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Deus – Uma coisa em forma de assim

Não resisto a parafrasear Alexandre O’Neill para definir esse ser que os homens criaram sem se darem conta da tragédia que conceberam.

Deus é, de facto «Uma coisa em forma de assim». Não é um animal porque os homens o deformaram tanto que se distanciou dos criadores e se tornou num ser indefinido, ruim e vingativo, uma espécie de olho invisível que espreita por baixo das saias das raparigas e pela fechadura da porta dos quartos de casal.

Não pertence ao reino vegetal porque não é uma árvore que dê sombra, um fruto que mate a sede e a fome, uma erva que alimente os animais nossos amigos. Apenas se parece com a couve na inteligência e com as ervas daninhas na utilidade.

Do reino mineral, apesar de criado com a dureza do diamante e a negritude do petróleo bruto, também não é, com certeza.

Deus é um mito, sabemo-lo bem, mas inventado para responder às dúvidas, criar medos e alimentar parasitas que o vendem nas igrejas, mesquitas, sinagogas, pagodes e outras casas de maus costumes. Sem homens não existiria essa infeliz criação, mas os homens vivem bem sem ele.

A humanidade viveu séculos de opressão com medo do mito que os homens criaram. É tempo de viver a vida sabendo que é um percurso natural de Eros a Tanatos, dois deuses que, como acontecerá aos atuais, já pertencem à mitologia.

Deus é um mito que se dispensa, uma ameaça que embrutece e enlouquece, o artigo de adoração que fanatiza, corrompe e desmoraliza. É, afinal, … uma coisa em forma de assim.