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Dia: 9 de Agosto, 2005

9 de Agosto, 2005 Mariana de Oliveira

Café sem descrentes

A dona de um café perto de Birmingham, no Alabama, proibiu as reuniões de um grupo secular de ateus, agnósticos e afins no seu estabelecimento. O «Universist Movement» alega perseguição cristã enquanto que a proprietária do «Cool Beans» diz que apenas quer manter o seu negócio.

Mel Lipman, presidente da «American Humanist Association», afirma que «já não está tudo bem quando se discrimina com base na raça ou na orientação sexual, mas é perfeitamente válido que alguém diga que nunca votaria num ateu para a Presidência».

De acordo com o fundador do «Universist Movement», Ford Vox, o problema surgiu quando se encontrou com a proprietária do café, Amy Anderson, para discutir a realização da reunião no «Cool Beans». Depois de ela ter perguntado em que é que o grupo acreditava, de acordo com Vox, retorquiu dizendo que não estava à vontade com aquilo porque ela é cristã.

Por seu turno, Amy Vox responde que o que o «Universist Movement» alega não é «exactamente verdade». Depois de ter chamado o advogado, afirmou que é política da casa verificar qualquer grupo com mais de 10 pessoas que se queira encontrar no seu estabelecimento, que tem lugar apenas para 30. Para além disso, ela retirou os «flyers» do grupo porque era contra uma citação de um artigo do «New York Times» que caracterizava os adeptos do movimento como sendo «especialmente presunçosos e matreiros».

«O meu primeiro pensamento foi que isto podia ser um sinal vermelho – este grupo podia ser desestabilizador se se encontrassem», afirma Amy Anderson. «Além disso, o próprio número pode ser desestabilizador, independentemente de serem afáveis e bons clientes».

As convicções de determinado grupo não são razão suficiente para a recusa de prestação de serviços, assim como a raça, o sexo ou orientação sexual. É especialmente mau que num país que se afirma como o defensor da Democracia se assista a tantos atropelos à Liberdade com base na religião.

9 de Agosto, 2005 Carlos Esperança

Monarquia e uniões de facto

Palácio de Buckingham
O príncipe Carlos autorizou o filho Guilherme a viver com a noiva Kate Middletonnum no apartamento em Clarence House, residência oficial do príncipe de Gales.

Segundo o Daily Express, a própria Raínha e o marido, duque de Edimburgo, também aprovam a iniciativa dos dois jovens de 23 anos.

A monarquia já não é o que era. Apesar do carácter anacrónico da instituição, o facto de autorizar membros da família real a viverem em união de facto na residência oficial da família britânica, é um avanço que se saúda e um facto que se regista.

A Igreja anglicana, que deve obediência à Rainha, não deverá ter voz activa para se pronunciar. A Igreja Católica é cada vez mais a guardiã da moral à luz do concílio de Trento.

Fonte: El Periódico – última hora, segunda-feira, 8

9 de Agosto, 2005 Palmira Silva

Fugas de Verão

Um dos clérigos islâmicos sobre quem pendia a possibilidade de uma acusação de traição, o Sheikh Omar Bakri Mohammed, saiu de Inglaterra para o Líbano no sábado informou ao Channel 4 News o seu braço direito Anjem Choudary.

“O que ele fez foi fazer a hirja (procurar santuário religioso) para outro lugar porque sentiu que era incapaz de praticar a sua religião.»

O que, dadas as novas medidas de prevenção do terrorismo a implementar no Outono pelo governo de Tony Blair é verdade. De facto, considerando que para Omar Bakri Mohammed praticar a sua religião significava apelar à jihad contra os infiéis, matando tantos quanto possível já que «O texto divino é claro quanto à necessidade de provocar ‘o máximo dano possível’. O operacional tem portanto de certificar-se de que mata o maior número de pessoas que pode matar. Se não o fizer, espera-o o fogo do Inferno.» não será mais possível praticar impunemente a sua religião no Reino Unido.

Choudary revelou ainda que «Ele acredita que foi declarada guerra aos muçulmanos neste país.» o que no caso de Bakri também é verdade se relembrarmos que o Ocidente declarou guerra aos terroristas e Bakri considera que ser terrorista é indissociável de ser muçulmano: «Eu sou um terrorista. Como muçulmano claro que sou um terrorista».

9 de Agosto, 2005 Mariana de Oliveira

Fuga ao fisco

Vigora no Paraguai, há seis meses, uma nova lei fiscal que obriga que todas as instituições não governamentais, incluindo profissionais independentes, apresentem mensalmente declarações contendo as receitas e as despesas para que, posteriormente, possam ser alvo de tributação a 10%. De acordo com Ignacio Gogorza, tesoureiro da Conferência Episcopal Paraguaia, o governo tinha estabelecido um prazo até Outubro próximo para que as Igrejas contratem um contabilista e comecem a manter os seus livros correctamente.

O mesmo Ignacio Gogorza disse que «os representantes da Igreja Católica e de outras Igrejas cristãs evangélicas, reuniram-se (…) com o ministro da Economia, Ernest Bergen, e com o vice-ministro da Tributação para reiterar a nossa posição de que as actividades religiosas não são comerciais», reiterando, assim, a sua pretensão de continuarem a cumprir as suas actividades sem pagar impostos.

O tesoureiro da Conferência Episcopal do Paraguai acrescentou também que «as igrejas lidam com doações e colaborações anónimas dos fieis pelo que as paróquias pequenas que subsistem com um rendimento mínimo graças aos donativos não têm a oportunidade de organizar-se como uma empresa comercial».

Estranhamente, muitos dos profissionais independentes não têm a oportunidade de organizar-se como uma empresa comercial e, no entanto, têm de manter a sua contabilidade organizada por motivos fiscais. Para além disso, muitas empresas comerciais não têm o volume de receitas que têm algumas paróquias e, no entanto, não é por isso que todas as empresas comerciais estão isentas do pagamento de imposto.

Quanto à natureza não comercial das actividades das Igrejas, tal é discutível. Todos aqueles ritos a que o crente se submete desde o nascimento até à sua morte poderão ser considerados como prestações de serviços comparáveis – embora de utilidade altamente duvidosa – com uma consulta médica. Além disso, há que considerar a venda de velas, terços, postais, marcadores de livros, rifas, estatuetas, amuletos e «recuerdos» diversos que não deixam de constituir receitas por terem mais ou menos símbolos religiosos.