Loading

Categoria: Ciência

12 de Março, 2024 Onofre Varela

Quando formos grandes…

Quando se ouve uma voz que contraria a tradição e a ordem estabelecida, originam-se reacções que vão desde o escândalo dos resistentes a novas ideias, até ao fascínio dos que aderem ao que é novo. Em todos os tempos as vanguardas começaram por ser repudiadas, depois toleradas, acabando aceites. 

Lembremos Galileu Galilei e Giordano Bruno.

O julgamento de Giordano Bruno pela Inquisição Romana. Relevo em bronze de Ettore Ferrari, Campo de’ Fiori, Roma.

Galileu Galilei (1564-1642), astrónomo, construiu o primeiro telescópio e observou os astros. Concluiu que a Lua girava à volta da Terra, e esta rodava à volta do Sol. O conhecimento da sua época não era científico, mas religioso, e a Igreja garantia que o nosso planeta era o centro do mundo e que o Sol e a Lua rodavam à volta da Terra para nosso puro deleite, pois Deus assim quis e fez! Galileu foi condenado pela Santa Inquisição e fingiu retratar-se, evitando ser morto na fogueira diabólica onde a Igreja adorava queimar aqueles que não diziam amen consigo. No tribunal, terá dito: “eppur si muove” (no entanto ela [a Lua, a Terra] move-se).

Giordano Bruno (1548-1600) foi monge e estudioso do Universo. Concluiu poder ser falsa a ideia (defendida pela Igreja) de que só a Terra era habitada por vida inteligente, defendendo a hipótese da existência de muitos outros mundos habitados por gente como nós. Ao contrário de Galileu, não aceitou fazer uma retratação negando as suas ideias, e por isso foi condenado a morrer na fogueira. Os seus algozes foram mais longe. Depois de o amarrarem no poste e antes de lançarem fogo à lenha que o rodeava, com um alicate puxaram-lhe a língua e pregaram-lhe uma tábua para que o monge não blasfemásse!…

Charles Darwin teve o mesmo problema com a Igreja quando expôs a Teoria da Evolução, contrariando a Criação Divina. Hoje, passados 165 anos após a publicação do seu livro “Origem das Espécies” (1859), ainda há quem defenda o conceito religioso da Criação contra a evidência científica da Evolução!

Isto acontece assim porque o raciocínio de muita gente está amarrado a conceitos religiosos desde criança, impedindo, ou dificultando, o entendimento científico. Conclui-se que uma parte da sociedade é constituída por interesses supérfluos e serôdios, levando ao desinteresse pelas Ciências e pela História. Considerou-se ser mais importante jogar à bola, do que ler um livro; exercitar a musculatura do corpo em ginásios, do que treinar o músculo do cérebro em livrarias e bibliotecas. 

Ter músculos esculpindo o corpo é a primeira escolha porque se vê por fora e faz inveja aos nossos amigos que são tão estúpidos quanto nós. Vivemos a cultura do corpo esquecendo a cultura do espírito.

No campo destas considerações encontramos o Ateísmo que já faz um quarto da população mundial. Não é muito, mas está a crescer. Quando formos grandes… a maioria de nós dispensará a redutora ideia da fábula de Deus e dos santinhos e, provavelmente, também, a beleza exterior que nada vale se não for alicerçada na beleza interior. 

(O autor não obedece ao último Acordo Ortográfico) 

9 de Novembro, 2022 João Monteiro

Nós e os nossos enigmas

Texto de Onofre Varela, previamente publicado no jornal Alto Minho

Como surgiu o tempo? O que havia antes dele? 

Como surgiu a vida? O que define e molda as tão diversas formas de vida? Somos o resultado de acasos químicos e físicos em processos encadeados, ou fomos criados intencionalmente por um deus? 

O que é um acaso? O que é um deus? 

Se fomos criados por um deus “à sua imagem e semelhança” (como afirmam os religiosos bíblicos), então Deus é um ser humano?! 

Se há um deus criador, de onde, e como, surgiu ele? Criou-se a si próprio ou também foi criado? Se foi criado… quem e como o criou? Havia outro deus antes de Deus para o poder criar?!… E se Deus é incriado (como também afirmam os mesmos religiosos), como se explica a sua existência? Deus existe real e materialmente, ou é apenas uma ideia abstracta? Se é um ser real com características de criador e interventor, que processos usou para criar tudo a partir do nada? Sendo Deus “a causa primeira”, que matéria prima foi usada no seu surgimento quando ainda não havia matéria prima? 

Há vida depois da morte? Se sim… então a morte não existe?!… E se a morte não existe, por que morremos? 

Estamos sós no Universo? Há mais mundos habitados? Alguma vez fomos visitados por seres extraterrestres? Se sim, de onde vêm? Influenciaram a nossa evolução? Serão os responsáveis pelo fenómeno luminoso de Fátima em 1917 e pela visão, também luminosa, de Paulo de Tarso na estrada de Damasco há 2020 anos? Os extraterrestres são gente pacífica, ou guerreira? Serão gente?…

Estas são algumas das perguntas que nos afligem (a quem aflige… não a todos, mas apenas a quem se propõe pensar nelas). Para todas temos respostas, sendo umas concretas e definidas, e outras apenas esboçadas. Respostas que primeiramente nos foram fornecidas pela Religião, depois pela Filosofia e muito mais tarde pela Ciência. 

O nosso sentimento religioso foi o responsável pelas primeiras tentativas de resposta aos enigmas que nos inundaram o raciocínio logo que o Ser Humano teve consciência de si. As nossas mentes inquietas não conseguiam descodificar os fenómenos naturais que observávamos, pois o nosso cérebro era um banco de dados ainda sem dados em número e qualidade suficientes para que nos permitisse um uso frutuoso… mas já era aquela máquina maravilhosa de produzir ideias abstractas… e por aí chegamos aos deuses… e à Arte! 

Para que os enigmas sejam compreendidos e desvendados, é preciso que exista intelecto e ferramentas suficientes para isso. Um enigma só deixa de sê-lo depois de questionado. É esta a primeira atitude para se conseguir a sua compreensão e consequente anulação. Os cientistas não são mais do que isso: questionadores.

Eu só posso ler uma partitura se souber música. Se eu desconhecer o que é uma pauta e não for capaz de identificar uma semínima, uma breve e uma colcheia, nem um compasso ou uma pausa… se eu não tiver aprendido solfejo… uma partitura é mistério indecifrável. 

Perante qualquer enigma que se nos apresente, devemos ter sempre em conta esta verdade fatal: os enigmas são como os truques dos ilusionistas; só serão enigmas enquanto não forem desvendados. Depois de explicado o truque, o enigma esfuma-se. 

A mente humana está cheia de truques (de conceitos) que usamos para nossa conveniência e consolo. 

Assim é o conceito de Deus.

(O autor escreve sem obedecer ao último Acordo Ortográfico) 

OV

Imagem de WikiImages por Pixabay
19 de Março, 2021 João Monteiro

Vacinação contra a COVID-19

Enquanto comunicador de ciência, defendo que o conhecimento científico deve ser promovido do modo mais abrangente possível e junto das mais diversas comunidades, pois o conhecimento não deve ser reservado apenas a alguns membros da sociedade.

Por vezes isto significa tentar uma aproximação com grupos que possam ter uma mundividência diferente da científica, como os meios religiosos. Defendo que esta abordagem, se fosse realizada mais frequentemente, talvez contribuísse para o aumento da literacia científica, uma vez que é habitual nesses a procura de conselhos junto de uma autoridade (padre, pastor, imã, guru, etc.). É isso que tem sido feito nos EUA, em que cientistas e profissionais de saúde têm transmitido informação científica credível aos pastores, pedindo-lhes auxílio na promoção da vacinação contra a COVID-19, principalmente junto de populações negras (porque têm razões históricas para duvidar da medicina) ou desfavorecidas (por terem menos acesso a informação). Também rabis de comunidades Sefarditas e Ashkenazi têm incentivado a população vacinar-se.

Se esta comunicação entre ciência e religião não fosse feita, eventualmente verificar-se-ia uma diminuição na taxa de vacinação ou a partilha de desinformação. Na realidade, não é nada que já não tenha acontecido. Um líder religioso iraniano defendeu que a vacina da COVID-19 tornaria as pessoas em homossexuais e o mesmo defendeu um rabi famoso, tendo ainda acrescentado a isso outras teorias da conspiração relacionadas com a Maçonaria, Illuminati e Bill Gates (só ficou a faltar o 5G). Nem a Igreja Católica escapa: um cardeal espanhol, durante a cerimónia religiosa, alegou que a vacina da COVID-19 seria feita à base de células de fetos humanos abortados. Escusado será dizer que nada disto é verdade, mas pode lançar a dúvida junto das pessoas com menos acesso a informação credível. É por situações destas, mesmo que aparentemente sejam casos isolados, que defendo que a aproximação entre ciência e religião deveria ser tentada com mais frequência.

Para terminar, e atendendo que ainda estamos a viver em contexto de pandemia, exorto os nossos leitores a ouvirem a comunidade científica e médica, a tomarem os melhores cuidados tendo em vista a saúde pública e a vacinarem-se assim que for possível.

Votos de boa saúde para todos.

Imagem de Sammy-Williams por Pixabay
12 de Fevereiro, 2021 João Monteiro

A origem da biodiversidade

Celebra-se hoje, a nível internacional, o aniversário do naturalista britânico Charles Darwin (1809-1882). Aproveitamos esta data para relembrar um pouco do seu contributo para o nosso entendimento da realidade que nos rodeia.

Têm sido várias as propostas, ao longo da história da humanidade, para explicar a origem da vida e da multiplicidade de formas de seres que nos rodeiam. Houve quem tivesse defendido uma criação divina ou, pelo contrário, um surgimento da vida através de reações químicas; houve quem tivesse argumentado que as espécies atuais são exatamente as mesmas que habitaram no passado longínquo (fixismo) ou que estas tinham alterado a sua forma ao longo do tempo (transformismo). Para cada uma destas hipóteses foram apresentados os mais variados argumentos, desde espirituais ou religiosos, até materialistas e científicos. Vários pensadores, religiosos e cientistas contribuíram para este debate, ao longo da nossa história, mas foi Charles Darwin quem apresentou uma explicação que se mantém válida até hoje: a evolução das espécies pelo mecanismo de seleção natural (há também outros mecanismos como a seleção sexual ou a deriva genética).

Em bom rigor, a teoria de Charles Darwin, proposta no seu célebre livro “A Origem das Espécies” (1859), não fala da origem da vida mas apresenta, sim, uma hipótese para explicar a origem da biodiversidade que nos rodeia.

Podemos resumir esta teoria em torno de quatro princípios: 1) numa população os indivíduos apresentam diferenças entre si (podem ser morfológicas, comportamentais, bioquímicas, etc.); 2) ao reproduzirem-se, a população cresce originando um aumento do número de indivíduos e das suas respetivas características; 3) perante uma pressão seletiva (predador, doença, alteração ambiental, barreira geográfica, etc.) só os indivíduos com certas características, ditas vantajosas (naquele período e para aquele local) sobreviverão (ou viverão mais tempo) deixando assim mais descendentes com essas mesmas características, que por sua vez também viverão mais tempo e passarão as mesmas características, enquanto os indivíduos com as características ditas menos vantajosas (naquele período e para aquele local) morrerão (ou viverão menos tempo), deixando menos descendentes (ou nenhuns) com essas características; 4) com o tempo e ao longo de várias gerações teremos uma nova população com características diferentes da população inicial, e quanto mais tempo passar as características podem tornar-se tão diferentes entre populações originando isolamento reprodutivo e, por conseguinte, uma nova espécie – formando um novo ramo na árvore da vida.

Para Darwin, este era um processo lento e gradual e que implicava que todos os seres vivos no nosso planeta estavam ligados genealogicamente entre si, pois se recuarmos nos ramos desta árvore genealógica iremos encontrar um antepassado comum.

Convém relembrar que o trabalho de Darwin influenciou muitas outras áreas para além da biologia, tais como a psicologia ou a agricultura. É por causa de todos esses contributos que celebramos hoje o aniversário deste cientista.

Créditos: Imagem de Gordon Johnson por Pixabay

29 de Outubro, 2020 João Monteiro

Ceticismo e Ateísmo: qual a relação?

Vem este texto a propósito de outro que escrevi aqui, na semana passada, intitulado 1º Manifesto Mundial contra as Pseudoterapias. Nesse texto dei a conhecer o conteúdo do manifesto, falei da sua importância a propósito do risco das pseudoterapias para a saúde, e partilhei a notícia do jornal Público que dava a conhecer o resultado da recolha de assinaturas junto de cientistas e profissionais de saúde que subscreveram o referido manifesto.

Por o tema ser pouco abordado nesta plataforma, gerou algumas questões, das quais destaco duas:
a) O que têm as pseudoterapias a ver com ateísmo?
b) O que são pseudoterapias e que instituições as promovem?

Comecemos pelas definições. O Ateísmo pode ser compreendido como a falta de crença em deus. Por norma, os ateus também não acreditam em explicações sobrenaturais nem em milagres.
Quando falo em Ceticismo, refiro-me ao que é conhecido como Ceticismo Científico, a procura de evidências para apoiar alegações realizadas. Por outras palavras, quando os céticos duvidam de algo, pedem provas. Se a alegação feita for extraordinária, irá requerer também provas extraordinárias, parafraseando Carl Sagan. Tal como os ateus, os céticos recusam explicações sobrenaturais para compreender os fenómenos que nos rodeiam, optando por recorrer à experimentação e ao método científico para melhor entender a realidade.

Assumo que nem todos os céticos possam ser ateus e nem todos os ateus possam ser céticos (podem só duvidar da existência de deus, mas manifestar crença noutras áreas da vida). E tudo bem com isso, o mundo não é a preto e branco. No entanto, como já deu para entender, há uma área de interceção entre as duas visões: a ausência de explicações sobrenaturais, às quais se juntam a luta contra crendices e superstições e o recurso ao pensamento crítico e racional.

Com estas definições, estamos prontos a responder à primeira questão. Neste blogue de ateísmo referi as pseudoterapias porque, no ponto cinco dos objetivos desta associação, pode ler-se que é um objetivo: “Responder às manifestações religiosas e pseudocientíficas com uma abordagem científica, racionalista e humanista” – o mesmo objetivo do ceticismo.

Passemos à segunda questão, sobre as pseudoterapias.

O ceticismo tenta esclarecer a sociedade contra as pseudociências, que podem ser definidas como tudo aquilo que se pretende passar por ciência sem o ser (através da linguagem, da aparente cópia dos métodos, da encenação visual, ou outros). Esta pretensão de aproximação à ciência existe porque esta tem um selo de rigor e de credibilidade. Do mesmo modo, as pseudoterapias são as práticas que se tentam fazer passar por verdadeira medicina, mas que não passaram pelo crivo científico. Ou seja, não são comprovadas.

Existem várias práticas que são consideradas pseudoterapias, ou terapias alternativas, umas já regulamentadas em Portugal, outras que não são reconhecidas. É de esclarecer que a regulamentação partiu de um reconhecimento político, e não de uma validade científica. Não nego a necessidade de regulamentação das práticas, mas discordo da legislação realizada. Entre as pseudoterapias encontramos práticas como a homeopatia, o reiki, a iridologia, entre outras.

O ceticismo tem como uma das suas missões alertar para o que se chama banha-da-cobra e quem recorre a essas práticas, depois de informado, está a incorrer no que se pode considerar uma crendice, ou seja, numa crença de que um tratamento mágico possa funcionar. É nesse sentido, que considerei adequado a partilha da notícia do Público nesta plataforma.

Imagem de Jürgen Rübig por Pixabay
21 de Outubro, 2020 João Monteiro

1º Manifesto Mundial contra Pseudoterapias

Foi esta semana apresentado o resultado da recolha de assinaturas para o Manifesto contra as Pseudoterapias. Assinaram 2750 cientistas e profissionais de saúde de 44 países, numa iniciativa que começou com um cunho europeu, mas que rapidamente ganhou um cariz mundial, como noticia o jornal Público.

A iniciativa partiu da APETP – Asociación para Proteger al Enfermo de Terapias Pseudocientíficas, que juntou outras instituições espanholas a portuguesas, francesas, inglesas, dinamarquesas e suecas para promoverem o manifesto e a recolha de assinaturas. Em Portugal, a organização ficou a cargo da COMCEPT – Comunidade Céptica Portuguesa.

A mensagem principal do Manifesto é que as pseudoterapias são perigosas, seja porque fazem diretamente mal à saúde (interação com medicamentos, interação planta-medicamento, intoxicações, ou dano direto em órgãos) ou indiretamente (ao atrasarem o contacto com profissionais de saúde). As pseudoterapias não são medicina.

Se as pseudoterapias já eram uma fonte de preocupação pelos motivos apresentados e pelo crescente movimento antivacinação, nos tempos que correm estão ainda mais presentes, sendo os seus promotores igualmente disseminadores de desinformação relacionada com a saúde e com teorias da conspiração em tempos de pandemia. A preocupação global é de tal ordem que se instituiu o dia 20 de Outubro (assinalado ontem) como o Dia Mundial dos Cuidados de Saúde Baseados na Evidência, porque os doentes têm o direito de saber que os tratamentos a que recorrem são eficazes. Resta-nos a nós, cidadãos, fazer pressão política para alterar a regulamentação deste tipo de práticas.

28 de Julho, 2018 Vítor Julião

O argumento do Lego

 

Tu podes fazer milhares de coisas diferentes com peças de Lego. Por exemplo, podes pegar em 300 peças de Lego e montá-las cuidadosamente de modo a construires um brinquedo no formato dum veículo pesado de bombeiros. Quando estiver pronto, terás um veículo de bombeiros na forma de brinquedo.

Pegas nesse carrinho de bombeiros e desmontas todas as peças. O que tens agora? Tens uma pilha de peças de Lego espalhadas, mas não tens um carrinho de bombeiros de brincadeira..

Tu podes fazer milhares de coisas diferentes a partir de moléculas orgânicas. Por exemplo, pegas em 300 triliões ou mais de moléculas orgânicas e cuidadosamente (com muito cuidado) monta-as como um rato, uma árvore ou um ser humano. Quando terminares, terás um rato, uma árvore ou um ser humano.

Pega nesse ser humano e retira todas as moléculas. O que tens agora? Tens uma lama confusa de moléculas orgânicas, mas não tens um ser humano. Tudo isto parece bastante óbvio, mas milhares de milhões de pessoas discordam totalmente.

Eles afirmam com segurança que, quando a desmontagem estiver totalmente concluída, alguma parte do ser humano permanecerá intacta e funcionando. Mas não pode ser visto. E não tem massa, não é feito de moléculas ou fótons ou de quaisquer outras forças conhecidas. De fato, não pode ser detectado de nenhuma maneira. Nós temos uma definição quotidiana para tal coisa – nós a chamamos de “absolutamente nada”.

Ainda mais extraordinário, eles insistem que estes exemplos de “absolutamente nada” podem sentir o mundo, têm a memórias, emoções e a personalidade do tal ser humano desmontado e ser capaz de desfrutar de relacionamentos com outros exemplos de “absolutamente nada”. E eles têm a certeza de que essas entidades quiméricas existirão para sempre – até mesmo para além da morte do calor do universo!

É uma afirmação e tanto. Não pode ser testada e não temos como mostrar que é verdade (ou sequer como possivelmente verdadeira). As pessoas que acreditam nisso, fazem-no porque é uma tradição, ou porque eles têm um livro antigo que afirma que é verdade, ou talvez eles acreditem porque gostam dessa ideia. Mas nenhuma dessas coisas são razões para concluir que a ideia é verdadeira.

É provavelmente justo dizer que esta é a ilusão mais duradoura e mais difundida da humanidade, mas felizmente, nem todos acreditam nisso. Para começar, eu não acredito. E tu também não deverias acreditar.

Traduzido e adaptado de Bill Flavell

4 de Julho, 2018 Vítor Julião

A alma existe?

 
O monoteísmo diz que só o Sapiens tem uma alma imortal. O corpo pode morrer mas a alma segue o seu caminho para a salvação ou perdição, mas os porcos ou outros animais já não têm alma, logo não há lugar para eles nestes teatros circenses.
 
Só que, as descobertas científicas contradizem inequivocamente este mito monoteísta. Elas confirmam com exatidão os monoteístas quando eles dizem que os animais não tem alma, mas contradizem os mesmos crentes quando eles afirmam que o Homem tem alma. Os cientistas submeteram o Homo sapiens a dezenas de milhares de testes bizarros e observaram cada recanto do coração e cada fenda do cérebro, e nada! Absolutamente nada de alma.
 
“Ah, mas se não descobriram a alma, é porque esses tipos de bata branca que se acham muito inteligentes, não procuraram bem!”, balirá um crente certamente.
 
O problema para os crentes é que as ciências da vida duvidam que a alma exista, não apenas por não existir qualquer prova ou evidência da sua existência, mas também porque a ideia de alma vai contradizer os mais elementares princípios da evolução.
 
E é essa contradição, a principal causa de ódio desmedido e estúpido que os crentes monoteístas desvairados, alimentam pela Teoria da evolução.
20 de Junho, 2018 Vítor Julião

Lembrando…

  • Lembrando: Não existe fé em Deus, só em pessoas que falam de Deus.
  • Lembrando: A Bíblia que você lê é uma criação da igreja católica.
  • Lembrando: Jesus não cumpriu várias das profecias sobre o Messias.
  • Lembrando: Ateus lidam com a realidade e religiosos com ficções.
  • Lembrando: O Universo é massa e energia, que são coisas eternas.
  • Lembrando: Religião é “sentimento oceânico”. Não tem nada a ver com razão ou lógica.
  • Lembrando: Religião é infância, agnosticismo é adolescência e ateísmo é maturidade.
  • Lembrando: Tudo o que interage com a matéria é material, e o que não interage não existe.

 

Texto de Lauro Augusto Monteclaro César Júnior

14 de Março, 2018 Raul Pereira

Stephen Hawking (1942-2018)

Stephen Hawking

When people ask me if a god created the universe, I tell them that the question itself makes no sense. Time didn’t exist before the big bang, so there is no time for god to make the universe in. It’s like asking directions to the edge of the earth (…). We have this one life to appreciate the grand design of the universe, and for that I am extremely grateful.” — Stephen Hawking.