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Dia: 30 de Outubro, 2007

30 de Outubro, 2007 Ricardo Silvestre

Ainda na sala escura

O filme The Golden Compass [naõ sei qual será a tradução para Português] é um filme que vai estrear no dia 7 de Dezembro pela New Line Cinema. Quem quiser ver o trailer está aqui. [Nicole, you make my heart ache!]

A Catholic League [a Liga Católica Americana] já veio dizer que «os livros de onde o filme é adaptado denigrem o Cristianismo, dizem mal da Igreja Católica e vendem as virtudes do ateísmo» isto tudo dito pelo mal-educado e cretino do seu líder, Bill Donohue [e quem conhecer o senhor irá perceber o porquê de estar a usar estes termos para o descrever].

A New Line Cinemaadmitiu ter «alterado ligeiramente o conteúdo do filme à luz dos livros, para ser uma história sobre amor, coragem, responsabilidade e liberdade», o que grupos de ateístas defendem [incluindo a Britan National Secular Society] ter sido uma manobra da produtora para evitar criticismo da «direita cristã Americana», fazendo uma versão «politicamente correcta» do filme.

Golden Compass é um filme sobre um universo paralelo similar a Oxford. O corpo governativo desse «universo» é um grupo malévolo chamado the Magesterium [referenciado no livro como «a Igreja»], com os «maus da fita» com títulos como «cardeais» ou «padres». O Magesterium responde perante o Vatican Council e tem como missão o controlo do mundo. Magesterium é um termo usado pela igreja católica para descrever o grupo de crentes que é responsável por interpretar a «palavra de Deus».

O autor dos livros, Philip Pullman, escreveu no seu sítio «o meu maior problema é com a natureza literalista e fundamentalista do poder absoluto e aqueles que tentam perverter e usar incorrectamente a religião, ou qualquer outra doutrina, onde um livro sagrado e um grupo de pessoas detentoras de autoridade indiscutível tentam dominar ou anular liberdades humanas».

No entanto, o brutamontes [não, não estou a exagerar] do Sr. Donohue já veio dizer que «eu não me importo com o filme, e com o facto de ter sido tornado em um filme politicamente correcto, o que me preocupa é que esta é uma tentativa descarada e insidiosa de seduzir os pais de crianças a comprar livros que são pró-ateístas».

«Faça-se uma fogueira bem alta, e lance-se para lá todos esta cultura herege», já estou a ver o estimado Bill a pensar enquanto a baba lhe escorre da boca: Harry Potter, Golden Compass, Teletubbies, SpongeBob, etc, por ele [e os Pat Robertson’e e os Jerry Falwell’s do mundo] era tudo banido. E assim as crianças podiam passar as tardes a ver o espectáculo masoquista, sórdido e horrendo da «Paixão de Cristo» e a ler as fantasias sobre genocídios, intolerância, e «ciência» na Bíblia.

E queremos nós, que a nossa sociedade progrida.

30 de Outubro, 2007 Hacked By ./Localc0de-07

Esclarecimento de André Breton

Por André Breton, Lê Libertaire, 21 de março de 1952

«Caro camarada,
Vários jornais (Combat, Paris-Presse etc.) reproduziram na semana passada o texto de um telegrama endereçado ao Papa e assim formulado:

“Solicitamos suprema intervenção junto ao Chefe de Es­tado espanhol para impedir a execução dos sindicalistas de Barcelona condenados à morte”.

Peço-vos que me deixem dizer aos nossos amigos de Lê Libertaire que, ainda que a tenham feito figurar em baixo desse telegrama, nunca expus a minha assinatura em tal redacção e que desaprovo formalmente essa iniciativa, que parte dos escritórios de Franc-Tireur.

Visto tratar-se de salvar cinco sindicalistas espa­nhóis, teria-me abstido de protestar publicamente se, con­forme me asseguraram no dia seguinte por telefone, havia pensado utilizar sem seu consentimento, nomes de todos aqueles que no encontro de Wagram tinham tomado a defesa dos condenados. Entre esses, os nomes de Georges Altman, Jean-Paul Sartre e Ignacio Silone foram omitidos, enquanto faziam preceder os outros do nome de um padre que até aquele momento não se havia manifestado (e não havia, segundo parece, conseguido outro apoio junto ao seu superior hierárquico!) considero que abusaram do meu nome.

É desnecessário dizer que eu nunca teria pensado nem consentido em endereçar uma súplica ao Papa, personagem a quem nego toda a autoridade espiritual e que, em minha vida nunca vi usar os poderes que ele detém para realizar o mí­nimo acto de justiça ou “caridade”.

A execução, sexta-feira última, dos nossos cinco cama­radas de Barcelona mostra uma vez mais que o recurso em questão era totalmente ridículo e ressalta, para aqueles que ainda duvidavam disso, a cumplicidade criminosa do Vati­cano e de Franco.

Fraternalmente,

André Breton»

Excerto de “Surrealismo e Anarquismo”; Joyeux, Ferrua, Péret, Doumayrou, Breton, Schuster, Kyrou, Legrand; Editora Imaginário; Selecção e tradução de Plínio Coêlho

Também publicado em LiVerdades

30 de Outubro, 2007 Hacked By ./Localc0de-07

Entrevista com José Saramago

Entrevista com o único escritor de língua portuguesa a ganhar o Prémio Nobel de Literatura.

1ª Parte

2ª Parte

Também publicado em LiVerdades

30 de Outubro, 2007 Carlos Esperança

O Papa e as beatificações políticas

O Papa não é um solípede com cabresto, o animal a quem o freio impede a ração de palha, uma santa besta sem a noção dos actos que pratica.

Pelo contrário, B16 é um homem inteligente e culto, possivelmente rancoroso e vil, que trouxe das SS o espírito de obediência, que adquiriu no seminário o ar dissimulado e a quem a tiara confere o dom da infalibilidade. É também um miserável fascista.

O que não pode o ditador perpétuo, o responsável pela «Sagrada Congregação da Fé», durante tantos anos, é fingir que a beatificação dos bem-aventurados foi uma festa da fé, uma orgia mística, um festim em honra do Deus que bem sabe que nunca existiu.

B16 sabia, e sabe, que os mártires da fé, como ele lhes chama, caíram do lado fascista, do lado de Franco, do crápula que chamou os alemães para bombardearem Guernica, do assassino que continuou a chacinar republicanos depois de a guerra acabar.

B16 sabe que se intromete na luta partidária em Espanha, que cauciona o terrorismo beato do episcopado contra o laicismo, que toma partido entre a Igreja e a democracia.

A beatificação no domingo de 498 «mártires» espanhóis não tem nada de «política», afirmou esta segunda-feira o secretário de Estado do Vaticano, o cardeal Tarcisio Bertone*, um dia depois de um protesto por parte de um grupo de militantes de esquerda.

Claro que não. Até um torturador serviu para fazer número.

*O cardeal Bertone é aquele primata de mitra e báculo que presidiu à feira anual de Fátima em 13 de Outubro p.p.