Loading

Dia: 3 de Março, 2005

3 de Março, 2005 Carlos Esperança

Correio dos leitores – Ancora il cappuccino oscuro…

Ancora il cappuccino oscuro…

Não são os padres quem pode dizer quando e onde começa a vida. Isso é, aliás, coisa que ainda ninguém sabe.
Cada vez mais se começa a perceber que a Vida é um valor absoluto, o único absoluto que existe, e que existiu sempre. Não teve princípio. Não acabará nunca.

Em todas as manifestações de vida, está presente o antecedente vivo causal dessa outra que desponta, e quando o organismo assim gerado se «desorganiza», ainda aí a vida das partículas, de que era feito, se mantém e gera ou se incorpora noutros organismos igualmente vivos. E assim indefinidamente… Por isso, quando se discute qual o momento em que a vida humana, já organizada, surge no feto, deverão ser os cientistas a determiná-lo. Não serão os padres! Quando esse novo organismo passa a ser sujeito de direitos e de protecção jurídica, e em que termos, também deverão ser os juristas e legisladores a ocupar-se, com maior rigor do que qualquer outrem, dessa magna tarefa.

O padre Serras Pereira, está visto, anda confuso, ou confundiram-no os amigos que lhe deram dinheiro para gastar nos jornais com ameaças aos correligionários. Fez mal, pois claro! e agora tem os bispos à perna e é bem feito! É que, sendo ele franciscano? ai S. Francisco S.Francisco, o que andam alguns a fazer em teu nome!? não tinha nada que andar a esbanjar dinheiro em disparates e esquecer-se assim dos pobrezinhos e das regras da Ordem! Arrisca-se a ir para o Inferno… Eu, cá por mim, não me importo nada, e até acho que deve ir.

Pois então que vá, que vá para o Inferno…e se faça por lá santo.
Que vá, que vá… pronto!
Albertino Almeida

3 de Março, 2005 Carlos Esperança

O padre Serras Pereira

O anúncio pago (1386 euros) do padre Nuno Serras Pereira já fez correr imensa tinta e, tão cedo, não se apagarão os ecos da devota catequese do santo asno franciscano. Os dislates eram canónicos, a intolerância obedecia à mais sã tradição católica, a ignorância era adequada ao múnus e a intenção era pia.

Então o que levou alguns meios eclesiásticos a reagir com incómodo e fingida vergonha a um texto cuja ortodoxia é inatacável e que faria as delícias do Papa JP2? Não foi o português rudimentar em que se exprimiu, a pontuação anárquica que usou ou a ignorância de quem chama «crio perseveração» à «crio-preservação». Também não foi certamente o ataque às leis da República quando a ICAR aconselha os seus membros a revoltarem-se contra a democracia sempre que esta desobedeça à lei de Deus, seja isso o que for.

O que exasperou a hierarquia eclesiástica foi o facto de semelhantes despautérios serem um direito episcopal, usurpado por um simples padre, a publicidade escrita substituir o que se deve dizer nos confessionários e nas missas, na ausência da comunicação social, e o exagero da retractação pública pelas mulheres que tomam a pílula, usam DIU ou praticam a contracepção. Não que lhes não desse gozo ver as mulheres humilharem-se em público, não que não fosse uma prática com excelentes tradições católicas, não que os não excitasse, sob o manto da sotaina, a confissão pública dos pecados e a sua descrição pormenorizada. O problema de tal prática é o efeito contraproducente e o estímulo sexual que produz em vez da castidade que pretende.

Com a eucaristia em queda, as legítimas exigências canónicas podem tornar-se um prejuízo para o negócio e afastar a clientela. É por isso que, nos próximos dias, vamos assistir à suavização da doutrina e à insinuação de que o padre Serras Pereira vai ser admoestado.

A ICAR está disposta a sacrificar algumas verdades com receio de fechar as portas.

3 de Março, 2005 Palmira Silva

Atentado de Bali

Um tribunal indonésio considerou o líder religioso radical Abu Bakar Ba’asyir culpado de conspiração no atentado de Bali, em 2002, que causou a morte a 202 pessoas.

Ba’asyir, condenado a dois anos e meio de prisão, negou todas as acusações e vai apelar da sentença.

O grupo radical islâmico Jemaah Islamiah, com presumíveis ligações à Al-Qaeda, é considerado pelas autoridades indonésias como responsável não apenas do atentado de Bali mas também de outros atentados como o de 2003 no hotel JW Marriot em Jacarta. Ba’asyir é considerado o líder espiritual deste grupo terrorista.

Em 2002 Abu Bakar Ba’ayir tentou processar a revista Time por esta ter publicado vários artigos que apontavam a ligação entre o clérigo e não só o Jemaah Islamiah mas também com Omar al-Faruq, da al-Qaeda.

Ba’ayir dirigia a escola islâmica Solo em Java e integrava o Conselho Mujahideen que pretende transformar a Indonésia num país islâmico, estritamente sujeito à Sharia. O clérigo fez vários apelos neste sentido assim como declarou o seu apoio a Osama Bin Laden, mas nega qualquer relação pessoal com este último e com o terrorismo em geral.