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Deus, fé e poder

Deus é um mito que se alimenta da morte ou, melhor, do medo que inspira. A fome, a doença, a miséria, o analfabetismo e o subdesenvolvimento são instrumentos que lhe garantem a existência e restauram a vitalidade.

A juntar às desgraças humanas vêm os interesses de uma casta de parasitas que, como necrófagos, se alimentam do cadáver de Deus. E, como se isso não bastasse, interesses instalados e a máquina de poder erguida em torno do mito, apavoram e perseguem para que a fábula perdure e se fanatizem fiéis que a aceitem, promovam e morreram por ela.

Nunca uma ideia tão ingénua se tornou numa realidade tão perniciosa. Não faltariam dementes que, após uma lavagem ao cérebro, avançassem para a morte, na defesa de D. Afonso Henriques, capazes de matar o suposto assassino. Não podemos, pois, admirar-nos da quantidade de devotos capazes de percorrer de joelhos os santuários e viver de mãos postas perante a autoridade eclesiástica. Catequizam-nos desde a infância.

Claro que a liberdade exige tanto empenho na defesa da liberdade religiosa como no combate às mentiras das religiões.

Os crentes têm o direito de viajar de joelhos e rastejar aos pés dos padres, fazerem sinais cabalísticos para afastarem os maus-olhados, debitar orações para seduzirem o Deus em que os treinaram, mas não têm o direito de impor a fé, perseguir apóstatas ou formarem uma sociedade de acordo com os seus preconceitos.

Sempre que o poder do clero avança, a liberdade e a democracia recuam.