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Apelo ao créus impertinentes

Andam por aqui uns crentes a ruminar ódio e espalhar lixo pelas caixas de comentários. Pela desenvoltura com que se exprimem não são solípedes que relincham ou asnos que zurram, são apenas lacaios do divino à cata de indulgências com a mesma sofreguidão com que os cavalos aguardam a ração de aveia.

Não se pode esperar muito de quem acredita em milagres e não se envergonha do Papa que beatifica carrascos, quiçá por engano, depois de o Espírito Santo se ter expatriado do Vaticano, farto de sotainas e escândalos.

Uma das mais interessantes decisões do ditador de serviço foi a extinção do Limbo, um destino das almas criado por um antecessor igualmente infalível e mais crente.

Já alguém pensou nos problemas logísticos de transferir as almas anteriores à criação da seita e as dos não baptizados nos últimos dois mil anos? E no trabalho da comissão liquidatária a quem cabe acertar as contas da água, da luz e do gás, depois de pagar à agência de transportes, por tantas almas, algumas em péssimo estado de conservação?

O Vaticano é um antro de surpresas com jagunços espalhados pelo mundo. Alguns vêm aqui ao Diário Ateísta, cuspir padres-nossos e babarem restos de hóstias que vazam pela comissura dos beiços como velhas azémolas que perdem os restos da ração.

Vão rezar novenas e, como são crentes, peçam ao vosso Deus pela sensatez do Papa. E não debitem lixo num local onde os ateus gostam de se encontrar.