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  • 20 de Fevereiro, 2014
  • Por Carlos Esperança
  • Catolicismo

O negócio das almas

O Paraíso não é uma casa de diversão nem um lugar bem frequentado. A avaliar pelos santos que os últimos Papas resgataram das profundezas do Inferno ou do estágio no Purgatório, há hoje numerosos patifes a jogar as cartas com o divino mestre e a servir bebidas ao Padre Eterno.

Não sei se é Torquemada quem toma conta do armazém das almas de crianças por nascer ou de adultos por batizar, pois sabe-se de ciência certa, com aquela honestidade que se reconhece ao clero, que os não batizados têm como destino o Limbo, um sítio insípido, sem divertimentos nem crueldades como os que o Deus de Abraão criou para o destino dos bem-aventurados ou das almas penadas, respetivamente o Paraíso e o Inferno.

No armazém das almas o negócio anda próspero com a explosão demográfica a que se assiste mas os clérigos são negociantes insaciados que querem despachar a mercadoria.

É por isso que a ICAR é contra o planeamento familiar, a contraceção, o preservativo, a IVG, o DIU e a pílula. No Céu há uma alma para cada espermatozoide e é por isso que tanto o pecado solitário como a ejaculação noturna são uma catástrofe para o negócio.

Os clérigos, incumbidos de tratar das almas e olhar pelo negócio, andam estarrecidos com o fim da perseguição criminal às mulheres que interrompem a gravidez.

Aliás, para as religiões do livro, a mulher é um ser inferior que deve obediência ao marido e serve apenas para reprodução e louvores ao Deus da zona de residência.