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Quo Vadis Ratzinger?

Em tempos de JP2, um clérigo ilustrado mas rural, poliglota e crente em Deus, a ICAR tornou-se ainda mais conservadora, adoptou a teologia do preservativo e mostrou-se insensível à SIDA e a outras doenças sexualmente transmissíveis.

JP2 era um provinciano habituado a viver em ditadura, um crente que julgava de origem divina a Bíblia e acreditava na Senhora de Fátima. Se fosse cientista era uma alimária, sendo Papa foi um místico.

A intolerância era apanágio do múnus e da formação, a postura misógina uma exigência do Evangelho e a moral sexual um misto da repressão própria e dos desvarios dos santos doutores da Igreja católica.

Recalcitraram alguns teólogos e outros clérigos que não tinham o espírito embotado da atrasada Polónia. Com a ajuda do cardeal Ratzinger a todos calou. Afastaram-se uns, submeteram-se outros e foi a mais reaccionária e política das seitas católicas – o Opus Dei -, que marcou ideologicamente o pontificado de JP2.

Após a deprimente exploração da decrepitude do autocrata, falhado o último suspiro em directo para as televisões, a Cúria encenou o espectáculo fúnebre com pompa e propaganda. Fizeram-lhe um lindo enterro, como soe dizer-se.

O inquisidor de serviço fez-se Papa e o Opus Dei reforçou o poder. O conservadorismo e a luta política contra as decisões democráticas dos povos ganhou novo fervor e uma conjura internacional está a ser preparada contra a laicidade e o secularismo.

Bento 16 é um Torquemada actualizado. A SSPX do excomungado bispo Lefebvre dá-se com o inquisidor Ratzinger como Deus com os anjos, como se diz em jargão pio.

Não é estranho que não haja dissidentes? Ou a ICAR já não representa ninguém ou o controlo ideológico e a repressão impedem a discordância teológica.

Roma está cada vez mais parecida com Meca. Os prosélitos da Bíblia são clones dos suicidas islâmicos e o clero de um e outro antro é cada vez mais parecido no desvario, na intolerância e na ânsia de poder.

A fé é um veneno perigoso.