Loading

Dia: 4 de Outubro, 2005

4 de Outubro, 2005 Carlos Esperança

Carta ao Diário as Beiras

Senhor Director,

Solicito que, com a habitual benevolência com que os meus textos são recebidos pelo «Diário as Beiras», autorize a publicação do que agora envio na sequência do artigo de António Rosado, de hoje.

Apresento-lhe os meus melhores cumprimentos.

Coimbra, 2005-10-04
Carlos Esperança

Organizado pelo Conselho da Cidade de Coimbra e Pro Urbe, em 27 de Setembro último, houve um debate público no Auditório da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra com os quatro candidatos autárquicos.

Perguntei publicamente, na qualidade de membro da Associação República e Laicidade, se os candidatos se comprometiam a arranjar um local condigno para os mortos que não fossem católicos, bem como um forno crematório para quem preferisse a incineração ao enterro.

Obtive a compreensão dos quatro candidatos e, para além do crematório que o Dr. Carlos Encarnação aproveitou para anunciar, foram unânimes em reconhecer a necessidade de um espaço condigno onde ateus, agnósticos e outros pudessem ser velados, sem imposição de símbolos religiosos.

No dossiê «Autárquicas» de 4 de Outubro, sob o título «A morte também é tema de campanha» leio, perplexo: «No bairro onde se situa o maior cemitério do concelho, foi reivindicada uma capela mortuária e prometido um forno crematório».

Faz falta uma capela mortuária numa cidade onde sobram catedrais, igrejas, capelas e outros pios locais onde jorra água benta e emana incenso?

Os que em vida tiveram uma pituitária alérgica ao cheiro das velas, tímpanos avessos às orações e olhos apáticos às sotainas, não têm direito a local digno, liberto de iconografia religiosa, onde os familiares e amigos estejam ao abrigo do latim e do cantochão?

É de um espaço neutro, liberto da omnipresença católica, que a cidade de Coimbra precisa. E foi isso que foi prometido.

Nem outra coisa é de esperar de quem exerce o poder num país laico, mesmo de quem acredita que a devoção abre as portas do Paraíso. É uma exigência cívica de respeito pela Constituição e pelos outros.

4 de Outubro, 2005 Carlos Esperança

Viva a República

Viva o 5 de Outubro
Fizeram mais pela liberdade alguns homens, num só dia, do que Deus desde sempre.
4 de Outubro, 2005 Ricardo Alves

O Pluralismo da Igreja

O «Boston.Com News» relata que o padre católico George Lange, de uma igreja da cidade de Westborough no estado norte-americano de Massachussets, foi suspenso das suas funções depois de se recusar a apoiar uma petição contra o casamento homossexual de iniciativa dos bispos daquele estado.

O «crime» do padre Lange consistiu na ousadia de publicar no boletim da igreja um artigo em que cometia o sacrilégio de se manifestar contra a proposta de emenda constitucional que visa proibir o casamento homossexual nos Estados Unidos e que, com o incansável e entusiástico apoio da ICAR, tem vindo a ser implementada pelos mais conservadores e reaccionários sectores das igrejas evangélicas americanas:

«Os padres desta paróquia não podem apoiar esta emenda à Constituição; não lhe reconhecem qualquer utilidade e vêem-na como um ataque a certas pessoas da nossa paróquia, nomeadamente as que são gays».

É perfeitamente típica esta posição dos responsáveis católicos americanos que, coerentemente, diga-se, continuam a preferir os mais reprováveis e retrógrados sentimentos homofóbicos, à liberdade de consciência dos seus próprios membros.

Luis Rodrigues (Random Precision)
4 de Outubro, 2005 Palmira Silva

A nomeada para o Supremo Tribunal

George W. Bush nomeou ontem Harriet Miers, uma conselheira da Casa Branca, para o Supremo Tribunal.

A nomeação de Miers, cuja posição sobre assuntos como o aborto e a separação religião-Estado é desconhecida, provocou ondas de indignação nas hostes teocratas. De facto, os teocratas norte americanos que ajudaram a eleger Bush sentem-se traídos nas suas aspirações de verem juízes teoconservadores no Supremo, que transcreveriam na pena da lei os anacrónicos dogmas cristãos.

Não obstante os protestos dos teoconservadores, que preferiam alguém como o católico John G. Roberts no lugar, a apreciação de Dick Cheney sobre Miers, sossegando o conservador spin doctor Rush Limbaugh sobre a nomeação, não é muito animadora…