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A ICAR e a IVG

Na caverna de Deus ulula o Papa, convencido de que a tiara lhe aumenta a raciocínio e os paramentos lhe conferem santidade. Julga que o incenso, a água benta e o sinal da cruz são poderosos demonífugos que convertem incréus e levam de volta os apóstatas.

Nada disso. Apenas alinham em devota subserviência os ventríloquos do costume: os patriarcas, cardeais, arcebispos, bispos, cónegos, monsenhores, arciprestes, vigários, reitores, abades, padres e arquipadres, presbíteros e arquipresbíteros, diáconos e toda a variedade de Reverências, Excelências Reverendíssimas, Eminências e outros primatas paramentados que obedecem cegamente à Santidade vitalícia domiciliada no Vaticano.

Todo este coro de avençados da ICAR repete as mesmas inanidades que o Papa debita, sem prejuízo de dizerem o contrário quando a crença, os tempos e o prazo de validade da mentira anterior se esgotarem.

Confundir um embrião com uma criatura humana não é uma questão de ciência, é uma alucinação que o sindicato da hóstia vulgariza. É a mesma perturbação sensorial que vê milagres em coincidências ou imposturas, que vê um corpo apodrecido há dois milénios e o respectivo sangue numa rodela de pão ázimo, que engendra um hímen intacto numa fêmea parida.

Pessoas assim, a quem a fé ou o embuste causam alterações sensoriais, são dadas ao exagero e à mitomania. Numa pessoa simples tal comportamento chama-se mentira ou destrambelhamento mental, num dignitário eclesiástico atribui-se ao milagre da fé.

Não admira, pois, que o Papa e os seus sequazes vejam no orgasmo um genocídio capaz de esbanjar almas e provocar a cólera de Deus.

Mas se a ICAR vê no embrião uma pessoa, por que motivo não o baptiza?