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2 de Novembro, 2007 Ricardo Silvestre

Opinião desde «down under»

Este artigo chega-nos da Austrália, escrito por Barry Williams. Foi publicado no Australian News na secção Higher Eduction

“Mitos são valiosos para nos lembrar como gostaríamos de nos ver a nós próprios. No entanto, não devem ser confundidos com factos históricos verificáveis. Por exemplo, é muito improvável que alguém acredite que Zeus, numa orgia reprodutiva, tenha engravidado mulheres mortais, seduzindo-as como um touro, como um cisne, ou como uma chuva dourada. Igualmente, não deve haver ninguém que atribua o som de uma trovão numa tempestade ao acto de Thor estar a bater com o seu martelo numa bigorna.

Historicamente não é incomum para mitos culturais se transformarem em religiões. E existe evidência nas crenças religiosas contemporâneas que assim foi. Por exemplo, no Antigo Testamento (como é referido para os Cristãos) ou Tanakh (no caso dos Judeus) o livro do Génesis é claramente um reflexo de mitos culturais de tribos, à medida que tentavam estabelecer princípios de cosmologia e teologia para um melhor relacionamento com as suas divindades.

Outro exemplo, o Arcebispo Ussher tentou encontrar qual a idade do planeta no Sec 17, e chegou a uma previsão que a Terra era 6.000 anos velha. No entanto essa ideia não sobreviveu aos factos científicos posteriores que mostram que a idade da Terra é de 4.5 biliões de anos.

Os «criacionistas» ou «literalistas bíblicos» [ou os teoricistas do desenho inteligente acrescento eu] podem acreditar no que quiserem, mas começam a esgotar a nossa paciência quando insistem que as suas ideias devem ser tratadas com um privilégio especial. Estes grupos fazem um erro primário: eles partiram da conclusão que deus existe e criou, e tentam desesperadamente encontrar fragmentos de informação que possam ser postos juntos para suportar essa conclusão. Para além disso, sentem-se ameaçados, porque acham que compreender o mundo natural através da ciênca é um «sistema de crença» concorrente ao do deles.

No entanto, «ciência» religiosa é sistematicamente demonstrada como sendo uma crença religiosa e não uma ciência, e como tal não é passível de sequer ser ensinada em escolas estatais. Na Austrália os creacionistas continuam a tentar perpetuar os seus mitos como explicações cientificas, e como tal tem de se manter o combate contra esta iniciativa.»

Para saber mais sobre Novo Ateísmo visite o NOVA

2 de Novembro, 2007 Carlos Esperança

Ódio pio

Ninguém é melhor ou mais inteligente por ser ateu mas, seguramente, as religiões fazem as pessoas um pouco piores e parecerem mais estúpidas.

Alguns jagunços de Deus que escrevem nas caixas dos comentários do Diário Ateísta não se limitam a debitar as patranhas da fé, insultam os que não querem converter-se, desolados pela falta de fogueiras e pela impossibilidade de nos condenarem às galés.

Podiam, ao menos, limitar-se a dizer que Deus existe com a mesma convicção com que as crianças acreditam em fadas e duendes, afirmar que Jesus andou sobre as águas e que ressuscitou mortos o que, sendo mentira, não é ofensa. É uma forma de fingir de asno na convicção de que isso dá direito a um bilhete para o Paraíso.

Acontece que os crentes, não tendo ideias, têm ódios, não pensando exibem convicções. Uns, sem nunca terem lido Saramago, atacam o brilhante escritor por mero preconceito político. Outros mostram como são anti-semitas. E quase todos acusam toda a gente porque o seu Deus foi espetado num sinal mais, como se nós tivéssemos algo a ver com isso.

O ódio vesgo vem-lhes daquele livro repugnante – Velho Testamento -, onde um crápula que faz de Deus prega o ódio, a vingança e o apocalipse. Depois leram superficialmente os quatro evangelhos que Constantino escolheu e numerosas alterações adulteraram. É daí que lhes vem aquele asco anti-semita que levou os cristãos a apoiarem a Hitler.

Enfim, por cada crente culto que visita o DA, temos de aturar a fauna que chafurda nas sacristias onde germina o vício e se cultiva o ódio. Nem sequer respeitam o teor dos posts, debitam sempre as mesmas alarvidades sem lerem o que se escreve.

1 de Novembro, 2007 dsottomaior

Ateísmo em Piracicaba

Piracicaba é uma pacata cidade do interior do estado de São Paulo. Ela certamente tem sua fração de ateus como no resto do país, mas sabemos agora que um deles está disposto a dar voz e movimento ao seu ateísmo. Dias atrás, o estudante Daniel A. B. Modolo escreveu a excelente Apologia ao Ateísmo, que merece não apenas ser lida mas também comentada.

O jornal certamente recebeu comentários fortes dos religiosos, o que pode estigmatizar ainda mais a posição dos descrentes. Por isso é da maior importância contrabalançar esses comentários e deixar saber à sociedade Piracicabana quantas pessoas existem, aqui e alhures, que concordam com aquele texto. Envie sua mensagem por aqui.

1 de Novembro, 2007 Ricardo Alves

Mina Ahadi é a «secularista do ano»

No Reino Unido, Mina Ahadi venceu o prémio «Secularist of the year» de 2007 da National Secular Society.Mina Ahadi é de origem iraniana, ateísta de convição e politicamente laicista, e passou à clandestinidade no Irão, em 1980, depois de se envolver numa campanha contra a obrigatoriedade do uso do véu islâmico. À época, a sua casa foi assaltada pela polícia islamista, e o seu marido e quatro camaradas seus foram presos e executados pelos islamo-fascistas. Mina Ahadi exilou-se na Europa em 1990, e vive na Alemanha desde 1996. Fundou em Março deste ano o Comité dos Ex-Muçulmanos da Alemanha, uma ideia que foi seguida pela fundação de organizações semelhantes no Reino Unido e na Holanda.

A nomeação de Mina Ahadi para este prémio é particularmente feliz por se tratar de uma mulher ex-muçulmana. Nos países de tradição muçulmana, é a luta pela liberdade das mulheres e pela sua igualdade de direitos com os homens que mudará sociedades ainda dominadas pela aliança entre a religião tradicional e o machismo. Como afirmou Richard Dawkins na cerimónia de entrega do prémio:

  • «Sinto há muito tempo que a chave para resolver a a ameaça mundial do terrorismo islâmico será o acordar das mulheres, e Mina Ahadi é uma líder carismática que trabalha para esse fim.»

Para além de Mina Ahadi, várias mulheres de origem iraniana estão actualmente na vanguarda do laicismo na Europa: Maryam Namazie, Chadortt Djavann, ou Azar Majedi. Espera-se que sejam um exemplo para o seu país de origem e para o resto do mundo muçulmano.

[Esquerda Republicana/Diário Ateísta]

31 de Outubro, 2007 Carlos Esperança

Espanha – Julgamento de um crime de Maomé

A sentença judicial, hoje conhecida, sobre os atentados de 11 de Março, em Madrid, põe fim à teoria da conspiração que Aznar elaborou como bom mitómano e excelente farsante. Rajoy, fiel ao seu antecessor, não se demarcou a tempo da encenação grotesca com que o PP quis caucionar o crime da invasão do Iraque.

O PP conseguiu fazer o pleno do apoio do episcopado espanhol à sua política e até às manifestações públicas onde não faltaram o garrido das mitras e o brilho dos báculos com centenas de sotainas a abrir pias manifestações contra o Governo de Zapatero.

Conseguiu mais, conseguiu que o Vaticano se intrometesse na luta partidária espanhola com a beatificação de 498 mártires da guerra civil espanhola, a juntar aos 479 elevados por João Paulo II em gestos de gratidão para com o Opus Dei e de solidariedade para com a Conferência Episcopal Espanhola.

A Igreja espanhola, comprometida ainda com o franquismo, é o principal pilar do PP e a tropa de choque da direita sem se dar conta de que muitos católicos são filhos e netos de vítimas de Franco e que a Espanha é hoje um país civilizado, culto e rico onde a ruralidade já desapareceu.

É por isso que o apuramento da verdade sobre o 11 de Março é tão demolidor para o prestígio dos que preferiram manter a mentira a fazer um acto de contrição.

Esta sentença judicial, independentemente de quem ganhar as próximas eleições, é um labéu contra a mentira e a dissimulação de velhos franquistas e actuais conservadores. Factos são factos e é nessa sólida barreira que o PP esmagou a honra e a credibilidade. A mentira ficará a pesar-lhe tanto quanto o crime de Aznar na invasão do Iraque.

31 de Outubro, 2007 Ricardo Silvestre

Lições de ódio

Foram encontrados, em algumas das mais importantes mesquitas de Londres, livros a apelar à decapitação de Muçulmanos não praticantes, a ordenar às mulheres islâmicas de se manterem em casa e a proibir casamentos entre pessoas de diferentes religiões .

Alguns destes livros a defender posições fundamentalistas foram encontrados em livrarias dentro de mesquitas como a de Regents Park que foi fundada pelo regime Saudita. O seu director, Ahmad al-Dubayan é também um diplomata Saudita.

Para além disso, foram também encontrados livros controversos em mesquitas em Manchester, Birmingham, Edinburgh, Oxford and High Wycombe.

Pode-se ler no texto do The Times que «o que é mais preocupante é que algumas destas mesquitas encontram-se ente aquelas que têm mais apoios e que são das mais dinâmicas na comunidade islâmica da Grã-Bretanha, sendo algumas delas instituições reconhecidas oficialmente».

Um dos temas mais importante no livro são os apelos ao sectarismo, onde se defende que os Muçulmanos devem-se separar de outras religiões e resistir à integração na sociedade. Segundo esses livros «o verdadeiro muçulmano é aquele que sente nojo e ódio pelos não-crentes, heréticos, e tudo aquilo que é considerado não–muçulmano, incluindo aqueles que não praticam com rigor suficiente os ensinamentos da religião islâmica».

Estes apelos ao tribalismo primitivo serão sempre uma das características mais assustadoras das religiões. É a tentativa de criar um ambiente de intolerância e de ódio para com os outros, e pior, muitas vezes dentro da própria religião. Como diz Richard Dawkins «vendo todo este ódio, é difícil imaginar que futuro o mundo possa ter».

Para ler mais sobre este tema, visite NOVA

31 de Outubro, 2007 Helder Sanches

BCP e BPI: nas mãos de deus

Através do seu porta-voz, o BCP anunciou ontem a recusa à proposta de fusão apresentada pelo BPI. Para mim, que não percebo nada destas grandes negociatas, o comunicado pareceu-me equilibrado e cauteloso, precavendo possíveis especulações sem, no entanto, fechar a porta a novas negociações.

Fiquei deveras espantado, contudo, quando o porta-voz do BCP, ao ser interrogado sobre o futuro, respondeu que “o futuro a deus pertence”! Imagino que outra frase possível fosse “o futuro está nas mãos de deus”. Para o efeito também funcionaria… Se fosse investidor do BCP estaria muito preocupado.

(Publicação simultânea: Diário Ateísta / Penso, logo, sou ateu)

31 de Outubro, 2007 Ricardo Alves

A consciência que objecta

O papa dos católicos romanos quer que os farmacêuticos aleguem «objecção de consciência» para não venderem a «pílula do dia seguinte». Duvido que os comerciantes do ramo dos medicamentos concordem em reduzir o âmbito do seu negócio, mas é divertido imaginar um mundo onde todos pudéssemos invocar «objecção de consciência» em cada aspecto da nossa vida profissional. Por exemplo: os médicos poderem recusar-se a fazer transfusões de sangue; os comerciantes poderem recusar vender fosse o que fosse a homossexuais, ou a mulheres com a cara destapada; os vendedores de calendários poderem recusar fornecê-los a casais que os utilizassem na sua estratégia contraceptiva; os professores poderem negar-se a ensinar a teoria da evolução; os produtores de vinho poderem recusar vender carrascão para ser usado nas missas católicas… Pensando melhor, o mundo da «objecção de consciência» de Ratzinger não parece divertido: parece assustador.

[Diário Ateísta/Esquerda Republicana]
31 de Outubro, 2007 ricardo s carvalho

o ópio do povo

a Pew Global Attitudes Project fez sair recentemente um estudo onde, entre outras coisas, analisa uma eventual correlação entre religião e o PIB per capita. o gráfico em questão não deixa de ser curioso:

a medição de “religiosidade” varia numa escala de 0 a 3 (sendo 3 o nível mais religioso), com a pontuação atribuida da seguinte forma: 1 ponto se os inquiridos consideram que “a fé em deus é necessária para a moralidade”, 1 ponto se os inquiridos consideram que “a religião é importante nas suas vidas”, e 1 ponto se os inquiridos consideram que “rezam pelo menos uma vez por dia”. os resultados aí estão para observar sem mais: nas nações mais pobres a religião mantém-se central na vida dos povos, enquanto que perspectivas mais seculares são comuns nas nações mais ricas.

note-se contudo que a correlação diz respeito a nações e não a indivíduos, i.e., não podemos do gráfico concluir que existe correlação entre um indivíduo ser pobre e ser muito religioso, ou ser rico e ser pouco. mas parece-me que a tendência indicada perspectiva um futuro auspicioso para todos!

(Esquerda Republicana / Diário Ateísta)