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Dia: 28 de Abril, 2005

28 de Abril, 2005 Carlos Esperança

O papa anti-semita

A ICAR sempre tentou apagar o passado para melhor convencer os incautos da sua bondade. Parece ter esquecido o zelo posto na perseguição dos judeus com os reis católicos de Espanha e com D. Manuel I, em Portugal, zelo que se acentuou sob os auspícios da Inquisição com D. João III, rei que devia pouco à inteligência mas se dedicava profundamente à devoção religiosa. E foi assim em todos os países submetidos à influência de Roma.

O anti-semitismo da ICAR atingiu o apogeu da demência com Pio IX, que chamava «cães» aos judeus, o que não o prejudicou na beatificação com que JP2 havia de distingui-lo depois de lhe ter aprovado um milagre. Ultimamente há uma tentativa para reabilitar Pio XII, outro anti-semita com provas dadas. Não vale a pena falsear a história do Papa de Hitler. É fácil perceber que bastava ter aconselhado os católicos a não colaborarem com o nazismo para que o ditador não tivesse êxito.

Pelo contrário, Pio XII mancomunou-se com Hitler e ordenou à ICAR alemã que renunciasse à acção social e política, que extinguisse os partidos políticos católicos e silenciasse os seus próprios jornais. Seria o Führer a reconhecer essa ajuda como uma grande vitória e um enorme êxito na « luta contra o judaísmo internacional».

Sem a cobarde colaboração da ICAR teria sido impossível a eficácia e rapidez na «certificação racial» de todos os alemães.

Nem quando os judeus de Roma foram enviados para os campos de concentração e extermínio ergueu a voz para denunciar o crime, preocupado que andava com a exiguidade dos trajes femininos que corajosamente vituperava em piedosas homilias.

Por mais lixívia que os panegiristas de serviço usem será impossível desencardir a nódoa Pio XII caída no pano da ICAR, pano conspurcado por demasiadas nódoas acumuladas ao longo de vinte séculos.

Apostila – Mas que poderia esperar-se do sucessor de Pio XI que apoiou activamente a subida ao poder de Benito Mussolini e que, numa missa grandiosa em sua honra, declarou que «Mussolini é um homem que a Divina Providência nos enviou»? A troco dos bons serviços o ditador assinou os Acordos de Latrão que restituiram os Estados Pontifícios à Santa Sé e reconheceu a doutrina católica como primordial em Itália.

28 de Abril, 2005 Palmira Silva

Tolerância cristã

Continua o terrorismo da Igreja Católica timorense para derrubar o governo democraticamente eleito de Mari Alkatiri. Pelo único motivo de este ter decidido fazer uma experiência em 32 escolas do país, nas quais o ensino da religião seria facultativo e, a pior afronta, pago pelas Igrejas.

Depois de verem goradas as expectativas de golpe de estado, já que só conseguiram convencer cerca de cinco mil fanáticos a invadir o palácio governamental e derrubar o governo, a táctica da Igreja Católica passa por exigir ao Presidente da República, Xanana Gusmão, que demita o primeiro-ministro «para assegurar o funcionamento normal das instituições democráticas».

Como a única instituição que pode ser afectada pela decisão do primeiro-ministro é a Igreja Católica, que é a antítese de uma instituição democrática, não se percebe muito bem o fundamento da pretensão da delegação em Timor da opulenta Igreja de Roma. Está certo que vai ter de desembolsar mensalmente 32 salários de professores mas instalar um clima insurreccional por causa desta mísera quantia, especialmente quando pensamos nos milhões de euros que foram gastos na preparação deste último conclave, parece-me demasiado fútil. Porque não pode ser o carácter facultativo da disciplina que indigna os bispos, já que se de facto os timorenses são tão católicos como vociferam os Bispos então todos vão optar livremente por serem proselitados. Claro que a expensas da Igreja e o lema da Igreja sempre foi «Venha a nós o vosso reino»…

De realçar também a reacção do Bispo resignatário de Díli e prémio Nobel da Paz, Ximenes Belo, cuja fantástica e tolerante mediação para a paz passa por aconselhar o governo a desistir da proposta sobre o carácter facultativo da disciplina de Religião e Moral.

«Aconselho as duas partes a resolverem este problema. Ao governo, solicito que arquive aqueles decretos e aos bispos que pautem pelo diálogo», declarou Ximenes Belo à Lusa.

Este conselho é o ex-libris da tolerância cristã: façam como nós queremos, sigam o que mandamos e nós seremos … tolerantes?

Claro que outro «conselho» não se esperaria do ilustre dignitário da Igreja Católica que pediu a expulsão de Timor do jornalista da Lusa António Sampaio por este se ter atrevido a escrever num artigo que Ximenes Belo era conservador!