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Dia: 11 de Outubro, 2007

11 de Outubro, 2007 Carlos Esperança

Fátima – Bazar da fé

Parece impossível! O Vaticano duvida do milagre dos pastorinhos de Fátima como se este fosse mais estúpido e improvável do que todos os outros, para os quais nunca faltaram atestados de favor passados por médicos avençados para a função.

Não será provável que a gincana de uma mãe à volta da televisão, a rezar e a pensar nos pastorinhos, devolvesse ao filho a funcionalidade do pâncreas? É, quiçá, mais provável que madre Teresa, ateia, ou monsenhor Escrivá, admirador de Franco, tivessem obrado milagres?

O cardeal português Saraiva Martins, especialista a arranjar atestados médicos, já anda a pedir que se reze ao Francisco e à Jacinta para lhes solicitarem um novo milagre. Quem pode garantir que os dois beatos, mortos há tanto tempo, oiçam as preces e ajustem um prodígio feito a meias? Os mortos têm mais que fazer.

No dia em que vai ser inaugurada a maior área coberta de orações, em solo português, já devia estar devidamente confirmada a autoria do milagre e despachada a canonização de que depende a rentabilização do negócio e a clientela do novo templo.

O cardeal Saraiva Martins, um veículo litúrgico para a causa dos santos, baptizado e confirmado em Portugal, podia dizer ao Papa que ou lhe canoniza os conterrâneos ou denuncia o negócio das canonizações. Não é justo que os garotos para quem a senhora de Fátima fez truques com o Sol, vejam agora o Papa a pôr em dúvida um milagre na área da endocrinologia, bem mais difícil do que o outro, obrado na D. Emília que estava entrevada e logo se finou a andar lindamente.

Até um anjo aterrou no lugar onde o Francisco, a Jacinta e a Lúcia pastoreavam cabras e, agora, depois de divulgadas tão pias mentiras, o Vaticano põe-se com pruridos para fingir que Bento XVI é sério e exigente para que os embustes pareçam verdadeiros.

11 de Outubro, 2007 Ricardo Silvestre

Terminologias

Para terminar (da minha parte) este assunto sobre qual a melhor estratégia para os ateístas conseguirem passar a sua mensagem e contribuir para o desenvolvimento da raça, gostava de deixar aqui a posição de Ellen Johnson, presidente da American Atheists.

«Ateístas não são apenas um grupo contra «qualquer coisa», nós somos «qualquer coisa». É a Sociedade Americana de Cancro apenas «contra qualquer coisa» porque a sua luta é contra o cancro? É esta organização uma «organização negativista»? É o Greenpeace uma organização negativista porque lutam contra a poluição?

Ateístas querem a aprovação dos outros, e por causa disso muitas vezes os ateístas tentam esconder o que são, e a face que mostram ao mundo é uma de vergonha e receio. Quando alguém age de uma forma envergonhada pelo que é, o resto das pessoas vão trata-lo como merece. Esta não é a resposta.

Dizer que não devemos ter um nome é não existir. Não devemos correr o risco de nos tornarmos invisíveis por aqueles que procuram a aprovação de outros grupos. Nos Ateístas Americanos não deixamos que sejam os nossos adversários a ditar como nos chamamos ou como agimos».

Infelizmente, e pelo que leio nas secções de comentários do DA, o termo ateísta é muitas vezes usado como «arma de arremesso» por parte de alguns dos crentes que ai opinam. São logo feitas associações a «ateístas famosos» (Stalin, Mao, Pol Pot), que são apresentados como exemplos de ateísmo racional, e que na verdade não eram mais do que psicopatas monstruosos, que fizeram as coisas que fizeram não por causa do «ateísmo», mas por causa das suas posições dogmáticas extremas e insensatas.

O DA não é um lugar para a apresentação de outras correntes, como o Racionalismo, ou o Naturalismo, ou o Humanismo Secular, ou o Novo Ateísmo, uma vez que o próprio nome caracteriza o sítio. Mas gostava que, neste espaço, consigamos (no mínimo) libertar o termo «ateísta» da carga negativa e injustificada que tem, e que não ajuda o diálogo.

11 de Outubro, 2007 Helder Sanches

A ASAE em Fátima

A ASAE voltou ao terreno desta vez em Fátima. Lá fez o seu roteiro habitual de passar a pente fino uma série de estabelecimentos, passar umas coimas, fechar alguns a cadeado e regressar a casa com o sentimento de dever cumprido.

Contudo, parece-me que desta vez podiam ter ido um pouco mais longe. É que muito perto do local onde actuaram andam a vender – ou melhor, a dar – gato por lebre. Oferecem umas tostinhas que não têm nenhum tipo de controlo de validade, manuseadas sem luvas ou pinças e fazem-nas passar como se fosse carne, ainda por cima humana, com cerca de 2000 anos! Mais, o artigo é depositado directamente na boca da clientela sem que o depositário proceda a qualquer acto de higiene pessoal entre clientes! Consta, também, que são levadas a cabo simulações de rituais vampirescos através da ingestão de vinho como se de sangue humano se tratasse. Ora, isto viola uma série de princípios básicos da higiene alimentar e a ASAE não fez nada.

A ASAE falhou.

(Publicação simultânea: Diário Ateísta / Penso, logo, sou ateu)