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A libertação de Abdul Rahman


O islamismo, à semelhança das outras religiões monoteístas, entende que um apóstata deve perder o Paraíso e a cabeça, enquanto os que abandonam a concorrência merecem os altares e a bem-aventurança eterna.

Execram-se os primeiros, incensam-se os segundos.

O proselitismo é a tara comum, a obsessão que empurra os crentes para a evangelização e a guerra, a demência que exige a oração e os sacramentos, o terror de Deus que admite o domínio dos padres.

Abdul Rahman é um desses infelizes que, à semelhança de outros drogados do divino, resolveu mudar de droga sem deixar o vício. Trocou o árabe pelo latim, Maomé por Cristo e as rezas orientadas pelos mujaidines pelas missas de um pastor.

O devoto, cuja decisão é um dever de todos os homens e mulheres livres preservar-lhe, ao trocar de Deus, substituir as orações e intoxicar-se com sacramentos diferentes, virou apóstata para os mullahs e convertido para os cristãos. É um traidor para os primeiros e um herói para os segundos.

No mercado da fé é um troféu a exibir, um activo a explorar, o exemplo a agitar pelos conquistadores e uma cabeça a decepar, o ímpio a abater e um exemplo a deplorar pelo mercado de origem.

Não se sabe ainda a que seita aderiu o neófito cristão e já todas reclamam o troféu.