14 de Março, 2008 Carlos Esperança
A confissão era uma mina
Vaticano preocupa-se com os católicos que não se confessam
É cada vez mais difícil obter informações à borla.
É cada vez mais difícil obter informações à borla.
«El arzobispo caldeo (católico) de Mosul, Boulos Faray Raho, ha sido asesinado por sus secuestradores y su cadáver ha sido encontrado hoy con varios disparos en la cabeza en una carretera cerca de Mosul (400 kilómetros al norte de Bagdad), según han dicho fuentes policiales».
Fonte: EFE (Bagdade)
Entretanto, a Alemanha vai dar aulas de religião islâmica.
Faleceu hoje o abade emérito de Montserrat, Cassià Maria Just, um beneditino de 81 anos que se destacou na defesa dos direitos humanos e converteu Monserrat em refúgio, durante a repressão fascista de Franco.
Na abadia que dirigiu entre 1966 e 1989 acolheu crentes e não crentes de todas as tendências políticas.
O benemérito cidadão e honrado clérigo teve a coragem de permitir que na sua abadia se fechassem intelectuais em protesto contra o célebre processo de Burgos, simulacro de justiça em que um Conselho de Guerra condenou à morte vários membros da ETA, uma manifestação cujos contornos teve semelhança com o que viria a passar-se em Lisboa no caso da Capela do Rato.
Foi um defensor da mudança da moral católica em relação à homossexualidade, ao uso do prservativo, dos anticoncepcionais e no que diz respeito à eutanásia passiva. Cassià entrou no mosteiro aos 9 anos, foi monge durante 64 anos e toda a vida um homem de bem.
Amanhã vai a enterrar esse homem de rara dignidade e coragem cívica. Foi a andorinha que viveu em Monserrat durante o longo Inverno franquista.
A religião não faz um homem bom, nem o ateísmo. Há homens bons apesar de serem crentes. E este era-o, numa Igreja que foi cúmplice do fascismo, que criou o Opus Dei e tem Ratzinger como Papa, no país do cardeal Rouco Varela.
Fonte: el Periódico.com 13-03-08
A Igreja Católica brasileira lançou uma ofensiva contra o aborto distribuindo centenas de fetos de plástico nas paróquias do Rio de Janeiro, apresentados aos fiéis durante a missa “em defesa da vida”.
“O feto é apresentado com o cálice e a hóstia antes da elevação. O padre explica aos fiéis que se vai rezar contra o aborto”, declarou hoje o Padre Ramon, cura da paróquia de Nossa Senhora da Paz em Ipanema, no Sud do Rio de Janeiro.
Um padre católico ruandês foi hoje condenado, em segunda instância, a prisão perpétua por incitação ao genocídio e por participação directa na morte de 1500 tutsis que se tinham refugiado na sua igreja, durante a campanha genocida que varreu o país em 1994.
Há poucas afirmações tão fundamentalistas e cobardes como a obrigação de respeitar as crenças alheias, por mais injustificadas, imbecis ou cruéis que sejam. Muitas acções que caem no domínio criminal são fruto das crenças de quem as pratica e defendidas por milhões de pessoas.
Os sacrifícios rituais ou a morte dos hereges incluem-se nesse ciclo funesto de crença e legítima vingança. Os muçulmanos não toleram caricaturas de Maomé mas exultam com o extermínio de crianças judias por um piedoso suicida islâmico. Não admitem o toucinho mas entusiasmam-se com a lapidação de mulheres. Abominam o álcool mas extasiam-se com a decapitação de um apóstata. Mas, o pior de tudo, é sentirem-se obrigados a converter o mundo às suas crenças, ambição que disputam aos cristãos.
Os católicos não gostam que se duvide da virgindade de Maria (apesar de ser um mito não exclusivo e um dogma recente) mas não tiveram problemas de consciência com a escravatura, a humilhação da mulher e a queima de bruxas, hereges e judeus. Calvino foi um assassino mas criou uma religião. Lutero era anti-semita primário e intolerante mas devemos-lhe, paradoxalmente, a liberdade religiosa de que hoje gozamos para desespero do clero das várias religiões.
Hitler, Estaline, Franco, Salazar, Pinochet, Mao e Pol Pot têm seguramente legiões de admiradores que sofrem sempre que alguém os reduz à condição de pulhas e canalhas. E há quem fique tão indignado com os insultos como um judeu de trancinhas a ver comer uma sanduíche de presunto a um judeu secularizado de Telavive.
Os maiores crápulas da Humanidade tiveram sempre admiradores que choraram a sua morte copiosamente. O Papa, que é santo por profissão e estado civil, é desprezado por milhões de pessoas. Bin Laden é um terrorista frio e bárbaro e goza da veneração de milhões de crentes. O Aiatolá Khomeini foi um facínora e a sua morte constituiu a mais impressionante manifestação de pio pesar. Creio que só a de Estaline, no tempo em que ocorreu, rivalizou em luto e aflição.
É mais importante a defesa do direito a ter quaisquer crenças, descrenças ou anti-crenças do que o dever de respeitar as crenças alheias, seja em relação às caricaturas de Maomé ou às caricaturas de Cristo, por mais iconoclastas e de pior gosto que se nos afigurem.
Corre o boato de que a pedofilia passou a ser pecado, para o Vaticano, assim como passar muito tempo a ler jornais, a ver televisão ou a navegar na Internet.
Mas, segundo esta notícia, pecado mesmo, com direito a bilhete de primeira classe em comboio rápido para o Inferno, é o que diz respeito à bioética: «a experimentação e a manipulação genética cujos resultados são difíceis de prever e controlar».
A ICAR opõe-se à investigação de células estaminais que envolvam a destruição de embriões, ainda que as experiências se destinem à descoberta dos mais promissores medicamentos.
Para a Igreja católica, que gostava de queimar pessoas já adultas, compreende-se a preocupação com os embriões. Com a quantidade de almas que tem em armazém, todos os embriões são poucos para esgotar a remessa cujo prazo de validade se está a esgotar.
Há quatro anos, neste dia, o terror bateu às portas de Madrid. A estação ferroviária de Atocha ficou manchada pelo sangue de 192 mortos e centenas de feridos, na maioria trabalhadores, que se dirigiam para o trabalho.
A demência feroz de fanáticos religiosos esteve na origem da tragédia, na violência dos efeitos e no medo que persiste. Os pregadores, que nas madraças e mesquitas incitam ao rancor e à piedade, raramente são julgados, ficam a orientar as rezas e a alimentar o ódio aos infiéis, crentes indefectíveis de que há um só Deus verdadeiro a quem todos devem prestar vassalagem.
A Europa conhece a violência das guerras religiosas e, talvez por isso, foi-se habituando à tolerância como factor de sobrevivência. Devem-se à secularização e ao laicismo a paz e o bem-estar dos últimos sessenta anos, com admirável respeito por todos os credos e culturas.
Os Estados de direito, democráticos, converteram-se em paradigma da Europa instruída e civilizada que sabe conviver com a diferença e respeitar os valores alheios, mas não se podem respeitar os valores que se sobrepõem aos Direitos do Homem, culturas que discriminam a mulher, concepções tribais que combatem a civilização.
Quatro anos volvidos sobre a tragédia de Atocha e muitos milhares de mortos depois, vítimas do fanatismo religioso, é altura de afirmar que ninguém é obrigado a respeitar as crenças injustificadas dos outros, a pactuar com a intolerância e a conviver com o medo do terrorismo.
É preciso encontrar, julgar e prender quem tem como profissão o incitamento ao ódio e à violência. O lugar desses pregadores não é o Paraíso que prometem, é a enxovia.
Em nome das vítimas de Atocha e de todos os que, ao longo dos séculos, sofreram a morte e a tortura por motivos religiosos, impõe-se como exigência civilizacional o aprofundamento da separação entre o Estado e a Igreja. Seja qual for a Igreja, qualquer que seja o Estado.
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A presidência da Conferência Episcopal garante a Zapatero sua oração
As orações rezadas por Mariano Rajoy vão ser endossadas ao ateu Zapatero.
Os bispos espanhóis felicitaram o primeiro-ministro José Luis Zapatero pela sua vitória eleitoral.
Satisfeita com os resultados , a Conferência Episcopal espanhola enviou uma carta ao líder socialista a oferecer a sua colaboração.
O Diário de uns ateus é o blogue de uma comunidade de ateus e ateias portugueses fundadores da Associação Ateísta Portuguesa. O primeiro domínio foi o ateismo.net, que deu origem ao Diário Ateísta, um dos primeiros blogues portugueses. Hoje, este é um espaço de divulgação de opinião e comentário pessoal daqueles que aqui colaboram. Todos os textos publicados neste espaço são da exclusiva responsabilidade dos autores e não representam necessariamente as posições da Associação Ateísta Portuguesa.