agarram-se ao poder com tal gana, que quando deixam a profissão é para se entregarem nas defunteiras mãos.
A confirmar o que escrevo o papa F1, o Chico para os amigos, acaba de anunciar não um, mas dois futuros santos: o ex-papa JP2 e o também ex-papa J23. Ambos ex-vivos, como não podia deixar de ser.
Felizmente, a História legou-nos uma excepção àquilo que tem sido a regra. Joseph Ratzinger ainda está vivo e são. Por isso, não se compreende a falta de sentido de oportunidade que o mesmo manifesta, em oposição à clarividência exibida durante o exercício papal. Então, não seria de aproveitar a oportunidade e desatar já a miracular tudo quanto disso fosse passível? Logo agora, que não tem mais nada que fazer e está a gozar uma merecida reforma? Por que raio está a roubar, urbi et orbi, a suprema felicidade de ser canonizado ainda em vida? Além do mais, seria um estonteante golpe publicitário, que guindaria a ICAR para os lugares cimeiros do ranking das empresas religiosas. Está à espera de quê? De morrer? Mas isso deixa de ser original, não tem piada nenhuma: depois de morto, qualquer papa é canonizado. Em vida é que nunca aconteceu.
Julgo eu…
Numa freguesia da Covilhã, as urnas de voto foram destruídas. Segundo a notícia, a destruição deu-se “depois da missa”.
Querem lá ver que foi o Espírito Santo a fazer mais uma das suas? É sabido que o rapaz tem feito umas asneirolas, tipo engravidar virgens e inspirar papas altamente desaconselháveis a uma estrutura mental estável. Mas não se lhe conheciam intromissões na política… Será que o Pedro Coelho também já conseguiu mandá-lo para a “requalificação”?
Decididamente, as opções religiosas são para respeitar.E para impor, acrescento. Assim, por exemplo, se um cristão decide residir num qualquer país islâmico, tem todo o direito a exigir costeletas de porco, no talho. E caso o talho não tenha costeletas de porco, o cristão tem todo o direito a dirimir, em tribunal, o seu suíno direito. Perdão: o direito ao suíno. E estou convicto de que o tribunal, por mais islâmico-fascista que seja, não deixará de fazer a vontade ao simpático cristão, já que as suas opções religiosas não o proíbem de saborear o suíno artiodáctilo do qual a única parte inaproveitável é o grunhido.
Por isso, e por uma questão de reciprocidade, os islâmicos que residam em países ditos de cultura cristianizada, têm todo o direito a fazer as suas exigências. Foi o caso desta jovem, que, não suficientemente contente por o tribunal a autorizar a ir às aulas de natação em “burquini”, provavelmente vai exigir que todas/os as/os colegas passem a envergar a atraente indumentária, já que o Alcorão proíbe as mulheres não só de exibirem qualquer pedaço de pele que vá além da cara, das mãos e dos pés, como também as proíbe de ver. Ora, a pudibunda jovem recata-se, como manda Maomé, mas a verdade é que vive em pecado, ao visualizar os seus colegas masculinos que, naquela idade, transpiram hormonas por tudo quanto é poro. E a apudorada rapariga, que até passou os oito anos de idade sem ter sido obrigada a casar-se, não pode ser constrangida a ver as insinuadas pendurezas masculinas. Não que, provavelmente, lhe falte vontade; mas o Maomé…
Parece que o tribunal não deu razão à jovem. Lá que se vista de “burquini” para ir nadar, ainda vá que não vá; mas se não quer ver os outros em roupas reduzidas… que feche os olhos. Por seu lado, a jovem já terá uma justificação para, sem deixar de cumprir o islão, conviver alegremente com os púberes companheiros masculinos.
Ele sempre há coisas que nos ajudam a limpar a consciência. E vale a pena contar um caso que se passou comigo, há uns anos. Num congresso internacional, chegou a hora da refeição. Como o dinheiro não abundava, o cardápio consistia em corriqueira costeleta de porco frita com batata e arroz. À minha frente, na mesa corrida, um paquistanês, quando viu o prato aterrar na sua frente, perguntou-me o que era “aquilo”. Porco, respondi. No seu inglês macarrónico, fez-me saber que a sua religião o proibia de comer aquele petisco. Fiz sinal ao empregado que, perante a minha tradução, solicitamente se prontificou a trocar o prato. Regressou, passados poucos minutos, com o que parecia ser outro prato. O paquistanês repetiu a pergunta anteriormente feita, ao que eu respondi: “Vitela”.
Eis, pois, como um simpático islamista comeu uma saborosa e proibida costeleta de porco, sem sombra de pecado.
Moral da história: todo o burro come palha, é preciso é sabê-la dar. Não se poderia aplicar o ditado à rapariguinha?
De acordo com o insuspeito Jornal de Notícias, o Chico vai conceder “indulgência Plenária” a quem participar na peregrinação à Penha (Guimarães) no próximo Domingo. Ainda de acordo com o pio diário, os peregrinos “ficarão sem pecados”.
Não sei porquê, de repente lembrei-me do imperador Constantino, que se fez baptizar à hora da morte para que lhe fossem perdoadas as patifarias que até então tinha cometido, quase a transformar, por comparação, o bando dos Bórgia num coro celestial. E pergunto se os cristãos católicos não terão, agora, a oportunidade para aproveitar estes dias para desbundar, sabido como é que basta, depois, uma passeata até à Penha para que tudo fique em águas de bacalhau.
É fartar, vilanagem!
Só ainda não percebi como é que o Chico vai fazer para saber quem, na verdade, foi à peregrinação. Vai haver controlo de peregrinos? Ou aplica-se a velha tática do “tudo ao monte (da Penha) e fé em Deus”?
“Nelo Careca” afastou a farta melena que lha caía por sobre os olhos, e sorveu mais um gole de cerveja, e é a altura de dizer que só aparentemente é que há contradição entre a alcunha de “Nelo Careca” e a sua exuberantemente rebelde cabeleira. Não há contradição nenhuma, ponto final. “Nelo Careca” era detentor de um invejável ornamento capilar, e a sua alcunha, ou antes, as razões que presidiram à atribuição de tão paradoxal como absurda antonomásia seriam um profundo mistério, que permaneceria, pelo menos, até ao Juízo Final, se outro não houver depois. Seriam, disse eu, e muito bem, mas deixaram de o ser quando começou, tempos antes, a haver estrilho[1] com a sua agá[2], Fátima, agora transmutada em ex-agá.
Ultimamente a vida não lhe tinha corrido bem, e refiro-me a “Nelo Careca”. Aliás, nem ultimamente nem remotamente, valha a verdade. Primeiro, foi a agá a reclamar que o dinheiro do Rendimento Mínimo que, mais tarde, veio a chamar-se Social de Inserção, era insuficiente para ir tomar o pequeno-almoço e o lanche ao café, todos os dias e, ainda por cima, para pagar ao merceeiro, porque era preciso comer, não é verdade?
— Bê lá se arranjas qualquer coisa para ganhar dinheiro, que eu num faço milagres – garantia Fátima, no seu característico sotaque nortenho, do qual nunca se separava nem para dormir.
— Mas tu não vês como isto anda? — tentava argumentar “Nelo Careca”. — Está mau para todos, até para nós.
— Está mau porque tu passas a bida na taberna e num queres bergar a mola. Se há crise nos cabedais, bai pró o conto do bigário, que nunca failha.
Foi numa dessas ocasiões que “Nelo Careca” que, nesse dia, tinha acordado mal disposto, lhe atirou um deixa de te armar em fina e passa a tomar o pequeno-almoço e a lanchar em casa, só que Fátima não estava pelos ajustes mas oube lá, o que é que tu queres? Queres que todos pensem que sou uma pelintra? Estás bêbedo, ou quê? Há duas semanas que num compro roupa noba, e ainda ontem a D. Serafina, a cabeleireira, me mandou a boca que eu já não ia arranjar o cabelo há dois dias! Estou farta de passar bergonhas por tua causa, e quem num tem dinheiro num tem bícios.
— O que é que queres dizer com isso?
— É simples. Se num tens dinheiro para me sustentar, bou procurar outra bida.
Fátima sabia que a melhor forma de dominar um homem é ameaçá-lo com o abandono. Não há nada mais carente e, consequentemente mais dócil, do que um homem que se sente abandonado, sem ter quem lhe passe as camisas a ferro e sem ter quem, acima de tudo, lhe aqueça os pés nas longas e frias noites de inverno.
— Quer dizer: sua excelência não pode passar sem tomar o café e mamar o “croissant” todos os dias de manhã, no café, armada em gente fina; não pode deixar de lanchar chá e bolinhos todos os dias, para estar no serrote com as amigas; não pode deixar de ir à cabeleireira todos os dias; não pode deixar de comprar roupas todas as semanas; e eu é que tenho os vícios. É preciso ter lata como um penico! Minha linda, vai à merda, e é já! Pega nas trouxas, e RUA! Quando chegar a casa já não te quero ver.
Porra! Saiu o tiro pela culatra. Mas Fátima tinha poderes. Outros poderes. E o plano B fez a sua aparição:
— Ó home! Tu bê como falas comigo. Olha que eu num posso enerbar-me, qu’índa posso ter um ABC.
–… Um quê??
— Um ABC, home! Num sabes o que é um ABC?
— Sei perfeitamente, e estou-me cagando. Por mim, até podes ter o abecedário completo.
“Nelo Careca” voltou as costas e saiu. Fátima tratou de carregar os haveres no carro, que isto de andar a pé é para os tesos, e zarpou para casa da mãe. “Nelo Careca” não era para brincadeiras, e se a encontrasse em casa quando regressasse, o mais certo era ir fazer uma visita à “urgência” do hospital. Nem Nossa Senhora seria capaz de valer a Fátima. Consigo, para além dos trapos, chamemos assim às quantidades industriais de roupas de marca, Fátima levava um segredo. E o segredo de Fátima era o que iria ditar, dias depois, a alcunha de “Nelo Careca” que, até então, era conhecido por “Nelo”, simplesmente. É que “Nelo” era completamente imberbe, passe o termo, na zona onde, normalmente, homens e mulheres são detentores de abundante e encarapinhada pilosidade. Segredo que, naturalmente, “Nelo” partilhava com Fátima e que se manteve como segredo de alcova até ao dia em que Fátima foi despedida. Mulher despeitada é capaz de fazer mais estragos do que as armas de destruição maciça do falecido Saddam, e Fátima não quis deixar os pergaminhos por mãos alheias. Logo no dia seguinte, o segredo de Fátima era revelado aos quatro ventos e, minutos depois da revelação, “Nelo”, o carteirista, passava a ser, oficialmente, “Nelo Careca”.
Por determinação divina, o Versículo 16 do Capítulo 3 da Bíblia, passa a ter a seguinte redacção:
16 -E à mulher, disse: Multiplicarei grandemente a tua dor, e a tua conceição; com dor darás à luz filhos; e o teu desejo será para o teu marido, e ele te dominará.
16/A – Além disso, pagarás com teu sangue a afronta que Me fizeste.
16/B – E eis que Eva tomou consciência da gravidade do pecado cometido, e implorou: Senhor, para tão grande pecado, não terei sangue que chegue.
16/C – Então o Senhor Deus disse à mulher: Grande é a Minha misericórdia. Autorizo-te o pagamento em prestações mensais.
Palavras de salvação.
O ex-papa Bento 16 afirmou que a sua resignação se deveu a uma “experiência mística” que teve com Deus. Por outras palavras, o patrão propôs-lhe uma rescisão amigável.
Claro que as pessoas são livres de acreditar no que entenderem. Mas seria interessante, e até desejável, uma vez que o próprio ex-papa confirma não ter tido qualquer visão, ou seja, não esteve cara-a-cara com o interlocutor, dizia eu que seria interessante saber como chegou à conclusão de que foi Deus, e não o Demónio, quem o aconselhou a abandonar o barco que, ao que consta, estava prestes a afundar-se. E esta minha dúvida resulta de uma afirmação da própria Igreja, que garante que Satanás é o “pai da mentira”.
Ora, sendo assim, quem me garante que o Satanás não inspirou, também, por exemplo, a Bíblia?
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