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Dia: 19 de Dezembro, 2005

19 de Dezembro, 2005 Ricardo Alves

Colocar os direitos individuais acima das tradições

Segundo as últimas notícias, a menina que esteve prestes a ser excisada na Guiné-Bissau conseguiu chegar a Portugal, onde se reuniu ao seu pai, um guineense que vive e trabalha em Portugal. Os familiares que dela cuidavam no seu país de origem terão estado prestes a proceder ao ritual que inclui a mutilação genital.

A excisão do clítoris é efectuada num contexto cultural muçulmano e africano. Quem a defende na Europa, fá-lo em nome do respeito pela tradição e pela «identidade cultural», afirmando supostos «direitos» das comunidades sobre os indivíduos e alegando, por vezes, a «liberdade religiosa».

Pessoalmente, há já alguns anos que concluí que o combate político dos ateus é, quase sempre, o combate por colocar as leis que garantem os nossos direitos individuais muito acima de qualquer tradição, cultura ou maioria comunitária. Portanto, se reconheço aos pais o direito de educarem os filhos nas convicções religiosas que entenderem, não lhes reconheço o direito de os mutilarem por razões religiosas.

Infelizmente, tudo indica que a mutilação genital femina é praticada em território português (sobre as mutilações genitais masculinas, menos graves mas também condenáveis, não existe a menor dúvida). O assunto é delicado, também por dizer respeito a imigrantes que vivem, muitas vezes, em condições de grande pobreza. Mas transigir com estas práticas bárbaras seria negar aos imigrantes os direitos que nos concedemos a nós próprios. Permitir que estas tradições se perpetuem é, em certos casos, racismo puro.
19 de Dezembro, 2005 Carlos Esperança

Só a mentira ofende

Alguns créus, mais preocupados com a salvação da alma do que na busca da verdade, manifestam-se ofendidos pelas opiniões de alguns ateus, particularmente as minhas.

Quando afirmo que o estalinismo foi perverso, o que evito fazer neste espaço, manifesto a profunda convicção e é o direito à opinião que exerço. Penso o mesmo do catolicismo, particularmente da Igreja de B16, igreja da contra-reforma, uma impiedosa máquina de manipulação que esmaga a liberdade, a inteligência e a felicidade.

Quando a ICAR celebra uma concordata é um roubo que perpetra, o dinheiro público que saqueia, a situação de privilégio que busca. Denunciar a capitulação do Estado que cede à chantagem, se verga ao Papa e bajula o clero é um dever de cidadania.

Se, às vezes, é vigorosa a linguagem nunca cheguei ao ponto de chamar cães a crentes, epíteto que Pio IX usou para os judeus. Aliás, impede-me a educação e o bom senso de descer aos ataques soezes que a santa madre ICAR desfere contra os ateus.

Relativamente aos epítetos com que brindo deus e a mística fauna até serão insultuosos.

Serafins, querubins e tronos; dominações, virtudes e potestades; principados, arcanjos e anjos, citados por ordem hierárquica descendente, são grupos de delinquentes em que os crentes podem acreditar e que faz parte da moral e dos bons costumes escarnecer.

Podem dizer-me que insulto essas etéreas bestas. É verdade. Trata-se de um crime semi-público. Cabe aos ofendidos apresentar queixa.