

Vista aérea de Roma: Bento XVI vai deixar de ser chefe de Estado que tem pouco mais de 800 moradores e menos de 0,5 quilômetro quadrado
As principais religiões do mundo definem-se a si próprias como defensoras de princípios éticos de honestidade, de paz e de tolerância e amor ao próximo.E, se a Igreja Católica Apostólica Romana não é excepção, ela caracteriza-se também pela mais profunda e abjecta homofobia e pela mais inqualificável misoginia. Provavelmente mais ainda do que as restantes religiões.
Se não vejamos:
Logo nos princípios fundamentais das religiões cristãs, transmitidos directamente e sem intermediários pelo próprio Deus a Moisés, consta como mandamento: «não cobiçar a mulher alheia».
Ora, quer isto dizer que o próprio Deus reduziu a mulher a um mero e passivo objecto de cobiça, sem autonomia de vontade para a negar ou para lhe resistir.
E quer isto dizer que não resta ao homem outra alternativa para resguardar da cobiça alheia a mulher de que é “proprietário”, não a vontade da própria mulher (que a vontade da mulher não é para aqui chamada), mas somente o último recurso: a vontade divina.
E como a autoridade suprema só tem de legislar em função daquilo que é necessário e que é previsível que aconteça, nem sequer se deu ao trabalho de prever um mandamento que, reciprocamente, proíba a mulher de cobiçar o homem alheio.
Obviamente que a mulher não tem capacidade suficiente para levar a cabo uma tarefa tão masculina como é essa de «cobiçar».
Como está absolutamente fora de questão a própria mulher querer vir um dia… a ser cobiçada…
Na verdade, se alguma coisa é característica da Igreja Católica é o modo como a mulher é encarada como algo sujo e pecaminoso, um ser de segunda categoria e absolutamente desprovido de raciocínio, e que deve ao homem obediência cega.
O próprio celibato do clero não visa mais do que afastar todos aqueles santos homens, representantes de Deus na Terra, dessa coisa abjecta que é a mulher, que só os distrai das sagradas tarefas de Deus e os aproxima inexoravelmente do pecado.
Principalmente desde o Século IV com Santo Agostinho (que deve ter sido um tarado sexual de primeira apanha), o próprio modo como a Igreja Católica encara o sexo – simplesmente como algo porco e um horrível pecado contra Deus – reflecte-se imediatamente no modo como é encarado o “objecto” desse sexo: a mulher.
Assim, como poderia a Igreja Católica permitir a ordenação dessa coisa suja e abjecta que é a mulher? A mulher nem sequer tem dignidade para ajudar à missa, quanto mais para ser padre!
Desde há séculos, a mulher não é mais do que o oposto polo aristotélico do homem, e não serve para mais do que, pela negativa, o afirmar positivamente. Como o mal afirma o bem; como o negativo afirma o positivo.
E não são raros os exemplos históricos das mulheres que, por falharem nesse seu sagrado desígnio, foram queimadas como bruxas. Bastava que alguém desconfiasse que pensavam por si, ou que tão somente demonstrassem qualquer aptidão artística.
As próprias mulheres que se aproximaram de Deus, na pessoa de Jesus Cristo, são tratadas pela Igreja Católica com um machismo e uma misoginia que não se entende que ainda prevaleça e se aceite nos nossos dias.
Teria sido absolutamente normal que Jesus Cristo, afinal um homem, tivesse casado com Maria Madalena, a quem teria tratado como sua igual, e que teria sido sua fiel e confidente companheira. E que o teria acompanhado nos momentos mais difíceis da sua vida, e que nunca o abandonou, nem mesmo na hora da sua morte.
Mas, como está absolutamente fora de questão que Jesus Cristo, Deus e filho de Deus, do alto da sua santidade de Espírito Santo se tenha alguma vez «conspurcado» pelo contacto com uma mulher, desde logo a Igreja Católica imediatamente reduziu a pobre Maria Madalena ao nível mais baixo do escalão mais baixo que já por si era como mulher: passou a ser uma prostituta.
Mas o exemplo mais paradigmático da misoginia da Igreja Católica é o que se passa com a própria mãe de Jesus Cristo, a Virgem Maria.
A Maria de Nazaré foi pura e simplesmente negado ser mulher.
E para que Maria pudesse ser mãe, mesmo sem ser mulher, foi então determinado que fosse virgem, obviamente por intermédio de um dogma, que é para não haver mais discussões.
De tal modo que ninguém se importou que com isso o carpinteiro com quem era casada fosse automaticamente transformado assim numa espécie de «corno manso», incapaz de consumar o seu próprio casamento.
Uma vez mais com a persistente ideia (que para mim é inegavelmente muito suspeita) de que o sexo é uma coisa abjecta e suja, a Igreja Católica passou a tratar a mãe de Jesus como a «Virgem», a «Imaculada» ou outros impropérios do género, fazendo-a subir aos Céus toda ela, em alma e corpo, com hímen e tudo, sem sequer lhe dar direito a ter tido uma simples relação sexual na sua vida terrena.
Porque, para a Igreja Católica, depois de ter tido uma relação sexual a mulher nunca mais será a mesma e não serve já para mais nada.
Ao contrário do que acontece com o homem que, como toda a gente sabe, está acima dessas coisas. Até o seu esperma é sagrado e não pode ser derramado inutilmente, sob pena de morte.
A mulher, não. Porque a mulher já foi «tocada». Já foi «suja». Já tem uma «mácula» que nunca mais sai.
E, nem que fosse só para ser mãe, uma mulher assim «manchada», já não poderia subir aos Céus.
E mais: assim numa coisa que parece muito próxima de uma vulgar e africana excisão ritual de clitóris, nem sequer foi dado a Maria de Nazaré o direito de subir aos Céus sem antes ter tido um orgasmo.
E agora é tarde, porque nos Céus não há cá dessas porcarias.
Porque, como é óbvio, Deus não quer.
Pois se Deus é pai, é filho e é espírito santo, então, e como toda a gente sabe, Deus… é HOMEM!
Uma coisa é certa:
nunca deixará de me surpreender como é que uma MULHER, digna desse nome e orgulhosa da sua condição, pode em plena consciência intitular-se CATÓLICA!
Crónica Ateísta de
O que é a Verdade?
Espero que os leitores não vejam no título genérico desta rubrica uma provocação à sua fé, nem entendam que uso uma frase religiosa fora do contexto bíblico. As considerações de um ateu estão inseridas no contexto da Bíblia, porque um ateu é um crítico do conceito de Deus.
Logo, assuntos como a Bíblia, os Evangelhos, outros textos religiosos, históricos, científicos e filosóficos, mais os discursos de papas, bispos e sacerdotes, são o material das suas reflexões.
Escolhi a frase evangélica “Em Verdade vos digo”, referida por Marcos e Lucas, com a intenção de dizer o mesmo que Jesus Cristo (JC) pretendeu dizer quando a proferiu (a crer nos evangelistas). Era intenção de JC sublinhar a Boa Nova que apregoava, na contradição de textos e conceitos que os judeus aceitavam por verdade, ou de outros
que não relevavam como deviam. “Em Verdade vos digo” foi o modo encontrado por JC (ou que os evangelistas colocaram na sua boca) para reafirmar frases sábias inseridas no Levítico, como, por exemplo, “Ama o próximo como a ti mesmo”, que JC via sempre tão esquecida nas atitudes dos sacerdotes que se pretendiam modelos de comportamento. Do mesmo modo eu pretendo chamar a atenção dos religiosos de mente fechada a outras interpretações, para o facto de haver quem pense de outro modo com a mesma legitimidade que reivindicam para si. Note-se que a Verdade de algo é a sua essência, e esta raramente é consensual.
“A verdade é só uma”, diz o Povo, mas cada um tem a sua!… e nas religiões as verdades multiplicam-se. Os quatro evangelistas têm, cada um, a sua verdade para JC! É neste contexto de a Verdade não ser una, que os ateus defendem a sua, desde os tempos da Antiga Grécia.
O Ateísmo é uma filosofia que nega a existência real e concreta de uma divindade por não haver prova da sua existência, e não especula sobre a sobrenaturalidade. O ateu entende que Deus é um conceito, vive muito bem sem ele e assume-se responsável pelos seus actos, dá valor à sua vida e à dos outros, cultiva a Razão, a amizade e a entreajuda, e confia no método científico para construir modelos da realidade, rejeitando a fantasia da vida para além da morte.
(O autor escreve sem obedecer ao último Acordo Ortográfico)
Crónica Ateísta de Onofre Varela (1/5)
Eu, ateu me confesso
É vulgar os jornais inserirem uma coluna onde a Igreja Católica verte a sua opinião pela pena de um sacerdote. Menos vulgar, ou inexistente, será o mesmo jornal dedicar espaço idêntico a outras confissões religiosas ou a um ateu. Já propus à imprensa de difusão nacional uma coluna ateísta, sem ter merecido resposta! A Gazeta está de parabéns por aceitar publicar a minha opinião.
Constato, por observação avisada, que os ateus ainda são vistos, por uma larga franja da população, como pessoas de mau comportamento cívico e péssima moral… o que é falso!… É um preconceito cimentado por atitudes religiosas fundamentalistas, na convicção, sem sentido e mentirosa, de o bem, estar com os crentes, e de o mal ser
característica dos incréus! Esta ideia tem sido alimentada por tradições religiosas que não estão livres de reparos, e todos nós conhecemos religiosos que se comportam conforme o ditado popular que diz: “Com Deus na boca e o Diabo no coração”… o que contraria a apregoada bondade religiosa.
Neste tempo de quase adoração pelo futebol, permitam-me que faça esta comparação (se calhar, rafeira!…): o ateu e o religioso são como adeptos de clubes de cores diferentes, em que cada um enaltece a equipa da sua devoção, diminuindo a do outro… mas, no fundo, ambos são pessoas iguais. Têm os mesmos sentimentos de alegria e de dor, compartilham os mesmos problemas sociais e familiares, e ambicionam o mesmo: serem felizes e respeitados na sua dignidade. A cor que defendem no relvado é apenas uma cor… nada mais que isso!… É no respeito pelo colega da outra equipa da disputa que está a atitude racional que distingue o Homem de qualquer outro animal.
Confraternizar com a equipa contrária, que nos venceu ou foi vencida, é a atitude inteligente e fraterna que deve nortear todos os adeptos de clubes desportivos, de partidos políticos e de credos religiosos… sem, contudo, deixarem de expressar a sua opinião contrária à do outro, pelo respeito devido a si próprios, e na convicção de estarem mais próximos da verdade.
É o que me proponho fazer aqui, defendendo os meus pontos de vista de ateu.
(O autor escreve sem obedecer ao último Acordo Ortográfico)
A Revolução de 1820, o 5 de Outubro de 1910 e o 25 de Abril são os marcos históricos da liberdade, em Portugal. Foram momentos que nos redimiram da monarquia absoluta e da dinastia de Bragança; são as datas que honram e dão alento para encarar o futuro e fazer acreditar na determinação e patriotismo dos portugueses.
Comemorar a República é prestar homenagem aos cidadãos que não quiseram mais ser vassalos. O 5 de Outubro de 1910 não se limitou a mudar de regime, trouxe um ideário libertador que as forças conservadoras tudo fizeram para boicotar.
Com a monarquia caíram os privilégios da nobreza, o imenso poderio da Igreja católica e os títulos nobiliárquicos. Ao poder hereditário e vitalício sucedeu o escrutínio do voto; aos registos paroquiais do batismo, o Registo Civil obrigatório; ao direito divino, a vontade popular; à indissolubilidade do matrimónio, o direito ao divórcio; à conivência entre o trono e o altar, a separação da Igreja e do Estado.
Há 104 anos, ao meio-dia, na Câmara Municipal de Lisboa, foi proclamada a República, aclamada pelo povo e vivida com júbilo por milhares de cidadãos. É essa data gloriosa que hoje se evoca no Diário de uns Ateus, prestando homenagem aos seus heróis.
Cândido dos Reis, Machado dos Santos, Magalhães Lima, António José de Almeida, Teófilo Braga, Basílio Teles, Eusébio Leão, Cupertino Ribeiro, José Relvas, Afonso Costa, João Chagas e António José de Almeida, além de Miguel Bombarda, foram alguns desses heróis que prepararam e fizeram a Revolução.
Afonso Costa, uma figura maior da nossa história, honrado e ilustríssimo republicano, mereceu sempre o ódio de estimação das forças mais reacionárias e o vilipêndio da ditadura salazarista. Para ele vai a homenagem de quem ama e preza os que serviram honradamente a República.
Há quem hoje vire costas à República que lhe permitiu o poder, quem despreze os heróis a quem deve as honrarias e esqueça a homenagem que deve. Há quem se remeta ao silêncio para calar um viva à República e se esconda com vergonha da ingratidão
Não esperaram honras nem benefícios os heróis do 5 de Outubro. Não se governaram os republicanos. Foram exemplo da ética por que lutaram. Morreram pobres e dignos.
Glória aos heróis do 5 de Outubro.
Viva a República!
JESUS CRISTO NUNCA EXISTIU
Enviado por
João Pedro Moura
Religião Investigador conclui que Jesus nunca existiu
O título é já por si polémico, dado o número de crentes, espalhados pelo mundo que professam a fé cristã. Porém, a declaração não é nossa. É de Michael Paulkovich, um historiador que analisou 126 textos históricos sem encontrar qualquer menção a Jesus Cristo e que, por isso, concluiu que o ‘filho de Deus’ é apenas uma figura mítica, escreve o Daily Mail.
Michael Paulkovich é historiador e investigador. O seu mais recente trabalho consistiu na análise de 126 textos históricos, concluindo que, por não ter encontrado qualquer menção à figura de Jesus Cristo, este deverá tratar-se de uma figura mítica. Ou seja, Jesus poderá nunca ter existido.
As obras que mereceram a análise do investigador não tinha qualquer menção ao nome de Jesus e além deste facto não havia qualquer referência à figura de um messias, nos textos analisados.
Este facto causou espanto a Michael, sobretudo porque os milagres e a fama de Cristo deviam fazê-lo figurar nas obras do seu tempo.
O historiador defende, deste modo, que Jesus de Nazaré é uma criação dos seguidores do cristianismo para terem por base uma figura para ser adorada. Os testemunhos recolhidos por Paulkovich estão compilados num livro com o título “No Meek Messiah”.
O problema das religiões não reside nas mentiras que espalham ou na liturgia que praticam, o problema insolúvel, a tragédia da sua existência, está na fanatização que conduz os crentes à ação.
Não vem nenhum mal ao mundo que um católico acredite na virgindade de Maria ou no voo que o seu filho fez para o Paraíso, a desgraça está nos meios que usa para convencer os outros e anatematizar os que desprezam a fé.
Que os muçulmanos detestem a carne de porco, como eu abomino cebola crua, não traz qualquer problema à humanidade, mas quando o opúsculo terrorista os convence de que devem matar os infiéis, isso já é um problema grave e um crime imperdoável.
Os judeus das trancinhas podem descansar ao Sábado e pensarem o que entenderem do Messias que aguardam, mas a gravidade do que pensam reside no sionismo.
A fé não passaria de uma treta inofensiva se os crentes não se achassem na obrigação de convencer os incréus, de perseguir a concorrência e intoxicar as crianças com as suas crenças.
Deus podia ter sido uma criação interessante, como as deusas gregas ou as sereias, mas tornou-se num detonador do ódio e está na origem de guerras e interditos.
O Diário de uns ateus é o blogue de uma comunidade de ateus e ateias portugueses fundadores da Associação Ateísta Portuguesa. O primeiro domínio foi o ateismo.net, que deu origem ao Diário Ateísta, um dos primeiros blogues portugueses. Hoje, este é um espaço de divulgação de opinião e comentário pessoal daqueles que aqui colaboram. Todos os textos publicados neste espaço são da exclusiva responsabilidade dos autores e não representam necessariamente as posições da Associação Ateísta Portuguesa.