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Mês: Setembro 2009

15 de Setembro, 2009 Carlos Esperança

Um assassino sem missas

A habitual cerimónia para assinalar a data da morte de Franco que se realizava anualmente no Vale de los Caídos, este ano (e talvez no futuro) deixará de ocorrer.

A decisão do abade local – o monje beneditino Álvarez – baseia-se na aplicação da Lei da Memória Histórica sobre a retirada dos símbolos franquistas – anuncia o “El País” de ontem.

Um passo na desmistificação do ditador católico.

15 de Setembro, 2009 Carlos Esperança

Bispo emérito de Coimbra apela ao voto na direita

Por

E – Pá

Sua Excelência Reverendíssima o Bispo Emérito de Coimbra, Senhor D. João Alves, publicou ontem no “Diário de Coimbra” um artigo de opinião intitulado “Para um voto consciente, livre e esclarecido”. Começa com pèsinhos de lã, explicando que apenas pretende aliviar o sofrimento que constitui a hesitação das criaturas indecisas; que não tem “qualquer intenção de determinar o voto, seja de quem for, nem entrar em terrenos de política partidária”; que o move tão só a intenção de propor algumas soluções ou critérios para uma votação livre e consciente.

Depois diz umas banalidades, em seis longas colunas, no meio das quais, porém, como quem não quer a coisa, entre outros critérios encaixa o seguinte: “Repare-se, igualmente, se os candidatos estão dispostos a respeitar e defender a vida desde a sua concepção até à morte natural.

Isto é: nada de despenalização do aborto nem de eutanásia!

Ora, com esta pequena frase, envolta em muitas falinhas mansas, O Senhor Bispo varre com uma só vassourada a quase totalidade dos partidos representados na Assembleia da República: o BE, o PCP, os Verdes, o PS e até a ala menos direitista do PSD; por exclusão de partes, resta votar “livremente” no CDS.

Com este artigo, D. João Alves exprime com mestria a posição da sua Igreja: para os fiéis, o “voto consciente, livre e esclarecido” só pode ser o voto no CDS!

14 de Setembro, 2009 Carlos Esperança

Cruzada contra os homossexuais (2)

Por

E – Pá

A ICAR tem tremendas dificuldades em perceber os comportamentos humanos, seja no campo científico, cultural, sexual, etc.

Bento 16, no início do seu pontificado, “produziu” sobre o tema da homossexualidade um inflexível documento doutrinário, para orientação do clero, que é um autêntico repositório homofóbico (link).

É um documento que encerra, por outro lado, uma incomensurável dose de hipocrisia, onde se determina:

“…embora respeitando profundamente as pessoas em questão, [9] não pode admitir ao Seminário e às Ordens sacras aqueles que praticam a homossexualidade, apresentam tendências homossexuais profundamente radicadas ou apoiam a chamada cultura gay [10]”.

Todos sabemos que nos seminários, nos mosteiros e nas instituições militares a homossexualidade tem condições particulares para se desenvolver e proliferar, já que há uma evicção dos contactos entre sexos diferentes (um outro tipo de discriminação).
Aliás, penso que esta característica será sempre favorecida pelo ensino religioso – fundamentalmente os colégios que funcionam em regime de internato – e que discriminam a frequência desses estabelecimentos por sexos.
São os colégios católicos (unissexo).

Penso que a própria ICAR tem muito contestação no seu seio quanto a esta questão. Essa oposição à doutrina oficial da Igreja está sediada, essencialmente, nos EUA.

Mas a ICAR usa um artifício para iludir a criminalidade sexual que grassa no seu interior, praticada por alguns (muitos) dos seus eclesiásticos.
Acusada – em quase todo o Mundo – de estar envolvida em casos de pedofilia, tenta confundi-los com homossexualidade…

Para a ICAR a sexualidade é sinónimo de procriação. Logo, os actos sexuais têm a finalidade última de possibilitar a concepção de um novo ser.

É esta visão obsoleta das relações humanas e do Mundo que leva a ICAR a proibir a masturbação, a contracepção e todo o tipo de relações fora do sacramento do casamento (p. ex.: pré-matrimoniais)…
É aqui que também se entronca a sua oposição às “uniões de facto” que colhe adeptos, como p. ex., o actual PR (embora publicamente usando outros argumentos).

A esta doutrina chama a Igreja a “lei natural”. Seria a ordem que o “Criador” deu ao Universo. E, caímos, na concepção criacionista do Mundo. Embora, este ano, no centenário de Darwin, tentasse a aproximação com a comunidade científica, dando débeis e oportunistas passos no sentido da aproximação com o evolucionismo.

A Igreja, com o avançar modernidade, perde a coesão doutrinária. Dentro de alguns anos será um novelo de contradições teológicas, defendidas por um arreigado dogmatismo que conduzirá, inevitavelmente, a atitudes fundamentalistas.

A ICAR, como Bento 16, posiciona-se à beira de um dos mais trágicos retrocessos humanitários e civilizacionais.