Momento zen de segunda
João César das Neves (JCN) enquanto não vir consagrado o Estado católico de Portugal, à semelhança das monarquias e repúblicas islâmicas, não se lhe aquieta a ansiedade pia nem a fúria prosélita que o consome. V/ Homilia de hoje, DN.
É um cruzado serôdio, talibã romano, um diácono sem sotaina nem tonsura, a voz de serviço à mais troglodita visão do estado, desejoso de ver Portugal prestar vassalagem a Roma, convertido em protectorado do Vaticano.
Para JCN, o cumprimento das obrigações impostas pela ASAE e pela Segurança Social constitui um estrangulamento das creches e obras paroquiais. Preferia que a higiene e as obrigações sociais ficassem entregues à exclusiva vigilância divina.
Quanto ao divórcio, é o azedume habitual. Bom era no tempo da outra Senhora, em que era proibido. Não admite «a retracção das referências religiosas para esferas mais íntimas e assumindo dimensões menos consequenciais em outros aspectos da vida», como se lê no preâmbulo do Projecto de Lei n.º 509/X, sobre as “alterações ao Regime Jurídico do Divórcio”. O Estado só deveria legislar tendo em vista o direito canónico, tal como impõe a Constituição do Iraque: «desde que não contrarie o que o Corão determina», no caso português, depois de ouvir o Núncio Apostólico e o bispo de Braga.
Mas o que deixa JCN, apopléctico, com vontade de se afogar numa pia de água benta ou defumar-se em incenso, é “o projecto de lei que pretende retomar o espírito renovador, aberto e moderno que marcou há quase cem anos a I República”. A I República criou, para JCN, «a maior perseguição à Igreja desde Abd ar-Rahman II (emir de 822 a 852) [sic], uma perseguição quase tão cruel – digo eu –, como a que a sua Igreja moveu aos judeus, aos protestantes, aos cátaros e a todos os infiéis.
JCN, na cegueira mística que o desvaira, na ânsia do Paraíso onde sonha com rios de mel e uma assoalhada perto da casa dos padres, nem reconhece à República a virtude da separação Igreja/Estado, laicidade do ensino, reforma da universidade, divórcio, registo civil e a nacionalização de algumas propriedades do extenso património da Igreja.
Para JCN só a sua fé conta. Vê perseguições à Igreja onde apenas existe a sua obsessão de impor dogmas com a beatitude e benevolência que foram apanágio do passado.
Perfil de Autor
- Ex-Presidente da Direcção da Associação Ateísta Portuguesa
- Sócio fundador da Associação República e laicidade;
- Sócio da Associação 25 de Abril
- Vice-Presidente da Direcção da Delegação Centro da A25A;
- Sócio dos Bombeiros Voluntários de Almeida
- Blogger:
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- Avenida da Liberdade http://avenidadaliberdade.org/home#
- Colaborador do Jornal do Fundão;
- Colunista do mensário de Almeida «Praça Alta»
- Colunista do semanário «O Despertar» - Coimbra:
- Autor do livro «Pedras Soltas» e de diversos textos em jornais, revistas, brochuras e catálogos;
- Sócio N.º 1177 da Associação Portuguesa de Escritores
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