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Dia: 10 de Novembro, 2004

10 de Novembro, 2004 Palmira Silva

Haia fecha espaço aéreo

Na sequência de uma explosão que ocorreu no decurso de uma operação policial anti-terrorismo, o espaço aéreo sobre a cidade de Haia está fechado ao tráfego de aeronaves civis.

As autoridades holandesas não explicitaram se a operação antiterrorista está relacionada com o homicídio do realizador Theo Van Gogh por um cidadão de 26 anos com dupla nacionalidade marroquina e holandesa, que despoletou uma onda de violência por toda a Holanda.

A espiral de violência de que duvidava o João Vasco ainda ontem parece ter começado…

10 de Novembro, 2004 Palmira Silva

Mar Adentro – História de uma cabeça sem corpo

Recentemente, em Madrid, tive o privilégio de assistir à estreia do filme «Mar Adentro», do conceituado realizador espanhol Alejandro Amenábar.

Trata-se de uma história polémica, baseada na vida de Ramón Sampedro. Um homem que há anos atrás chegou a aparecer na televisão portuguesa e que volta hoje ao grande ecrã na pele de um actor que traz vida ao olhar enigmático de Ramón.

Ramón é um homem tetraplégico há quase três décadas, que não acredita na vida para além da morte. Dependente dos cuidados da família, a sua única visão do mundo é uma pequena janela do quarto, de onde sai uma ou duas vezes por ano. Enquanto jovem, viajou pelo mundo como marinheiro, mas, um dia, esse mesmo mar mudou o trajecto de uma vida, até então, excitante.

Após o incidente, o seu único desejo, morrer com dignidade, foi-lhe sempre negado pelos senhores da lei. Para Ramón, a vida é um direito e não uma obrigação, «sou uma cabeça sem corpo» – dizia. No entanto, duas mulheres vêm alegrar a sua vida e ajudá-lo na conquista de uma morte digna. Contra a decisão do tribunal, de não lhe conceder o direito à eutanásia, Ramón desenvolve um engenhoso plano que conta com a ajuda de onze amigos e sabe que quem o ama verdadeiramente é aquele que o ajuda na sua última viagem.

O filme premeia-nos, ainda, com um excelente diálogo entre Ramón e um padre paraplégico que tenta convencer o nosso herói suicida de que a vida pertence a Deus e só Deus tem o direito de a tirar. Não se lembrou, o mui distinto senhor padre, de que a instituição que representa sempre teve uma afinidade promíscua com a pena de morte.

Recordemos, então, brevemente, numa sala de cinema, este homem a quem saudamos e de quem temos saudades.

Um artigo de Aires Marques