Loading

Dia: 2 de Dezembro, 2006

2 de Dezembro, 2006 Palmira Silva

China executa fundador de seita evangélica

Cultos esotéricos e muitas vezes violentos não são novidade na História da China, como é exemplo a Sociedade do Lótus Branco, um misto entre budismo messiânico (Maitreya) e maniqueismo, que se tornou proeminente pelo seu papel na Revolta do Lótus Branco (1786-1804) que resultou na queda da dinastia Qing. Aliás, estas seitas do milénio, que acreditam na volta de um messias (neste caso Buda Maitreya) estão na base da maioria das quedas das dinastias governantes, desde os «Turbantes amarelos» que derrubaram a dinastia Han até às revoltas de Taiping – a sociedade Nian por trás desta revolta contra a dinastia Qing (1850?64) é considerada uma «reencarnação» do Lótus Branco – e Boxer – mais uma vez fomentada pelo Lótus Branco agora na versão Yihequan (1899-1901), – que abriram caminho ao comunismo.

Na realidade, desde os primórdios da China, que o «Mandado dos Céus», um conceito chinês utilizado pela primeira vez pela dinastia Zhou e depois por todos os imperadores chineses, é invocado para justificar o poder temporal: os governantes são abençoados pelos céus mas se não governarem bem os céus ficam desagradados e o «Mandado» será oferecido a outrem.

O vácuo ideológico deixado pela falência do comunismo neste país tem vindo a ser preenchido por um interesse fanático na religião, especialmente nas comunidades rurais, onde a qualidade de vida é francamente baixa e em que muitas seitas, especialmente evangélicas, prometem saúde – em zonas em que o estado se demitiu das suas responsabilidades em termos de cuidados básicos de saúde- prosperidade e a certeza do «arrebatamento» no Apocalipse que afirmam estar prestes a chegar. Tudo a troco de dinheiro, lealdade à seita e secretismo absoluto.

De facto, como indicou o Francisco, o Estado controla estritamente as religiões, pelo que este interesse pelas religiões traduz-se na clandestinidade da maioria destas seitas, que operam maioritariamente nestas zonas rurais empobrecidas, e onde a competição entre seitas atinge níveis de violência mortais.

As autoridades chinesas executaram na passada semana pelo menos 12 membros, incluindo o líder e fundador, da «Three Grades of Servants Church», que com a sua rival «Eastern Lightning» são as duas seitas evangélicas com mais seguidores na China. Os muito agressivos métodos de angariação ( e manutenção) de clientes da primeira, que resultaram na morte de 20 membros da sua rival, estão na base das condenações.

2 de Dezembro, 2006 Carlos Esperança

O Papa na Turquia

Depois de ter colocado respeitosamente uma coroa de flores em homenagem a Kemal Atatürk, o pai da Turquia moderna, que proibiu o uso público dos símbolos religiosos, Portugal espera que B16 repita o gesto em relação a Joaquim António de Aguiar e Afonso Costa, vilipendiados pelo clero da sua Empresa.

Num gesto de coerência, o Papa B16 defendeu a entrada da Turquia na União Europeia e – presume-se -, terá amaldiçoado um cardeal reaccionário de nome Rätzinger, que foi o chefe do Santo Ofício no anterior pontificado, adversário de semelhante ideia.

Na Mesquita Azul, o Sapatinhos Vermelhos, que crê tanto em Deus como os redactores do Diário Ateísta, recolheu-se em oração, virado para Meca, mostrando que sabe geografia e o lado de que Deus sopra.

Antigamente Deus estava em toda a parte, mas a melhoria das condições higiénicas e o aparecimento da lixívia, removeram-no para o Céu, cuja localização se ignora, e para Meca onde o odor das grandes peregrinações ainda o conserva.

Se Atatürk fosse vivo obrigaria B16 a vestir-se como as pessoas normais e a conter-se no tráfico da fé, remetendo as negociações religiosas para a esfera particular. Assim, com o circo mediático montado nesta viagem, as negociações fizeram-se em público e decorreram com a presença da comunicação social.

Cuidado com os dirigentes religiosos. Não é a liberdade que procuram, é a imposição da fé através dos meios persuasivos que ilustram as páginas mais negras da humanidade.