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No Brasil, empecilho para lei do aborto é a Igreja, revelam documentos

Marcela de Jesus – bebê anencéfalo que viveu por 20 meses

O aborto segue como um tema delicado. De forma alguma podemos permitir o assassinato de um feto por puro capricho. A justificativa de um aborto deve ser uma medida extremamente cautelosa, acompanhada por médicos, psicólogos, assistentes socias e outros agentes do governo. Mas, deve-se haver uma justificativa possível. Infelizmente, no Brasil, ainda obrigam grávidas a parirem um feto anencéfalo natimorto. Uma espécie de sadismo que não cabe na mente dos mais esclarecidos. E que, na verdade, não funciona na prática.

O aborto é uma prática comum e continuará sendo. Essa é a conclusão de um telegrama enviado a Washington pela embaixada em Brasília, em 7 de julho de 2004, com uma avaliação da legislação brasileira sobre o assunto. O telegrama obtido pelo site WikiLeaks foi divulgado nesta terça-feira pela Agência Pública, parceira brasileira do site de Julian Assange.

Na conclusão intitulada “leis que não pegam”, o embaixador diz que “apesar de ser ilegal, o aborto é comum aqui e um estudo mostrou que 31% das mulheres grávidas no Brasil fazem aborto. O resultado mais provável desse debate é que o aborto continuará a ser amplamente proibido — com certas exceções — e a proibição continuará a ser amplamente desrespeitada”.

Para os americanos, a oposição da igreja seria um grande empecilho para uma mudança efetiva na lei.  “Apesar da maioria dos brasileiros terem uma mente aberta, a igreja não só se opõe à liminar mas a vê como a ponta do ‘iceberg’ no início de uma série de exceções à proibição do aborto que viesse na prática a legalizá-la”, descreve o telegrama assinado pelo ex-cônsul-geral dos EUA em São Paulo, Patrick Duddy.