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Dia: 5 de Janeiro, 2008

5 de Janeiro, 2008 Ricardo Silvestre

Sistemas de apoio

Mike Huckabee teve uma primeira vitória nas primárias do partido republicano para ver quem vai ser o candidato desse partido à presidência dos Estados Unidos.

Este produto da criação directa de deus, que não teve, na sua opinião, de passar pelos estágios da evolução das espécies, quer “devolver a América a cristo” (que na verdade nunca lhe “pertenceu”) através da Casa Branca.

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Até aqui, tudo bem. Este idiota tem o direito de fazer o que quiser, mesmo concorrer para o emprego que deve ser uma das maiores dores de cabeça que pode existir, com uma economia caótica, uma guerra do Iraque sem saída à vista, e um dólar sem qualquer relevância.

Mas, tal como com Pat Robertson antes dele, apesar destes charlatães não terem nada de concreto a nível político (com o Huckabee a ser o exemplo mais ridículo que se podia

encontrar, não percebe nada de economia, relações internacionais, ciência, educação, etc, etc) apelam aos “movimentos evangelistas” e a todos os fanáticos que estão mortinhos para o fim dos tempos.

Reparem só nos sistemas de apoio que Huckabee teve em Iowa (onde foi a primeira eleição destas primárias). Entre as várias organizações a trabalhar com este simplório pode-se contar: o Iowa Family Policy Center, mais um grupo de focos nos valores de famílias cristãs; a Home School Legal Defense Association, esta associação então é de abanar a cabeça em descrédito uma vez que tenta defender os direitos de “educação parental em residência” ou seja, as crianças serem educadas na vertente académica em casa – artificio normalmente associado a famílias cristãs que não querem os filhos “expostos” à ciência ensinada nas escolas; a FairTax uma organização cristã de angariação de fundos, e a Iowa Christian Alliance, entre outras.

Porque é isto importante? Porque 80% dos que votaram em Huckabee caracterizam-se a eles próprios como cristãos evangélicos!!!!

Ou seja, o futuro presidente dos USA pode ser eleito porque a plataforma que o pode eleger é aquela que está mais bem organizada. Que se lixe a visão política (ou a falta dela), a competência, ou as crenças.

Façam as vossas contas, aproxima-se o regresso do JC

5 de Janeiro, 2008 Ricardo Alves

O clericalismo não é exclusivo dos cristãos

A judia fundamentalista Esther Mucznick brindou-nos, no Público de quinta-feira, com a sua (má-)fé e fanatismo habituais.

Exemplo:

  • «(…) a laicidade radical que considera a religião como um factor de atraso e obscurantismo a banir do espaço público, e se possível da estratosfera, está de facto completamente ultrapassada, não só em França, mas onde quer que ela se manifeste. Existe apenas em cabeças dogmáticas que fizeram do laicismo e do anticlericalismo a sua própria religião».

Em primeiro lugar, a laicidade constitucional é bem mais «radical» nos EUA do que em França (note-se os subsídios estatais de que gozam centenas de igrejas católicas em França, e que seriam inconstitucionais nos EUA). Em segundo lugar, considerar a religião «um factor de atraso e obscurantismo» não é anticlericalismo (ou laicismo), mas sim anti-religiosidade. Em terceiro lugar, os laicistas sabem distinguir o espaço estatal (que deve ser religiosamente neutro) do espaço público (que pode ser
pluriconfessional). Em quarto lugar, considerar o laicismo uma religião necessita de um conceito tão abrangente de religião que duvido que a senhora Mucznick lhe aturasse as consequências. Mas é de registar a espontaneidade com que associa dogmatismo e religião.

E continua:

  • «“Se não tiveres Deus”, afirma T.S. Eliot, “terás de te prostrar perante Hitler ou Estaline.” Certo ou errado, a verdade é que a religião tem sido frequentemente um fermento no combate às ditaduras políticas e militares: contra os regimes comunistas no Leste europeu, contra as próprias ditaduras militares seculares no mundo islâmico, onde as mesquitas são frequentemente, e com os excessos que se conhecem, o único centro de oposição política, ou mais recentemente na resistência dos monges birmaneses a um dos regimes mais opressivos do mundo.»

Esqueceu-se a senhora Mucznick do papel de «combate» às ditaduras desempenhado pela ICAR em Portugal (saberá onde fica?), na Espanha de Franco a Aznar, na França de Pétain, na Alemanha do católico Hitler, na Eslováquia do padre Tiso, na Croácia de Pavelic e Stepinac, na Argentina dos militares, no Chile de Pinochet, e, já agora, o papel de «fermento» da religião no Irão dos aiatolás, no Tibete feudal, na Arábia Saudita onde as
mulheres não podem sair à rua sozinhas, ou no Sudão, para nos ficarmos apenas pelos casos mais recentes. Esqueceu-se também a senhora Mucznick de que quem se prostrou perante Hitler foi o Partido do Centro Católico que lhe votou os plenos poderes (ditadura) e o Pio 12 da Concordata que a ICAR recebeu em troca. Esqueceu-se ainda de que o ser humano não tem nenhuma tendência natural para a prostração ou para rastejar, são as
religiões abraâmicas que o tentam transformar em escravo.

No fundo, o clericalismo judeu é pior do que o católico, embora se dê menos por isso.

5 de Janeiro, 2008 Carlos Esperança

As virgens da fé e a fé nas virgens

Cristo nasceu de uma virgem a quem as colas da carpintaria certamente alteraram o juízo, para precisar que o arcanjo Gabriel, alcoviteiro profissional, lhe anunciasse a gravidez e a convencesse de que o pai era uma pomba.

Gabriel era um anjo da baixa hierarquia, incumbido de tarefas menores, que, mais tarde, havia de ditar os desejos de Deus a Maomé, em árabe, sem perceber que era analfabeto o bruto e que demoraria vinte anos a decorar o Corão, livro pouco recomendável que a deficiente tradução do anjo e o carácter tribal do Profeta tornou mais vil.

Claro que há muitos filhos de pai incógnito a quem a fé e a mansidão de outros poupam o opróbrio, mas na mitologia das religiões exige-se a ausência de orgasmo à virtuosa mãe do fundador da seita.

Júpiter, o pai dos deuses, engravidou a virgem Dánae com uma chuva de ouro de que nasceu Perseu. Hoje, a chuva de ouro está reservada aos deuses e aos milionários mas não é para as engravidarem, é para as convencerem.

Genghis Khan nasceu de uma filha virgem de um deus mongol que acordou uma noite banhada numa luz muito forte.

Krishna nasceu da virgem Devaka, Hórus da virgem Ísis, Mercúrio da virgem Maia e Rómulo da virgem Rhea Sylvia.

Como se vê pela amostra, citada por Christopher Hitchens em «deus não é Grande», o truque é tão antigo como a fé. E o embuste tão grosseiro como a crença.